31 outubro, 2008

Manuela Aguiar em directo no BiBó PoRtO

Desta feita, vamos ter o prazer de publicar uma entrevista exclusiva com uma Senhora que em todo o seu trajecto pessoal e político, nunca receou dizer que era adepta do FC Porto. E como isso incomoda... Por isso, pela sua coragem e pela sua dedicação ao clube, é mais que merecido tê-la aqui no nosso espaço.

Segue-se a «voz» da Dra. Manuela Aguiar, jurista e ex-deputada do PSD (onde chegou a ser presidente da sub-comissão das Comunidades). Fica desde já o nosso agradecimento pela sua disponibilidade e simpatia, votos que também se estendem a um amigo do blog que nos forneceu o seu contacto.

ENTREVISTA EXCLUSIVA

1. Desde quando surgiu essa sua paixão pelo FC Porto?

Posso dizer que sou “portista de nascença”. Isto é, desde que me conheço. Considero-me a continuadora, em linha recta, de uma tradição de paixão clubista, que vem dos primeiros tempos de vida do FC Porto, e se transmitiu de meu Avô para meu Pai, e de ambos para mim. Não tenho outro clube, nem mesmo a Académica, apesar de ser formada em Coimbra - quando para lá fui, o meu “portismo” absoluto estava mais do que enraizado.

Com o meu Pai ia, desde os 10 anos - que coincidiram com a inauguração do estádio das Antas - ver os jogos do Porto. Devo-lhe a compreensão do que é o futebol e da felicidade que pode trazer às nossas vidas. Nos estádios passei alguns dos momentos mais fantásticos, de que me lembro, a vibrar com a suprema alegria de golos e vitórias. Não consigo imaginar-me a não saber o que isto é!

2. No período em que desempenhou funções na Assembleia da República, como eram vividas as vitórias do FC Porto pelos deputados que consigo privavam?

Às vezes, como num estádio, em júbilo colectivo no Plenário, à medida que íamos sabendo o resultado, por um ou outro dos que regressavam de uma sortida, destinada a espreitar o ecrã de tv (júbilo contido e discreto, claro…). Mas o mais importante, era o clima de solidariedade ou união, que se criava entre deputados, quanto ao resto, bastante desunidos. Num parlamento nacional, tudo o que leve a um melhor entendimento e simpatia entre pessoas, a uma visão delas e das coisas menos maniqueísta ou sectário, é saudável.

E nós, os portistas, fomos os primeiros a promover convívios, com membros de todas as bancadas, para os quais convidávamos o Presidente do clube. Um sucesso!... eram, como dizíamos, por graça, as “reuniões do grupo parlamentar do FC Porto”. Logo de seguida, os adeptos do SCP e do SLB copiaram o modelo. Entrou nos bons costumes, até hoje.

Quando começou, ao certo, não sei. Foi entre 1988 e 1991, porque me lembro de uma fulgurante intervenção de Natália Correia sobre dragões mitológicos e sobre a serpente, como símbolo da antiga Lusitânia (e ela deixou a Assembleia em 1991).

3. Como são as horas seguintes da Dra. Manuela Aguiar depois de uma derrota num jogo importante?

Deprimentes… experimentei esta semana essa sensação, saindo do estádio, como toda a gente, salvo umas dezenas de ucranianos, com “a alma em baixo”. Nestes casos, resta-nos esperar pela próxima vitória, que é o único remédio eficaz.

4. Como classifica toda esta história do «apito final» que envolveu (e ainda envolve) o FC Porto?

Vejo esta história “kafkiana” do “apito final” como o último e desesperado recurso para neutralizar a força de um Homem, que praticamente se identifica com a imparável ascensão do FC Porto. Em Portugal, ainda há muitos que não aceitam a mais do que provada superioridade de um clube de fora da capital. A argumentação, juridicamente, é fraquíssima. O espalhafato com que foi apresentado na Liga, foi próprio de uma "justiça" do "terceiro mundo".

E de qualquer modo, é, de facto, absurdo pôr em causa a “verdade desportiva” de vitórias do FC Porto, em jogos que já nem contavam para nada, numa época em que as suas vitórias maiores aconteceram fora das nossas fronteiras. Estamos a falar do FC Porto campeão europeu! Um exemplo acabado de… injustiça à portuguesa.

5. Qual a vitória do FC Porto que mais a entusiasmou? O que já fez de mais «louco» pelo nosso clube?

É difícil responder… foi, talvez, a vitória no campeonato nacional de 1955/1956, o primeiro campeonato do FC Porto no meu tempo de vida – e já tinha 13 anos! O último jogo foi nas Antas, com a Académica, e nós precisávamos de vencer. Eles passaram o tempo a fazer um muro humano na grande área. Até que derrubaram o Hernâni e ele conseguiu, de penalty, o primeiro golo. A partir daí, o muro desmoronou. Foi um delírio! Yustrich tornou-se, logo, uma lenda viva!

O que fiz de mais “louco” pelo nosso Clube? Do meu ponto de vista, nada qualifica como tal. Não assim, porventura, do ponto de vista dos outros… por exemplo: a iniciativa de apresentar, na Assembleia, um “voto de congratulação” pela vitória do FC Porto em Viena. O então Presidente da Assembleia deve ter achado a proposta, “coisa louca”, porque “vetou” a discussão do voto, com o argumento de que um acontecimento do futebol não tinha “dignidade” para justificar a homenagem do Parlamento. De pouco me serviu responder: "mas se o Presidente da República pode condecorar clubes e atletas, porque não pode a Assembleia, pelos mesmos feitos, aprovar um simples voto de saudação, que é muito menos?"

Só depois que o Porto se sagrou campeão do mundo no Japão, um voto semelhante (eu não desisto!), foi aceite e votado em plenário, com toda a “dignidade” e unanimemente… mais tarde, outro Presidente da Assembleia também achou “imprópria” a ida de deputados às finais de Sevilha e de Gelsenkirchen, a convite do FC Porto, não obstante estarem lá presentes as mais altas figuras da República. Foi a longa polémica das ”faltas injustificadas”, pelo Dr. Mota Amaral, na qual desempenhei o meu papel de oposição.

6. Escreva-nos o seu onze ideal da história do FC Porto.

Onze nomes maiores na história do FC Porto: Baía; João Pinto, Ricardo Carvalho, Aloísio, Branco; Deco, Pavão, Cubillas; Hernâni, Fernando Gomes e Madjer.

Não sei se este seria, no relvado, um “onze ideal” (sou da escola que defende a conveniência prática de dosear “génios” e “operários”…), mas com o incomparável talento de todos, e com a versatilidade de alguns, capazes de jogar em qualquer esquema táctico e em qualquer posição, do meio campo para diante, talvez conseguissem um esplendoroso futebol de ataque, com uma retaguarda de luxo. O pior é que faltam muitos outros nomes grandes, desde a dupla de centrais Fernando Couto – Jorge Costa, ao carismático Paulinho Santos, ou ao inesquecível Jardel “a voar sobre os centrais”, na nossa memória e na canção de Rui Veloso.

7. Dê-nos a sua opinião sobre: Pinto Costa, Pedroto, Artur Jorge, António Oliveira e Mourinho.

Pinto da Costa: o Presidente que transformou um clube português “de província”, no maior fenómeno de ascensão no futebol mundial dos últimos 20 anos. Um clube que excedeu as expectativas e sonhos de todos os adeptos. Já o disse muitas vezes: há um FC Porto antes e um FC Porto depois de Pinto da Costa.

Pedroto: tão grande jogador, como treinador. Um pioneiro, até na forma “profissional” de encarar a vida no mundo do futebol. Por isso, passou por muitos clubes, coleccionou contratos excepcionais e sucessivos êxitos desportivos. Historicamente teve a sorte de estar ao lado de Pinto da Costa, no início do renascimento do FC Porto.

Artur Jorge: para além de talento e do “fair play”, que o caracterizam, trouxe a aura da sua cultura para o domínio do futebol, em geral, mal visto pelas nossas “elites” intelectuais. Um grande “senhor do futebol”. O rei Artur! Mereceu bem todos os êxitos que constam do seu vasto curriculum e, em particular, o primeiro campeonato europeu do FC Porto.

António Oliveira: que saudades de o ver a jogar com a camisola azul e branca! Um jogador absolutamente genial – dos tais que poderia ter incluído no onze ideal da história do FC Porto. E um competentíssimo treinador, a quem não foi dado todo o reconhecimento devido, que se afastou, e continua a fazer falta ao desporto nacional.

Mourinho: é um caso diferente. Nunca foi portista, mas é parte integrante, pelas melhores razões, do historial do FC Porto. E, quer ele queira ou não, o FC Porto faz parte da história da sua vida e da sua meteórica carreira. Confesso que, de princípio, não acreditava nele, mas acabei por me converter à evidência: um fenómeno! Inovador. Honesto. Um líder. Um estratega. O melhor do mundo! “Torço” pelas suas equipas, onde quer que esteja – excepto se, do outro lado, se encontrar o meu clube.

8. O que antevê para mais esta temporada 2008/09? Sente que o FC Porto tem capacidade e liderança técnica para chegar ao tetracampeonato?

Este campeonato, no seu início, parece mais nivelado – e, por acaso, até mais para cima do que para baixo, e com equipas consideradas de meio da tabela… Mas eu estou optimista: o FC Porto é como os corredores de fundo – à medida que avança no percurso, vai deixando, cada vez mais, os concorrentes à distância. Vamos festejar o tetra! Só não sei se será com 20 pontos de avanço.

9. Costuma estar informada sobre as restantes modalidades do clube?

Acompanho sempre os resultados do FC Porto, em qualquer desporto, através dos media desportivos, mas só tenho comparecido no “Dragão”. Com o novo pavilhão, ali mesmo ao lado do estádio, vai ser mais fácil apoiar, com a minha presença, o FC Porto, em várias modalidades, para além do futebol. Por exemplo, no hoquéi em patins, que é o meu segundo desporto favorito.

10. Onde estava nos dias das gloriosas conquistas de 87 (Viena), 2003 (Sevilha) e 2004 (Gelsenkirchen)?

Em 1987, estava em Lisboa, a jantar em casa de amigos. Alguns acompanharam todo o jogo, numa salinha ao lado. Eu só tive coragem de assistir aos últimos minutos, já com o FC Porto a ganhar. Depois, é evidente, fui a alma da festa, porque era a única portista do grupo. Em 2003, estive em Sevilha e em 2004, em Gelsenkirchen.

Acho mais enervante ver o jogo na TV, do que no estádio, mas em Sevilha, o sofrimento, no último quarto de hora, foi quase insuportável. Nessas duas finais, cheguei a casa de madrugada, ainda a tempo de ficar, até de manhã, diante do écran de televisão, a assistir aos grandiosos e espontâneos festejos populares na cidade do Porto. Um deslumbramento!

11. Já conhecia o nosso blog? Uma palavra para os nossos leitores.

A nova geração de “dragões” da família Aguiar, já me tinha falado do Blog, mas eu só neste Verão me converti, definitivamente, à blogosfera. Sou, por isso, uma das vossas mais recentes visitantes. Quero dizer-vos que sinto aqui bem vivo o nosso FC Porto! Um clube é muito mais do que uma equipa desportiva ou um estádio, por mais fantásticos que sejam… é uma instituição, uma comunidade. Cresce com os adeptos e com a sua capacidade de ter voz e iniciativa em novos espaços. Como este! Precisamos de, mais informação, mais visibilidade, mais reconhecimento, porque este é um domínio em que temos sido, e ainda somos, altamente desfavorecidos. O blog é, assim, também, um instrumento inteligente e poderoso de reivindicar a atenção que nos é devida, de lembrar a nossa história, de reflectir sobre os nossos problemas, de denunciar injustiças e de celebrar vitórias. Muitas, e cada vez mais!

O meu abraço “azul e branco”.
Manuela Aguiar

passatempo 2008/09

# não se esqueçam até às 18h30 de 04Nov, de refazerem as vossas equipas para a 4ª jornada da Champions League #

# não se esqueçam até às 18h30 de 06Nov, de refazerem as vossas equipas para a 2ª jornada da UEFA Cup #

# clica na imagem; não se esqueçam até às 18h00 de 31Out, de refazerem as vossas equipas para a 7ª jornada da liga SAGRES #

30 outubro, 2008

A saga do Rei Artur - parte III

Ostentando as orgulhosas insígnias de campeões, pela 2ª vez consecutiva, os pupilos de Artur Jorge preparavam-se para o assalto a um feito inédito: o da conquista, pela 1ª vez na história do clube, do tri.

O defeso, espaço aproveitado pelos clubes para as compras de reforço dos plantéis, teve um sabor especial em Portugal. Foi maioritariamente preenchido pela presença lusitana no longínquo México, na disputa do Mundial de Clubes. A esperança e orgulho dos portugueses rapidamente deram lugar ao repúdio e choque, com as manifestações dos jogadores, em Saltillo, a enlamearem a bandeira pátria, com as reivindicações salariais, em forma de ultimato, a serem manchete um pouco por todo o planeta.

Foi assim, num ambiente de enorme efervescência, que se iniciou a temporada 1986/87, com a tensão agravada pelo braço de ferro existente entre Benfica e Federação, em troca mútua de acusações pelo caso de doping de Veloso.

Artur Jorge, estudioso obsessivo pela táctica, viu os seus desejos de um plantel forte, que permitisse acalentar o sonho europeu, serem realizados. Os filhos pródigos, saídos em fuga traiçoeira anos antes para Sul, regressaram à Invicta. Jaime Pacheco e Sousa, internacionais, voltaram a sentir o peso da camisola azul e branca, atraídos pelo sonho de um Porto forte, pujante, a nível Europeu.

O Campeonato iniciou-se novamente com um clássico. Um Porto-Benfica disputado no Minho, por obras nas Antas, redundou num empate a duas bolas. Gomes e Juary, aríetes temíveis na frente de ataque, prometiam fazer mossa nas defesas contrárias. Se o mísero ponto alcançado deixava um travo amargo a desilusão, o empate na jornada seguinte, novamente no Minho, mas desta feita na condição de visitantes na deslocação a Guimarães, acentuou o início algo titubeante dos campeões em título. Foi novamente Juary, quase no final do encontro, a conseguir resgatar um ponto a uma derrota que parecia certa.

Como não há duas sem três, o Porto manteve-se coerente e obtêm novo empate. Mas este fazendo correr rios de tinta. A revolta instalada entre a comitiva portista encontrou eco na voz do seu presidente, avesso a calar desaforos arbitrais. Francisco Silva, réu desta história, alimentou uma polémica, com remoques e insultos à mistura, procurando justificar aquilo que a imprensa da época apodava de “arbitragem habilidosa”. No cerne da questão, um penalty perdoado ao Rio Ave e um golo não validado aos Dragões.

Naquele tempo, o Porto já possuía a têmpera de fazer o adversário seguinte pagar a factura da injustiça. Para desgraça dos simpáticos malteses, coube em sorte ao Rabat Ajax, modesto emblema proveniente da ilha mediterrânica, ser o opositor do Porto. 9 golos sem resposta, brindando os adeptos com uma goleada histórica, rapidamente desvalorizada pela censura vigente pela modéstia adversária. A visita à tórrida capital de Malta tornou-se assim um mero passeio turístico, permitindo que os Dragões estivessem presentes no sorteio seguinte. Em sorte, o campeão da Checoslováquia, quando esse potentado do leste ainda vivia sob o jugo dos ideais comunistas.

Recuperando no campeonato, onde a concludente vitória no Restelo por 3-0 lhes permitiu subir ao 2º lugar da classificação, os pupilos de Artur Jorge foram surpreendidos na Europa, derrotados por 1-0 por um sólido Vitkovice. A derrota foi amplamente rectificada na recepção ao mesmo contendor, com um claro 3-0 a carimbar a passagem a nova ronda. Permanecia vivo o sonho europeu, acalentado em surdina por muitos…

Envolvidos em várias frentes, os Dragões entraram no chuvoso Novembro com uma vitória arrancada ferros, em Braga, conseguindo de alguma forma atenuar o frustrante empate caseiro frente ao Benfica, na 1ª mão da Supertaça. Gomes repôs a igualdade, perante um adversário que ainda tinha bem vívida a tenebrosa derrota frente ao rival citadino, por concludentes 7-1.

Enganaram-se aqueles que vaticinavam o fracasso a Artur Jorge e seus comandados. Numa memorável noite, marcava o calendário o dia 26 de Novembro, Paulo Futre encheu a Luz de magia, num recital que, não poupando ninguém, atormentou particularmente Neno, o guardião cantor do Benfica. 0 4-2 final premiou um lote de jogadores de qualidade inegável. Gomes e Madjer inscreveram também o seu nome no lote dos marcadores de serviço.

O ano civil terminou com os Dragões instalados no seu lugar de eleição, acompanhados pelo Benfica, ambos com 25 pontos, seguidos a curtíssima distância pelo surpreendente Guimarães de Paulinho Cascavel, com 24 pontos.

Aproveitando a reabertura do mercado, o Porto contrata um dos mais sonantes jogadores brasileiros da altura, Casagrande de seu nome. A viragem do calendário, com o neófito 1987 a começar a sua caminhada, apresentou a pior face do campeão. Derrota pesada na Luz, por 3-1, com um hat-trick de Rui Águas, e empate caseiro, frente a uns vimaranenses descomplexados, com claro sotaque brasileiro emprestado pelo técnico Marinho Peres.

Com os dias a sucederam-se, a uma velocidade vertiginosa, a luta a 3 no topo da classificação continuava ao rubro.

Março, mês marcado em letras garrafais nos calendários caseiros dos adeptos portistas, trouxe de volta a competição da elite. Na recepção ao Brondby, apenas um golo marcava a diferença no final da contenda, obra e graça do artista vindo do Magrebe. Madjer foi o único com a pontaria afinada, capaz de vencer a resistência de um gigante dinamarquês na baliza. Chamava-se Peter Schmeichel e representou uma espécie de Adamastor de luvas calçadas.

15 dias de angústia, aguardando pelo veredicto da eliminatória. E, num ambiente onde o calor humano do público quase fazia esquecer o frio glacial, Juary tornou-se o homem da noite, empatando já na 2ª parte o jogo, carimbando com os seus passos de samba o passaporte para as meias-finais. Viveram-se momentos de enorme emoção, na recepção aos heróis da cidade.

O sonho europeu, no entanto, tinha o seu lado negro. Embalados nas asas da ilusão, os azuis e brancos viram o sonho do tri esfumar-se, derrotados em Portimão, na mesma jornada em que o Benfica deu um passo de gigante, vencendo em Guimarães. A estocada final, de permeio com enorme polémica, aconteceu pouco depois, com nova derrota em Alvalade. O comedimento de Pinto da Costa, em nome da união da equipa, foi quebrado. Abespinhando-se contra os favoritismos da Federação, o presidente portista colocou o dedo na ferida:

    “Há dois anos que mantemos um pedido na Federação para que Rosa Santos não apite jogos do Porto. Debalde. Ao invés, o Benfica mantém pedidos idênticos, prontamente atendidos”.
    Não se coibindo de colocar os nomes aos bois, a alfinetada final foi dada com a sua arma de eleição. A ironia mordaz.

      “Mas pronto. O Conselho de Arbitragem já pode agora dar descanso a Carlos Valente. O Benfica já é campeão…”

      As querelas internas foram esquecidas com novo recital. Nas meias da Taça dos Campeões, com as Antas a abarrotarem de um público ávido de glória, novamente um miúdo franzino, de cabelos compridos revoltos, espalhou o pânico entre os czares russos, que vaidosamente se proclamavam como a melhor equipa europeia. O magro 2-1 final não reflectiu a faustosa exibição portista, pintalgada com primorosos momentos de futebol.

      O Porto mantinha bem vivo o sonho. Sempre esse sonho, comandando um punhado de valentes, revezando-se na defesa do ideal do clube. Parecendo imunes a derrotas internas, a lesões traumáticas, colmatando as brechas deixadas por aqueles que caíram, na luta pela fama. Casagrande. Jaime Pacheco. Gomes. Lima Pereira.

      Artur Jorge assistia à forma como a sua lista de convocados se reduzia, assustadoramente, de jogo a jogo. Mas nada parecia abalar a moral de um grupo que queria entrar, por direito próprio, no Olimpo apenas reservado às lendas.

      Kiev curvou-se à vontade férrea de ganhar. Celso e Gomes, em 10 minutos iniciais trepidantes, calaram mais de 100.000 adeptos que professavam a presença na final como um direito adquirido. Mas foram vergados ao peso da vontade. Da crença. Da mística. Um abalo sísmico, um pequeno tufão pintado com o azul e o branco, flâmula desbravada em terras longínquas. Lá longe, bem longe, o Porto emancipava-se definitivamente. Enquanto a equipa se abraçava, irmamente, no final do jogo, sentindo que aquele momento marcaria gerações futuras, em Portugal chorava-se. De emoção. De comoção. Porque, depois de oito décadas de dissabores mesclados com triunfos, de batalhas perdidas cicatrizadas com vitórias retumbantes, o Porto tinha atingido o seu patamar mais elevado.














      A final da Taça dos Campeões Europeus. Um mês, um longo mês, separava aquele momento debruado a ouro em Kiev, da final desejada e sonhada do Prater. Um mês feito de preces. De desejos. De sonhos. De ansiedade. Um mês irrepetível. E que merece, claro, um capítulo só seu…

      Jovens Dragões em crescendo de maturidade

      Feirense 0-0 FC Porto

      Liga Intercalar 2008/09
      29 de Outubro de 2008
      4ª jornada do Campeonato de Inverno (zona norte)

      Estádio Dr. Marcolino de Castro, em Santa Maria da Feira

      Feirense: Hélder Godinho; Galhano, Júnior, Mika e Serginho; Name, Gilmar e Hélder Castro; Adilson, Moisés e André Soares.
      Substituições: Adilson por Filipe, Serginho por Ludovic, Gilmar por João Ricardo, Moisés por Stefane e André Soares por Júnior.
      Não utilizados: Lopes.
      Treinador: Francisco Chaló.

      FC Porto: Ventura; Ivo Pinto, Roberto, Tengarrinha e Massari; Dias, Amorim e Miguel Galeão; Chula, Caetano e Diogo Viana.
      Substituições: Miguel Galeão por Ramon, Caetano por Claro, Amorim por Josué e Chula por João Beirão.
      Não utilizados: Ruca, Paulinho e Tiago Borges.
      Treinador: Rui Barros.

      Apesar de muito jovem, a equipa do FC Porto que defrontou esta quarta-feira o Feirense, em jogo da 4ª ronda do Campeonato de Inverno (Zona Norte) da Liga Intercalar, revelou enorme maturidade. Mais do que a exibição – diga-se, bastante interessante – e o resultado (0-0), ficou a certeza de que a formação dos Dragões é dotada de grandes talentos, apenas à espera do melhor entendimento possível para explodirem colectivamente na competição.

      A jogar fora de casa, o conjunto orientado por Rui Barros não se demarcou de assumir a partida (ainda assim, equilibrada em alguns momentos), algo que se evidenciou sobretudo a partir da passagem do minuto 10. Dois cantos consecutivos, apontados por essa altura, puseram em sentido a defesa contrária, principalmente quando Diogo Viana encontrou na perfeição a cabeça de Caetano, que acabou por atirar por cima.

      Diogo Viana foi, de resto, o elemento do FC Porto que mais ameaçou a baliza do adversário ao longo dos primeiros 45 minutos, tendo protagonizado sucessivos lances de perigo. O extremo mostrou-se particularmente inspirado na marcação dos livres directos, que só não originaram golos para os visitantes porque o guarda-redes do Feirense, ainda que com dificuldade, conseguiu travar, aos 13, 15 e 36 minutos, os remates do nº 11.

      Os Dragões regressaram do intervalo com igual determinação e desenvoltura, mas as bolas insistiram em não entrar. Roberto, aos 72 minutos, respondeu bem a um canto apontado por Diogo Viana, falhando o alvo por pouco; e Claro, na melhor ocasião da segunda parte, rematou de primeira, após cruzamento de Ramon na direita, com a bola a ser afastada, mais uma vez, por Hélder Godinho.

      fonte: fcporto.pt

      Confira aqui o calendário desta nova competição no seu site oficial.

      [Relato do jogo por obra e graça do mano, xEiO_d_XoNo]

      Numa tarde de fim de verão, onde o frio tambem compareceu no estadio MARCOLINO em SMFeira... tal como foram os 90 minutos de jogo, FRIO e digno de um jogo a "feijões".
      O Feirense apresentou um misto de experiência dos seniores e juventude dos juniores... de parte do (nosso) FC Porto, digamos que 100% de juventude, com a presença de 2 jogadores da equipa principal, Ventura e Tengarrinha; ao fim e ao cabo, 2 seniores, imensos juniores e alguns juvenis.
      Tal como falei no inicio, 90m de FRACO futebol. O FC Porto mesmo, assim esteve bem melhor e foi a única que de vez em quando, lá se tentava aproximar da baliza adversária.
      Registo apenas para 3 remates dignos de seu nome... um para o Feirense, os outros dois, para o FC Porto. Muita luta a meio campo, zona onde o jogo foi "interessante" de se presenciar, mas como digo, em apenas 30 metros de terreno.
      Falando do FC Porto individualmente, na baliza defendida por Ventura, pouco trabalho (nenhum!) mas sempre que a bola lá chegava, diga-se que Ventura controlava a zona.
      A central, o Tengarrinha, quanto a mim, o PIOR jogador em campo; sempre muito inseguro com e sem bola, erros infantis e uma tremenda falta de concentração na hora H, tendo até jogado muito sujo e excessivamente faltoso.
      De realce, a actuação de um jogador que eu desconhecia, o CAETANO [filho do ex-jogador do tirsense Caetano], mas com uma tremenda falta de centrimetros para lutar com os centrais feirenses (1 metro e meio de gente ou perto disso)... usou e abusou da sua velocidade e técnica acima da média para importunar a defensiva contraria, nunca dando qualquer lance por perdido, sempre pressionando... quanto a mim, apesar de só ter jogado os primeiros 45 minutos, o MELHOR EM CAMPO.
      Quanto aos restantes timoneiros do DRAGÃO, pouco ou nada existe mais para dizer. Tentaram mostrar algum serviço e conseguiram até algo mais que os Seniores do feirense, mas sem nunca criar lances de relativo perigo.
      Como NOTA NEGATIVA, os preços dos bilhetes: 5 euros para ver um jogo da intercalar não é caro, é um ROUBO!!!
      Se fosse um jogo a sério, com a equipa titular, qual seria o preço? 50 euros? haja coerência e respeito... apesar de tudo, coloco nota positiva para a moldura de adeptos que estava no estádio, mas com 5 euros o bilhete, melhor, era impossivel (e muitos deles, até ficaram lá fora).

      29 outubro, 2008

      Apoio incondicional!

      - "É da crise!", diria o Tône.
      Nem a baixa da tal de Euribor consegue acalmar a revolta que tolhe o raciocínio.
      E claro, vai de desancar em todos. É no Prof. (que estranhamente parece dar agora ouvidos aos treinadores de bancada), na SAD (que tarda em explicitar o apoio ao Prof.), no adjunto, no assessor de imprensa, nos reforços e, se calhar, até no roupeiro.
      Esquece-se até que alguns, talvez a maioria, dos envolvidos são os mesmos que nos deram o BI, o TRI-campeonato e as alegrias na Europa.

      E que tal uma pitada de lucidez na apreciação da situação actual?
      Estou seguro que o nosso FC Porto vale bem mais do que tem demonstrado em campo.
      É verdade que, por esta ou aquela razão, teima em não conseguir imprimir um futebol de bom nível prezando até pela anormal falta de segurança nas exibições.
      Mas, com os diabos, não será de mau gosto, agoiro até, ir para o Dragão com um guardanapo de papel branco no bolso?
      Ao menos que levem as folhas que desapareceram da gaveta da funcionária da DGCI.

      Afinal estamos na sexta jornada, a dois pontos do líder e tendo jogado já nos redutos dos habituais adversários directos.
      E que ninguém duvide que, mais tarde ou mais cedo, a habitual estabilidade do plantel nos brindará com resultados bem mais agradáveis.
      Mas o calendário não perdoa e será tempo para nos deixarmos destas merdas.
      Que se dane o derrotismo, a crise de confiança, a descrença, a apatia e o desencanto.
      Apoio incondicional para o enorme areal da Figueira da Foz, o gelo imenso de Kiev e a deslocação a Alvalade. Já!!!

      Nem tanto ao mar nem tanto à terra

      'Nortada' d'A Bola em 28Out2008

      Para quê renovar o lugar no Dragão? Para ver Pinto da Costa a marcar golos de trivela?

      1. Parece que um grupo muito especial de adeptos portistas fez uma espera aos jogadores, após a derrota com o Leixões, e, entre outros desacatos, atacou o carro de Cristian Rodriguez, numa triste repetição do episódio sucedido há anos com Co Adriaanse. Não vale a pena tecer grandes considerações sobre o assunto, porque ele é pacífico: este é o futebol que vamos tendo, aqui e lá fora, e é por isso que há cada vez menos gente decente a frequentar o futebol. Diga-se, porém, e em abono da verdade, que as claques organizadas não são apenas um cancro do futebol, mas o reflexo de uma sociedade sem valores. A «coragem cívica» das multidões organizadas em gangues de intervenção é o contraponto exacto da falta de coragem individual. Sozinhos, os portugueses não se atrevem a nada; em bando, atrevem-se a tudo.

      Uma das demonstrações da falta de coragem individual é a renúncia à capacidade crítica contra os poderes instalados. A multidão do Dragão, justamente irritada com o que vai vendo, é capaz de fazer esperas aos jogadores, assobiar a equipa e acenar com lenços brancos contra o treinador. Mas ninguém, individualmente, se atreve a levantar a voz e assinar por baixo uma crítica aos verdadeiros responsáveis: a administração do clube, que, ano após ano, vende os melhores para comprar camionetas de jogadores de terceira categoria, com isso destroçando a equipa, arruinando o clube e prestando um péssimo serviço ao futebol português — que exporta para a Roménia, Chipre ou equipas nacionais sem projecção, os jovens valores formados nas escolas, em benefício de sul-americanos de ocasião, que proporcionam negócios rentáveis a quem não devia.

      Quando uma simpática e persuasiva funcionária do FC Porto me telefonou em Agosto, lembrando que eu ainda não havia renovado o meu dragon seat, eu respondi-lhe, meio a sério, meio a brincar, que, constatando o esforço titânico que a administração estava a fazer para vender o Quaresma a qualquer preço (como viria a suceder), eu perguntava-me para quê renovar o lugar no Dragão: para ver Adelino Caldeira a fazer cruzamentos de letra ou Pinto da Costa a marcar golos de trivela?

      A razão pela qual o FC Porto desta época é o que está à vista é simples, tremendamente simples: porque, como aqui o escrevi há semanas para grande escândalo de outros observadores para quem há gente e coisas intocáveis, é que este FC Porto é a pior equipa da década, pelo menos. A geração que ganhou a Liga dos Campeões em 2004, foi destroçada, e, da que se lhe seguiu, já só restam Lucho e Lisandro. Mas Lucho, que havia começado a época em grande, entrou em crise psicológica e não tem quem pegue na equipa em vez dele, e Lisandro está em guerra surda com a SAD — que é capaz de pagar 200.000 euros por mês ao Cristian Rodriguez (apenas 50.000 a menos do que Quaresma foi ganhar para o Inter), é capaz de pagar alguns 50.000 a jogadores que nem na Segunda B teriam lugar, é capaz de pagar uns trinta ordenados a jogadores para brilharem noutros clubes, mas não tem dinheiro para pagar ao Lisandro o que ele acha que merece. Talvez o Lisandro esteja a exagerar, mas quando os maus exemplos vêm de cima, porque não aproveitar, quando se é um dos raros ali que fazem a diferença?

      É fácil, facilíssimo, atirar as culpas para cima do treinador: é sempre assim, quando não se sabe gerir. Eu acho que Jesualdo tem feito o melhor que pode, com equipas que, de ano para ano, são cada vez piores. E, como já aqui o disse, tirando erros pontuais às vezes incompreensíveis — como a insistência no Mariano González ou essa fatal tendência dos treinadores portugueses para mudarem a equipa toda e renunciarem ao ataque, de cada vez que têm um jogo difícil pela frente — Jesualdo só pode, eventualmente, ser culpabilizado por ter sido cúmplice ou testemunha silenciosa dos negócios que desmantelaram a equipa e a puseram a falar castelhano e a jogar um futebol que depende da inspiração de não mais do que dois ou três jogadores.

      À vista de todos, a este FC Porto falta, para começar, um guarda-redes a sério e é incrível que não o tenha. Todas as equipas que conheço devem vitórias e resultados aos guarda-redes: não me lembro, desde que Adriaanse reformou Baía, de um só jogo em que se possa dizer que o FC Porto ficou a dever o resultado ao guarda-redes. Depois, falta-lhe um lateral-esquerdo de categoria internacional, até para libertar o Fucile para a direita, onde ele é bem melhor do que Sapunaru. E mais uma vez é incrível como é que, tendo comprado 13 (!) defesas-esquerdos nos últimos dez anos, não se comprou um único que desse garantias. Falta-lhe, a seguir, pelo menos dois grandes médios de ataque, que libertem o Raul Meireles para o lugar de trinco (onde, entre os cinco vindos este ano, não há um só que preste!) e libertar o Lucho (enquanto lá está...) do peso de ter de carregar em exclusivo a equipa para a frente. E falta-lhe, para terminar, dois extremos a sério, pois que só tem um e Jesualdo nem sequer gosta de apostar nele: o Candeias. Borda fora foram, além do Quaresma, o Pittbull, o Vieirinha, o Alan, o Hélder Barbosa, o Diogo Valente. É preciso ir às compras em Dezembro, mas calma: não vale a pena ir já a correr reservar um charter para a América do Sul. Há muita gente aí, emprestada, que deve ser mandada voltar para casa e, embora eu duvide, se possível, trocada por uma dúzia de inutilidades que por lá andam.

      Com esta equipa, não vale a pena alimentar ilusões nem agitar lenços brancos. Não vale a pena caírem em cima do treinador, porque nem Mourinho conseguia fazer daquilo uma equipa a nível europeu. E, depois, também manda a verdade que se diga, que Jesualdo não tem tido sorte. O Dynamo de Kiev não fez nada para merecer ganhar no Dragão: fez tanto como o Sporting fez para merecer ganhar em Donestk. Com a mesma sorte do Sporting (aquele remate de Lucho ao poste, por exemplo), o FC Porto teria ganho ao Dynamo e com justiça. E com a sorte que o Benfica teve contra a Naval, teria ganho, ou pelo menos empatado, com o Leixões e não se estaria agora a falar em crise. Mas as coisas são o que são e estamos todos habituados a ver o FC Porto a superar erros de arbitragem e bolas ao poste. Foi o que fizemos em Alvalade, contra o Sporting e contra Lucílio Baptista e aí escreveu-se que estava de volta o FC Porto dos últimos anos. Não estava e logo se viu. Nem tanto ao mar nem tanto à terra. A fórmula actual é simples: em dia de inspiração de Lucho e Lisandro, o FC Porto ganha; em dia de desinspiração deles, não ganha, porque não há ali ninguém mais que tenha categoria para desequilibrar um jogo.

      2. No momento em que escrevo, não sei o desfecho do Braga-Estrela da Amadora, mas, ao ler que Jorge Jesus afirmou que este jogo era mais difícil do que o confronto com o Portsmouth, dá-me ideia de que estava já a preparar os adeptos para um fracasso e a desresponsabilizar os seus jogadores, por antecipação. Ele lá sabe, melhor do que ninguém, o que a equipa pode ou não dar. Agora, há uma coisa que, francamente, já enerva como desculpa: que é a do cansaço do jogo europeu a meio da semana (ainda para mais, jogado em casa e sem necessidade de viagens). Nunca percebi porque razão as equipas ditas pequenas se batem tanto por um lugar europeu, quando depois, na época seguinte, vivem a queixar-se do cansaço dos jogos europeus a meio da semana. E também nunca percebi porque é que o cansaço há-de atacar mais os pequenos do que os grandes: alguém se lembrou de justificar as más exibições de FC Porto, Sporting e Benfica, nesta jornada, com o cansaço do jogo europeu?

      fonte: "All Dragons fórum"

      28 outubro, 2008

      Vá ver o hóquei, senhor Jesualdo!

      PONTO PRÉVIO: Esta crónica dedicada às «outras» modalidades nada tem a ganhar com incursões ao mundo futebolístico porque dessa forma perderei sempre algum espaço que poderia ser aproveitado para enaltecer as grandes vitórias do nosso hóquei em patins, por exemplo. Desta feita, porém, não resisto:

        Entro no Dragão confiante, ou pelo menos, moderadamente confiante. É chegada a altura de esquecer o desaire europeu e defender a liderança da competição interna. O jogo começa mal, a (falta de) atitude defensiva da equipa incomoda-me seriamente. Há um homem no banco que devia ser o nosso líder, que está de braços cruzados em pé, de rosto fechado não escondendo uma postura de quem não sabe o que fazer.

        No regresso ao relvado, os jogadores abraçam-se no túnel, entram com garra e atitude e Lisandro faz explodir a multidão. Começo a cantar e a acreditar num final feliz. No banco, observo a dupla Juju/Zezé falando ao ouvido um do outro. Entra Mariano para defesa esquerdo! A minha alma fica parva e começo a ter suores frios. O Leixões vê «a caixa de pandora» abrir-se, assim de forma descarada, e cria pânico bem antes do decisivo golo. Mas no banco da casa, a escuridão é geral. Estava pouco depois consumada mais uma derrota pela mão do triste e deprimente treinador do Porto. Já não bastava a contribuição decisiva para a derrota Europeia eis que o iluminado Juju assassina mais uma esperança de vitória.

        Acaba o jogo e com as forças que ainda me restam, saio do Estádio conformado. Observo, contudo, a minha gente, triste, revoltada, envergonhada. É isto que mais me doi, é ver o quanto sofre esta gente pelo clube. A nau está prestes a bater no fundo. E anda muita gente a enfiar a cabeça na areia.

        Há situações que já deveriam ter determinado uma decisão radical, este Porto anedótico a nível europeu, este Porto vulgar na competição interna, a equipa que está sempre em construção e sempre a crescer (em golos sofridos, só pode), que perder por 1 ou por 4 é igual, que não morreu ninguém, que nada é trágico, que por pressão dos adeptos se muda um guarda-redes em que se confiou nos últimos 2 anos, que dá o aval para se contratar um Benitez, um Lino, que coloca Tarik a ponta de lança, Mariano a defesa esquerdo, que puxa um jogador da intercalar para titular e vice-versa, criando instabilidade emocional nos jogadores, que assiste impávido e sereno a grupinhos que se criam na equipa e que determinam até que se passe mais a bola a «este» do que a «outro» jogador.

        É tudo muito simples: a incompetência estalou, o rumo perdeu-se e não se sabe o que fazer. E a nau vai-se afundando. Haverá coragem para se inverter tudo isto? Haverá coragem para a mudança?

        Disse em tempos que o Porto ia ser TETRA, apesar de Jesualdo, mas, muito sinceramente, já não sei se isso será possível... respeito a pessoa de Jesualdo, mas como treinador é pouco mais que sofrível. Há matéria prima para chegar ao sucesso, urge encontrar quem dê conta do recado.
      Franklim Pais, o nosso treinador de hóquei em patins, tem jogadores lesionados, outros castigados mas o seu discurso só fala em ambição, em sede de vitórias e isso vai passando para dentro do ringue onde a nossa equipa até os «come». Não há discursos a falar de condicionalismos, de equipas em construção, não há discursos deprimentes, derrotistas!!! Este sábado deram 6 a uma Juventude de Viana que se assume candidata ao título. A verdade é que no hóquei temos um líder. E estamos a crescer, sim, mas em vitórias!

      Nas camadas jovens do futebol, o FC Porto teve um fim de semana em cheio, ganhando em casa à Académica em juniores e juvenis (3-1 e 3-0), ganhando também nos iniciados (3-0 em Freamunde).

      FC Porto com muito trabalho de casa por fazer
      (1º Benfica - 10 pts/5 jgs; 2º CAB - 10 pts/5 jgs; 8º FC PORTO - 6 pts/4 jgs)
      • FC Porto, 74 - AD Vagos, 79
      Em Matosinhos, os pupilos de Júlio Matos perderam pela primeira vez em casa. E perderam bem. A equipa acusa a falta de jogadores importantes, há outros limitados a terem que jogar, mas mesmo assim em termos defensivos houve falta de aplicação. Quando 2 jogadores do adversário fazem quase os pontos todos é porque do outro lado andava muita gente a dormir. Gostei dos 2 americanos, Martin (23 pts) e Burns (17 pts), já quanto ao mais recente, Bailey, não deu para ver grande coisa, jogou pouco tempo e ainda tem poucos treinos com a equipa. No final do jogo e à saída do pavilhão, eu e o Amigo Vila Pouca estávamos longe de imaginar que aquele horrível sábado ainda estava agora a começar...

      Dois reparos. O primeiro para Marçal (21 pts); é escusada a troca de galhardetes sistemática com o técnico Júlio Matos, só o prejudica em termos de concentração; o 2º reparo para Júlio Matos; não gosto de treinadores sentados no banco o jogo todo, pareceu sempre conformado com o que acabou por suceder. Vamos lá unir o grupo que quando estiverem todos operacionais tudo é possível.

      FC Porto arrasa um assumido candidato ao título
      (1º FC PORTO - 10 pts/4 jgs; 2º Oliveirense - 10 pts/4 jgs; 3º Benfica - 7 pts/4 jgs )

      • FC Porto, 6 - Juventude de Viana, 1
      Em Fânzeres, onde esteve o Estilhaço (ver fotos e vídeo), o FC Porto arrasou com uma Juventude de Viana, esta época uma das principais concorrentes dos Portistas. Caio (2), Jorge Silva, André Azevedo, Ricardo Figueira e Reinaldo Ventura marcaram os golos do FC Porto. Ao intervalo já ganhávamos por 3-1 e até deu para Reinaldo Ventura entrar na parte final ainda muito limitado, mas a tempo de fazer um golo.

      Grande jogo, grande espírito de luta desta equipa liderada por Franklim Pais que já não contou com Emanuel Garcia expulso (levou 4 jogos) em Braga na 4ª feira (empate a 4 com golos de E.Garcia-2, Caio e J.Silva).

      O FC Porto volta a jogar já amanhã em casa, outra vez (a pedido da Oliveirense) e depois no sábado há um escaldante FC Porto - SL Benfica em Fânzeres (em princípio lá estarei) e com transmissão na RTP2. Este sábado os encarnados escorregaram ao empatarem em Porto Santo a 3 golos.

      • Caio (Ricardo Oliveira)
      O hoquista do FC Porto Caio (na foto acima) merece este destaque pelas duas boas exibições em Braga e sábado em Fânzeres com 3 golos no somatório dessas duas partidas além de outras jogadas notáveis de quem respira hóquei da cabeça aos pés. Em grande nível também esteve Edo Bosch e Jorge Silva com aquele seu precioso golo em Braga a 44 segundos do fim.

      No andebol, Eduardo Filipe com 13 golos ao Sporting (post de 5ª feira) foi peça fundamental no empate obtido fora de portas, enquanto no basquetebol, Kevin Martin foi o MVP da partida com 23 pts e 12 ressaltos.

      Saudações Portistas,
      Lucho.

      # post publicado em simultaneo no fórum fcporto.planetaportugal

      27 outubro, 2008

      Pesadelo?!?! Infelizmente… NÃO!!!

      Depois da derrota do FC Porto no Dragão frente ao Dínamo de Kiev, e consequente complicação do apuramento para os 1/8 final da Liga dos Campeões, é realmente tempo de se pôr a mão na consciência e pensar no que falhou para que o FC Porto depois de duas participações nos 1/8 final da Liga dos Campeões, esteja nesta época à beira da eliminação na fase de grupos. É preciso questionar o porquê das pobres exibições que o FC Porto tem feito na Liga Sagres, culminadas com a estrondosa derrota de sábado frente ao Leixões. Até na eliminatória da Taça de Portugal frente ao Sertanense (esse colosso da 3ª divisão), um dos nossos melhores jogadores em campo foi o Nuno...

      Olhando para o canto direito deste blog, vemos as equipas campeãs do FC Porto ao longo destes anos. Aquelas que venceram campeonatos, taças de Portugal, Supertaças, Liga dos Campeões, Taça UEFA, etc… reparemos por ex. no seguinte:

      • Da equipa inicial que venceu a Liga dos Campeões em 2004, 3 jogadores, Baía, Jorge Costa e Ricardo Carvalho, saíram da formação do clube, 6 jogadores foram recrutados no mercado interno, nomeadamente, Nuno Valente e Derlei (Leiria), Paulo Ferreira (Setúbal), Deco (Salgueiros), Pedro Mendes (Guimarães), Maniche (Benfica B), e apenas 2 jogadores foram recrutados ao exterior, nomeadamente Costinha e Carlos Alberto.
      • A mesma análise poderia ser feita a outras equipas e a conclusão não seria muito diferente.

      Em conclusão, o que quero dizer com isto é que a aposta na formação do clube, e no mercado nacional em que há vários jogadores de qualidade (basta ver que todos os anos saem jogadores de clubes portugueses para boas equipas europeias) e que conhecem a nossa realidade, bem como a inevitável aquisição de 1 ou 2 grandes jogadores no mercado exterior são a única maneira de se poder ter sucesso.

      É com doses industriais de argentinos, uruguaios e colombianos comprados às toneladas e sem critério que se vai conseguir ter sucesso? A concentração num único mercado é positiva para o clube? Num mundo tão grande, será a América do Sul o único sítio onde se encontram bons jogadores? E África? E a Europa do Leste?

      Ao longo dos 90 minutos do jogo frente ao Leixões, belisquei-me várias vezes a fim de concluir que aquilo que estava a ver não passava de um pesadelo… mas não, parece que foi mesmo verdade… péssima exibição, péssima atitude, péssima actuação do treinador (até na flash-interview)… enfim, correu tudo mal, demasiadamente mal para ser verdade.

      Para além disso, o jogo de ontem confirmou algo mais que evidente: não temos laterais… Lino é mau… Benitez é horrível… Sapunaru é fraco… Tomás Costa nem sequer é lateral de origem… o único que talvez não seja assim tão mau é Fucile, mas até este comete asneiras de meter medo.

      Em termos de extremos, Rodriguez e Candeia jogaram tão mal, tão mal, que só foram superados por Mariano, outro horrível jogador.

      Das exibições de ontem, compreendi perfeitamente as asneiras de uns, o atabalhoamento de outros e a falta de classe de alguns… mas houve um jogador que me chocou profundamente pela fraca exibição: o Sr. Lucho Gonzalez jogou muito mal… errou passes, não foi capaz de organizar o jogo da equipa, nem sequer foi uma voz de comando. É que já não basta a falta de classe intrínseca de alguns jogadores, agora só falta que aqueles realmente bons comecem a jogar mal… assim, não vamos lá.

      26 outubro, 2008

      A lei de Murphy

      25 de Outubro de 2008
      Liga Sagres 2008/2009

      Estádio do Dragão, no Porto
      assistência: 37.408 espectadores


      árbitros: Paulo Baptista (AF Portalegre), José Braga e Carlos Pereira; Pedro Vilaça.

      FC Porto: Nuno; Sapunaru, Rolando, Bruno Alves e Lino; Raul Meireles, Tomás Costa e Lucho «cap.»; Hulk, Lisandro e Rodríguez.
      Substituições: Lino por Candeias (32m), Sapunaru por Mariano (64m) e Rodríguez por Farías (75m).
      Não utilizados: Ventura, Pedro Emanuel, Guarin e Fernando.
      Treinador: Jesualdo Ferreira.

      Leixões SC: Beto; Vasco Fernandes, Joel, Elvis e Laranjeiro; Bruno China «cap.», Hugo Morais, Roberto Sousa e Braga; Diogo Valente e Marques.
      Substituições: Diogo Valente por Zé Manel (62m), Marques por Roberto (72m) e Braga por Sandro (88m).
      Não utilizados: Berger, Ruben, Diogo Luís e Nwoko.
      Treinador: José Mota.

      Disciplina: Amarelo a Joel (35m), Lisandro (37m), Sapunaru (64m), Braga (76m), Elvis (77m) e Beto (90m).

      Golos: Bruno China (3m), Braga (29m), Lucho (36m g.p.), Lisandro (61m) e Braga (79m).


      Porto. 21 horas. Estádio do Dragão. Não é um duelo de morte aquele que tem hora marcada. Nem será, numa linguagem mais belicista, a "mãe de todas as guerras". Mas é um jogo difícil. Tremendamente difícil, mais do que o nome do adversário deixa entender.

      Do outro lado do ringue, um contendor forjado no sofrimento, na dureza da vida, na capacidade de sofrimento. Uma mera extensão na empatia que o clube tem com as gentes do Mar. Homens duros, de rostos causticados pelos golpes o destino, mas fazendo da não desistência a palavra-chave das suas vidas...

      Todos nós, irmanados no amor incondicional pelo emblema do Dragão, queríamos que este jogo constituísse uma reconciliação. Com as vitórias. Com os grandes espectáculos. Jesualdo deu o mote. Afastando os habituais conservadorismos tácticos, libertando a equipa de grilhões defensivos, mudou a face do onze inicial.

      Tirou o infatigável mas imaturo Fernando, colocando no seu lugar Meireles, capaz de oferecer outra dinâmica ao lugar de pivot defensivo. Optou pela racionalidade, abdicando do fetiche por Mariano Gonzalez, colocando no posto de médio direito Tomas Costa. E, por último, reforçou o peso atacante da equipa, dotando-a de capacidade de choque, poder de explosão e vivacidade, com a entrada de Hulk.

      Os dados estavam lançados. Mas os caprichos da fortuna têm destas coisas, numa espécie de reedição da Lei de Murphy. "Se algo pode correr mal, correrá mal..."

      Três míseros minutos para comprovar a teoria. Três. Depois de sistemáticas e repetitivas bolas aos postes dos adversários, em partidas anteriores, o que faltava acontecer a este Porto? Bem, a resposta foi dada por Bruno China, quando cabeceou sem oposição para o fundo das redes de Nuno. Vir de uma derrota e começar o jogo seguinte a perder. Os dados foram alterados.

      E a inquietude tomou conta de muito boa gente. Seria este Porto de Jesualdo capaz de operar, uma vez que fosse, uma reviravolta no marcador?

      A equipa não se desuniu. Nem deu mostras de intranquilidade. Aproveitou o esperado acanhamento ofensivo do opositor para ganhar metros. Procurou utilizar a velocidade nos flancos, arma prioritária para desgastar a defesa que se antevia porfiada.

      Lino e Rodriguez começaram a combinar na perfeição, procurando servir com as suas investidas atacantes Lisandro e Hulk. O uruguaio deu o mote, numa investida que é a sua imagem de marca. Técnica mesclada com raça. Valeu o corte in-extremis de um defesa, para canto. O Porto carregava. Lisandro tem um excelente movimento, dentro da área, rodopiando e rematando, para uma defesa segura de Beto.

      O Leixões não se desunia. Cortava os caminhos para a baliza, mantinha a tranquilidade como apanágio de manutenção do seu jogo, espreitando sempre o contra-ataque. Mas Murphy, quem quer que tenha sido, era um profeta. Só podia...

      Rolando, em posição privilegiada no ataque, falha um golo certo. Cruzamento perfeito de Hulk, para uma entrada de rompante do jovem central portista. A cabeçada, violenta, errou por pouco o alvo. E na resposta, novo e doloroso balde de água fria. Jogada de ataque leixonense, de uma simplicidade atroz, e Braga a aparecer completamente isolado perante um desamparado Nuno.

      O Dragão assistia, incrédulo e de assobio fácil, ao aparente desmoronar de uma equipa. Golpe duro de encaixar, é certo, mas Jesualdo foi lesto na resposta.

      Tirou Lino, meteu Candeias. Baixava Tomas Costa para o posto de defesa-esquerdo, numa evidente prova de polivalência do médio argentino. A equipa puxou pelos galões. Rodriguez tem um disparo fenomenal, de fora da área, para uma defesa elástica de Beto. E, no negrume que se antevia, com as nuvens tempestuosas a convergirem para a Invicta, um raio de luz. De esperança. Mantendo a crença viva e palpitante.

      Passe em profundidade para Hulk e este, procurando desenvencilhar-se de Joel, o seu marcador, é derrubado na área. Penalty claro. Inequívoco. E que El Comandante, com a frieza costumeira, converteu em golo.

      O intervalo chegou logo de seguida, cerceando a possibilidade de empate. 15 minutos de nervosismo. De ansiedade. Mas também de fé. Toneladas dela.

      Foi um Porto esperado o que apareceu no relvado, na 2ª metade. Mais pressionante, empurrando o Leixões para a zona limite. Mas também um Porto menos clarividente, mais acossado pelo tempo. O único momento de frisson, nos 15 minutos que correram de forma galopante, foi uma escorregadela de Beto, escorregando ao deter um remate de Bruno Alves e, com isso, a quase introduzir a bola na própria baliza.

      O pontapé no marasmo foi dado pelo inconformado Lisandro. Brilhante na desmarcação, soberbo na finta sobre o defesa adversário, mortífero no remate cruzado, provocou uma ebulição no Dragão. Golo magnífico, um anti-depressivo necessário, inoculado na altura certa. Com meia-hora para jogar, os 3 pontos eram finalmente vislumbrados no final do túnel.

      O jogo entrou num período trepidante. Convencionou-se chamá-lo de "parada e resposta". E foi assim mesmo. Uma montanha russa de emoções. O Leixões revidava. O Porto ameaçava o terceiro. O último reduto azul e branco passou por novo calafrio. Balanceados para uma ofensiva total, descurada a cobertura das laterais, já com Mariano em campo, a servir de defesa-esquerdo, o Leixões introduz a bola na baliza de Nuno, pela terceira vez. Valeu a prontidão do fiscal de linha, anulando [mal] o golo aos pupilos de José Mota.

      Não se tinham ainda esgotado os protestos, quando a melhor jogada colectiva da partida, tendo sempre como epicentro Lisandro, esbarra nas luvas de Beto. Um desenho geometricamente perfeito, com lateralizações rápidas, tabelinhas estudadas, colocando Licha na cara do guardião adversário. O "plastic-man" de Matosinhos agarrou o couro, mais uma vez.

      Beneficiando do claro adiantamento da equipa, o Leixões ia-se empertigando. E, quando as coisas correm bem a uns, pelos vistos correm bem até ao fim. Novo contra-ataque, o meio-campo do Porto totalmente desconjuntado, e Braga a fuzilar Nuno, obtendo um golo de belo efeito. Uma machadada cruel no ânimo de uma equipa que procurava, de forma denodada, o golo da vitória.

      Novo golo do empate esteve perto, com um remate de Lucho a sair ao lado. A equipa era já um monte de remendos, desarticulada, lutando e correndo apenas pela honra. E, para quem já se tinha esquecido de Murphy, é sempre bom relembrar. "Se algo pode correr mal, correrá mal..."

      O empate seria sempre um mal menor. Mas impediria a derrota. E, à beira do apito final, o poste - sempre o poste - entra em jogo, reclamando o protagonismo perdido. O remate de Lucho parecia destinado a minimizar a perda de pontos. Mas embateu nos guardiões da baliza do Leixões. Nunca, como hoje, se sentiu tanto que os Deuses da Sorte nos viraram as costas...

      O apito final apenas desligou a máquina. O Porto já estava derrotado. O Leixões vencia com inteira justiça.

      Não faço mais comentários. Não por falta de respeito por quem visita - e comenta - neste espaço. Mas porque me habituei, sempre, a argumentar de forma racional. Algo que, actualmente, é impossível de conseguir. Por isso, prefiro não embarcar no imediatismo. No facilitismo. Não faltará quem peça a cabeça de Jesualdo, numa bandeja. Ou quem, como habitualmente, invective a SAD. Ou, outros, que aproveitem a queda para apontar erros na política de contratações. Eu não participo nesses linchamentos colectivos. Por uma questão de princípios...

      Não que me ache uma espécie de provedor do Porto, ou um defensor intransigente da política da SAD. Também não sou um adepto fiel do modus operandi de Jesualdo. Mas, quando se colecciona a 2ª derrota caseira, em apenas 4 dias, o tempo será mais propício a uma meditação. A equipa, e a sua estrutura directiva, necessitam de calma. Para pensar. A época está longe de estar comprometida. Mas algo vai mal, muito mal, no reino do Dragão.

      Melhor do Porto: Lisandro. Não pelo golo. Mas pela raça. Pela postura. Pelo cerrar dos maxilares. Por ter empunhado a flâmula da esperança. Por ter lutado. Quanto ao resto, a mediania do costume. Jesualdo mexeu, e bem, na equipa inicial. Deu o sinal que muitos reclamavam. Uma equipa mais ofensiva. Retirou Fernando, colocou Hulk. Mas com os dois golos concedidos, as mexidas soaram sempre a desespero. E a equipa, apesar da reacção, acabou totalmente perdida, desconjuntada, uma amálgama de erros que a colocaram à beira do precipício. Depois, foi só dar um passo em frente...

      Arbitragem: Mal. Como de costume, nada de bom se pode esperar de Paulo Baptista, intérprete medíocre de apito na boca. Mas hoje, nem por aí se pode justificar o que quer que seja. O erro maior foi, inclusivé, favorável às nossas pretensões, com um golo - seria o 3º - mal anulado a Zé Manuel. Um disparate maior a juntar a uma série impressionante de lances mal ajuizados, com predominância no capítulo disciplinar.

      Há noites assim. Tristes. Desencantadas. Apetecia-me não estar de serviço. Mandar a escrita "às urtigas". É demasiado doloroso escrever, numa espécie de repetição, sobre as incidências da partida. Estou anestesiado. Sinceramente, não sinto nada. Talvez uma pontada de desilusão. Mas, por mais paradoxal que pareça, estou conformado. E isso, mais do que a 2ª derrota caseira em 4 dias, é que me preocupa. A forma insidiosa como se chegou a este estado. Amorfos. Descrentes. Apáticos.

      25 outubro, 2008

      Quem ganha aos do Mar… não perde o lugar!

      Sabia-se que o inicio de temporada remetia os azuis-e-brancos para um inicio de temporada de fogo, um ciclo infernal com inicio e términus com leões (Supertaça e Alvalade à 5ª jornada), de permeio, visita à Luz e os embates iniciais para a elitista Champions.

      Desde logo um aviso, este blog não me compromete com qualquer conduta ou linha editorial, não sou seguidista da SAD Azul, nem tão pouco faço apologia defensiva do técnico que comanda as tropas. Factos são factos, e sem qualquer tipo de redundância ou demagogia barata, a verdade dos mesmos diz-me que por entre as dúvidas que pairam sobre os Dragão, os azuis-e-brancos concluíram em Alvalade esse ciclo inicial, sem distinção, mas líderes!!!

      Depois de mil e muitos dias na liderança (1007 mais precisamente), perdida às mãos das gayvotas, e de uma exibição com laivos de provincianismo bacoco e rebuscado que já não usamos, o espectro da debacle psicológica, lançou-nos para traumas, fantasmas antigos, um inferno com expoente máximo em Londres, mas que muitos conotavam como exibições próprias de uma equipa em reconstrução. Os assobios ecoam e no cômputo geral ninguém confere grande margem de aprovação, coroando mesmo esta síntese, como um Dragão intermitente e de arranque soluçante. Diria por fim que se o plantel portista e o seu futebol pudessem ser comparados a uma orquestra, o público pediria que ao tom se subisse uma oitava.

      Permitam-me que volte umas linhas atrás, a liderança, não a que parece desvanecida nas mãos de Pinto da Costa, Jesualdo e outros que tais, mas à liderança da Liga Sagres…

      A sexta jornada do campeonato nacional trás ao anfiteatro portista o conjunto Leixonense, um dos “culpados” pelo facto de os azuis-e-brancos encabeçarem a tabela classificativa, surpreendentemente distam do topo e inerentemente do seu anfitrião um pontinho. Sábado, o FC Porto procura manter a liderança e se possível cavar a distância para os principais opositores, não descurando nunca que o seu contendor em caso de vitória arrebata por mérito próprio aquilo que deixou às mãos do Dragão na pretérita jornada.

      Sobram estórias e factos históricos a rodear estes embates, separados por uma dezena de quilómetros, os vizinhos do outro lado da VCI, só por uma ocasião lograram vencer os da casa a contar para o nacional, em vinte e três confrontos a margem dessa derrota só por mais uma vez levaram pontos, contudo não haverá por certo nenhum adepto das muy nobres cores azuis-e-brancas que não lembre o amargo de boca que foi a derrota em pleno estádio das Antas na final da Taça de Portugal de 60/61.

      São ancestrais rivalidades, tamanhas que em tempos idos refutavam terminantemente qualquer hipótese de transferência de jogadores entre os emblemas em questão. Hoje em dia, o cenário é bem menos hostil, e muitos são os que fazem a viagem em sentido inverso (Diogo Valente, Ezequias, Vieirinha, Paulo Machado, etc…), só para relembrar os mais recentes.

      Futebolisticamente, este Leixões é hoje bem diferente da equipa que foi bombo da festa no Torneio Cidade de Braga, depois do arranque em falso na Liga, não mais pararam de somar pontos, são um dos conjuntos com melhor registo de vitórias fora, ainda que com parca produtividade ofensiva atestada por uma média de 1,4 golos marcados, ainda que decorridas uma mão cheia de jornadas sejam também das que melhores argumentos futebolísticos apresente.

      Comandados por José Mota, um técnico experiente, matreiro e bastante astuto, um dos que estuda bem os adversários, que incute grande rigor táctico e arreganho na disputa de cada metro quadrado do campo, um meticuloso do futebol obreiro que prima na hora de manietar os transportadores de bola dos adversários deixando-os envoltos numa qualquer camisa-de-forças que por vezes só a muito custo conseguem desenvencilhar-se.

      Com substanciais mexidas no plantel, os artificies deste surpreendente arranque têm nome, Wesley, Braga, Zé Manuel, Beto e Bruno China, são aqueles que mais sobressaem no esquema de jogo do técnico matosinhense, equipa que vende caro qualquer resultado, que não abdica dos seus princípios e procura discutir o domínio de jogo, o filme do jogo está feito na cabeça de José Mota. O guardião dos “sardinheiros” atirou no pós jogo frente ao emblema benfiquista que “vamos ao Dragão para ganhar” (espero que seja só experiência), fica apesar de tudo dado o mote para o que muitos apelidam de assalto à liderança.

      A viver dias difíceis, abertas as portas de novo eleante e inegável ciclo de alto calibre competitivo, os azuis-e-brancos socorrem-se uma vez mais do panorama interno para sarar e lamber as feridas abertas pela vaga de frio vinda dos confins da Europa comunista, adensando e carregando ainda mas o rol de dúvidas que pairam sob o Dragão.

      A convocatória mostra Nuno de pedra e cal na guarda da baliza, a surpresa fica para nova exclusão de Helton e para Tarik, preterido em detrimento de Candeias, os eleitos mostram ainda o que a ressaca europeia deixava antever, Fucile não recuperou ficando a lateral esquerda entregue a Lino.

      Urge reagir ao mau momento. No futebol como em outras tantas situações tempo é coisa que falta, e quando não se ganha esse tempo parece ainda mais efémero, curiosamente ou talvez não Bruno Alves saiu a terreiro e na press release alinhou pelo mesmo diapasão de Pedro Emanuel (capitão) e do timoneiro Jesualdo, de peito oferecido às balas foi dirimindo argumentos, justificando a pobreza das exibições com adaptação e com a dificuldade de percepção por parte dos “novos” do que é jogar à Porto e no Porto.

      Ainda que de bom grado dê o beneficio da dúvida a um dos poucos que encarna na perfeição a mística azul e branca, fica difícil perceber porque vivem os onzes apresentados pelo Prof. Jesualdo Ferreira, constantes mutações???

      Para hoje, para além da vitória, defesa e consolidação da liderança, limpeza da imagem, põe-se as habituais dúvidas tácticas da estrutura de jogo do Dragão... Mariano ou Tomás Costa???

      O primeiro demasiado intermitente apesar da sua abnegação pouco ou nada empresta ao carrossel portista que se quer para o centro do terreno, inconsequente nos duelos individuais, não me admira que o argentino Tommy espreite a titularidade, ele que não sendo a solução milagrosa para o desbloqueio do futebol azul, é a meu ver um jogador que acaba por encher o campo, com influência capital em quase todos os sectores de jogo dos Dragões. Jogando sobre a direita não só protege o verde Sapunaru das investidas adversárias, como consolida o meio campo permitindo movimentos de quatro médios, que a nova dinâmica do 4x3x3 configura. O jogador alvi celeste empresta ao jogo uma energia positiva, oferecendo a Lucho, em nítida decadência física, a muleta para a capacidade de progressão em toques curtos, permitindo ao compatriota alguma poupança de esforços em fase defensiva.

      Com a extrema-direita órfã de um desequilibrador, Tommy consegue ainda aparecer com algum preceito e qualidade por essa faixa, arrancando com alguma capacidade e qualidade cruzamentos que fazem perigar os últimos redutos adversários, à falta de melhor ou salvo as contingências propiciadas por Jesualdo e seus devaneios, medos e receios, esta oferece-se-me como a melhor e óbvia opção. A hipótese esta pelo menos desenhada com naturais e visíveis resultados profícuos, merecendo que se equacione tal desiderato.

      Com evidentes dificuldades nas laterais, e subsequentes danos colaterais no resto da manobra, já tudo foi dito sobre a quem só resta a possibilidade de melhorar, já todos vimos que aqueles que saíram não foram esquecidos, mas também não me incluam no peditório para profetas da desgraça.

      Este não é o FC Porto que me habituei a ver jogar, sobretudo ao nível da qualidade de futebol, mas para os mais esquecidos ou de memória menos afoita, no ano passado por esta mesma altura discutíamos não derrotas, felizmente, mas qualidade de jogo, disfarçada apenas pelos golos de Lisandro. Este ano, as ditas molduras de ferro teimam em minguar o espaço existente na quadratura desenhada pela mesmas, obliterando a que o Dragão volte a sorrir, confinando que as dúvidas sejam tamanhas que se debitem de enxurrada até fazer um mar.

      Se o tempo é de maré baza e estes são mares nunca d’antes navegados, ganhar é mesmo o melhor remédio, a terapêutica aconselha que se usem os mesmo que nos fazem sofrer, tal qual uma vacina feita a base de inocular o próprio vírus para que o organismo produza os aconselhados anti-corpos, como tal a excepção da alteração preconizada de argentinos, alvitrada em parágrafos anteriores, os escalonados deverão ser Nuno, Sapunaru, Bruno Alves, Rolando, Lino e Fernando, Meireles, Rodriguez, Lucho, Tommy e Lisandro, porque a visita dos homens do mar, deve ser encarada com a mesma classe, astúcia e argúcia com que nos brindará o Amigo Paulo Pereira no seu esmiuçar das incidências do jogo.

      LISTA DE CONVOCADOS
      Guarda-redes: Nuno e Ventura.
      Defesas: Sapunaru, Bruno Alves, Pedro Emanuel, Rolando e Lino.
      Médios: Fernando, Guarín, Raul Meireles, Lucho e Tomás Costa.
      Avançados: Cristian Rodriguez, Farias, Hulk, Lisandro, Mariano Gonzalez e Candeias.

      # post publicado em simultaneo no fórum fcporto.planetaportugal