21 fevereiro, 2019

BIPOLARIDADE NACIONAL

marcação a avançado do FC Porto Vs. marcação a avançado do slb
Lugar comum à esmagadora maioria dos adeptos, independentemente das cores que envergam, é fazer julgamentos aos rivais, suportando o seu conhecimento opinativo num resumo de duas ou três dezenas de segundos de determinado encontro ou, pior, nos boatos e opiniões de companheiros de emblema, ou debates, crónicas e notícias do nosso "isento" mundo do jornalismo desportivo.

Exceptuando os jogos contra o nosso clube, e um ou outro desafio maior, a verdade é que a grande parte dos adeptos não vêem os jogos de outras equipas para além da sua, opinando assim sobre coisas que não sabem, nem viram. Ouviram dizer, diz-se...

Fazendo um mea culpa, apesar de tentar manter-me actualizado com os resumos da jornada, também confesso que raras são as vezes que me disponibilizo a ver, na íntegra, jogos banais dos rivais. Como tal, por regra prefiro abordar os jogos e outros temas do FC Porto, com conhecimento de causa, do que opinar sobre algo que não tenho dados suficientes, ou estes possam ser desvirtuados por análises de terceiros.

Toda esta introdução vem a propósito de um sentimento que nos está entranhado, nomeadamente aquela sensação de que as equipas que jogam contra o benfica têm uma atitude diferente em campo da que colocam quando enfrentam o FC Porto. Como tal, e no seguimento daquilo que me pareceu um escândalo de falta de profissionalismo e competência insular, que foi o slb 10 - Nacional 0, decidi ver um jogo banal dos encarnados, neste caso contra o Aves, e tentar encontrar pontos de encontro e suporte, para esta ideia que sentimos.

Sobre o jogo em si:
Resumindo brevemente, os encarnados entraram pressionantes no início da partida, marcando logo no início da mesma (3º minuto), o Aves tentou dar réplica, mas neste momento nota-se confiança no benfica, que controlaram sem grande esforço as tentativas Avenses, e com eficácia mortífera (3 golos em 5 oportunidades) foram avolumando o resultado sem forçar muito. O Aves merecia o tento de honra, contudo pouco mais do que isso. Sobre a arbitragem de Hugo Miguel, no geral bem. Poderia (e deveria) ter expulso nos descontos Rubén Dias por acumulação de amarelos, não o tendo feito, muito provavelmente porque já tinha expulsado anteriormente (e bem) o Ferro.

Dado o mote, então o que Aves... e Setúbal, Boavista, Chaves, Tondela, Santa Clara, Feirense, Nacional... e Sporting fazem contra o FC Porto, que não fazem contra o benfica:

- Bloco Baixo
Neste jogo contra os encarnados, a linha de defesas do Aves encontrava-se, por regra, na metade do seu meio-campo defensivo, subindo quase à área central em momento atacante. Podem alegar que o golo madrugador de Seferovic possa ter alterado a estratégia. Talvez. Mas como vimos pela atitude do Setúbal no Dragão, mesmo a perder por dois, nunca arriscou abandonar o esquema dos centrais perto da linha da grande área. Sabe-se que o forte do FC Porto são as bolas em profundidade para as costas da defesa. Contudo, o forte do slb são as transições rápidas, muitas vezes com igualdade numérica no ataque, pelo que foge à capacidade de compreensão, o porquê das equipas utilizarem um bloco mais subido contra os encarnados.

- Agressividade
As estatísticas dizem quem o Aves fez ontem 16 faltas contra, por exemplo, as 7 do Setúbal. Analisando cegamente os números, seria lícito concluir que os Avenses foram bem mais aguerridos do que os homens do Sado. Contudo, analisando ao pormenor, dessas 16 faltas, cerca de uma dúzia delas foram feitas dentro do meio campo benfiquista em momento ofensivo, pelo que a conclusão já terá outros contornos. Defensivamente, o Aves foi uma equipa muito "macia", nomeadamente na facilidade com que avançados e médios encarnados puderam receber e passar a bola. Nos dois primeiros golos, é inexplicável como os adversários não foram travados num momento inicial. No golo do suíço, é insultuosa a forma como Samaris cruza sem qualquer pressão. Contra o FC Porto, quer Brahimi, quer Corona ou mesmo Telles têm sistematicamente 2 e 3 adversários a marcar, e quando escapam, não escapa a perna. Se querem ultrapassar esta marcação, são constantemente obrigados a tirar coelhos da cartola para o fazer. Comparativamente, como é possível explicar que um André Almeida, um sujeito tosco de quem nem os próprios benfiquistas gostam, tenha mais assistências do que qualquer um dos nossos mais virtuosos jogadores? O facto de poder cruzar à vontade ajuda muito, não?

- Erros
Voltando ao primeiro golo benfiquista nas Aves, já referi a forma amadora e displicente como foi feita a (não) abordagem ao cruzamento de Samaris no início da jogada. Então que dizer do jogador que marcava Seferovic? Se verificarem na repetição, ele simplesmente desiste da jogada para pedir fora de jogo. Pedir fora de jogo? Será que alguém esqueceu de dizer a esta alma que existe VAR? Será que alguém esqueceu de lhe ensinar nos iniciados que um defesa NUNCA pode desistir do lance? Este "bom" defesa poderia aprender com os colegas do Setúbal. Soares que o diga. Mesmo no chão, tem literalmente dois defesas em cima dele. Já no segundo golo encarnado, se há mérito de Rafa na forma como se livra do defensor, há (muita) incompetência como é permitido a dois jogadores triangularem, antes da bola chegar ao extremo português.

- Eficácia
Sabem quantos cantos teve o Aves nesta partida? 8 (!?!) A que se somam mais alguns livres em posição lateral na imediação da grande área. Sabem quantos deles resultou em perigo? ZERO! Apenas um livre na 1ª parte causou alguns calafrios ao guarda-redes grego.
Sabem quantos cantos teve o Setúbal? 2. Como bem se lembram, a única vez que os sadinos estiveram perto do golo, foi num deles. Aliás, na ronda anterior, sabemos o que aconteceu num dos cantos do Moreirense.
Explicações para tais discrepâncias na eficácia das equipas? Aguardo...

Um ou dois jogos não são suficientes para elaborar um facto científico. Mas são demasiados para corroborar a ideia que temos e mantemos. Os adversários não jogam em circunstâncias iguais contra FC Porto e slb.

Porquê?

Se há alguns treinadores que podem levantar suspeição quanto às suas preferências e diferenças na preparação de jogos, com Petit, Pepa, Abel Silva, ou Jorge Simão à cabeça, destes dois últimos jogos encarnados, os treinadores que os defrontaram estão acima de qualquer suspeita clubística. Quer Costinha, quer especialmente Inácio, não morrem de amores pelo slb.

Dos presidentes, são sabidas algumas afinidades suspeitas entre alguns, contudo não me parece que um Presidente consiga desautorizar o treinador perante o balneário, se este não for conivente com ele.

Dos jogadores, há alguns casos em investigação na justiça sobre resultados comprados, que curiosamente envolvem o slb. Daqui poderá vir alguma luz sobre alguns erros inexplicáveis que por vezes vemos acontecer. Mesmo assim, é fantasioso especular que jogadores de 15, ou 16 equipas do campeonato estão corrompidos.

Analisados os intervenientes, e excluindo árbitros, que decerto motivarão muitas mais linhas em futuras crónicas, qual o porquê das equipas terem uma atitude diferente em jogo, contra FC Porto e slb?

O politicamente correcto, será a motivação por vencer o Campeão, ou derrotar uma equipa que já não perde há muitos jogos. Um argumento válido sem dúvida, que provavelmente até será regra na maior parte dos campeonatos do mundo civilizado. Contudo, continua a não explicar o ponto fulcral. Se formos verificar o passado recente, nas épocas em que o benfica era campeão, e o FC Porto passava por uma má fase, esta atitude bipolar mantinha-se, com a agravante que perdíamos muitos mais pontos do que no presente.

Na minha opinião, o que causa esta diferença de atitude em campo, é o poder que a máquina benfiquista detém nos nossos meios de comunicação social. O motivo é claro. Sempre que o slb vence, o enfoque da vitória é colocado na "qualidade" benfiquista, na superioridade dos seus artistas, da táctica, do público, da águia Vitória se necessário. Equipa que perde com o slb nunca é má ou fraca. Erros, asneiras, desconcentrações são sistematicamente desvalorizadas pela comunicação social com lances fortuitos.

A sustentar esta ideia, veja-se o exemplo que apresentei acima do primeiro golo benfiquista. Numa jogada, há dois erros gravíssimos que colocaram a equipa a perder, e condicionam a estratégia do treinador para o jogo. Alguém sabe dizer qual o nome destes jogadores do Aves? Dou o exemplo da crónica do ZeroZero, site que nem considero dos piores, e o golo é apresentado como um lance de qualidade de Seferovic. Tudo é belo e bonito assim. Não admira que tenham jogadores 10 vezes melhores do que o Messi.

Já quando são jogadores a cometer erros contra o FC Porto, os seus nomes são atirados para o esgoto da comunicação social sem qualquer misericórdia ou pudor. Que o diga Vagner, guarda-redes do Boavista, cuja carreira passa hoje pelo Azerbeijão.

Enquanto a comunicação social mantiver este posicionamento xenófobo, pois é de discriminação que estamos a falar, e corrupto, pois há uma perfeita noção de que fazem com o motivo de alimentar uma audiência de maioria vermelha, jogadores e treinadores de equipas adversárias do FC Porto sabem que o erro não é admitido, tendo que dar a vida em campo, se necessário, para não verem os seus nomes enxovalhados em público, ao passo que nas derrotas contra o slb, existirá sempre uma cortina de fumo, e atitude condescendente caso algo corra mal.

Neste mundo de mentira em que uma equipa portuguesa vive, não é por isso de estranhar os parcos resultados obtidos pela mesma em contexto Champions. Ao contrário do ambiente bafiento de um país, onde a quase totalidade da comunicação social está sediada numa única cidade, na Europa do futebol respira-se ar puro. Compreende-se que seja bem mais complicado lá, os Andrés Almeidas desta vida brilharem.

Cumprimentos Portistas.

3 comentários:

  1. tudo verdade, concordo a 500%. AGORA COMEÇA A PERCEBER SE QUE UM PAIS MUITO UNIDINHO E CENTRALISTA NAO SERVE, POR MUITO QUE CUSTE TEREMOS DE PARTIR O PAIS , PORTUGAL JA EXISTIA MUITO ANTES DE LISBOA TER SIDO CONQUISTADA E ANEXADA, PORTANTO............ Quem quer realmente investir na divisao administrativa , o poider politico? temos o triste exemplo rui rio que na ansia de estar em lisboa afrontou a maior instituiçao da cidade, hoje ve mo lo prestes a cair estrondosamente quando pensava que teria os votos dos anti FCP.
    Os escoceses e os catalaes nunca se independentaram exatamente porque um numero significativo deles preferiu sempre as benesses e honrarias de londres e madrid.
    Repare se em espanha madrid tem a sua comunicaçao social e barcelona tem a dela, madrid tem as suas regras e barcelona a delas.
    A SOLUÇAO E CADA VEZ MAIS CRIAR REGIOES AUTONOMAS PARA ALEM DA MADEIRA E AÇORES, SO ASSIM AS COISAS MUDARAO, O AL ANDALUZ QUE FIQUE COM A SUA LISBOA

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  2. Excelente e pertinente reflexão!
    Concordo com tudo, menos...na explicação para o que acontece!
    Depois de TODA a porcaria que se descobriu sobre o "polvo do regime", acho que simplesmente se deve seguir o rasto do dinheiro! Explica TUDO, de certeza!!!

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  3. Há outro fenómeno que pode explicar muita coisa: as apostas. É um método individual - nao é preciso haver complot: um jogador, um defesa, pode apostar que a equipa adversária vai marcar um ou dois golos antes do minuto X, e nem tem de combinar seja o que for com os colegas de equipa. E tudo é passível de ser apostado: golos, expulsoes, vitórias finais. E neste último caso, é bom lembrar que as apostas no Clube do Regime campeao, nunca valeram tanto como quando estavam a 8 pontos do 1o lugar; mas para que a aposta renda, é preciso que acabem mesmo em primeiro.

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