Grândola, Vila Morena

“A Trincheira do Estilhaço”

Um 25 de Abril, dia da Liberdade, de um ano qualquer, mas na era pós 74. Efectuava-se, na cidade Invicta, o segundo jogo da final do 'playoff' do Campeonato Nacional de Hóquei em Patins entre o FCPorto e o Benfica. Caso a equipa visitante vencesse ficaria a uma vitória do hexa campeonato.

Uma centena de adeptos, onde aparentemente apenas uma vintena tinha bilhetes e esperava-se 'casa cheia', de uma das claques do glorigozo que viajava num autocarro, com o intuito de assistir ao jogo foram impedidos pela Polícia de Segurança Pública do Porto na saída da A1, nos Carvalhos.

Foram, tal qual cena de filme policial americano, encostados por um carro descaracterizado e prontamente rodeados por duas carrinhas. Quando indagado pelo responsável da claque a polícia disse que não nos podia deixar passar por ordem do comandante e do FCPorto. Não estavam reunidas as condições de segurança, afirmou.

Segundo consta os jogos de hóquei em patins do clube costumam ser presenciados apenas por uma claque da casa mas, desta vez as duas claques caseiras fizeram questão em estar presentes. A segunda claque ocupou assim o espaço habitualmente destinado à claque visitante.

(a foto esclarecedora da 'casa cheia')

Ora o caso, de tão escandaloso, fez correr a quantidade de tinta habitual.

- Foi abertura em todos os telejornais, incluindo uma breve reportagem no canal Panda.
- No site desportivo com mais visitantes esteve em destaque, pelo menos, durante dois dias (vão lá e vejam se conseguem descobrir aonde).
- Foi aberto um oficio e enviado à Comissão de Direitos e Liberdade, com cópia à Procuradoria Geral da República (vai-se lá saber o possível envolvimento do motorista da camioneta) para que se inBestigue tudo e todos até ao mais ínfimo pormenor.
- Foi enviado, a Bruxelas, uma queixa contra o Sr. Presidente do FCPorto pelo desrespeito à livre circulação de pessoas e bens dento da Comunidade Europeia.
- Ah, e na Bola, na sua primeira página nas habituais letras garrafais encarnadas, o título “Venceremos, contra tudo e contra todos”.
- Ventilou-se ainda a possibilidade de alguns dos Capitães de Abril que se insurgirem, em comunicado, sobre tal acção em Dia da Liberdade.

Aguardamos desenvolvimentos.

Saudações,
Estilhaço

PS - Aparentemente a equipa visitante ganhou o jogo por 2-3 ficando assim a uma vitória do hexa. Dirão, os adeptos da equipa visitante, que se escreveu direito em linhas tortas. Penso que não, o resulltado não era o mais importante e, penso eu de que, o árbitro estava até comprado. Haverá que inBestigar.

Este artigo de opinião é uma obra de ficção acontecida em um qualquer 25 de Abril. Acredita quem quer. Factos, pessoas e situações narradas não aconteceram nem existiram, qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência. Pormenores eventualmente chocantes dizem respeito a outros campeonatos onde não aconteciam atropelos à Liberdade e onde os jogos se resolviam dentro do campo.