O melhor vendedor do mundo vende e segue em frente

http://bibo-porto-carago.blogspot.com/

---

1. Pela primeira vez estou a acompanhar mais de perto os Jogos Paralímpicos, na medida do possível. É o Desporto em todo o seu esplendor, com D maiúsculo, daquele que conduz ao bem-estar físico e mental, que integra, educa e valoriza, que forma o carácter e ensina a enfrentar os desafios, a acreditar e a perseverar. Mais ainda do que os Jogos Olímpicos, este evento é um hino à humanidade e é pena que não obtenha o destaque que merece.

2. Mas eis um assunto que passou ainda mais despercebido do que os Jogos Paralímpicos na comunicação social (fosse outro o resultado e fazia capa, contra-capa e poster nas centrais): foi arquivado o inquérito em que Pinto da Costa era arguido por suspeita de branqueamento e crimes fiscais. Não resisto a citar o Dragão até à morte: “seis anos, meus amigos, seis anos a investigarem o Presidente do F.C.Porto e nada. Pinto da Costa é o homem mais investigado, escutado, perseguido de Portugal, mas pode andar de cabeça erguida.” É que nem mais! E foram mais de seis, até! Se não passa da década, deve estar lá quase. Anos e anos a devassar a vida de uma pessoa com base em “indícios” risíveis só porque ousou e ousa afrontar o clube do regime. Se alguém duvida da importância do futebol neste país, ponha os olhos nisto. Fizesse-se o mesmo aos políticos e gestores e certamente não estávamos como estamos.

E por falar no Presidente, deixo também aqui o meu desejo de rápida e total recuperação! Ponha-se fino, que este ano vai ser a ferro e fogo.

3. Sobre a novela do valor da transferência do Hulk nada tenho a dizer senão que, independentemente do que disserem os russos e dos seus motivos, a FC Porto Futebol SAD é cotada em bolsa e como tal está sujeita à regulação da CMVM. Se declarou à CMVM que recebeu 40 milhões por 85% do passe, o resto é conversa de jornaleiros aziados para entreter patetas.

Gostava que não tivéssemos de vender constantemente os jogadores que catapultamos para o topo. Gostava que pudéssemos construir super equipas com os grandes jogadores que temos sabido comprar. Mas sei que não pode ser assim. Sei que, aqui colocados num país da periferia geográfica, futebolística e económica da Europa, de nada nos vale sonhar com isso. Sei que somos um clube vendedor, o melhor vendedor do mundo, e que dependemos dessas vendas para manter a sustentabilidade. E que atire a primeira pedra quem preferisse ter os resultados desportivos e financeiros dos nossos rivais da capital.

Ainda assim, tenho pena de ver sair o Hulk. Em parte, obviamente, pelo peso que tinha na equipa. Mas já vi sair Jardel, Deco, Quaresma, Lucho, Licha, Falcão... E cá estamos. Sei que no caso do Hulk, com maior ou menor dificuldade, será igual. Para o ano cá estaremos, e se tudo correr conforme se espera enviaremos uma medalha de campeão para São Petersburgo. Está vendido, é seguir em frente. Continuar a conquistar títulos e a produzir mais craques... para vender.

Mas a venda do Hulk entristece-me um pouco, sobretudo, pelo seu destino. O Hulk é enorme e o seu lugar é numa liga enorme. Se ainda lá chegará, vai depender de como correr a experiência russa. É um país difícil, com um clima agreste, uma cultura muito específica, uma língua impenetrável, um campeonato sem interesse e um calendário esquisito. Sinceramente, não me recordo de nenhum jogador estrangeiro que tenha dado o salto da Rússia para o topo do futebol europeu. Que com Hulk seja diferente. Por tudo o que nos deu, pela sua garra exemplar, pelo carinho que nos dedicou até na saída, espero que consiga mesmo dar o salto. Há de conseguir. Afinal, “o poder do Hulk é saltar”! Boa sorte, Incrível!