30 setembro, 2008

Contra o historial... às armas com o Arsenal!

“É melhor perder um jogo do que ter medo de jogar futebol”, as palavras pertencem a José Mourinho, por sinónimo o único técnico capaz de pontuar em terras de sua majestade ao serviço das muy nobres cores Azuis. A tirada do agora treinador nerazurri nada tem de novo, ainda que a franja adepta dos clubes mais não queira que a vitória e os consequentes três pontos, é por demais evidente que por norma ganha quem melhor joga e interpreta os conceitos do futebol.

Ok, bem sei que as cores tugas e os seus clubes são pródigos em vitórias morais, vezes sem conta o pragmatismo do adversário causa mossa e nos atira para fora das competições, sobretudo quando toca a eliminar… mas a Champions é diferente, mormente nesta fase de grupos onde o que conta são os pontos, ainda mais quando conquistados fora de portas.

Prelúdios à parte, a segunda jornada da liga milionária de clubes, a tal liga elitista onde figuram os mais emblemáticos clubes da velha Europa, e onde só hino nos arrepia, põe no caminho dos Dragões os “Gunners” londrinos, reeditando-se assim o confronto de 2006/2007, que se saldou num desfecho de 2-0, para as cores anfitriãs. Desse jogo aquilo que de certo todos ainda retêm foram as invenções tácticas (muitas outras se haveriam de seguir), do então rookie Jesualdo em jogos fora de portas para a Liga do Campeões.

Inglaterra, assim como Londres, tem sido ponto de passagem dos Portistas na prova, verdade é que pese embora o poderio de muitos dos emblemas da Premier League a estatística é francamente arrasadora, dez embates, um empate, nove derrotas e algumas exibições agridoces e resultados bem amargos, atravessam a garganta do emblema dos da Cidade Invicta.

O jogo no Emirates Stadium põe em confronto as equipas apontadas como candidatas à passagem aos oitavos de final da prova, os Azuis começaram como há muito não se via, aumentado ainda mais a pressão sobre os comandado de Wenger, com um registo imaculado nos embates em casa, o Arsenal apenas consentiu quatro empates ao adversário no seu reduto, num total de vinte e duas partidas na Uefa Champions League.

Com um começo pouco convincente e até comprometedor, fruto do empate arrancado a ferros em Kiev, os visitantes pouco ou nada têm a perder, uma vitória em solo inglês atira o Dragão para uma posição invejável de liderança, onde a equipa de Arsène Wenger é grande favorita ao triunfo no Grupo G, obrigando os arsenalistas a pontuar em escala máxima frente a Fenerbahce e Dínamo nos confrontos seguintes.

Na ressaca da jornada inglesa para o Arsenal sobram incógnitas, dilemas e traumas, arrasados pela sempre corrosiva imprensa britânica, a surpreendente derrota com o mais recente primo divisionário Hull Citty, fez soar o alerta, e o jogo da Champions é apontado por todos como determinante no futuro imediato da jovem equipa londrina. O recém-promovido Hull mostrou que conjugando alguns factores é possível bater o pé à equipa da casa, saltam à vista as carências e limitações defensivas nas bolas paradas, os cantos parecem ser o calcanhar de Aquiles da formação inglesa, mas nem só desta fraqueza vive o “trauma” dos londrinos, fortes a defender quando o adversário privilegia as zonas centrais, impacientam-se com o rendilhar do futebol de pé para pé.

Os “Gunners” são uma equipa que gosta de atacar com muitos jogadores, impõe e incutem ritmos fortes ao jogo, provocando desgaste suficiente por si só capaz de causar e potenciar o erro no adversário. Adepto do 4x4x2, Wenger vive da imaginação de Fabregas, dos raides supersónicos de Walcott e dos desequilíbrios nas alas provocados pelo Holandês Van Persie. Adebayor é um perigo constante nas áreas adversárias, sendo o avançado do Togo o principal aríete do onze na hora de atirar a baliza.

Com um desenho táctico que se desdobra quase sempre para 4x1x3x2, sempre numa intensidade de jogo de tirar o ar, só um FCPorto pressionante, sobretudo em zonas afastadas do seu último reduto, com qualidade na circulação da bola, gizando as tão propaladas transições rápidas bem do agrado do Mister Jesualdo, poderá de alguma forma consubstanciar o aproveitamento das costas da defesa contrária, abrindo brechas no balanço e equilíbrio defensivo arsenalista.

Fica bom de ver que num onze onde pontificam nomes como Gallas, Sagna, Toure, Clichy, Denilson, Eboue, Bendtner ou Carlos Vela um qualquer pormenor de classe deita por terra conceitos como concentração, espírito de sacrifício e entreajuda, que terão de estar associados a exibição portista em Londres.

Com menos rodagem europeia mas experimentados qb em atmosferas adversas, sabe-se como essas experiências pesam nos desfechos de muito jogos deste cariz. Evidente obstáculo que se depara ao azuis e brancos é o menor fulgor exibicional que os portistas atravessam e apresentam neste inicio de época, desfeita a dúvida Lucho, que integra os convocados para a jornada europeia, sobram as questões sobre quem ocupará a faixa esquerda do último reduto azul, com Lino em estado de graça, resultante das exibições competentes que assinou nos últimos jogos, parece-me partir no lugar cimeiro da grelha de partida pelo lugar em causa, ainda mais com Fucile arredado das escolhas, as alternativas não são muitas.

A convocatória abre contudo uma janela ao debate e ao receio de novas invenções por parte do técnico azul e branco, é que Stepanov está de volta aos eleitos, com Bruno Alves e Rolando de pedra e cal no onze, e a experiência de Pedro Emanuel a ter por certo uma palavra a dizer neste género de confrontos, a inclusão de quatro centrais na convocatória poderá querer indiciar alguma estratégia menos conhecida e utilizada, fica a dúvida.

No meio campo abundam incertezas, Tomaz Costa devolverá o lugar a Mariano???..., alinhará um trio???... ou apresentará um quarteto???... Meireles e Lucho cabem de certo numa ou noutra das opções, “el comandante” é a referência das transições ofensivas, após o que se espera ter sido uma paragem pontual de base preventiva, estará por certo de regresso o acelerador de jogo portista.

Rodriguez será outro dos eleitos, apesar de condicionar todo o seu futebol ao abrigo do condicionalismo táctico imposto, o uruguaio tem sido um jogador à Porto, ainda longe de todo do seu potencial futebolístico dará por certo plenitude as extremidades do jogo dos Dragões.

Até por isso se percebe o porquê de Candeias espreitar com legitimas aspirações estrear-se em tão nobre palco na Champions, ele que tem o condão de ser um agitador de jogo com o associar do talento a atitude competitiva que transmite, assegurando assim que vai haver gente a fomentar a permissividade nas alas que as equipas inglesas por norma apresentam.

Fora da carruagem fica o inócuo Farias, não sendo contudo de esperar que Hulk apareça no onze, regressando Lisandro ao seu lugar de origem, depois de nova passagem pelo lado direito do ataque sem resultados visíveis.

Confesso que não levo jeito para as artes advinhatórias, por norma antevejo sob uma plataforma realística sem exacerbados fundamentalismos ou obstinados devaneios, como tal acredito e aposto numa equipa muito à imagem da apresentada na Luz aquando da segunda jornada da liga interina, ao fim e ao cabo decorridos que estão seis jogos oficiais esse jogo foi em largos períodos e salvo excepções já escalpelizadas e argumentos vilipendiados, a melhor exibição da época até a data, assim voto em Helton, Sapunaru, B. Alves, Rolando; Lino; Fernando, Meireles, Lucho, Tomaz Costa, Rodriguez e Lisandro.

Pede-se um Porto descomplexado no Emirates, fazendo do seu bloco médio/baixo um factor forte de estabilidade, concentração em patamares elevados, solidariedade entre sectores em doses capazes de estancar as ofensivas adversárias, para depois pacientemente lançar veneno e intranquilidade na defensiva anfitriã. A tarefa avizinha-se árdua, mas não impossível sendo por isso uma boa oportunidade para jogar futebol, sem lugar a receios ou espartilhos tácticos que nos tolhem o futebol e inibem a vontade de ganhar.

Lista de convocados:

Guarda-redes: Helton e Nuno.
Defesas: Sapunaru, Bruno Alves, Rolando, Pedro Emanuel, Lino, Stepanov e Benítez.
Médios: Lucho, Raul Meireles, Fernando, Tomás Costa, Mariano González e Guarín.
Avançados: Lisandro López, Cristian Rodriguez, Candeias e Hulk.

E a Supertaça de hóquei em patins?

Antes de mais nada, uma constatação. O nosso Presidente, Jorge Nuno Pinto da Costa, o melhor dirigente desportivo da história do futebol Nacional, continua em plena forma. Objectivo, perspicaz e atento, muito atento, senão leiam estas declarações dele no último sábado em Moimenta da Beira:

«Vi aqui muitas crianças com a camisola do FC Porto, entusiasmadas, e isso dá-me uma garantia: o futuro do nosso clube vai ser ainda mais risonho e próspero que o presente».

Mas, mais importante que isso, quando um dos intervenientes falava dos troféus ganhos pelo futebol do FC Porto nos últimos anos, Pinto da Costa interrompeu-o e exclamou em voz alta:

«Todos esses troféus... mais a Supertaça de Hóquei em Patins que acabou de ser ganha mesmo há instantes».

De facto, o nosso Presidente vê muito mais além que a grande maioria. E são estes pequenos pormenores que me entusiasmam. O FC Porto, não é só futebol, é muito mais que isso, o nosso passado glorioso nas mais diversas modalidades merece que os Portistas não se deixem monopolizar pelo futebol.

No dia do nosso 115º aniversário, foram os capitães das outras modalidades a segurarem a nossa gloriosa bandeira (Manuel Arezes no andebol, Nuno Marçal no basquetebol e Filipe Santos no hóquei) na companhia de António Frasco, ex-futebolista do FC Porto e agora técnico adjunto nos sub-19.

Ainda sobre as comemorações do nosso aniversário (a vencer desde 1893), destaco o jogo de veteranos no novo parque Vitalis, na Constituição, em que o FC Porto derrotou o Boavista no desempate por pénaltis após um empate 2-2 (golos de Rui Barros e Tozé II). Na foto, vê-se Fernando Gomes que se mostrou ainda em forma e assistiu Rui Barros para o 1º golo do jogo.

Supertaça Nacional de Hóquei em Patins 2008
- Ponte de Lima -


[ FC Porto, 6 - HC Braga, 2 ]

Nesta 27ª edição da Supertaça o FC Porto procurava a sua 16ª conquista nesta prova contra apenas 11 da concorrência (6 do Benfica, 4 do Barcelos e 1 do Sporting). Além disso os Dragões procuravam a sua 4ª supertaça consecutiva depois dos triunfos diante do Benfica (2005), Viana (2006) e Cambra (2007). E, em Ponte de Lima onde se jogou esta final, a história do clube azul e branco adquiriu mais um capítulo glorioso, mais uma conquista, mais um troféu.

Os Dragões entraram em ringue determinados em mais uma conquista, e por isso quando Jorge Silva inaugurou o marcador não foi surpresa para ninguém. Ao intervalo 2-1 para os Portistas (o outro golo foi de Filipe Santos), mas na 2ª metade o Braga ameaçou e falhou um pénalti que podia ter mudado o jogo. Logo a seguir Jorge Silva, endiabrado marca 2 golos de rajada e decide o vencedor da supertaça. Caio e Emanuel Garcia ainda ampliam a vantagem azul e branca antes do golo final dos Minhotos.

E pronto, o FC Porto inicia a época a vencer, da mesma forma que tinha terminado a última temporada. É sempre a abrir, campeonato, taça e agora supertaça... é lamentável que a televisão pública não tivesse transmitido o jogo quando essa transmissão tinha sido publicitada em muitos blogs. Eram duas equipas fora da Capital e está tudo dito. Antes do jogo foram homenageados pela FPP, Vítor Bruno, Realista, Franklim e Vítor Hugo, entre outros...

Dragão de Ouro: JORGE SILVA

Esta conquista da supertaça passou muito pela sua exibição, marcada pelos 3 golos, pelo notável entendimento com Caio e pela forma decidida com que entrou em ringue. Com um Jorge Silva assim quase que aposto que nem vamos sentir tanto as ausências de Reinaldo Ventura e Pedro Moreira (ainda lesionados). Parabéns também para o Pedro Gil que pelo seu Réus ganhou o campeonato do Mundo de Clubes batendo o Barcelona por 1-0 na final.

Na minha crónica semanal que já existe desde Junho de 2007, todas as semanas (no decorrer das épocas das 3 modalidades andebol, basket e hóquei) elegi o jogador da semana e o treinador da semana.

Assim no fecho da época 2007/08, o grande MVP (jogador do ano) para o blog BiBó PoRtO, carago!! é NUNO MARÇAL com 8 nomeações, seguido de Reinaldo Ventura com 4. Seguem-se Caio, Eduardo Filipe, Bosko, Terrell e Paulo Cunha, todos com 3 nomeações (restam ainda os nomes de mais 13 jogadores com uma e duas nomeações). Os meus parabéns ao Nuno Marçal, decisivo na conquista da Taça da Liga de basquetebol 2008, ele que fez, muito provavelmente, a sua melhor época de sempre.

Em 42 semanas de competição elegi, como treinador da semana por 20 vezes Franklim Pais, por 14 vezes Alberto Babo sobrando as 8 restantes para Carlos Resende.

Nesta nova temporada (2008/09) apenas destaco um Dragão de Ouro todas as semanas (prémio relativo a jogadores, unicamente).

ps - No basquetebol (jogo de apresentação e torneio antónio pratas) o FC Porto deu a conhecer 2 Norte Americanos de excelente nível, Burns e Kevin Martin enquanto no andebol a nossa Selecção venceu 2 amigáveis diante da Noruega B com Filipe Mota (jogador do FCPorto) a brilhar intensamente, ele que se estreou agora na Selecção A.

Saudações Portistas,
Lucho.

29 setembro, 2008

Algumas reflexões…

A história do futebol português resume-se a dois grandes blocos temporais: o período que terminou em meados dos anos 80, altura em que o país saído de uma ditadura (a vários níveis!) dava os primeiros passos de democracia, e o período que se iniciou na década de 80, perdurando até aos dias de hoje.

São dois blocos temporais com características distintas, com contextos políticos, económicos e sociais completamente diferentes e com principais intervenientes também diferentes. E é exactamente neste último ponto que reside a questão fundamental do futebol português dos últimos anos: toda a gente quer derrubar a força desportiva em que se tornou o maior clube português (digo isto com base em factos, não com base em devaneios ou histerismos idiotas), FC Porto, mas ninguém consegue!

Ao longo dos últimos anos, em especial destes últimos 4 ou 5, tenho assistido a muitas tentativas de derrube do poder desportivo do FC Porto, desde processos jurídicos que se arrastam durante anos e anos, mas que nada provam a tentativas de entrada em competições europeias pela via administrativa, passando por afirmações de presidentes de clubes adversários, em que segundo estes “mais importante do que bons jogadores são lugares na Liga”. A propósito de processos jurídicos, não foi com surpresa que li o acórdão do TAS, aquele em que o “Apito Final” foi derrubado de alto a baixo…Aquilo que o FC Porto terá de receber pelas deslocações e emolumentos de advogados é apenas uma pequena parte de todo o tempo que se perdeu com este processo de m****!

Dito isto, não posso deixar de relacionar o início de época do FC Porto com o início deste artigo. Não! Enganem-se aqueles que pensam que vou enveredar pela “velha história” (tão comum nos nossos adversários!) de desculpar maus resultados através dos “homens do apito”. Não o faço, não farei, nem nunca fiz! Prefiro avaliar as exibições dos jogadores, as escolhas técnicas do treinador, o sistema táctico utilizado, as substituições efectuadas, os momentos de bom futebol protagonizados pela equipa. Isso sim me dá gozo, mesmo que (e novamente falo em factos, porque não são invenções da minha cabeça) se estejam a passar coisas algo estranhas como, diferenças no critério de marcação de penalties, dado que uns podem colocar a mão dentro da sua área, outros não, uns invadem o campo para agredir elementos da equipa de arbitragem e nada seja feito ao clube responsável, entradas duríssimas de jogadores (curiosamente todos eles de um único clube) sejam pura e simplesmente ignoradas, e mais um conjunto de situações que não quero aqui referir para não maçar mais os leitores. NO ENTANTO, e quero deixar bem clara uma ideia: nunca a arbitragem esteve tão bem. Os árbitros, desde a abertura do processo do “Apito”, nunca mais erraram, dado que agora são muito puros e transparentes, têm todas as qualidades e mais alguma! Isto é claro e não tem discussão para uma série de idiotas da nossa praça!

Voltando àquilo que realmente me dá gozo comentar, vamos a algumas considerações que julgo, possam explicar parte deste início de época do FC Porto:

- Por muito que se discuta, fale e argumente, três jogadores titulares saíram do plantel. E três jogadores com muita qualidade, basta ver os clubes para onde foram: Chelsea, Atlético de Madrid e Inter de Milão. Não, eu não gostei da forma como Quaresma saiu do FC Porto, nem da atitude de Assunção, mas que eram bons jogadores, isso é inegável!

- Sim, é verdade que entraram jogadores novos, como Guarin, Tomás Costa, Hulk, Rolando, Benitez e muitos outros. Mas também não deixa de ser verdade que nos últimos anos se tem contratado muito, e às vezes mal. Do lote de “compras” deste ano, têm-me agradado apenas Hulk e Rolando. Todos os outros têm estado muito aquém do FC Porto, um clube de top europeu, um clube que não está à altura de qualquer um… Esperemos para ver o que dá este conjunto alargado de jogadores que entraram no plantel. Como opinião pessoal, e disse-o antes do campeonato começar, o FC Porto deveria deixar de se focalizar tanto na América do Sul (90% de jogadores adquiridos), e caminhar mais para o Leste Europeu, mas enfim, é a opinião de um mero apreciador de futebol…

- Por fim, recuso-me a criticar ou apontar o que quer seja a Jesualdo nesta altura da época. Jesualdo levou o clube ao bi-campeoanto, foi eliminado nos oitavos-final da Liga dos Campeões nas duas últimas edições e no seu reinado, vários jogadores foram vendidos por muitos milhões de €. Não me parece que grandes responsabilidades possam ser atribuídas a Jesualdo nos pontos perdidos neste início de época. Como última nota, quero relembrar que não sou, nem nunca fui um entusiasta do actual treinador, no entanto, acho que é importante acima de tudo, o discernimento nas análises que se fazem ao trabalho das pessoas.

ps - Não obstante tudo o que aqui escrevi, é com muito humor que vejo alguns falarem num começo desastrado de época, quando estamos a um ponto do Sporting e em igualdade pontual com o clube "em que há tantas, mas tantas estrelas, que o mais dificil é escolher um onze"... enfim, são os desesperos habituais de gentinha medíocre e reles.

28 setembro, 2008

115 anos de vitórias

No dia 28 de Setembro de 1893, um comerciante de vinho do Porto descobriu o futebol numa viagem a Inglaterra e decidiu fundar por cá um clube. O seu nome foi António Nicolau d'Almeida e hoje, esteja onde estiver, certamente estará orgulhoso por ver como o "seu" clube cresceu e se tornou um dos maiores do mundo.

Ao longo destes anos todos nem tudo foi fácil, porque em 115 anos é óbvio que as coisas nem sempre correm bem. E é também verdade que a muitos não convém que as coisas nos corram da melhor maneira. Mas contra tudo e contra todos este clube continuou a crescer, e as dificuldades nunca hão-de deixar de existir, mas ainda bem que assim é. Quem ganha mete medo, quem ganha é importuno, quem ganha chateia os outros e quem ganha é o FC Porto.

Podemos bem dizer que somos um clube eclético. Temos títulos em tudo quanto é modalidade. Futebol, andebol, hóquei em patins, hóquei de campo, ginástica, natação, boxe, bilhar... é um sem fim de modalidades que já puderam presenciar ou que ainda vão presenciando a infindável grandeza do nosso clube.

Cada dia que passa o nosso orgulho em fazer parte deste grande clube vai aumentando. Todos os dias mais uma vitória, mais uma adversidade passada, mais uma volta dada por cima.

A vencer desde 1893.

27 setembro, 2008

Lar, Doce Lar...

26 de Setembro de 2008
Liga Sagres 2008/2009

Estádio do Dragão, no Porto
assistência: 31.816 espectadores


árbitros: Hugo Miguel (Lisboa), Hernâni Fernandes e Ricardo Santos; Augusto Costa.

FC Porto: Helton; Sapunaru, Rolando, Bruno Alves «cap» e Lino; Tomás Costa, Fernando e Raul Meireles; Lisandro, Farías e Rodriguez.
Substituições: Sapunaru por Candeias (56m); Farías por Guarin (56m); Lisandro por Hulk (70m).
Não utilizados: Nuno, Pedro Emanuel, Benítez e Mariano.
Treinador: Jesualdo Ferreira.

FC Paços de Ferreira: Cássio; Ricardo, Ozeia, Tiago Valente e Josa; Filipe Anunciação, Pedrinha «cap» e Paulo Sousa; Cristiano, Leandro Tatu e Filipe Gonçalves.
Substituições: Filipe Gonçalves por Rui Miguel (46m), Paulo Sousa por Chico Silva (74m), Pedrinha por William (74m).
Não utilizados: Coelho, China, Edson e Dedé.
Treinador: Paulo Sérgio Brito.

Disciplina: cartão amarelo a Tiago Valente (33m), Raul Meireles (49m), Josa (80m) e Ozeia (85m).

Golos: Raul Meireles (14m), Hulk (72m).


Não há nada como o regresso a casa, depois de uma epopeia mal sucedida. Território conhecido, propício a “lamber” as feridas de guerra, contando com o apoio incondicional dos adeptos, o Dragão sempre funcionou como um bálsamo, curando maleitas…

Depois do semi-desaire na curta deslocação a Vila do Conde onde, mais do que o resultado, foi a exibição que provocou um pequeno terramoto de indignação, os Dragões jogaram pela 2ª vez no seu reduto, nesta Superliga 2008/09. O contendor, apesar de não possuir um nome daqueles de fazer abrir a boca de assombro e levar invariavelmente a um entreolhar de preocupação das sobrancelhas, é um adversário digno de registo, apesar do saldo invariavelmente positivo no confronto directo, favorável aos azuis e brancos.

A semana antecedente ao jogo serviu para que o termo “crise” surgisse estampado nas páginas da imprensa. Ao início, de forma tímida, quase envergonhada. Depois, mais afoito, quase como se a dita crise fosse uma realidade visível e inquestionável no reino de Jesualdo. Não é. Por muito que queiram transformar este início de campeonato, com o recurso estafado às estatísticas, numa maratona de percalços.

Decorridas míseras três jornadas, apenas um resultado custa a engolir. O empate frente ao Rio Ave. E, mesmo esse, buscando o histórico existente nas deslocações a essa Vila do Conde madrasta, pode ser considerado normal. De resto, vitória sem sobressaltos frente ao Belenenses [e sem a necessidade de validação de golos irregulares, como o vigente comandante da Superliga necessitou] e um empate em casa de um pretenso rival directo.

Quem, neste desfolhar de resultados, consegue achar que os pupilos de Jesualdo estão numa depressão competitiva, está claramente de má fé ou, em alternativa, percebe tanto de bola como a Leonor Pinhão.

O prenúncio de mudanças, na equipa titular do Porto, era um dado adquirido. Mesmo sem a necessidade irritante de poupanças, face ao próximo confronto europeu, a disputar na chuvosa capital inglesa, a massa associativa [não confundir esta com a massa assobiativa] exigia alterações. E Jesualdo fez-lhes a vontade. Desde logo, abdicando do seu fetiche por Mariano Gonzalez, pouco merecedor, até ao momento, dos créditos concedidos.

A semana seguinte a um resultado menos positivo costuma ser fértil em notícias, análises e opiniões. Esta não fugiu à regra. A “fragilidade”, termo encontrado por alguns experts de pacotilha para definirem o Porto actual, serviu de mote ao ressuscitamento da questão do trinco. Aproveitando alguns para, sob o pretexto referido, lançarem nova onda de críticas veladas à política de contratações, procurou-se provar que os Dragões estão mal servidos na função em causa. Repito, ao fim de 3 jornadas. Fernando poderá ser um trinco de inegável valor. Poderá. Num futuro próximo. Tal como André, chegado ao coberto do anonimato no longínquo ano de 1984 mas, fruto da aposta feita na sua titularidade, rapidamente se tornando numa referência lendária na posição de médio defensivo. E Fernando vai cumprindo o seu tirocínio, dando o peito às balas, provando merecer envergar aquelas listas verticais azuis e brancas…

Esta equipa do Porto precisa de tempo. De calma. Para crescer sem sobressaltos. Com qualidade. Imune a críticas.

Com Fucile e Lucho em gestão de esforços, amenizando algumas das viagens intercontinentais que fizeram ao serviço das Selecções, a incógnita morava no lado esquerdo da defesa: Lino ou Benitez. Votei no segundo. Jesualdo optou pelo brasileiro, com boas indicações nos últimos jogos.

A partida com o Paços trouxe também um regresso. O de Farías, aríete escolhido para derrubar a muralha vinda da capital do móvel.

Foi, por isso, um Porto de ataque que saiu, lançado, mal soou o apito do árbitro. Com personalidade. Coeso, rápido, acutilante. Com vontade de limpar a imagem de equipa acomodada, deixada ao longo de uma hora em Vila do Conde. Futebol rectilíneo, direccionado à baliza adversária, procurando o golo redentor. Os avisos foram-se sucedendo.

Primeiro por Lisandro, esfaimado por sentir a adrenalina a percorrer-lhe o corpo, quando se vê a bola beijar as redes. Remate forte, aos 5 minutos, para uma defesa incompleta de Cássio, permitindo que Farías falhasse a recarga, a um metro da baliza. Estava dado o mote. O rolo compressor começava a funcionar, empurrando o Paços para uma defesa denodada…

Até que, antes do primeiro quarto de hora, novamente Licha, provando que apesar do divórcio aparente dos golos continua com as qualidades intactas, serve na perfeição Meireles, num cruzamento atrasado para a entrada da área. Remate pronto e GOOOLLLLOOOO!

Se o jogo, até então, revelava ser de sentido único, a partir do tento inaugural o domínio tornou-se avassalador. Oportunidades de perigo a surgirem de forma regular, com Lisandro a falhar novamente uma, de forma clamorosa.

Aos 27 minutos, felino, surge solto na área pacense, recebendo a oferenda de Raul Meireles, mas rematando de forma desastrosa. O futebol enleante, alicerçado numa elevada percentagem de passes acertados, com ambos os flancos a serem explorados, permitia aos azuis e brancos jogarem praticamente no meio-campo do opositor. Jogando de forma inteligente, procurando o erro do adversário, mostrando um nível de concentração competitivo exemplar, os portistas apenas falhavam na finalização.

O Paços, remetido a actor secundário neste aparente monólogo competitivo, raramente criava embaraços ao último reduto portista. Apenas Leandro Tatu, pequeno e belicoso, procurava arreliar os nervos aos centrais da equipa da casa. Jogo de sentido único, com o intervalo a testemunhar um mísero golo de diferença, algo injusto para o futebol praticado…

E se o reatar das hostilidades não parecia ter modificado nada, apesar de uma ténue reacção pacense, Jesualdo resolve…inovar. De uma assentada, duas substituições. Já de si, algo estranho, atendendo ao perfil comedido e convencional de Jesualdo. Parecia uma prova de arrojo. Até se ver as placas. Aí, confesso, fiquei sem perceber nada. Saíram Sapunaru e Farías, noutra exibição sem nada de registo, para entrarem Candeias, o puto que parece ligado à corrente, e Guarin. Desde logo, uma dúvida. E que dúvida. Quem ficava à direita, no lugar do lateral romeno?

Como se tirasse um coelho da cartola, Tomas Costa desce para a lateral direita, numa prova de polivalência. E o Porto dominador da primeira parte acabou. Sem querer estabelecer qualquer correlação entre as substituições e a debácle exibicional verificada, as oportunidades de perigo, junto da baliza de Helton, foram avolumando-se. Por contraponto, o nível de jogo portista desceu desmesuradamente. A pique. Uma equipa novamente perdida, sem fio de jogo, intranquila, procurando desesperadamente encontrar um rumo.

Jesualdo apercebeu-se do perigo. Jogou novamente no risco. Como um profissional do poker. Retirou o infeliz Lisandro e meteu Hulk. Novamente no pior momento da equipa, o avançado com nome de super-herói era lançado para o terreno. E correspondeu. De forma cirúrgica. Lançamento notável, subida no terreno e depois, mostrando predicados para a função, aparecendo no centro da área, para receber o passe de Meireles. Era a sentença final na partida. O Dragão respirou de alívio…

Melhor do FC Porto: Claramente, Raul Meireles. Um golo, uma assistência e bastaria isso. Mas o médio português fez mais. Empurrou a equipa, batalhando como verdadeiro general naquele meio-campo, exemplificando a forma que a equipa deve adoptar. Com o mecanizado jogo portista órfão de Lucho, foi Meireles que transportou o estandarte.

Uma palavra de apreço para a entrada de Candeias, transportando consigo a dose desejada de jovialidade e impetuosidade, despertando as bancadas, incentivando companheiros. Bravo míudo!

Helton, pese o irritante vicio de afastar as bolas para a sua frente, causando calafrios indesejados, mostrou-se seguro entre os postes, com uma notável estirada aos 60 minutos, negando o golo do empate a Paulo Sousa.

Nos antípodas exibicionais, Farías continua a desperdiçar as parcas oportunidades que lhe são atribuídas. Apagado, apático, sem qualquer rasgo distintivo, tornou a ser uma presa fácil para os defesas contrários. Rodriguez, depois das promessas da pré-temporada, efectua o caminho inverso. Exibição decepcionante, estranhamente sem o fulgor físico que é uma das imagens de marca.

Arbitragem: Continua a saga. Jesualdo, inconformado com os constantes erros arbitrais, resolveu sair a terreiro em defesa do grupo de trabalho, mostrando a sua revolta. De pouco valeu. Um árbitro neófito, claramente equivocado no critérios disciplinares, permitindo o endurecimento da partida, numa série de flagrantes faltas sobre Hulk, não sancionadas. E, a partir daí, mais parecia um ringue da WWE, com golpes que fariam alguns dos seus profissionais corar de inveja…

26 setembro, 2008

Sem es"Paços" para errar...e sem Lucho a comandar!

Se após jornada Europeia haviam sobrado os assobios, após a ressaca de Vila do Conde multiplicam-se os reparos à falta de futebol portista. Sem tempo para sarar as feridas impostas pela atitude sadomasoquista em pelo menos dois terços da partida no Estádio dos Arcos, o FCPorto regressa a casa para nova jornada da Liga Sagres com a clara ideia de que não há margem para falhar e que só o rápido reencontro com as vitórias permitirá o acertar do passo rumo ao tetra. Percorre em mim a ânsia de que tal desígnio seja um catapultar e um forte bálsamo para o ciclo de grandes jogos que se avizinham

Não fosse a lógica futebolística ser vezes sem conta atirada às malvas, conotada amiúde com a lógica da batata, e esta seria uma daquelas partidas de campeonato para cumprir calendário, mas fruto do arranque intermitente dos Dragões, (um dos piores da ultima década), o confronto desta sexta-feira reveste-se de capital importância para os comandados do Professor.

O Paços visita o Dragão, cabe aos emblemas em confronto o abrir das hostilidades da jornada quatro, que tem como prato forte o Dérbi da 2ª circular, o que torna o jogo no anfiteatro Azul ainda mais apetecível para as nossas cores. Sobre os castores pouco ou nada sei, garantidos na liga máxima as custas do Apito, fizeram uma revolução no defeso, talvez até como resultado das indecisões provocadas pelo sobe e desce da Silly Season, as indefinições no plantel arrastaram-se.

Paulo Sérgio é o novo timoneiro da nau canarinha, sem o carisma de José Mota, nem a experiencia de 1ª liga do seu antecessor, procura ainda a 1ª vitória. A equipa da capital do móvel tem por timbre ser uma equipa certinha, com jogadores de bom toque de bola, capaz de esconder o jogo e retirar assim algum “espírito” ao adversário, sempre perigosos na velocidade ostentada em alguns dos seus elementos da frente de ataque, tenazes nos duelos individuais de meio campo, tem como maior ponto forte o jogo aéreo dos centrais sobretudo nas bolas paradas em momento ofensivo. William é o expoente máximo desse potencial, líder dos melhores marcadores da liga a par de Wesley um Ex-Pacense, tem na sua conta pessoal tantos golos como o total do ataque portista (três golos!!!...), Ozeia é outro dos faróis nas bolas paradas, sendo Pedrinha, Edson, F. Anunciação e Cristiano os nomes que retenho como fonte de maiores perigos para o último reduto Azul.

A semana de trabalho, curta, como se quer quando as exibições não espelham o potencial, incidem por norma em limpezas de consciência com desmesurada incidência na recuperação dos estados anímicos, certos do peso, que os empates averbados nas saídas extra muros, provocam impaciência num emblema habituado a ganhar e a conviver com os lugares cimeiros da tabela, fica a certeza filosófica de que o caminho faz-se caminhado por isso importa não ficar a marcar “Paço(s)”….

As últimas visitas dos Pacenses ao relvado do Dragão, campo onde nunca conheceram o sabor da vitória, saldaram-se por goleadas, bis de Pepe numa vitória gorda por 4-0, no ano passado foi o artilheiro Lisandro a fazer o gosto ao pé também em duplicado saldando-se o resultado final num esclarecedor 3-0, resultado este já verificado na recepção aos castores ainda no tempo de Adrianse. Apesar de ocuparem o fundo da tabela classificativa os castores parecem respirar confiança num desfecho positivo, esperançados na repetição de erros defensivos da defesa contraria, semelhantes aos patenteados e protagonizadas, pelos benfiquistas em jogo de encerramento da terceira jornada.

Já aqui aflorei que este jogo para os Dragões surge na antecâmara de nova jornada da Champions e de novo confronto com os Leões de Alvalade, sem dúvida um ciclo escaldante e de inegável dificuldade, talvez por isso Jesualdo tivesse perspectivado no seu macro ciclo, a rotatividade na gestão da equipa tendo em vista os embates seguintes. Contudo a perda de pontos em Vila do Conde ameaça o planeado abrindo a meu ver apenas espaço para cirúrgicas alterações. Sabendo-se como Jesualdo é pouco afoito, vive invariavelmente refém da inflexibilidade do sistema por si preconizado, talvez só assim se justifiquem 60 min. de intrépida paciência. Desde logo salta a vista a surpresa pela não inclusão de Lucho nos eleitos para a partida.

Com alguns jogadores a viverem uma fase de menor fulgor físico e até mental, aceita-se e bem que se mudem algumas pedras da estratégia, dando lugar a quem aparenta estar melhor. Porém a rotatividade é altamente nociva a uma equipa que precisa urgentemente de aumentar as dinâmicas, o entrosamento entre sectores e sobretudo entre algumas peças do puzzle futebolístico portista, fica por perceber em que medida este agitar das mentes, mexe com a equipa.

Por esta altura da época o meu ponto de vista critico, diz-me que mais que discutir atitude dos jogadores o deficit da capacidade mental que os faz entrar cansados no jogo, o problema reside na falta de concretização, as estruturas de jogo solidificam-se com vitórias, e sabe-se como um só golo encobre e obstam a que se fale do futebol em si.

Os Dragões são nesta altura uma equipa em que a fase de construção de jogo é demasiado recuada e lenta, tornado grande a previsibilidade da manobra ofensiva, vive-se um jogo demasiadamente lateralizado onde os extremos configuram pouca verticalidade ao jogo tornando-o desde logo insípido no ataque às defesas contrarias. Rodriguez é bem a imagem do que escrevo, quando amarrado ao flanco na procura da linha, esticando o jogo à esquerda tem sido uma nulidade e uma decepção como extremo, rende muito mais como médio acrescentado ao trio de meio campo, Mariano invariavelmente adicionado sob a forma de competência táctica, muito por culpa dos dogmas de Jesualdo que teima em passar para o relvado a fixação e medo pelo desposicionamento defensivo, ficando desde logo comprometidas as transições interiores do jogo onde o Porto é forte e faz a diferença nos passes de ruptura. Haverá Porto para além de “el comandante”?!?!

A temporada futebolística pisa ainda as primeiras jornadas, a realidade e panorama do futebol cá do burgo compadece-se aqui ali com exibições em passo débil e menos acertado, bem diferente das necessidades específicas do futebol da alta-roda europeia que se aproxima, talvez até por isso Jesualdo acumule erros e fantasie devaneios tácticos. Versando novamente as pontuais alterações ao onze apresentar, a verdade é que não sobram muitas soluções, o mister azul e branco tem em Lino alternativa ao sub-rendimento evidenciado por Fucile e a pouca rodagem de Benitez. No meio campo o habitual trio residente parece ir desfazer-se, a fadiga acumulada em Meireles abre as portas ao Argentino Tomás Costa, titular nas duas primeiras jornadas, mas arredado das escolhas depois do hiato competitivo da liga.

Tarik, Bollati, bem como Pelé cumprem um qualquer plano específico de recuperação que restringe a possibilidade de se configurarem como opções imediatas, fica a certeza, Guarin será por certo um dos que vai pisar o relvado e aposto que não é na posição seis do centro do terreno. Com as alas invariavelmente entregues a Cebola e a Mariano, só Candeias sobra como elemento capaz de transmitir alguma agressividade ao deserto de ideias do jogo colectivo observado até a data, espera-se uma oportunidade!!!…

Na frente nada de novo, Lisandro que teima em desperdiçar golos e em desencontrar-se com as redes adversárias…. Hulk e a inadaptação às funções que lhe tem sido pedidas, não rende na ala direita, e no meio os adversários não lhe permitem grandes veleidades as movimentações explosivas e de remate fácil, em virtude da mingua de espaços, nas imediações das áreas contrarias.

Sobram interrogações…mas ainda que seja de prever esta ou aquela modificação ao habitual figurino, eu apontaria e antes de um qualquer onze, uma mudança do esquema táctico, potenciando as possíveis alterações, engendrava no papel um 4*1*3*2, com Helton, Sapunaru; B. Alves; Rolando; Lino; Fernando; Rodriguez;Guarin; Tomas Costa; Hulk e Lisandro. Sejam estes ou outros, fica uma nota, este é também um encontro que antecede um fim-de-semana de Aniversário Portista, de certa forma enlutado pela perda de um correligionário das nossas cores, pede-se pois que os Parabéns sejam entoados a com(paço) de uma vitória, e nem precisa de ser contundente, mas que se quer convincente, sem laivos de atitude displicente mas condizente com o lema presente “ A Vencer desde 1893”……

Lista de convocados:

Guarda-redes: Helton e Nuno.
Defesas: Sapunaru, Rolando, Bruno Alves, Pedro Emanuel, Lino e Benítez.
Médios: Fernando, Raul Meireles, Tomás Costa e Guarín.
Avançados: Candeias, Farías, Hulk, Lisandro Lopez, Mariano Gonzalez e Rodríguez.


IMPORTANTE: Para os interessados, e visto que o PORTA 29 continua encerrado para férias até Junho (de 2009, certo?!?), provisoriamente, o novo ponto de encontro da malta passará a ser o r/c do Dolce Vita, na «tasca» logo ali ao lado das meninas simpáticas da Vodafone, TMN e não só. Apareçam!!

25 setembro, 2008

Apelo de um adepto...

...a Pinto da Costa, Jesualdo e seus Dragões!

Não sou grande "blogo-crónista" para me debruçar em artigos sobre tácticas, análises, e esses tecnicismos que tanto aprecio de ler e aprender. Não. Se há posição em que me sinto confortavelmente a vontade, é a defender ataques lançados ao meu clube. Ironizando, almejo um dia por atingir a distinção da nº99, ou a nº2, nesta posição de campo azul e branco.

Peço as devidas desculpas de circunstância por alguma eventual publicidade grátis, ou a quem habituado que está em vir a este blogue e encontrar para ler d-i-a-r-i-a-m-e-n-t-e (bons) artigos novos do seu interesse - "e há que dar o mérito a quem o tem" fazendo jus a nova máxima criada pelo nosso Capitão, Pedro Emanuel - pedia eu desculpas caso o visitante se possa deparar com algum texto que já não lhe era propriamente novo, mas acho que a partilha de estes "pensamentos à peito aberto" com os meus companheiros de armas Portistas que aqui vêem assim o justificam.

Pelo que hoje ocorreu-me de trazer aqui alguns textos que tenho lançado na blogosfera desde que saltou para a berra o "apito Final", de tão actuais que me continuam a parecer. Acabo também por fazer referência a situações menos boas, impopulares de se assumirem, mas que encontro no meu clube e que gostava de vos lançar ao debate, sincero, mas sobretudo construtivo, pois se há coisa que me irrita, é a crítica fácil, obstinada, por vezes doentia e separatista, sobretudo e infelizmente, se for feita por "blogo-crónistas" sistematicamente, nós que temos a obrigação nem que seja moral de congregar, não de desbaratar... É que há deles que conseguem chutar o MST para canto na forma de abordagem nesta vertente.

E lanço ao debate aqui, porque se há "doutrina" que nós Portistas temos, é a de discutir dentro de portas, tirar as devidas ilações, e depois o assunto morre assim, apenas connosco, e dentro da casa do Dragão. Sei que chateia muita gente esta nossa "doutrina", mas pronto! É o que se pode arranjar. Uma coisa é democracia, outra é Populismo.

E já agora só um aparte, muitos adeptos questionaram, com todo o direito, as recentes decisões da SAD, e defendiam a honra do clube acima de tudo, o que também não deixam de ter razão, nem que para isso entrássemos este campeonato presente com menos -6 pontos. Continua a ser pertinente até onde foi ou deveria ter sido defendida a honra do clube, mas o que era certo se adoptássemos como clube essa onda, é que a 3ª jornada deste actual campeonato já todos daríamos o tetra-campeonato praticamente por perdido, estaríamos já a -10 pontos do primeiro classificado, não sei se estão a ver... e a Champions para o ano que vêm?

"Ah, mas podia ser diferente, mesmo começando com seis pontos negativos se a mesma SAD não nos tivesse desbaratado o plantel de lucho do ano passado e depois os contentores de reforços não dão para o gasto..." também já ouvi, e pode parecer uma alegação válida.

Perdemos Bosingwa, Assunção, e "desprezamos" alguns quantos emprestando-os. Mas a nossa maior perda, está à vista, a que marca uma diferença abismal para o Porto de este ano em relação ao anterior, já se sabe, foi a perda de Quaresma, e esse estou agora plenamente convencido que estava mais que perdido, desse por onde desse.

Com ele, foi-se aquela mágia , a criatividade que furava defesas, desiquilibrava com qualquer um, um espirito de jogador vagabundo e de inconformado se a equipa não marca, não me esquece como resolveu um zero-zero depois dos noventa para um 0-3, na ultima época que haviamos jogado com... o Rio Ave, as invenções não raramente assobiadas, mas que resolveram tantos jogos, ou deram tantos a marcar.

Imaginem as saudades que o Lisandro deve ter do passe de letra que eram praticamente 3/4 de golo oferecido. E o no Inferno da Turquia com o Besiktas? E lembram-se da 1ª jornada em Braga no ano passado? não fosse ele a resolver como resolveu, e quem nos diz que tínhamos embalado como embalamos... Adiante, são águas passadas. Quem não está, não conta. «Mas eu vi jogar o Quaresma!»

Onde ia? Ah! Seja como for, salvava-se a honra… Muito bem. Mas há honra no campeonato Português??!! isso existe? Se calhar ficticiamente, ou seja, no caso dos apitos existe de facto para os adeptos do Dragão, porque para o resto dos clubes, a honra vale o que vale, e não dão campeonatos ou Champions. Já a honra do clube pela Europa é outra história, e não foi ela bem defendida e saiu reforçada perante as elites de Futebol mundias?

Atenção! Pugno pela honra, mas sobretudo em situações ou perante quem deva ser pugnada. O que eu quero dizer é que nos órgãos de justiça desportiva e respectivo campeonato Português, é uma treta!

Foi isso que Pinto da Costa quis dizer no discurso imediato a sentença em bicos de pés da CD da liga, quando alegou que o clube não ia recorrer, porque iria ele próprio a titulo pessoal, e nem ia explicar o porquê (era por demais evidente onde é que os recursos iriam parar, como foram) e que ninguém quis perceber. Eu só pergunto: tirando alguns Portistas que se sentiriam ligeiramente com a honra mais intacta, digamos assim, de resto o que é que teria sido diferente em todo o processo que existiu? Nada!

O que é certo é que aquela SAD mais uma vez arrasou em todos os campos com essa estratégia delineada desde o início, e a culpa continua por provar, porque não se pode provar algo que não existiu. E tenho dito, a este respeito.

Quanto ao título deste Post, fica esse mesmo apelo deste adepto, ao grande senhor que é o Nosso Presidente, Jorge Nuno Pinto da Costa, e que encontrarão tal apelo mais abaixo. Já a Jesualdo e seus Dragões, apelo a que me façam sonhar o mais longe possivel nesta champions que para os adeptos este ano é tão especial. Que me ponham a soluçar, chorar desalmadamente, como o miúdo que recordo aos 11 anos em consagração de plena glória Europeia de 87 no seu banco de cozinha e tv a preto e branco... ou que me façam voltar a sentir aquele sentimento tão sublime, mas tão, tão sublime, que só me recordo de sentir coisa parecida quando assisti ao meu primeiro filho receber a luz do dia neste mundo, e aqui refíro-me ao estado de explosão que foi o acabar com "dores de parto" que foram aquele jogo onde culminou com o último penalty do capitão Pedro Emanuel ao Onze de Caldas, e que resultou no que resultou, apenas e tão só pela segunda vez, ser Campeão do Mundo.

Por último mas não menos importante, um imenso OBRIGADO a todos os elementos do Bibó Porto, Carago!!!, que tão hospitaleiramente me souberam aqui receber e que que contribuíram para que essa primeira foto do post existisse. Aqui não se oferecem apenas vídeos duvidosamente masculinizados nos aniversários dos colegas de equipa. Descobri que tinham o bom gosto de oferecer camisolas oficiais do clube :-) .

E esclarecer-vos que se o nº99 na camisola é uma lógica alusão/tributo ao Vitor Baia, as inicias P.C. nada tem nada que ver com Pinto da Costa (mas até poderia perfeitamente, que Deus no-lo conserve muitos anos). São as iniciais deste que assina com as manias de Mister (do bitaite, só pode).

Paulo César, muito gosto em ser dos vossos, f-a-n-t-á-s-t-i-c-o-s Portistas.
Pronto. Agora descansem um bocadinho, que vão precisar de fôlego para ler tanto "poste". Vá lá... inspira... expira... inspira... Okay, já posso?

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Quinta-feira, 15 de Maio de 2008
a LIGA dAS vIRGENS oFENDIDAS [cONTINUAÇÃO]

Quando a mais ou menos 25 anos atrás «homens feitos» me perguntavam : Mas do Porto, Porque?!! a reposta andava habitualmente num "porque Jogam com amor a camisola". E isto era suficiente para ouvir que "lá nisso o miúdo tem razão". Curiosamente vinte anos volvidos, após um 2003/04 de Poderio Europeu pelo clube regional que estranhamente captava adeptos nacionais, o "porque?!!" deixou de me ser colocado e deixei de ver tal espanto. São sinais dos tempos...

Nunca pus as mãos no lume pelo presidente do meu clube, houve alturas e episódios em que não me revia em actos inflamados, mas sempre o achei como «o Homem indicado» para combater num sistema que, diga-se, não fora a Norte inventado.

Não é para mim mais santo ou mais diabo que os outros, apenas tem demonstrado mais perspicácia e inteligência para andar neste «Planeta Futebol». Se o sistema existe - que existe - então todas as equipas nele têm jogado. Mas há clubes insuspeitos, imaculados, que nem têm problema em chamar a policia, com saudades dos tempos em que se faziam partilhas de irmãos (um para ti, dois para mim), e depois há cerca de vinte e tal anos, que chatice! há o Porto...

O que até ver ainda não me convenceram nem provaram, foi de que FC Porto seja, do que quer que fosse culpado. Apenas me mostraram que o sistema contra o FC Porto foi voltado. Provaram-me até a data como dar às massas o que elas querem bem como quão perfeitamente são manipuladas.

E se ratos paridos de montanhas e bodes expiatórios, tiverem como resultado o inicio do que quer que se pareça com mudança do futebol Português, então fiquem lá com a «porcaria» dos seis pontos. Se já é o FC Porto pela resposta em campo quem perfuma e envergonha desportivamente um campeonato pobre e bafiento, fiquem lá com mais uma esmola, ainda que nos custem seis pontos de «honras matemáticas».

O FC Porto como sempre, e desde que o conheço, vai continuar a «jogar com amor a Camisola». E estes ataques, já tinham obrigação de saber, apenas o fortalecem. Mas não aprendem... que ser Portista, não é para quem quer. É para quem pode!

Pica o Play, pode ser que descortines finalmente o que é o tal "sistema".



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De MrCosmos a 15 de Maio de 2008 às 15:37

Resumindo, é futebol.

São danças de Milhõ€s, são fanatismos, são paixões. São sucessos, são desilusões, são tudo e são nada, são hoje o besta e amanhã o bestial.

A paixão é pelo emblema que sustenta o clube, não o é no meu caso por culto ao homem. Não confundo Gratidão, que lhe tenho, com «Beatificação», o próprio Pinto da Costa já demonstrou várias vezes que repudia isso. Ameaçar com a demissão se a Sad fizesse aprovar o seu nome para o estádio do Dragão é um dos exemplos.

Não encontro comparação No percurso de Pinto da Costa com qualquer outro presidente do futebol Português. Pelo Lado positivo. E mesmo mundial...

Pelo lado negativo, não tenho problemas em identificar e criticar o que um presidente possa fazer e que prejudique o meu Clube. O que não encaixo é lições de moral das «virgens ofendidas com currículo ordinário», se tenho telhados de vidro, não atiro pedras.

Quero ver é se esta anunciada e tão esperada mudança do futebol Português, vai ser apenas imparcial. Nisso é que eu não tenho fé... Cá estaremos para ver.
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Quarta-feira, 30 de Julho de 2008
eFEITOS dA fRAGRÂNCIA à sUOR dO pORTO.


foto Jorge Dias

Afinal estava enganado, não acabou. Ainda havemos de estar a jogar as meias finais da champions 08/09, e no clube das papoilas saltitantes a quererem o nosso lugar. Vou propor ao Pinto da Costa que lhes ofereça as camisolas suadas do nosso último jogo na champions, pois está visto que se começa a idolatrar a fragrância emanada pelas mesmas. Andam inebriados com os aromas à suor trazidos pelos ventos do norte.

Mesmo que não admitamos, todos precisamos de fontes de inspiração. O Benfica, que não é melhor que ninguém, também precisa.

Precisa do Porto para o sucesso dos seus presidentes, precisa do Porto como bode expiatório dos seu fracassos, precisa do Porto para que , por acréscimo, quando um adepto qualquer no mundo com mais de 60 anos perguntar - donde é essa equipa, o F.C.Porto? Alguém responda: daquela cidade que produz este maravilhoso vinho, fica em Portugal tás a ver? O pais do Benfica.

Porque admito, O Benfica é a imagem de Portugal, e contra isto não há remédio. Somos o País que somos. Temos quem trabalha, e os snobes, e pior que os elitistas snobes alfacinhas verdes assumidos, são os snobes de taberna vermelha, os que argumentam com o desprezo que a palavra «provincianos» atinge na capital. Antes nos desprezassem mesmo... mas não conseguem.

Eu assumo, sou adepto de um clube provinciano. Onde quem lá trabalha se tem de levantar mais cedo da cama, dar provas de trabalho, ter menos 2 semanas de férias que os outros, e no final da época logo haverá na capital vermelha habituada a impor por decreto quem lhe reclame os proveitos, qual imposto. O meu clube, provinciano, assiste a isto tudo resignado, que o poder executivo da capital vermelha tem ao seu serviço a Procuradoria Geral da República, E se é Geral, vejam lá o que se passa, que a nós parece-nos a Procuradoria para a Corrupção do Norte e Ilhas, pois que há territórios nesta República, que são autenticas Casas Pias impenetráveis.

O meu clube assiste resignado a tudo isto, aguenta as estocadas, provincianamente preferindo continuar a trabalhar e acreditar que os tribunais civis existem precisamente para assegurar o controle dos excessos do Poder residente na capital executiva da República. Sabem que, no Porto?! jamais! Nunca serão inocentados pelos snobes da Popula, e portanto, continuarão a deitar a consciência tranquila e serena no travesseiro, provinciana e religiosamente acreditando que «Deus não dorme" e "Ajuda quem muito madruga».

Nesta capital do Fado, precisam de acreditar que um dia também serão capazes a aspirar ser Europeus.

Pinto da Costa, apelo à Misericórdia Divina! No fim, dá-lhes as camisolas da Champions. Suadas!
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Artigos ou comentários publicados no bLOGUE gERAÇÃO rASCA e no Futebolar.

24 setembro, 2008

TAo-Se a passar

Que a decisão, tomada mesmo antes das férias, era sobejamente conhecida não existiam dúvidas.
O que se desconhecia era que o acórdão do tal de TAS colocava sérias dúvidas nas sentenças da CD e até na reunião dos famosos cinco.
E até o Tône estranha que após duas decisões bastante penalizadoras da justiça desportiva caseira o FC Porto tenha obtido, fora de portas, outras duas de matriz completamente oposto. Mas tb. o Tône nunca entendeu porque é que o Sr. Presidente da CD da LPF não conseguiu despir a camisola do seu clube e aguardar, calmo e selecto, pela justiça dos tribunais. Imaginem só os processos, os recursos, os pareceres que tinham sido evitados se tal Senhor não se tivesse adiantado e colocado em fora de jogo.
Adiante.

No que respeita ao teor de tal documento onde, aparentemente e em jornaleiros mais a sul, existem dúvidas sobre o calibre do mesmo um par de notas, tendo em conta que apenas analisa e decide sobre questões processuais e não questões de facto:

1. Não coloca em causa as decisões da CD da LPF e do CJ da FPF?

2. Não coloca em causa a alínea d) do famigerado artigo 1.04?

3. Não iliba o FC Porto?

A bola está agora no lado da UEFA que afirmou já não pretender tomar qualquer decisão antes de o assunto estar terminado nos tribunais Nacionais.
'Música para os ouvidos do Sr. Presidente da CD da Liga' - pensaria o Bino. Se até a UEFA do Sr. Platini (que tb. foi já apanhado em fora de jogo) se disponibiliza a esperar quase uma década, onde pára a credibilidade das decisões já tomadas pelos órgãos desportivos caseiros?

Para terminar paira ainda a ideia de que 'a retroactividade, pedra basilar da defesa do FC Porto, foi-se.'
Nada de mais errado. É legitimo entender-se que o tal de TAS apenas afirma que tal norma retroactiva não é automática, apontando ainda que tal lei, ao violar ene de princípios fundamentais, terá que ser revista.
E se tal lei é impraticável como poderá ser aplicada?
TAo-Se a passar!

FC Porto: em construção ou em desconstrução?

‘Nortada' do Miguel Sousa Tavares

...

Depois da vitória sobre o Fenerbahçe, quarta-feira passada, Jesualdo Ferreira queixou-se dos assobios escutados no Dragão, explicando aos sócios do FC Porto que havia que ser mais compreensivo com uma equipa «em construção», que entrou em jogo com cinco estreantes em competições europeias. Realmente, faz alguma confusão escutar os assobios quando se está a ganhar por 2-1 um jogo tão importante e quando já se tinha regalado o público com uns vinte minutos iniciais de fino futebol. O que aconteceu então, para os assobios?

Aconteceu, primeiro, que o público do Dragão se tornou, com o passar dos anos e das vitórias, no mais exigente público de futebol em Portugal. Ali, não nos basta ganhar, porque ganhar, felizmente, é coisa a que estamos bem habituados. Queremos também ver empenho nos jogadores, coragem nos treinadores e futebol que compense a ida ao estádio. É essa uma das características que, hoje em dia, mais nos distingue dos rivais lisboetas e, embora tal possa ser por vezes difícil de aceitar para a equipa, não deixa de ser motivo de orgulho para os portistas: no Dragão, não nos rebaixamos a contestar a arbitragem logo aos três minutos de jogo, como ainda recentemente sucedeu no Benfica-Porto; não queremos ver a equipe ganhar de qualquer maneira, mesmo jogando mal; não desprezamos os adversários e sabemos que, quando não se corre e não se joga bem, não adianta estar a culpar a arbitragem ou o sistema pelos desaires. Tomemos o exemplo de anteontem em Vila do Conde: se o árbitro tivesse marcado, como devia, aquele penalty a dez minutos do fim, teríamos ganho o jogo. Mas não foi por isso que não ganhámos, foi porque a equipa e o treinador só acordaram para a necessidade de ganhar quando já era tarde.

A segunda razão para os assobios no jogo contra o Fenerbahçe é conjuntural. Jesualdo diz que a equipa está em construção, mas o que se viu, passados os brilhantes vinte minutos iniciais, culminados com aquele golo displicentemente desperdiçado por Lisandro López, foi antes uma equipa em desconstrução. Circunstancialmente, os assobios irromperam, e de impaciência, à vigésima vez que o Mariano González estragou uma jogada, mas, no fundo, no fundo, os assobios eram… para Jesualdo Ferreira, ele próprio. Ainda não digerimos mais uma derrota com o Sporting, onde Jesualdo acumulou erros visíveis a olho nu; ainda não digerimos uma vitória tão fácil desperdiçada na Luz; e, contra o Fenerbahçe, o que o público sentiu foi que outra vitória perfeitamente ao alcance tinha passado a correr o risco de se esfumar — como esteve quase a acontecer quando o Helton, para não variar, deixou que a bola sobrevoasse duas vezes a sua zona de intervenção obrigatória, na primeira vez falhando a intercepção e sendo salvo pelo Rolando, e, na segunda vez, ficando pregado à baliza a ver o Guinze falhar o cabeceamento a dois metros da linha de golo.

A desconstrução desta equipa que no ano passado ganhou o campeonato em atitude de passeio, começou, é verdade, na SAD: a saída do Paulo Assunção destroçou a solidez do meio-campo; as saídas do Bosingwa e de Quaresma desfizeram um flanco inteiro e, no caso do saudoso nº 7, tal como eu previ, reduziu a capacidade ofensiva da equipa a menos de metade. Mas Jesualdo também ajudou, e muito, os problemas actuais:

— continuou convencido de que Helton dá garantias suficientes de tranquilidade e segurança e o que sucede é exactamente o contrário - é ele o grande destabilizador dos centrais e o factor primeiro de insegurança defensiva;

— adepto, e bem, do 4x3x3, viu sair o Quaresma e, mesmo assim, despachou uma série de extremos que muito jeito lhe poderiam dar: o Vieirinha, o Alan, o Pittbull, o Hélder Barbosa;

— coleccionou, nos últimos dois anos, uma quantidade infindável de trincos, nenhum dos quais oferece um mínimo de garantias, o que faz com que, de facto, só haja um trinco capaz e adaptado, que é o Raul Meireles;

— só que o Raul Meireles faz falta como médio de ataque porque, além dele, Jesualdo só tem o Lucho - de quem depende, neste momento, toda a capacidade ofensiva da equipa. Entretanto, deitou fora o Leandro Lima, o Luis Aguiar, o Ibson, o Diogo Valente. A solução poderia passar pelo recuo do Cristian Rodriguéz para médio - até porque a extremo tem sido uma decepção -,mas então, adeus 4x3x3;

— e, enfim chegamos à razão mais evidente para os assobios, eu diria mesmo gritante: a inexplicável insistência de Jesualdo Ferreira em Mariano González. Contra o Fenerbahçe (que eu vi atentamente e de bloco notas na mão), a primeira vez que se deu pelo Mariano em jogo foi aos 41 minutos, quando rasteirou um adversário. Durante toda a primeira parte, ele não fez uma finta, um passe de qualidade, um cruzamento, uma desmarcação ou até uma intercepção: repetiu a dose contra o Rio Ave e, como Jesualdo poderá constatar revendo os vídeos, é um jogador que, depois de perder a bola (o que acontece quase sempre que a recebe) fica parado no mesmo sítio. Aos 51 minutos do jogo contra os turcos, o Mariano, após um ressalto feliz, ficou isolado perante o guarda-redes: a forma como rematou aquela bola, seria suficiente, se mais não houvesse no seu registo, para mostrar à exuberância que ele tem limitações técnicas que são inadmissíveis num jogador de uma equipa supostamente de topo. Não há um adepto portista que não prefira ver o Candeias, ou o Tarik, mesmo em Ramadão, ou o Hulk, no lugar do Mariano. Só Jesualdo Ferreira persiste e persiste na sua teimosia, revelando um grau de proteccionismo a este jogador que, para mim, não encontra justificação… nem perdão.

É claro que quem percebe de futebol é Jesualdo, não sou eu. Mas tenho sobre ele uma vantagem, enquanto observador: há vinte anos que eu vejo todos, todos, os jogos do FC Porto. Olhando para um jogo como o de anteontem, em Vila do Conde, há uma coisa que eu já sei e que Jesualdo já podia saber, com a experiência que leva da equipa: estes são os jogos que mais facilmente se tornam difíceis para uma equipa como o FC Porto. Os jogadores vão mudando, os treinadores e os métodos também, mas há coisas que permanecem imutáveis: num campo pequeno, com equipas fechadas na defesa e um guarda-redes que vai de certeza fazer a exibição da época, uma equipa de ataque e de espaços, como o FC Porto é desde há muito, vai sofrer com a falta de terreno, de ar… e de tempo. Só há uma solução para evitar problemas e o desespero no final: é carregar desde o primeiro minuto, até chegar ao golo e obrigar, então, o adversário a abrir espaços, porque tem de tentar o empate. Ora, não sendo bruxo, aos 3 minutos do jogo de Vila do Conde, eu estava a mandar uma mensagem a um amigo portista: «Desconfio que isto vai correr mal!». E porquê? Porque bastou ver a atitude displicente, pouco empenhada, de quem acha que tem todo o tempo do mundo, com que alguns jogadores entraram em campo, para perceber que aquilo se poderia complicar, com duas bolas na trave, um penalty por marcar, etc.

Quando, dois pontos perdidos sem razão nem brio, Jesualdo Ferreira veio queixar-se da hora inteira de sonolência a que a equipa se tinha entregue, cabe perguntar se a responsabilidade não será, primeiro que tudo, dele próprio. Quem falhou a passar a mensagem de que aquilo era para tentar resolver a partir do minuto 1 e não do minuto 61? Quem demorou uma hora inteira a ver o Mariano entregar jogo aos adversários até finalmente reagir? Quem demorou uma hora inteira a perceber que precisava de flanquear o jogo e, para isso, precisava de flanqueadores como o Candeias?

Uma das coisas de que tenho saudades do génio trapalhão do António Oliveira é disto: com ele, bastavam os primeiros 15 ou 20 minutos em que as coisas não funcionavam, para ele começar a mexer na equipa. Porque, como cantava o Vandrei, «quem sabe, faz a hora; não espera acontecer». É verdade, verdadíssima, que a procissão ainda vai no adro e que nada é irreversível. Daqui a uns tempos, acredito que o FC Porto poderá estar de volta ao caminho certo. Mas, para isso, é preciso mudar o que está mal e pode ser mudado, e não ficar à espera que as coisas mudem por si mesmas.

n'A BOLA de 23Setembro2008
fonte: "All Dragons fórum"