25 maio, 2019

CARTA ABERTA E DE ABRE-OLHOS A TODOS OS PORTISTAS.


Caro Portista,

Escrevo-lhe esta carta antes de jogarmos a 30º final da Taça de Portugal da nossa história.

Vou dizer muitas verdades nesta mensagem. Mas começo com uma grande mentira: o Benfica é o campeão nacional 2018/2019. A partir daqui começam os factos. Vamos a eles.

Contas feitas, o FC Porto faz uma época de bom nível, não se podendo nunca dizer que se trata de uma grande temporada, pois no FC Porto o título nacional é sempre o objectivo número 1. Mas chegar à final da Taça da Liga, terminar a 2 pontos do 1º classificado no Campeonato, alcançar a final da Taça de Portugal e chegar aos quartos-de-final da Champions caindo às mãos do provável vencedor nunca poderá ser considerado uma má época, muito menos uma época para esquecer.

Então porquê este sentimento de frustração, decepção e raiva que afecta muitos portistas? E porquê esta alegria desmedida e cheia de bazófia dos benfiquistas? Por uma razão muito simples: porque nem uns compreendem como perderam o título; nem outros compreendem como o ganharam.

Posso até admitir ser verdade que os portistas confiaram em demasia nos 7 pontos de vantagem sobre o rival e se deixaram de algo forma adormecer, posto que as revelações do caso dos e-mails e a distância pontual e exibicional face ao Benfica de Rui Vitória não auguravam uma recuperação como aquela que foi protagonizada por Bruno Lage.

Mas façamos agora um exercício curioso: como é possível que este Benfica, mesmo tendo sido treinado durante quase toda a primeira metade da temporada por um boneco chamado Rui Vitória, consegue ainda ir a tempo de ser campeão? A resposta mais lógica seria dizer que Lage é um treinador de eleição, uma espécie de novo-Mourinho, mas os factos desmentem essa teoria. Bruno Lage entrou e logo no segundo jogo perdeu a meia-final da Taça da Liga com o FC Porto. E é nesse momento que o campeonato vira definitivamente, quando Vieira se irrita e parte loiça toda, mandando Fábio Veríssimo para a jarra e garantindo que, como diria alguém, “quem se mete com o SLB, leva”. Depois dessa noite, nada mais foi igual no campeonato nacional.

A partir dessa derrota e consequente afastamento da Taça da Liga, o passeio do SLB na liga nacional foi total, não fosse o empate caseiro diante do Belenenses, num dia em que Rubén Dias e Vlachodimos estavam em modo kamikaze. Não fosse esse dia e esses acontecimentos esdrúxulos e não é que o campeonato do Benfica teria sido 100% vitorioso? Estranho, não? Impossível?
Nem por isso. Lembramo-nos certamente de campeões avassaladores, como Mourinho e AVB ou Jesualdo e VP. Mas Mourinho, mesmo em plena época de Apito Dourado, tem em sua defesa o facto da sua equipa ter ganho a Taça UEFA e a Liga dos Campeões em dois anos consecutivos que a afirmaram como a melhor equipa da Europa, enquanto que AVB mostrou também todo o poderio desse FC Porto na Liga Europa. Ou seja, estas equipas eram demolidoras tanto interna, como externamente. Já Jesualdo e VP apresentavam domínios internos e juntaram a isso participações consistentes nas provas europeias, sem alcançarem o tão almejado título. No entanto, a bota bateu sempre certo com a perdigota, por assim dizer.

O caso deste SLB é diferente. E mais: não é de agora. Os últimos campeonatos do SLB, ao contrário dos do FC Porto, apresentam sempre esta dicotomia: domínio interno conjugado com campanhas europeias miseráveis e motivo de vergonha, sendo os famosos 0 pontos na fase de grupos o corolário máximo da incompetência benfiquista nas provas europeias, diante de “gigantes europeus” como o Basileia e o CSKA Moscovo. Tudo isto contrasta, desde logo, com as duas grandes campanhas de SC na Champions League, onde caiu sempre derrotado perante o finalista Liverpool.

Mas então de onde vem esta desproporção verdadeiramente colossal entre campanhas nacionais e campanhas europeias? De onde vem este domínio caseiro na Taça da Liga e no Campeonato e esta incompetência contumaz na Europa? Como é possível que o “glorioso” Benfica seja eliminado de forma tão limpinha por esse tubarão chamado Eintracht Frankfurt?


Olhemos pois à estatística. Um olhar atento, que não vejo a comunicação social focar, é o campeonato verdadeiramente brilhante e colossal feito pelo SLB, que acaba a maratona com esmagadores 87 pontos em 34 jornadas. Para termos uma noção, a incontestada Juventus alcança apenas mais 3 pontos (90), mas em 37 jornadas (ou seja, com mais 9 pontos em disputa). O PSG chega aos 91, também em 37 jogos. O City chega aos 98, mas em 38 jornadas. O poderoso Barcelona alcança os mesmos pontos que o SLB, mas com mais 4 jornadas em cima. Olhemos o próprio Bayern, líder sem rival na Alemanha, que em 34 jornadas tal como em Portugal, chega apenas aos 78 pontos, menos 10 que o SLB.

Mas o que mais impressiona acima de tudo é a capacidade goleadora do SLB, que chega à incrível marca de 103 golos, mais 13 por exemplo que o Barcelona de Messi, Coutinho, Suarez e Dembelé. Um número também bem acima dos 70 golos marcados pela Juventus de CR7, Mandzukic e Dybala. Acima inclusivamente da máquina City (95) de Sané, Sterling, Aguero, De Bruyne, Mahrez e Gabriel Jesus. E acima do Bayern (88) de Robben, Muller, Ribery e Lewandoswski.
Um olhar atento perguntaria imediatamente: mas o que raio se passa em Portugal para uma equipa ser campeã com 87 pontos e 103 golos marcados e o segundo classificado ficar a uns meros 2 pontos, mas com menos 29 golos?
Façamos pois uma comparação aceitável: fases de grupo da Champions*. Escolhamos três épocas consecutivas (17/18 e 18/19), para não levar a discussões sobre a valia dos grupos de cada um. O FC Porto consegue um total de 37 pontos (11+10+16) e 39 golos marcados (9+15+15); o SLB chega aos 15 pontos (8+0+7) e a uns míseros 16 golos marcados (10+0+6). Começam a perceber a inconsistência? O SLB apresenta menos de metade dos pontos do FC Porto e marca também menos de metade dos golos. Afinal de contas, o que se passa na Europa com o “grandioso” Benfica que varre os adversários nacionais com goleadas de mãos cheias?

Tomemos como exemplo também os avançados do SLB**, em especial Seferovic, que termina a temporada com uns bonitos 27 golos marcados, um número que é superior a todos os golos que marcou nas últimas 4 temporadas JUNTAS (125 jogos, 26 golos). Seferovic chega pela primeira vez na sua carreira a uma marca superior a 10 golos. Não lhe parece estranho, caro portista?
Olhemos então para Jonas, que nos seus verdes anos de Valência acertou 51 vezes nas balizas contrárias em 156 partidas, marcando em 32% dos jogos. No SLB apresenta a fantástica contagem de 137 golos em 183 partidas: marca em 74% dos jogos. Parece incrível que, mesmo num ano onde Jonas se debateu com inúmeros problemas físicos nas costas, apresente um golo a cada 2 jogos. Incrível não é? Então porque é que um avançado que apresenta 15 golos em 31 partidas em 18/19 está prestes a terminar a carreira? Ou, ao invés, o que se passa com os centrais do nosso campeonato para não conseguirem deter um avançado de 35 anos com problemas de costas?

A lista dos melhores marcadores do nosso campeonato é, também ela, intrigante, não tendo qualquer tipo de paralelo com nenhum outro campeonato europeu: dos 10 melhores marcadores, 4 são do SLB (Seferovic, Rafa, Felix e Pizzi) . O Barcelona coloca apenas 2 nesta rúbrica, o Real e Atlético 1 cada um; na Série A apenas o Nápoles coloca 2 homens na lista de melhores marcadores; na Alemanha o Borussia também consegue colocar 2. Na Europa, apenas o PSG se aproxima do Benfica com Mbappé, Cavani e Neymar (assumo que possam ser piores que Seferovic, Rafa e Felix…) nos 10 melhores marcadores.

Há muitos vídeos a circular na internet que adensam as minhas suspeitas, mas qualquer olhar atento é capaz de descortinar os incríveis azares que os adversários do SLB enfrentam quando jogam contra o clube da águia. Podíamos começar por Fábio Cardoso (do Santa Clara, que tem vários azares no conjunto das 2 voltas) e terminar em Júnio Rocha e Borevkovic (Rio Ave), passando pelo Nacional de mãos cheias e pelo Braga (4º classificado, refira-se!) que alcança o incrível parcial de 10x3 com o SLB no conjunto das 2 voltas. Mas se recuarmos na temporada, iremos encontrar muitos mais casos deste género: escorregadelas, cortes na atmosfera, recepções desorientadas, passes ao nível da terceira divisão do Cazaquistão, inúmeros azares com consequências dramáticas.

As minhas suspeitas não são infundadas nem nascem da minha cabeça, caro portista. A comunicação social vem publicitando, embora timidamente, as declarações da testemunha Cássio, jurando em tribunal que ele e os atletas Lyonn e Marcelo foram abordados por um tal de César Boaventura para perderem num jogo da sua equipa de então – Rio Ave – contra o SLB. César Boaventura esse que, segundo Paulo Futre, é grande amigo de LFV e presença assídua no centro de treino do Seixal. Estamos pois em sede do famoso JOGO DA MALA, que vem denegrindo e transformando o futebol português numa lixeira a céu aberto. As palavras de Coentrão no final da temporada causam interrogação. As declarações de Tomané dizendo que a manutenção do Tondela apenas se deve a alguns jogadores e não a todos também deviam alcançar mais destaque. A que é que Tomané se referia? E Coentrão, o que quereria dizer?

E que dizer das declarações de Petit antes do jogo com o SLB, caro portista? Que dizer da abordagem típica dos treinadores portugueses (ao bom estilo de Pepa) quando defrontam o SLB, afirmando sem vergonhas que este não é o seu campeonato e que vai ser muito difícil conseguir o empate, por contraponto com as afirmações de raça e de ganas quando vão enfrentar o FC Porto, dizendo invariavelmente que é um jogo onde vão dar tudo e onde vão lutar pelos 3 pontos? Porquê tamanha diferença de abordagem aos jogos contra o SLB e contra o FC Porto?

Face ao que atrás exponho, só posso concluir que o campeonato português regrediu 70 anos num curtíssimo espaço de tempo, sendo prova disso mesmo os cómicos 10x0 ao Nacional e os 6x2 ao Braga na Luz, verdadeiros expoentes máximos da facilidade que o SLB tem quando defronta os seus adversários, atingindo-se a total negação do desporto e competição profissionais. Voltamos, pois, ao tempo do amadorismo. Tudo isto contrasta, uma vez mais, com os adversários motivadíssimos e super-agressivos que o FC Porto enfrenta semana sim, semana sim, onde cada jogo ganho é uma batalha campal, terminando não raras vezes com adversários em lágrimas e fortemente desiludidos. Mas desiludidos porquê, caro portista? Não seria normal perder com o FC Porto que atinge os quartos-de-final da maior competição de clubes do mundo? Ou há algo mais por detrás destas reacções? Será que há alguma motivação extra que justifique tal disparidade exibicional?

Se isto já não fosse suficientemente mau, temos os árbitros a ajudar à festa. Depois da ida de Veríssimo para a jarra (não deixa de ser cómico que um dos padres vá para a jarra…), nenhum senhor do apito se atreveu mais a incomodar o todo-poderoso SLB. Frederico Varandas disse e bem que depois da jornada 28 começou a falta coragem. Eu sou mais arrojado: depois da jornada 28 começou a faltar vergonha. Podia falar das incríveis actuações dos senhores de negro em Moreira de Cónegos, Braga, Feira e Vila do Conde, com golos em fora-de-jogo, golos anulados aos adversários, penaltys não assinalados ao SLB, etc. No final de um desses jogos, vimos inclusivamente Vítor Bruno (Feirense) a dizer que estava “desiludido com este futebol”. A pergunta que se impõe: mas está desiludido porquê? O que é que Vítor Bruno quer dizer?

Dizendo isto, fico surpreendido quando ouço portistas dizer que temos culpas na forma como perdemos este campeonato. Mas então não é suposto isto ser uma competição profissional e saudável de 11 contra 11 onde é possível que uma equipa roube ocasionalmente pontos aos grandes? Ou alguém acha normal uma segunda volta imaculada como a do SLB? Começamos a entrar na negação do que é o desporto e a negligenciar a palavra competição. Talvez assim finalmente se perceba a facilidade que Renato Sanches tinha em galgar metros e marcar golos no campeonato nacional e a imensa dificuldade que apresenta por essa Europa fora.

Para o FC Porto fica talvez a amargura da abordagem ao jogo com o SLB em casa, deixando Militão castigado no banco, Danilo no banco e apostando em Oliver e no inenarrável Adrian López. E talvez uma aposta pessoal excessiva do Mister na Taça da Liga (que se compreende, atendendo ao historia do clube neste troféu), competição que nasceu para ser o tubo de ensaio dos padres e dos lucílios deste país. E poderíamos ainda acrescentar os problemas na lateral-direita, que nasceu torta e nunca se endireitou. Por lá passaram desde a pré-época João Pedro, Janko, Maxi, Corona, Militão, Mbemba e Manafá. Demasiadas indecisões numa posição que se veio a revelar fulcral na luta pelo título, pois foi por lá que Seferovic carregou Manafá em falta e conseguiu o empate no jogo do Dragão. Fica também a impressão de que faltou uma real alternativa à lesão de Aboubakar, visto que Soares não tem categoria para ser o 9 que o Porto precisa nem Marega chega para todas as encomendas.

Assumindo também os nossos erros, que existiram – não esquecer que não há treinadores nem equipas perfeita! – acredito fortemente que o portista que me lê não se deve deixar intoxicar pela opinião pública. Ao invés de se discutir os diferendos entre SC e as claques, devíamos ver os jornalistas focados no papel que César Boaventura tem no futebol português ou no porquê de Fábio Veríssimo ter ido para a jarra depois do jogo em Braga. A pergunta que deve ser feita: porque é que Veríssimo não ficou definitivamente na jarra depois do assalto que fez ao FC Porto no jogo Feirense x FC Porto da época passada, obrigando Brahimi a berrar a plenos pulmões “nós vamos ganhar”? Porque é que LFV se queixou um dia que Veríssimo não apitava os jogos do SLB? Porque é que um clube tem poder para colocar árbitros na jarra e outros vêm os seus protestos cair em saco roto? Porque é que o senhor director da APAF Luciano Gonçalves – o tal que alegadamente pedia ao SLB 50 bilhetes mais baratos para oferecer ao Centro Recreativo da Batalha – se preocupa com a tarja dos SD e não se foca na prestação dos seus associados nas últimas jornadas do campeonato? Porque é que não há ninguém a discutir os escandalosos “erros” do VAR? Porquê estas incoerências por parte dos organismos que regem o futebol português? Porque é que aquele famoso árbitro da Madeira (Marco Ferreira) foi ao Estádio da Luz pedir uma audiência com Vieira para perceber o que lhe tinha acontecido com a nota? Mas afinal de contas, qual é o verdadeiro poder de Vieira na nossa arbitragem? Porque é que Paulo Gonçalves se encontra a dirigir dossiers de contratações do SLB, mas foi julgado pela Juíza Ana Peres como tendo actuado sem conhecimento e instruções do SLB? Mas que país é este onde tudo o que parece ser, acaba por não o ser? Mas afinal de contas onde para a comunicação social isenta e idónea deste país?

Caros portistas, sejamos claros: o futebol português é uma lixeira a céu aberto, que alimenta várias bocas a notas de euro em função dos interesses do momento. Nunca como hoje, o futebol português esteve tão manietado, tão comprado, tão desprovido de competição na verdadeira acepção da palavra. Nunca como agora vimos treinadores darem-se como derrotados antes das partidas começarem. Nunca como agora vimos tantos erros de centrais e laterais das equipas pequenas contra os grandes. Nunca como agora vimos tantos clubes comprados e arregimentados em favor de um só clube. Nunca como agora vimos tantas filiais e tantos satélites a jogar na principal divisão do campeonato? Nunca como agora vimos tantas missas rezadas por padres e sacristães. Por isso, volto ao princípio: o Benfica campeão nacional 2018/2019 é uma farsa e uma mentira completa.

Vivo em Lisboa há alguns anos e, por isso, tenho um conhecimento exacto da forma como pensa o nosso rival. Sérgio Conceição é perseguido pela comunicação social não por ser “javardo” como lhe chamou um ex-embaixador português, mas sim por ter voltado a colocar as nossas equipas a jogar à Porto, a ganhar fases de grupos da Champions, a entrar em qualquer campo, seja onde for, para ganhar. Com SC vemos todo e qualquer jogador a sujar os calções, a comer a relva, a lutar pela vitória até ao apito final, vemos uma equipa unida e com espírito, aguerrida em todas as fases do jogo, vemos um FC Porto focado em todas as frentes, onde a palavra desistir não tem lugar no dicionário. E isso é a marca do FC Porto de Pedroto/Pinto da Costa: uma equipa de faca nos dentes, do até os comemos, que sabe sofrer quando tem que sofrer e que luta os 90 minutos pela vitória em qualquer partida. E é isso que tanto incomoda o nosso rival, ver o FC Porto de novo com a raça pedrotiana, de novo sem medo de atravessar a Ponte Luiz I. E esse Porto à Porto é o que sempre causou inveja em Lisboa. Afinal de contas como é que aqueles parolos lá do Norte conseguem ganhar tantos títulos e tanta coisa lá fora sem a ajuda do poder central? O que é que eles têm que nós não temos? No fundo, o que é indisfarçável é o medo aterrador que têm do FC Porto, dos seus jogadores, do seu Presidente e das suas gentes. Um medo e uma inveja indisfarçáveis e que explicam muito do país que somos.

Mas para eles tenho uma má notícia: Sérgio Conceição fica no FC Porto.

Estamos já perto do fim, caro portista.

Em Game of Thrones, as primeiras temporadas ocorrem sob a expressão em surdina “the winter is coming”. No futebol português, o longo Inverno já chegou e a longa noite em que o luso-futebol está mergulhado alcança tudo e todos, desde clubes-satélites a clubes com ligações a empresários amigos, passando por jogadores emprestados, ex-jogadores que viraram treinadores, chegando até às relações indecorosas entre Salvador e LFV, sócios comparsas em negócios de construção civil. No meio desta salgalhada alimentada a sacos azuis, sobram apenas uns irredutíveis gauleses, que não se deixam subjugar. Situam-se no norte litoral, são daqueles do antes quebrar que torcer e recusam-se a prestar vassalagem ao centralismo que percorre o país de lés a lés. Nessa cidade, apesar de fria e chuvosa por vezes, o longo inverno não chegou. Aí o sol ainda brilha. Um dia, uma amiga espanhola resumiu da melhor forma o que lhe pareceu essa cidade: é como se tivesse estado mergulhada debaixo de água durante muitos séculos e um dia alguém pegou nela e a puxou para cima. Desde aí que dou por mim sentado do lado de Gaia a imaginar uma mão a pegar numa massa de terra colocada debaixo do rio e a puxar um conjunto de casas e edifícios de granito para a tona, que quando emerge surge ainda a escorrer água. O sol brilha. As gotas escorrem e estão prestes a secar. É a cidade dos gauleses. Tem 5 letras. Chamam-lhe Porto.

Rodrigo de Almada Martins
*Dados europeus retirados do site oficial da UEFA;
**Dados nacionais retirados do site ZeroZero.

Nota final: escrevi no BiBó PoRtO carago!!, a convite do seu mentor, de Agosto de 2012 até 24 de Maio de 2019. São quase 7 anos a discorrer sobre o universo azul e branco. Deixo 149 crónicas, que acabam por ser o espelho do dia-a-dia do clube, destes últimos 7 anos de vitórias e derrotas, mas sobretudo do que significa ser portista e portuense. Tudo o que vi, tudo o que vivi com o FC Porto acaba por estar aqui vertido nestas páginas. Fui imensamente feliz ao fazê-lo. Como diz o filme: por ti fá-lo-ia 1000 vezes. Obrigado a todos.

4 comentários:

  1. O Bibó Porto vai acabar? É que estão todos a despedir-se.
    Acho que vai fazer imensa falta ao universo portista. Aqui há uns anos eram aos pontapés, a bluegosfera - até se fizeram encontros! Agora há apenas 2 ou 3 em plena actividade e o resto desapareceu sem deixar rasto. É pena...

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  2. Concordo. É uma pena cada vez haver menos espaços deste tipo. E, nesta altura, precisamos cada vez mais de vocês, porque só assim conseguimos fugir ao lixo espalhado por todos os meios de comunicação social.

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