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1. Agora sim! Com o arranque oficial da nova época, estamos finalmente a entrar no tom certo no que toca às comemorações do 120.º aniversário do Futebol Clube do Porto. Agora sim, começa a tratar-se a ocasião como aquilo que é - uma oportunidade de celebrar este grande clube e aqueles que ajudaram a construí-lo. E sim, claro, no futebol de hoje é evidentemente também uma oportunidade a ser aproveitada em termos comerciais. Mas por esta ordem, sempre.
No jogo contra o Celta de Vigo ainda não ouvi falar no fundador (nem no refundador, para mim ainda mais importante), mas ouvi outros nomes que há muito tempo não ouvia da parte do clube, e fiquei contente. Preferia que o foco não incidisse tanto sobre as conquistas internacionais, já que a nossa história é muito maior do que elas e foi o nosso passado de luta que moldou o nosso presente e futuro de glória, mas compreendo a opção. Preferia que a camisola comemorativa tivesse a publicidade da Revigrés, nosso histórico patrocinador cuja marca é quase parte integrante do nosso equipamento, sobretudo aos olhos de quem, como eu, cresceu nos anos 80 e 90, mas compreendo que os acordos comerciais vigentes não o permitam. Preferia não ter duas caras que me são muito pouco gratas em formato gigante sobre a minha cabeça (menos mal, que se estivessem na Superior Sul tinha de passar o jogo a olhar para elas), mas também aqui compreendo a ideia. Compreendo que essas pessoas fizeram parte de vitórias inesquecíveis e, independentemente das suas atitudes posteriores, os seus nomes serão sempre associados a esses momentos extraordinários da nossa história. Celebrá-los será sempre, de certa forma, celebrar essas pessoas também, e não será isso a tirar-me o gozo de recordar estas conquistas que ainda hoje me enchem de alegria. Acima de tudo, gosto de reviver e comemorar a nossa história com os meus correligionários, por isso dias como o da nossa apresentação são um rebuçado para mim.
2. A ideia de eleger o melhor onze de sempre do FC Porto, não deixando de ser uma forma interessante de promover a participação directa dos adeptos nas comemorações dos 120 anos, padece de todos os males deste género de iniciativas, muito bem resumidos num post recente no Reflexão Portista. Além da dificuldade em comparar épocas tão diferentes e do enviesamento natural da votação em favor dos jogadores mais recentes (porque ver e viver ao vivo é outra coisa, porque são escassos os registos vídeo dos jogadores mais antigos e também porque a pouca preocupação do clube em valorizar a sua história leva a que muitos adeptos actuais nunca tenham sequer ouvido falar no Siska ou no Hernâni), há ainda a forma aparentemente aleatória como alguns médios e avançados foram distribuídos pelas posições centro-esquerda-direita e, é claro, a injustiça inerente à pré-selecção dos jogadores elegíveis.
Não teria sido melhor permitir que os adeptos seleccionassem os jogadores a partir de uma lista mais longa, da qual fizessem parte todos aqueles que jogaram mais de X jogos pelo clube? Seria certamente mais justo do que limitar a votação a esta pré-escolha, necessariamente subjectiva e realizada nem se sabe por quem. E na qual falta o Cubillas! Há outros jogadores que considero que deviam estar mas não estão e vice-versa, mas o caso do Cubillas é mesmo inadmissível. Não o vi jogar, é certo, mas desde sempre ouço os mais velhos dizerem que foi um dos melhores futebolistas de sempre a pisar os relvados Portugueses! Das duas, uma: um lapso inaceitável ou uma mensagem incompreensível, pelo menos para mim.
3. E porque recordar a nossa história e honrar quem dela faz parte faz bater mais depressa o meu coração azul e branco, mal posso esperar pelo nosso museu. Agora está mesmo quase, não é só diz-que-disse, não são só as palavras “futuro museu” perdidas numa vidraça branca. Agora é a sério. Já me estou a ver a chorar baba e ranho enquanto circulo pelos corredores da nossa memória colectiva. Está quase!
Não faço ideia como funcionam os museus de grandes clubes estrangeiros, pois na verdade só visitei o do Rangers FC. Mas vou sugerir que sigamos o exemplo desse ainda grande clube de Glasgow e que no nosso museu, em vez de meninas jeitosas e meninos bonitos que apenas decoram um discursinho, os guias sejam verdadeiros Portistas, eventualmente pessoas já com alguma idade, que viveram a história do clube, se recordam dela e podem falar na primeira pessoa e com um sorriso genuíno nos lábios. Pessoas que não só saberão explicar o que o visitante está a ver, mas também descrever o que eles próprios sentem ao vê-lo. Pessoas que são, literalmente, o FC Porto - mais ainda do que as peças do próprio museu. Utopia?
4. E por falar em peças de museu, grande ideia teve o establishment do futebol português de mudar uma taça que lhes traz tantas e tão más recordações. Infelizmente já não há tampa para usar como chapéu, mas bora lá viver com esta nova taça os momentos de glória que partilhámos com a antiga. A começar já no Sábado! Pooooooooooorto!!!
Completamente de acordo, nisto aqui tão bem expresso!
ResponderEliminar1) “Preferia que o foco não incidisse tanto sobre as conquistas internacionais, já que a nossa história é muito maior do que elas e foi o nosso passado de luta que moldou o nosso presente e futuro de glória…” – completamente de acordo, por motivos óbvios que os conhecedores da nossa história identificam.
ResponderEliminar2) De acordo com a análise mas, Enid, podes crer: a não inclusão do Cubillas é mesmo um “lapso inaceitável”. Eu nem queria acreditar. É exactamente igual a não incluir Vítor Baía, Pinga ou Fernando Gomes! Exactamente! Fiquei tão chocado que decidi não votar. É o meu protesto silencioso que nem aquece nem arrefece aos promotores da iniciativa. Mas como sou, por natureza, um contestatário (ao que me revolta) decidi-me por protestar… pacificamente.
E fico a pensar numa coisa: quando o Cubillas, que sempre disse ter ficado com o Clube no coração, souber disto, como reagirá?! Gostava de saber. Mas não vai ser bom!...
3) Não é “utopia”. É uma grande ideia, devia ser mesmo assim. Essa faz-me lembrar uma “menina jeitosa” de um museu do vinho, no Douro, que explicava aos turistas que, numa adega, o vinho saía por um lado onde, na realidade, entravam as uvas…!
4) O anterior troféu não era lá muito bonito, mas temos vários, é nosso! O actual nem sei se é bonito ou feio, mas vamos ter vários no nosso museu. Queres apostar?...
Abraço.
Obrigada pelos comentários :)
ResponderEliminarDragão Azul Forte, também eu não votei pela mesma razão. Vendo alguns dos jogadores incluídos, até na posição exacta do Cubillas, não dá para acreditar que ele ficou de fora. Até porque eu também tenho a ideia de que ele mantém excelentes relações com o clube. E pelo contrário, gente que foi terminar a carreira no nosso maior rival e ficou muito mal na fotografia, consta da lista! É inacreditável. Mais valia assumirem o lapso e corrigirem-no enquanto é tempo. É surreal.
Quanto ao museu, o meu medo é precisamente esse. Que tenhamos um museu magnífico, mas com guias que não sabem ao certo o que estão a mostrar, ou que, mesmo sabendo, porque foram ensinados, não sabem ir mais além - conversar fora do "guião", responder a uma pergunta imprevista, partilhar das memórias dos visitantes. E que falem daquilo como quem está a falar de outra coisa qualquer, sem aquele brilho nos olhos... Não imaginam o quanto gostaria que a minha "utopia" fosse verdade. Ir ao museu, e em vez de ouvir uma pessoa que mais parece uma máquina (ou então uma máquina mesmo, um daqueles auscultadores que vai orientando a visita, sem alma nem vida nenhuma... espero que não se lembrem de ir por aí), ouvir as histórias genuínas de quem sente o clube tanto quanto eu. Para já, vou sonhando...