23 agosto, 2016

O REGRESSO DO DRAGÃO.


ROMA-FC PORTO, 0-3

O Dragão, afinal, está vivo e bem vivo. Nuno Espírito Santo insistiu bastante nesta expressão após a 1ª mão e na antevisão da 2ª e tinha motivos para dizer o que disse. O Dragão está vivo, parece querer regressar ao que nos habituou e mostra claros sinais de querer voltar à ribalta europeia.

No jogo mais importante da época até ao momento, o FC Porto não comprometeu como há uma semana atrás e carimbou o passaporte para a fase de grupos da Champions League pela 21ª vez em 25 edições. Os Dragões são recordistas de participações na prova a par dos dois colossos espanhóis Real Madrid e Barcelona e com mais uma participação do que o gigante inglês Manchester United.

Aliás, os Dragões das 4 vezes em que não participaram na prova, numa delas não teve acesso na única vez em que perdeu uma pré-eliminatória e em outras duas ocasiões em que não participou, acabou por vencer a Taça UEFA/Liga Europa.


Nuno Espírito Santo preparou uma equipa para defrontar a Roma sem fugir à sua identidade e aos seus processos e modelo de jogo. Muitas vezes altera-se e depois não resulta porque ao alterar passa-se uma mensagem de receio, falta de confiança e isso reflecte-se nos jogadores.

Nuno Espírito Santo apresentou o seu onze habitual e manteve o 4x3x3, ao contrário do apresentado no Dragão há uma semana. Passou o teste com distinção, montou bem a estratégia e anulou com eficácia os pontos fortes do adversário. E com isto, venceu o jogo e a eliminatória, fazendo entrar 14 milhões de euros nos cofres vazios do Dragão, carimbando o passaporte para a fase de grupos.

No estádio Olímpico de Roma, o Dragão foi soberbo. O jogo começou com o FC Porto muito personalizado e pressionante desde a saída de bola do adversário, não permitindo que a Roma saísse a jogar. Muita gente, eu incluído, não esperava que o FC Porto tivesse esta atitude desde o apito inicial mas o que a Roma fez no Dragão, respondeu o FC Porto no Olímpico.

No entanto, aos 2 minutos os romanos deixaram um aviso aos portistas com um grande remate de Nainggolan a que Casillas correspondeu com uma grande defesa para canto. A Roma pretendia encostar o FC Porto atrás mas os Dragões não permitiram e logo a seguir aos 8 minutos, a equipa portuguesa chegou ao golo.

Felipe foi à área contrária e de cabeça bateu o guarda-redes da Roma após cobrança de um livre de Otávio, Estava desfeita a desvantagem. Ou melhor, o FC Porto passou para a frente da eliminatória. Este golo revelou ser muito importante, na medida em que deu um novo élan aos Dragões e deixou a Roma sob brasas.


Os romanos reagiram e tentaram chegar com perigo à baliza mas Nainggolan era o único jogador perigoso. Quer a construir jogo, quer em remates perigosos, o jogador da Roma criava frisson de meia distância mas os azuis e brancos mantiveram a pressão e a estratégia até perto da meia hora de jogo.

Defensivamente o FC Porto esteve imperial. Felipe, que tenho vindo a insistir tratar-se de um jogador com um potencial enorme, foi um gigante, limpando tudo na área e Marcano não é o mesmo jogador da época passada. Não cometeu um erro e não fez uma única falta de registo.
Aos 37 minutos, Casillas esteve num momento que poderá ter sido decisivo para o desenrolar do jogo. Naingoolan abriu para Dzeko na área portista e este assistiu Sallah que, de primeira, rematou para defesa do guardião portista. Um golo que parecia certo.

Alguns minutos depois, acontece o que viria a ser quase decisivo para o desfecho do jogo e da eliminatória. Rossi, provavelmente com assuntos mal resolvidos no jogo da 1ª mão, perdeu a cabeça e teve uma entrada animalesca sobre Maxi e foi prontamente expulso pelo árbitro. O uruguaio sairia uns minutos depois em maca, muito mal tratado e não voltaria ao jogo. Para o seu lugar entrou Layún.

Com mais um elemento em campo, o FC Porto não se sentiu mais confortável. Pelo contrário, a Roma apertou mais e lançou-se no ataque por não ter nada a perder. Os portistas só tinham que defender bem, manter as suas linhas equilibradas e continuar a fazer o seu jogo, tentando o contra-ataque para resolver a eliminatória.

Com o intervalo a soar, o árbitro dá, escandalosamente, seis minutos de descontos. Ninguém percebeu e ninguém consegue aceitar os seis minutos porque não houve paragem tão prolongada que justificasse tanto tempo de compensação. No entanto, ao cair do pano da 1ª parte, Herrera teve nos pés a sentença da eliminatória mas o remate passou a rasar o poste da baliza romana.


A etapa complementar começou praticamente como acabou a etapa inicial. Os Dragões continuavam a jogar o seu futebol, com saídas rápidas para o ataque e, numa das investidas, nova entrada ordinária de um jogador romano (Emerson) às pernas de Corona. Ao contrário de Maxi, Corona continuou, por sorte, em campo mas Emerson foi expulso como o seu colega Rossi.

O FC Porto passava a jogar com mais dois elementos. Sentia-se que o apuramento estava cada vez mais próximo mas a vantagem mínima no resultado e com 40 minutos para jogar as coisas ainda não estavam decididas.

O FC Porto, estranhamente, perdeu algum controlo de jogo e permitiu que a Roma subisse no terreno. Com tanto espaço nas costas da Roma, o FC Porto mantinha as cautelas defensivas e num lance de ataque romano, Layún evitou o empate, desviando a bola para canto.

Até que aos 73 minutos, Herrera recuperou uma bola no seu meio-campo e lançou Layún em profundidade. O lateral mexicano, com uma auto-estrada pela frente, contornou Szczesny e rematou para as malhas. Respirou-se de alívio em Roma e os portistas puderam descansar finalmente. No entanto, o 3-0 chegaria logo a seguir aos 75 minutos, num lance individual de Corona que, partindo os rins ao defesa Manolas, bateu Szczesny pela terceira vez e carimbou a goleada no mítico Olímpico.

Até ao fim do jogo, o FC Porto voltou a controlar completamente o jogo, geriu a bola como quis e aproveitou para descansar com vista ao jogo do próximo Domingo frente ao Sporting em Alvalade.

Numa noite importante e memorável, o FC Porto deu um passo importante para a época que ainda há pouco começou. Com um plantel escasso, curto e com algumas lacunas evidentes, esperam todos os sócios que o FC Porto consiga agora colmatar essas brechas, de forma a encarar a época com tranquilidade, segurança e garantias.


Os 14 milhões de euros arrecadados com a qualificação e mais a perspectiva de vencer mais alguns milhões na fase de grupos permitirão, com certeza, aplicar bem esse dinheiro como deve ser em reforços que venham acrescentar mais-valias para a equipa de Nuno Espírito Santo.

Notas finais para as belas actuações dos dois defesas centrais a que já fiz referência, a excelente entrada de Miguel Layún (não se percebe porque não é titular), a boa dinâmica do meio-campo e o trabalho do trio atacante em prol do grupo.

Pelo lado menos positivo, registo a insistência na utilização de Sérgio Oliveira que não acrescenta nada à equipa e a opção de deixar de fora dos 18 escolhidos, um jogador como João Carlos Teixeira que com a chegada de Óliver Torres terá menos espaço e será provavelmente cedido por empréstimo. Apenas um palpite!

Pelo lado negro da noite, realço as entradas maldosas e inqualificáveis dos jogadores romanos que mostraram à Europa não merecer entrar na Champions League. “Respect” e “Fair Play” não fazem parte dos seus vocabulários.

Tempo ainda para registar o esgotamento dos stocks de rennie e kompensan nas farmácias. Eu sei que custa aceitar a qualificação do FC Porto mas ver os comentadores mais preocupados em tentar perceber o porquê das entradas maldosas dos jogadores italianos do que o estado de saúde do Maxi, é de pedir que continuem com as suas dores de cotovelo.

Sobre a imbecilidade do desejo e do prognóstico de um certo imbecil, não comento. Seria gastar teclas com lixo.

Vamos para Alvalade! 3 pontos é a palavra de ordem. Mas sem euforias.



DECLARAÇÕES


Nuno: “É este o Porto que nós queremos”

Depois da vitória no terreno da AS Roma (3-0)​ e consequente apuramento para a fase de grupos da Liga dos Campeões, Nuno Espírito Santo não teve dúvidas em dirigir as primeiras palavras elogiosas aos seus jogadores. Com uma exibição segura, os Dragões colocaram-se em vantagem na eliminatória logo nos primeiros minutos de um jogo que controlaram por completo e que, segundo o técnico portista, evidenciou uma enorme personalidade dos seus jogadores, que souberam impor a sua ideia de jogo num campo tradicionalmente muito difícil.

Triunfo da personalidade e da solidez
“Essencialmente vencemos pelo trabalho. Devo dar publicamente os meus parabéns aos meus jogadores. Fizerem um excelente trabalho frente a um adversário com muita qualidade. O equilíbrio foi determinante, depois foi acreditar numa filosofia, ser solidários e capazes de interpretar todos os momentos do jogo. Ter uma ideia clara, acreditar nela e pô-la em prática. Os jogadores é que fazem o jogo mais fácil ou difícil. Muitas vezes precisamos de estar juntos, unidos e saber defender, o que é muito importante, e saber sair a jogar com critério. Creio que nos primeiros 20 minutos isso aconteceu de uma forma muito boa. Valorizo muito a nossa entrada em campo. Soubemos retirar os pontos fortes de uma grande equipa, um grande clube como é a Roma. Fomos descomplexados. Jogámos um futebol muito positivo e em nenhum momento permitimos situações claros de golo.”

Objetivo “Champions” atingido
“Conseguimos um objetivo. Superar em agosto uma pré-eliminatória da Liga dos Campeões é muito, muito complicado e nós conseguimos. Queremos continuar a crescer e continuar a trabalhar, porque este é o Porto que nós queremos. O FC Porto está onde merece estar, na Liga dos Campeões, entre os melhores da Europa. Não há euforias, há objetivos conseguidos e o nosso desejo é que noites como esta se repitam”.

Os três pilares do sucesso
“Tudo se constrói na base de três pilares fundamentais. Compromisso, cooperação e comunicação. E tudo isto hoje foi bem evidente em todos os momentos da equipa.”

Apoio do público foi determinante
“Na primeira mão o [Estádio do] Dragão conseguiu criar um espirito e um ambiente capaz de nos apoiar e empurrar contra as adversidades. E hoje, os que estiveram aqui e que se fizeram ouvir num estádio mítico e tão importante como é o Olímpico de Roma foram também fundamentais.”



RESUMO DO JOGO

4 comentários:

  1. Confesso sem qualquer tipo de problema, e que gozo me dá fazê-lo quando assim é, que nem nos meus melhores sonhos:

    • Vencíamos a Roma por 4/1 neste playoff, sendo muito melhores na globalidade dos 180 minutos da eliminatória;

    • Vencíamos 3/0 em Roma SEM ESPINHAS;

    • Entrávamos fortíssimos, personalizados e a mandar no jogo em Roma após um resultado sempre incómodo no Dragão (com aquela chatice de sofrer um golo em casa), e a marcar um belo golo logo na entrada do jogo;

    • Depois de sermos MELHORES contra 11 em Roma durante 40 minutos, 2 jogadores da Roma terem perdido a cabeça com entradas brutais;

    • Haver um árbitro com coragem (não deveria ser preciso mas é…) para expulsar 2 jogadores da Roma;

    • Controlarmos totalmente o jogo contra 11, contra 10 e contra 9;

    • Na última meia hora podermos gerir o jogo a seu bel-prazer, esperando o melhor momento para matar completamente a eliminatória;

    • Após o 3º golo tirarmos o pé do acelerador, porque até podiam ter sido 4, 5 ou 6 hoje;

    • Após o jogo, ver a cara de um porco vermelho chamado David Borges com uma azia do tamanho dos cornos do pai dele;

    • Saber que há porcos vermelhos que hoje irão ter dificuldades em dormir, nomeadamente umas “coisas” que desejaram publicamente que fossemos copiosamente goleados em Roma.

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  2. Se há apenas 3 meses atrás, depois daquela fatídica final da taça de Portugal, me dissessem que eliminávamos a Roma em Agosto com Marcano a titular e a fazer um grande jogo perante rapazes como Dzeko, Salah ou Nainggolan... Enfim, o futebol de facto tem piada...

    Acalmando mais a minha indisfarçável euforia neste momento, espero que esta GRANDE E HISTÓRICA vitória em Roma não encubra os problemas que não deixaram de existir apenas por causa da vitória de hoje.

    Reforço o que escrevi ontem, com o reforço deste plantel e um trabalho sério, organizado e competente temos condições não só para ter sucesso interno como também fazer umas coisas engraçadas na Europa.

    FC Porto SEMPRE!!!!!!!!!

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  3. Completamente de acordo, Amigo RCBC.
    Abraço. BIBÓ PORTO!

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  4. Completamente de acordo, Amigo 4 Lusos.
    Abraço. BIBÓ PORTO!

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