17 abril, 2016

OS DOMINGOS À TARDE, AS QUARTAS-FEIRAS EUROPEIAS E A MEDIÇÃO DO PORTISMO.

http://bibo-porto-carago.blogspot.pt/

Tenho 42 anos, feitos anteontem. O meu nome é Pedro Cardona. Escrevi e escrevo sempre neste magnífico espaço, recheado de gente boa, com o nickname 4LUSOS. Mas não me escondo atrás de um computador, de uma tela ou de um nome falso. Eu existo, dou a cara e não sou cobarde como muita gente infelizmente mostra em muitos outros espaços.

Começo este último post por aqui para deixar bem claro que a minha postura é e foi sempre a mesma onde quer que esteja. Seja em casa, no café, no estádio, em tertúlia ou no emprego. Há gente que não gosta de mim mas também há gente que gosta. E é este último grupo que a mim me interessa. O outro grupo que se amanhe, é para o lado que durmo melhor. Não sou politicamente correcto nem gosto de o ser mas respeito diferentes posturas e formas de pensamento distintos dos meus. Não tenho nada contra ninguém, nem é isso que me move. Se fosse isso, coitado de mim, estaria a perder o meu tempo precioso.

Isto a propósito de medição de portismos. Vivemos uma fase muito má da história do clube em que cada um dá o seu bitaite e cada um opina segundo as suas convicções. Falo apenas daqueles que são verdadeiramente portistas. Os que opinam ou “botam faladura” apenas para criar divisões e confusões, com esses nem vale a pena perder o meu tempo.

Em cada crónica – das muitas que escrevi - fui visado, fui insultado por mensagem privada mas também fui elogiado e tive palavras de concordância para com as minhas prestações. Como em tudo na vida, as coisas são mesmo assim. Quem não quiser assim, que não ande à chuva para não se molhar. Quem quiser agradar a todos, pois esqueça e deixe-se estar no seu cantinho que é melhor.

Quando fui convidado para ser colaborador deste blogue, numa primeira fase, com a exposição e partilha da maior videoteca particular conhecida, e numa segunda fase como cronista dos jogos de futebol da equipa principal do nosso clube, sabia muito bem o que me esperava.

Foi com um objectivo e uma missão que aceitei este desafio. Escrever sobre o FC PORTO e defender o clube da forma que sei, da forma como o vivo e da forma como o vejo e penso. Confesso que cresci e aprendi muito com ilustres colaboradores e ilustres amigos deste espaço pois se assim não fosse não teria de forma alguma aceitado tão honroso convite.

Abandonaria de imediato essa responsabilidade ou então rejeitaria liminarmente fazer parte do que quer que fosse neste projecto. Mas sabendo também e conhecendo este espaço de excelência, não foi nada difícil aceitar tal convite. Pena a colaboração terminar agora, não por minha vontade, não sei se em definitivo, mas pelo menos por enquanto. Com muita pena minha, com toda a sinceridade!

A medição de portismos é estúpida, é pretensiosa, é elitista, é selectiva… Há muita gente que se intitula mais portista do que outros e fazem ver isso de forma descarada e arrogante. Ou somos por esse tipo de gente e vamos atrás da “carneirada” ou então somos contra esse tipo de gente e não somos portistas, apenas queremos criar divisões, confusões e lampiões.

A esses eu digo que tenham lá calma que não há ninguém que me vai dizer que eu não quero o bem do FC Porto. Nem eu admito isso. Seja com o presidente A, B ou C. O que quero é vencer, o que quero é que o clube progrida, o que quero é que o clube seja cada vez melhor a cada dia. E quero que ninguém se coloque acima do clube. Isso é o que quero.

Mas isso não invalida que deixe de criticar, que deixe de fazer as minhas análises ou que deixe de mostrar a minha insatisfação perante situações que são criticáveis. Não invalida que também que se alerte para o que se passa de menos bom no clube. Concorde-se ou não!

Mas não! Muita gente vem, não raras vezes, com a história de que com esta postura só se contribui para a divisão e para o enfraquecimento do clube. Errado! Completamente errado. Pura ilusão! E mais errado se torna, se unidos significar ser coniventes com o que de mal se estiver a passar. E é isto que muita gente confunde.

A contestação deve estar sempre presente para funcionar como um alerta e não devemos entender a contestação como uma divisão, como o bota-abaixo ou o semear da confusão. Se não houve contestação, então aí as coisas ficarão muito complicadas. A contestação a ser feita é agora, é quando as coisas estão mal e pretendemos com ela mudar o que está mal ou levar as pessoas a mudar. É nesta base que me situo e é nesta base que SEMPRE me situarei. Porque quando foi para elogiar e para dizer bem, também estive sempre presente. E continuarei a estar com certeza.

Que fique bastante claro porque eu penso e sempre pensei pela minha cabeça, analiso (mal ou bem) as situações mas há uma coisa que nunca ninguém me vai tirar: o meu livre arbítrio! Quero também deixo bem sublinhado que sou pessoa para dar a mão à palmatória quando reconheço que estou errado.

Posto isto, comunico novamente que deixarei de escrever neste espaço e vou aproveitar para trabalhar a fundo no meu projecto sobre as malhas e equipamentos bem como sobre a história do FC Porto. Além disso, conto regressar ao meu cantinho onde cresci e onde aprendi a ser FC PORTO desde o verão quente de 1980.

As minhas memórias dessa altura são muito nebulosas, descontinuadas, talvez um pouco confusas e perdidas no tempo. Tenho memórias também muito suaves dos jogos do FC Porto com o Sporting e Benfica de 81-82 e 82-83 que acompanhei via radio e também da eliminatória de 82-83 com o Anderlecht que foi o primeiro murro sentido no estômago. Estas são algumas das memórias soltas que pairam no meu baú de recordações.

Mas foi verdadeiramente a partir do verão de 1983 que comecei a seguir o clube consistentemente quando pela primeira vez entrei no antigo e saudoso estádio das Antas pela mão do meu Pai para assistir ao primeiro jogo ao vivo.

No dia 29-07-1983 assisti ao jogo de apresentação aos sócios contra o Servette da Suíça, jogo que vencemos por 3-1. E é com esta parte que quero dar seguimento a esta extensa crónica para me despedir de quem acompanha este espaço de uma forma regular.

Estávamos numa noite quente de verão. O FC Porto apresentava-se para a nova época de 1983-84. Uma época com esperanças renovadas e em que se acreditava no título nacional que já fugia a caminho da 5ª época. Foi esta a primeira época em que registei as primeiras memórias mais nítidas e que me causam uma nostalgia indescritível.

Não vencemos o campeonato nessa época por 3 pontos de diferença, no qual sofremos apenas 9 golos em 30 jogos mas vencemos a Taça de Portugal, a Supertaça e estivemos na nossa primeira final europeia em Basileia contra a equipa do moralista e paladino da verdade e da sinceridade intocável que agora se encontra a pagar pela sua conduta irrepreensível.

Os jogos acompanhava-os sempre pela radio época após época. Os jogos não eram televisionados. Não, não ia ao estádio! Não tinha a facilidade de me deslocar às Antas como muitos de vocês, uma altura em que atravessar o Marão era um sacrifício terrível para mim. Por motivos de saúde, nos primeiros anos de vida deslocava-me semanalmente às quintas-feiras ao Porto para regressar a Vila Real no dia seguinte. Eram viagens de grande sacrifício em que enjoava grande parte do caminho e as viagens pareciam demorar o dobro do tempo real. Quem me dera que essas viagens de sacrifício fossem feitas para ir ver o nosso PORTO ao nosso saudoso estádio. Mas não! Foram sim, viagens por motivos de força maior.

Mas, voltando ao que é ser FC PORTO segundo o meu ponto de vista, recordo com bastante saudade e lágrima no canto do olho as tardes de Domingo de futebol e as noites de 4ª feira de competições europeias com a Frente Desportiva e a Radio Placard narradas e relatadas por grandes nomes da radio como são os casos de Gomes Amaro, Óscar Coelho e Fernando Maciel. São momentos inesquecíveis, agarrado ao radio lá de casa a pilhas com o som no máximo ao ponto de incomodar o vizinho quando o golo chegava acompanhado com o musical “Que bonito é…”. A recordação nostálgica dos passeios de carro com os meus pais aos Domingos à tarde pela cidade de Vila Real e arredores com a radio a relatar o que se passava nos relvados e pelados deste país.

Golos de Jacques, Gomes, Walsh, Vermelhinho, Futre, Jaime Magalhães, Frasco, Sousa, André, Juary, Madjer, Rui Barros, entre muitos outros…. A ansiedade com que aguardava a noite para ver o Domingo Desportivo apresentado pelo saudoso Manuel Fernandes, de forma a ver os golos e as jogadas principais de cada jogo, a compra do meu primeiro gravador VHS com que iniciei as gravações por 90 contos (450€), o nascimento da minha videoteca, a construção de uma colecção que jamais imaginaria que ainda hoje perdura, são algumas das memórias inapagáveis do meu íntimo.

Gostaria muito de voltar a ouvir os relatos de outrora ou então transportar alguns deles para os poucos jogos televisionados da altura e que constam na minha videoteca particular. Seria uma forma de recordar e de reviver os mais belos feitos do DRAGÃO.

Quando um jogo era televisionado era uma festa lá em casa. Era um grande dia, um grande acontecimento, bem como uma noite de 4ª feira de competições europeias, mesmo com os jogos acompanhados apenas pela radio. Os dias na escola pareciam não acabar quando era dia de jogo. Estava na sala de aula a imaginar os resultados, como seriam os golos, quem seriam os marcadores, simulava num pedaço de folha quadriculada ou de linhas as jogadas, idealizava o onze inicial e respectivas substituições. Eh pá, que saudades!

Lembro-me muito bem do meu Pai deslocar-se à minha escola primária a meio da tarde para me ir buscar e correr para casa para ver o jogo de Donetsz, a Páscoa passada no Algarve a ver os heróis de Aberdeen pela tv, sair a sprintar da escola secundária no 7º ano em direcção a casa para ver o jogo em Brondby… Enfim, não vou continuar porque senão emociono-me.

Alguns momentos que guardo com uma nitidez impressionante nas minhas memórias e que me marcaram pela positiva ou pela negativa, para além dos já citados anteriormente, passam pelas eliminações do Zagreb e do Rangers nas Antas pela margem mínima; pela reviravolta nas Antas e qualificação frente ao Donetsz; pelos confrontos com o Aberdeen que nos permitiram ir a Basileia; pelos roubos de Prokop e Langenhove; pelas maiores enchentes de sempre nas Antas com Belenenses 85 e Covilhã 86; pela noite de Juary frente ao Barcelona ou o jogo de grande carácter em Amesterdão na mesma época; pelas idas a Brondby e Kiev; pelas vitórias na Luz 85 e em Alvalade 86; pela vitória do campeonato em Setúbal; Viena, Tóquio, novamente Amesterdão; pela bomba no hotel e a banheira de Roterdão; pelos 5 de Bremen; pela morte do Rui Filipe; pela supertaça na Luz; o TRI, o TETRA, o PENTA; Sevilha, Gelsenkirchen, Yokohama, Dublin; pela rega e o apagão na Luz e a remontada no galinheiro; pelo momento Kelvin…

Poderia estar aqui a dissertar e falar em cada um destes momentos inolvidáveis e outros não citados mas não chegaria um livro quanto mais uma crónica. É disto que eu tenho saudades, de ver um Porto à Porto, um Porto com jogadores que nos fizeram crescer, acreditar, vencer e ultrapassar barreiras e fronteiras. Um Porto que jamais voltou a sentir-se derrotado só pelo facto de atravessar a ponte.

Onde está esse FC Porto? Onde estão jogadores carismáticos que fizeram a identidade do FC Porto? Onde está o seu ADN? Onde está o equipamento branco com duas faixas azuis costas-frente único no mundo que era outra das grandes identidades do clube?

Pensem no FC Porto dos últimos 30 anos. Pensem o que aconteceu ao FC Porto até 82, visto como um clube de província, simpático, que aparecia amiúde na Europa e transformado pós-82 num dos clubes mais respeitados do Velho Continente. Reflictam, analisem, refresquem a memória e vejam naquilo em que se está a transformar presentemente.

Um bem haja a todos, com uma palavra especial ao mentor deste grande espaço - o Blueboy - a quem devo a minha participação e a oportunidade que me deu de ter feito parte de um projecto que considero de grande envergadura, de conhecimento, de aprendizagem e partilha, que será infindável e que permitiu criar uma espécie de família onde os laços de amizade e solidariedade estiveram sempre presentes.

Entrei neste blogue em Setembro de 2011 e escrevo a minha última crónica a 16 de Abril de 2016. São quase 5 anos num espaço que completará no próximo mês dez anos de existência.

Um abraço! Vemo-nos por aí.

--» O MEU ARQUIVO: todos os meus textos AQUI e AQUI.

7 comentários:

  1. Boa tarde amigos portistas hoje começa um novo futuro mais azul temos de tar unidos contra tudo e contra todos juntos somos mais fortes.

    ResponderEliminar
  2. Pedro (permita que o trate assim). Percebi tudo que escreveu. Eu também ando por cá há muito. Tenho 77, portanto ando mais ou menos há 70. O meu caro deve ter visto nos Encontros da Bluegosfera, ou lido as minhas crónicas (uma por semana) no Místicaazulebranca) desde 2010.
    Este blogue é considerado no meio dos inúmeros blogues portistas. Sei que é lido pela pasquinada fiel serventuária dos nossos inimigos.
    Desculpe lá! Mas que raio de "culpa" tem este blogue para que o meu amigo o abandone quando mais precisamos de todos? Que raio de vírus aqui entrou que estão todos (e são excelentes comentadores) a desistir?
    Já nem os consigo contar. Lembro-me assim de repente da Miss Blue Bay, do Delindro, do RCBC, do Pedro Pereira, eu sei lá...)!
    O que será preciso fazer para vos pedir que não desistam agora? Eu penei 19 anos e nunca desisti. Eu e muitos mais. Por favor peço a todos que lêem este desabafo que reconsiderem. Por favor! Abraço Portista.

    ResponderEliminar
  3. "A medição de portismos é estúpida, é pretensiosa, é elitista, é seletiva… Há muita gente que se intitula mais portista do que outros e fazem ver isso de forma descarada e arrogante. Ou somos por esse tipo de gente e vamos atrás da “carneirada” ou então somos contra esse tipo de gente e não somos portistas, apenas queremos criar divisões, confusões e lampiões."
    Pedro, subscrevo na íntegra. Pedro, Amigo: apenas um grande obrigado e um abraço AZUL-E-BRANCO MUITO FORTE.
    Fernando

    ResponderEliminar
  4. Este foi o primeiro Blog da bluegosfera que comecei a acompanhar, e desde o primeiro dia "encontrei" Portistas que me fizeram aprender a viver o FC Porto de uma outra forma, mais pura, real e ainda mais apaixonada, conhecendo as histórias dos blogers e conhecendo ainda melhor a História deste Nosso Clube.

    Como maior parte da equipa deste blog já não escreverá mais, espero que se encontre outras pessoas que continue a dar pernas a este grande blog de eleição.

    Pararei aqui diariamente, como sempre faço, à espera de encontrar mais um grande post.


    Comentando o referido post, acho que não há muito a acrescentar, ou mesmo nada.
    Mais um grande história, com a sua paixão sempre pura, e sempre com uma grande memória.

    O futuro tem de nos continuar a dar-nos este tipo de sentimentos.

    E Bibó Porto!!!

    ResponderEliminar
  5. Este blogue fazia já parte dos locais clássicos da blogosfera portista. Um dos que eu visitava sempre, lendo tudo, naturalmente. Embora com tantos sites e blogues de leitura, ultimamente não costumasse comentar, a não ser em casos mais especiais. Mas, como digo, sempre atento.
    Entendo que tudo tem um tempo e tanta azáfama também desgasta. Por isso é que eu nunca pretendi um blogue pessoial muito regular, pela minha parte, mas somente quando tenho disposição e motivos para escrever e apresentar. E mesmo assim não faltaram já momentos de pensar em parar, também. De qualquer forma, incentivo aqui o amigo Paulo e seus companheiros a pensar em continuar logo que possivel.
    Abraço
    Armando Pinto
    Memória Portista

    ResponderEliminar
  6. @ 4lusos.

    obrigado, muito obrigado, imensamente obrigado.

    a amizade, o respeito e gratidão, manter-se-ão com toda a naturalidade... quanto a nós, como é óbvio, vamo-nos continuar a encontrar por aí, nos sítios do costume.

    "Quem Não Sabe Porque Ganha, Não Sabe Porque Perde"

    aMigo, aQuele aBraço!

    ResponderEliminar
  7. Tenho acompanhado este blog e gosto de muitas coisas que aqui são escritas, outras não, mas não é por isso que somos mais ou menos portistas. Agradeço a todos aqueles que escrevem nos blogs portistas, porque ajudam a divulgar o nosso clube. Eu sou portista desde que nasci há 62 anos e vou continuar até morrer.Viva o FCP vivam os Portistas.
    Um Abraço para todos
    Manuel da Silva Moutinho

    ResponderEliminar