bayern munique-FC PORTO, 6-1
UEFA Champions League, 1/4 final, 2ª mão
Terça-feira, 21 Abril 2015 - 19:45
Estádio: Fussball Arena München, Alemanha
Assistência: -
Árbitro: Martin Atkinson (Inglaterra).
Assistentes: Michael Mullarkey e Stephen Child; Anthony Taylor e Craig Pawson.
4º Árbitro: Darren England.
BAYERN MUNIQUE: Neuer, Rafinha, Boateng, Badstuber, Bernat, Xabi Alonso, Lahm, Thiago Alcântara, Müller, Lewandowski, Götze.
Suplentes: Reina, Dante (90' Thiago Alcântara), Pizarro, Gaudino, Rode (72' Rafinha), Weiser (86' Götze), Schweinsteiger.
Treinador: Pepe Guardiola.
FC PORTO: Fabiano, Reyes, Maicon, Marcano, Martins Indi, Casemiro, Herrera, Óliver Torres, Brahimi, Jackson Martínez, Quaresma.
Suplentes: Helton, Ricardo (33' Reyes), Rúben Neves (46' Quaresma), Evandro (67' Brahimi), Quintero, Hernâni, Aboubakar.
Treinador: Julen Lopetegui.
Ao intervalo: 5-0.
Marcadores: Thiago Alcântara (14'), Boateng (22'), Lewandowski (27'), Müller (36'), Lewandowski (40'), Jackson Martinez (73'), Xabi Alonso (88').
Disciplina: cartão amarelo a Herrera (34'), Jackson Martínez (38'), Badstuber (42'), Ricardo (65'), Marcano (71'); cartão vermelho por acumulação a Marcano (87'); cartão vermelho a Julen Lopetegui (89').

O FC Porto viveu uma noite terrível em Munique. Depois de uma exibição de sonho na 1ª parte desta eliminatória com um resultado agradável, os Dragões deslocaram-se à Baviera e saíram de lá copiosamente goleados, igualando a maior derrota de sempre nas competições europeias que vigorava há 37 anos. Na altura o carrasco foi o AEK de Atenas.
Mas antes de me debruçar concretamente no jogo, quero aqui deixar umas notas de registo. Nas horas difíceis é que se vêem os verdadeiros adeptos. Nas vitórias estão lá todos, aparecem, exageram nos festejos, dizem as maiores bacoradas, palram, saltam, vomitam palermices. Uns autênticos parolos! Nas derrotas estão de faca afiada a descascar em tudo o que mexe, a deitar abaixo o treinador, os jogadores e a querer dar uma de futebolês. Não percebem patavina do assunto mas também se dão ao luxo de dizer umas quantas palermices. Repito: uns parolos!
Porque é que o FC Porto saiu copiosamente derrotado do Allianz Arena? Porque defrontou uma equipa muito superior em todos os aspectos: jogadores, valor do plantel e recursos financeiros. Porque defrontou senão a melhor, uma das melhores equipas do mundo. Porque defrontou uma equipa que entrou em campo e conseguiu explanar todas as suas qualidades e apresentar os seus trunfos. Porque o FC Porto esteve num dia em que não conseguiu sair a jogar e o adversário fez o que o FC Porto lhes fez cá. Mas com mais intensidade e com mais recursos. Porque as ausências de Ribéry, Robben e outros no Bayern não se fazem notar como as de Danilo e Alex Sandro e Tello no FC Porto.
Se ao FC Porto seria possível (e foi) reduzir o Bayern quase a cinzas no Dragão porque não o contrário no Allianz Arena? O problema é que não pensamos em tudo. Só olhamos para o que nos interessa e para o que nos dá jeito. Há 6 dias atrás os jogadores eram bestiais, agora são umas bestas? Ontem não mostraram atitude e raça ou será que foi a equipa adversária que não permitiu nada disso e foi muito, muito superior para além de já o ser teoricamente? Muitos gostam de apregoar aos 7 ventos teorias trauliteiras como se fossem supra-sumos mas não passam dos palhaços que só servem para comer pipocas e comprar e exibirem roupinhas da Porto Store. Se estivessem lá dentro como estiveram o treinador ou os jogadores, nem cumpriam 10 minutos de jogo.

Nestes últimos 6 dias a ilusão foi muito grande e os menos conscientes (os tais de faca afiada) contaram com o ovo no dito da galinha, viram tudo muito bonito e depois insultam tudo e todos. Mas quem foi mais sensato e quem esteve com os pés bem assentes no chão, sem perder esperança e sem perder a ilusão, nunca afirmou em tal ocasião que o FC Porto estaria com as meias-finais quase asseguradas ou bem encaminhadas. Ouvi e li muitos portistas que, perante o 3-1, foram sempre muito cuidadosos nas respostas dadas e nunca embandeiraram em arco. Jamais! Senti em muitos deles alguma apreensão e alguma falta de optimismo para não dizer outra coisa.
3-1 é um grande resultado na maioria dos casos e frente à maioria dos adversários, excepto com Bayern, Barcelona e Real Madrid. Com esses, nenhum resultado é confiável. E foi o que ontem aconteceu. Precisando de recuperar rapidamente de dois golos, o Bayern apostou num futebol intenso, pressionante e directo frente a um FC Porto altamente desfalcado dos seus laterais que se fizeram notar no relvado do Allianz Arena. O grande desafio do FC Porto seria resistir à primeira meia hora da avalanche germânica e responder sempre que possível. O FC Porto sabia que não poderia defender o resultado e teria que tentar chegar ao golo. Mas o certo é que por mais que tentasse, não conseguiria. O Bayern estava num daqueles dias em que nada havia a fazer e o FC Porto ficou manietado desde o 1º minuto.
Aos 10 minutos, Lewandowski rematou ao poste, na recarga a um primeiro remate de Thomas Müller. Foi o primeiro aviso. Três minutos depois os alemães chegaram ao primeiro golo, com Thiago Alcántara a antecipar-se de cabeça aos centrais portistas com a linha lateral completamente desguarnecida. É fácil agora criticar a opção de Lopetegui por Reyes mas se tivesse surtido efeito, estavam aqui “os entendidos” a elogiar o treinador e a levá-lo em ombros. E eu pergunto: e se tivesse sido Ricardo jogado desde o início? Seria melhor ou pior? E se fosse pior? “Os entendidos” estavam a descascar na mesma no treinador. Adiante.
Aos 21 minutos, Boateng concretiza a reviravolta no marcador de cabeça após assistência de Badstuber, num lance de muita confusão na grande área com Fabiano a escorregar na hora de se fazer ao lance. Seis minutos depois, 3-0 para o Bayern com a melhor jogada do encontro. Lahm cruzou do lado direito para a zona frontal, Müller tocou de primeira para um cabeceamento mortífero de Lewandowski.

O FC Porto estava completamente perdido em campo. O descalabro estava instalado e o domínio dos germânicos era tão avassalador que o FC Porto não sabia como reagir. Os jogadores estavam completamente desnorteados. O Bayern chegou aos 4-0 aos 36 minutos. Nestes dias em que sai tudo bem a uma equipa, sai tudo mal ao adversário. Müller, um ordinário e provocador, remata de longe, a bola bate na perna de Martins Indi e trai o guarda-redes Fabiano que, mesmo assim, teve possibilidade de sacudir a bola com o pé e falhou a intercepção.
Aos 40 minutos, os alemães aumentam a parada para 5-0. Temeu-se uma derrota histórica e recordista na champions. Cada tiro, cada melro. Os alemães de cada vez que jogavam em direcção à baliza portista, resultava em golo. Müller ganhou a bola junto à linha de fundo, serviu Lewandowski e este bateu Fabiano.
O intervalo chegou e foi o melhor que poderia acontecer ao FC Porto. Ricardo substituiu ainda na 1ª parte Reyes e Rúben Neves ao intervalo no lugar de Quaresma trouxeram alguma estabilidade à equipa mas o Bayern também desacelerou completamente. Os portistas subiram um pouco no terreno e puderam então mostrar algum futebol. Jackson reduziu aos 73 minutos de cabeça após cruzamentos de Herrera e, logo a seguir, o avançado colombiano esteve quase a reduzir para 5-2 o que relançaria a eliminatória mas a bola saiu a rasar o poste de Neuer.
O jogo terminou com a expulsão de Marcano por acumulação de amarelos após falta sobre Götze. Do livre surgiu o sexto golo germânico com Xabi Alonso a bater superiormente Fabiano. Faltavam dois minutos para os 90.
Após este jogo terrível, o FC Porto consentiu a única derrota na prova mas por números volumosos. Em 4 partes dos jogos da eliminatória, o FC Porto venceu 2 partes, empatou 1 e perdeu 1 mas que fez toda a diferença. O score da eliminatória ficou em 7-4 favorável aos germânicos mas a certa altura esteve quase a estabelecer-se nos 6-5 mas também reconheça-se que o score poderia ter sido mais elevado. Nada a dizer sobre a justiça da eliminatória. Para o ano há mais.
O FC Porto tem 5 jogos para terminar a época e à equipa exige-se que dê tudo para tentar vencer esses jogos. A classificação da liga ditará o nosso destino mas a equipa poderá ter a certeza de que não estará sozinha para o que falta cumprir, tal como se comprovou esta madrugada quando os adeptos, os verdadeiros adeptos, receberam a equipa no aeroporto em apoteose, mostrando que estão com ela até ao fim. Quanto aos outros adeptos que continuem a comer pipocas e a passear as suas palermices.

DECLARAÇÕES
Lopetegui: “A equipa vai levantar-se”
Julen Lopetegui admitiu a superioridade do Bayern Munique, após a derrota por 6-1 na segunda mão dos quartos-de-final da Liga dos Campeões, que afastou os azuis e brancos da prova. Porém, o treinador ressalvou que a equipa teve uma participação “espectacular” na competição, em que apenas perdeu este encontro, frente a um adversário que chega pela quarta temporada consecutiva às meias-finais. E garantiu que vai existir uma reacção já no domingo, no clássico frente ao Benfica, decisivo para a Liga NOS: “A equipa vai levantar-se”.
Na flash interview que se seguiu ao apito final, o técnico destacou o percurso na Champions: ”Em 12 jogos perdemos apenas este, o que mais vontade tínhamos de ganhar, mas na primeira parte o Bayern castigou-nos. Na segunda parte, se tivéssemos marcado o segundo golo teríamos algumas possibilidades. Temos de reconhecer o mérito do Bayern. Somos a equipa mais jovem da Champions, temos uma diferença de experiência de mais 400 jogos, e quando sofres um golo cedo estas coisas notam-se”.
O técnico fez depois uma análise do encontro: “O Bayern é uma equipa individual e colectivamente muito forte, tremenda no seu campo. Na primeira parte resolveram o jogo e a eliminatória. Na segunda estivemos muito melhor, tivemos muito mais a bola. Contra uma equipa como esta, se não tens a bola estás perdido. Na primeira parte não a pudemos ter e creio que não estivemos bem. Para ganhar a estas equipas tens de estar ao máximo nível e conseguir que eles não estejam. Em nossa casa conseguimos, aqui não. Parabéns ao Bayern, mas estamos tristes”.
Já na sala de imprensa, deixou a garantia de que o plantel “mais jovem da história da Champions e do FC Porto” se vai apresentar na sua plena capacidade no Estádio da Luz, apesar da derrota “dolorosa e triste”. O treinador voltou a frisar uma segunda parte de “muito coração e muito orgulho” e lamentou não ter podido dar “uma alegria aos adeptos”. “Na primeira parte quisemos mas não conseguimos ter a bola. Não fomos capazes de cortar o início de jogo deles, que é o seu ponto forte. Na segunda parte demos uma imagem mais próxima da nossa realidade. Lutámos o que pudemos.”
ARBITRAGEM

RESUMO DO JOGO
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