22 maio, 2019

COPO MEIO CHEIO OU VAZIO? UMA QUESTÃO DE PERSPETIVA NUM ADEUS ANUNCIADO.


Acabado o campeonato, e a um jogo do final da época, uma linha muito ténue vai separando as nossas emoções entre a pesada frustração e o mediano sucesso.

Aterrássemos nós de Marte neste momento, e saltássemos diretamente até aos números finais de cada competição, poderiam até existir laivos de orgulho na prestação da equipa, como o treinador diversas vezes tem sublinhado. Afinal, vencemos a Supertaça, fomos à final da Taça da Liga perdendo apenas no desempate por penalties, fizemos uma das nossas melhores Champions de sempre, caindo perante um colosso abonado pela sorte e muitas decisões arbitrais, lutamos pelo título até à última jornada e estamos na final da Taça.

Se fossemos todos fanáticos da perspetiva do copo meio cheio, até poderíamos esboçar um sorriso de satisfação. Contudo, não aterramos de Marte no passado fim de semana, nem bebemos o que falta no copo. Quer Campeonato, quer Taça da Liga, foram perdidos, não pelas goleadas coniventes dos adversários, pelo compadrio dos árbitros ou pelos craques mundiais de pé de barro que abundam pelas equipas da capital. Perdemos por incompetência própria. Perdemos, porque entrados em Maio, ainda não somos capazes de algo ao alcance de qualquer equipa mediana: Controlar um jogo!!!

Ganhámos muitos jogos. Verdade. Uns por manifesta superioridade nossa, muitos outros (demasiados) na raça, no querer, no coração, no lutar até à última gota de suor. Poucos, muito poucos, na inteligência.

A Taça da Liga perdeu-se pela incapacidade de dominar e controlar uma equipa mediana e temerosa como é o Sporting atual. Com tudo para os esmagar, colocámo-nos a jeito para que a fortuna equipasse de verde. Nos 90 minutos e nos penalties. Mergulhados num autismo incompreensível, o jogo da última jornada contra esta mesma equipa, só não foi mais do mesmo, pela raça e orgulho ferido. Esperemos que no próximo sábado, finalmente tenhamos aprendido algo contra este banal adversário.

No campeonato, mais do que o empate em Vila do Conde, foi em casa com o Guimarães que se começou a perder o título. Imperdoável o laxismo, a desorientação, os traços de estupidificação coletiva que se verificaram nesse jogo. Três pontos perdidos, que nos teriam colocado a festejar na baixa sábado passado. A juntar a este desaire, a derrota caseira com o slb. Uma equipa que vai na frente do rival na classificação, e até se coloca a vencer na partida, não pode cometer o chorrilho de erros que fez. Mourinho nunca teria perdido aquele jogo. Vítor Pereira nunca teria perdido aquele jogo. Até arrisco dizer que o Lopetegui nunca teria perdido aquele jogo. Porquê? Porque simplesmente sabiam como o fechar. Como esconder a bola. Aguentá-la! Como irritar o adversário. Como não a dar ao desbarato. Enfim... como usar a cabeça!

Todos estamos em dívida com Sérgio Conceição. Foi o Homem certo, no momento certo, para trazer a mística e a garra de volta ao Dragão. Mas Sérgio também tem que perceber que a evolução é necessária. Tem que ser mais cerebral e menos emocional. Façamos votos que o peso do grisalho dos cabelos, juntem à sua valiosa emoção, a razão que tantas vezes lhe tem fugido.

A acontecer, com a vantagem de uma previsível dúzia de caras novas e virgens, sedentas de títulos, e prontas a serem instruídas no espírito do Dragão, algo me diz que na próxima época teremos todos os motivos para sorrir.

Termino por aqui a minha participação no BiBó PoRtO. Queria agradecer ao Administrador a confiança que depositou em mim, aos Colegas de blog pela sempre interessante troca de ideias e perspetivas, e claro, a todos aqueles que acompanharam as minhas crónicas.

Um Muito Obrigado a todos!!!

E sábado... É PARA TRAZER O CANECO, CARAGO!!!

PS. Como ilustração final, deixo o nosso (futuro ex-)capitão. Tudo menos consensual. Exasperou-nos com os seus erros. Deu-nos a maior alegria da última meia dúzia de anos. Não consigo encontrar melhor figura para exemplificar o instável passado recente portista. Façamos votos que o futuro seja bem mais radiante. Para ele... e para nós! Até Sempre!

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