30 agosto, 2013

Uma lenda

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Com quatro letras apenas se escreve a palavra “mágico”. Não, não são seis, porque Deco escreve-se mesmo com quatro. O nosso eterno número dez, que fintava com os dois pés, que tinha quatro olhos, dois na cara e outros dois nos pés, que punham a bola onde os de cima queriam. E que foi mesmo melhor do que o Pelé, porque eu sou como São Tomé e nunca vi jogar o Pelé. Aos meus olhos, Anderson Luís de Sousa foi o melhor jogador que, com a mais bonita camisola do mundo vestida, até agora vi jogar.

Aquelas fintas feitas naquele jeito de correr trapalhão, os passes teleguiados e mortíferos, os golos que, por vezes, eram verdadeiras obras-de-arte, como aquele marcado ao Marítimo, no saudoso Estádio das Antas, em 2003. Deco era um verdadeiro artista e, mais importante do que isso, um brasileiro que se tornou portista. Ele é - a par de, arrisco-me a dizer, Lucho Gonzalez - o único jogador nascido fora de Portugal que melhor percebeu o que significa este clube.

Deco foi o jogador que mais me marcou nestes 28 anos de vida. Foi com ele que vi, pela primeira vez, o meu clube ganhar um título europeu, foi com um golo dele que vi, pela primeira vez, o meu clube a ganhar uma Liga dos Campeões, foi muito graças a ele que vivi algumas das maiores alegrias da minha passagem cá pela terra dos vivos. Deco foi, até, o único jogador que me fez festejar um golo da selecção, quase como se fosse um golo do Porto, num particular contra o Brasil, nas Antas, no jogo de estreia dele com a aquela camisola feia, após uma tenebrosa e xenófoba campanha de alguma opinião pública da capital aziada por ter sido o rosto de um dos maiores falhanços da história do 5lb.

É que ao contrário de Danilo, Alex Sandro, James, Falcao, Lisandro ou tantos outros, Deco não foi desviado, Deco foi-nos dado por eles, com a preciosa e eternamente grata ajuda do Orelhas. Com ele ganhámos uma Liga dos Campeões, uma Taça UEFA, três campeonatos, outras tantas Taças de Portugal e duas Supertaças em apenas cinco anos. E no final foi vendido por 20 milhões de euros para o Barcelona, onde voltou a ser campeão europeu, mas nunca mais de nós se esqueceu.

Nem nós dele, como mostrámos naquela recepção a que teve direito quando cá regressou, com a camisola do Chelsea, com o Dragão inteiro a cantar por ele e a fazer-lhe uma vénia, porque as vénias só se fazem aos grandes. E é por tudo isto, que o adeus de Deco aos relvados é uma ofensa à arte de jogar à bola, um atentado ao futebol, que sem ele fica muito mais pobre. Obrigado, Deco.

3 comentários:

  1. Saudações portistas,

    Tenho 27 anos e tenho exactamente o mesmo sentimento, Deco foi o melhor jogador que vi jogar em Portugal e não só. Não lhe entregar a bola de ouro em 2003 e 2004 foi um crime. Na altura um jornalista de um daqueles jornais vermelhos escrevia "Deco dentro de uma cabine telefónica finta 2 defesas e faz uma assistência para golo", até eles se vergaram ao futebol magistral de Deco. A beleza do futebol de Deco encantou todos os amantes do desporto rei, a magia daqueles pés, a inteligência, a visão de jogo, a forma como num rasgo de génio resolvia um desafio, ele sim um verdadeiro maestro, o outro era bom para lhe engraxar as chuteiras. Quiseram afastá-lo dos relvados no auge da sua carreira (sempre lhe tiveram tanto medo os cobardes lá de baixo), no famoso caso da chuteira, falava-se em 4 anos de castigo na comunicação social vermelha. Nos jogos com os vermelhos eles só viam o forma de o parar, à pancada com a conivência dos árbitros, lembro-me do final de um jogo em que o Porto estava a ganhar aos vermelhos e tem uma série de 3 livres junto à linha de fundo, marcados da seguinte forma, alguém toca ao lado, Deco finta 1, finta 2, vem o terceiro e varre o Deco, cartões para quê? eles não conseguiam pará-lo doutra forma.

    Nunca nenhum jogador me deixou tantas saudades como Deco. A magia do seu futebol ficará perpetuada nas nossas memórias.

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  2. António Santos31 agosto, 2013

    Deco, Deco, Deco...!

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  3. DECO o melhor jogador de sempre para mim!! Com 26 anos já vi alguns craques jogar, mas nenhum sequer se compara a Deco. Sublime, magistral, como aquele nº10 lhe assentava tão bem. A expressão da sua cara quando marca o 2º golo ao Mónaco naquela mágica final, diz tudo, tal como eu também ele teve de conter as lágrimas de alegria, porque não duvido que Deco sinta o Porto tal como eu sinto. Tive a ilusão de vê-lo cá terminar a carreira, nessa impossibildade que lhe façam cá a devida homenagem pois este homem merece, merece um estádio cheio a cantar a sua música!
    Uma enorme tristeza vê-lo abandonar os relvados...

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