30 julho, 2017

DRAGÃO FULMINANTE.


FC PORTO-CORUNHA, 4-0

Esta é a primeira crónica da época que escrevo de uma época que se iniciará no dia 9 de Agosto quando o Dragão defrontar o Estoril na 1ª Jornada do campeonato. Os azuis-e-brancos têm vindo a realizar uma pré-época em crescendo e a criar todas as bases para uma época que se pretende cheia de sucessos.

Sérgio Conceição, o novo timoneiro, tendo à sua disposição a base da equipa da época passada e aproveitando o que de bom foi feito, tem vindo a fazer um trabalho muito sustentado, visível dentro do relvado. Além disso, o novo técnico portista tem também o mérito de saber tirar proveito de jogadores que estiveram emprestados.


Os Dragões estão algo condicionados financeiramente por terem de respeitar e cumprir o fair-play financeiro. Deste modo, dinheiro para reforços não abunda, mas abundam muitas soluções que andaram a jogar por empréstimo noutros clubes. E neste aspecto, o técnico azul-e-branco tem tido a capacidade de saber tirar o melhor de cada um para formar um plantel coeso e competitivo.

Por outro lado, o clube teve a competência de fazer alguns encaixes significativos para cumprir o fair-play financeiro, não mexendo no onze base da época passada. Isso foi, até ao momento, um bom sintoma de que se está a trabalhar bem no Dragão, apesar de terem sido vendidos dois jogadores da “cantera” portista.

Mas nem tudo pode ser como se pretende. O importante é ter um rumo e os objectivos bem definidos. Saber muito bem o que se quer e onde se pretende chegar é essencial para uma época de sucesso.

Esta noite realizou-se o habitual jogo da apresentação oficial aos sócios e simpatizantes do FC Porto. O Deportivo La Coruña foi o convidado de honra para defrontar um FC Porto bastante agressivo, goleador e fulminante como temos visto ao longo desta curta pré-época.

Depois da apresentação dos jogadores que constituem actualmente o plantel e a atribuição dos números a cada um deles para a nova época, ficou registado que não foram apresentados os números 4 (central na calha?) e 6 (um lugar vago no meio-campo?). Também se consegue percebe que, dos 29 jogadores apresentados, alguns irão sair por empréstimo ou em definitivo, isto a avaliar pelas suas utilizações residuais durante os jogos já realizados.


Mas o mês de Agosto é longo, há quatro jornadas do campeonato para cumprir e até lá vamos ter oportunidade de assistir a algumas mudanças. Esperemos que sejam pontuais. Importante seria renovar contrato com alguns jogadores considerados nucleares nesta equipa que estão prestes a expirar as suas ligações ao clube e, claro está, vencer, no mês que se avizinha, os quatro primeiros jogos oficiais para começar a época da melhor forma.

Mais dois golos de Aboubakar, um de Jesus Corona e outro de Marega, definiram um resultado robusto que finalizou uma bela tarde no Dragão. 4-0, mais uma goleada, mais uma boa exibição e mais uma prova cabal de que a equipa está no bom caminho.

Vi um FC Porto à semelhança do que tenho visto nos jogos de preparação realizados recentemente. Mantém a consistência defensiva da época transacta e revela-se muito mais prático e eficaz na zona da finalização.

Há trabalho feito, há condições para encarar com optimismo e esperança uma época que se prevê longa. A equipa terá já um onze base, ainda com uma ou outra dúvida, mas soluções no banco e no plantel não parecem faltar.

Em relação à equipa-base da época passada, Sérgio Conceição não mexeu quase nada. Maxi foi preterido pelo regressado Ricardo Pereira e Aboubakar, também vindo de um empréstimo, salta para o onze portista, saindo A. André. O que mudou na equipa foi a mudança do 4x3x3 para um 4x4x2. Com uma defesa clássica de quatro elementos, dois médios, dois extremos e dois pontas de lança, o FC Porto desgasta os adversários desde a saída da grande área contrária.

Danilo não joga fixo na posição seis, forma dupla com Óliver Torres no meio-campo em situação de transição defensiva. Em situação atacante, o médio defensivo recua para o meio dos centrais e os defesas laterais sobem nos corredores para apoiar os extremos. Desta forma, criam-se desequilíbrios na frente de ataque. É uma forma de encarar o jogo com ambição sem descurar a organização defensiva.


O que me parece é que este FC Porto irá dar poucas hipóteses a equipas inferiores de ser apanhado desprevenido em contra-golpe e pode muito bem aproveitar, como se viu esta noite, os erros contrários em zonas proibidas. Ora isto, poderá originar recuperações de bola junto da baliza adversária e, consequentemente, golos. Muitos golos!

Com equipas do mesmo calibre e, eventualmente superiores, estou curioso para ver como é que o FC Porto se vai apresentar e reagir. Até lá, há que afinar o sistema de jogo e prepará-lo com equipas mais acessíveis.

A equipa revela-se bastante confiante nas ideias do treinador. Ataca com muitos homens e ensaia jogadas constantes de perigo, privilegiando as triangulações e as rápidas incursões à área adversária. Em situações de perda de bola, a equipa contrária não tem tempo para respirar. E aí comete erros na zona de saída de bola ou despacha o esférico para longe da zona de perigo.

É um futebol intenso, objectivo, agressivo e desequilibrador, capaz de desgastar completamente o adversário que está pela frente. Por outro lado, também veremos com expectativa se este FC Porto terá capacidade para jogar uma época inteira desta forma. Ou se terá opções à altura para colmatar o desgaste natural dos pseudo-titulares.

Naturalmente que ainda há muitas coisas a corrigir neste FC Porto. Com um ano de trabalho feito defensivamente, tal como Sérgio Conceição realça várias vezes, há que ter consciência que a nova abordagem ofensiva e a implementação de um sistema táctico diferente têm menos de um mês de trabalho. Por isso, o Dragão vai melhorar muito mais, mas já apresenta dados muito interessantes para o momento da época.

Sim, porque Danilo Pereira, por exemplo, está claramente fora de forma e acusa o desgaste e o cansaço destas primeiras semanas de trabalho. Começou a época mais tarde e foi visível, esta tarde, que não está nem de perto, nem de longe na plenitude das suas capacidades. Cometeu erros de palmatória, quer ao nível do passe, quer ao nível de decisões durante o próprio jogo.


Por outro lado, temos um Corona capaz do melhor e do pior. Será importante ter Corona mais regular durante a época porque na plenitude das suas capacidades, o mexicano é uma mais-valia neste onze. Se Corona se revelar menos bom, que se cuide porque há outras opções.

De resto, vi um super-Óliver no meio-campo portista com uma capacidade fantástica de vir atrás e construir muito do jogo portista. Isso obriga o espanhol a um desgaste físico e mental superior que, manifestamente preocupa. Por isso, mais acima questionei até que ponto haverá substitutos à altura para os jogadores do onze base. A temporada vai ser longa e será bom que as opções do plantel sejam vastas e válidas para evitar desequilíbrios na equipa e reduções na sua performance.

Vi um Brahimi desequilibrador e dois homens poderosos no ataque que vão dar muito trabalho às defesas contrárias. Na defesa, em destaque, realço Ricardo Pereira, a mostrar porque é o titular indiscutível à direita, e Marcano porque continua a ser o patrão da defesa.

Sérgio Conceição tem o mérito de nos apresentar um FC Porto bom, saudável, competitivo e que agrada muito à plateia do Dragão. Terá também um papel importante quando as coisas correrem menos bem. E essas coisas acontecem em todas as equipas, com naturalidade. Por isso é crucial saber trabalhar o lado emocional e conseguir dar a resposta adequada, de forma a atenuar as situações menos boas que poderão surgir ao longo da época para evitar que a equipa se desvie do seu foco.

Dia 9 de Agosto já vai ser a doer, mas antes o FC Porto tem mais um particular para cumprir. Será no dia 2 de Agosto em Barcelos frente ao Gil Vicente a contar para a Taça Crédito Agrícola.




DECLARAÇÕES

Sérgio Conceição: “Tenho um grupo fantástico”

Análise à partida
“Gostei da aceitação dos jogadores do nosso principio de jogo e dos golos que marcámos. Tivemos uma dinâmica de jogo que nos permitiu chegar à baliza adversária de forma rápida, intensa, com uma pressão constante sobre o adversário. O menos positivo foram os momentos em que estamos fora de tempo, no que chamamos o encurtar sobre o adversário. Não podemos deixar esse espaço e permitir que a equipa adversária saia com perigo, porque um ponto forte nosso não pode depois ser uma fragilidade. Em alguns momentos também precisamos de descansar com bola. Há muita coisa a trabalhar, mas há muita também que já é bem feita. Não paro de ouvir que a base do FC Porto é igual à do ano passado, e, relativamente aos jogadores, é verdade, mas penso que a dinâmica é completamente diferente. Não se pode fazer comparações. Em determinados momentos peço coisas aos jogadores que eles não estavam habituados a fazer e daí a importância do tempo. Bem sei que no futebol não há tempo, mas tentamos abreviar ao máximo esse tempo para chegarmos ao ponto que nós queremos, que é roçar a perfeição. Tenho um grupo fantástico naquilo que é o acreditar. Temos feito um trabalho difícil, exigente, mas que vai fazer que em maio estejamos todos felizes.

A dupla de avançados
“São dois jogadores importantes. Importa também perceber que o trabalho deles não se esgota no momento de construção, mas também se prolonga no momento defensivo. E quando eles não o fazem perdemos alguma presença no meio-campo que nos deixa em dificuldades, pois só temos dois médios e precisamos desse equilíbrio. São as tais situações que vamos trabalhando.”

O regresso como treinador
“Para mim foi muito difícil. Para já porque não gosto de festas. Percebo perfeitamente a paixão destes adeptos por este clube e estamos todos aqui para fazer uma festa sempre que o FC Porto joga, mas acho que a festa devem fazer os adeptos depois do nosso trabalho em campo. Voltar aqui foi uma emoção grande. Foi o regresso a uma casa que me criou alguma emoção, por tudo o que disse na minha apresentação. Chegar aqui como treinador principal é fabuloso. Depois tenho que dar uma palavra ao nosso presidente, pois foi ele que deu a grandeza que o clube tem neste momento. Lembrei-me dele quando entrei aqui porque foi ele que me deu esta oportunidade. Foi um dia emocionante.”



RESUMO DO JOGO

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