18 julho, 2017

O PODER DA (DES)COMUNICAÇÃO.


43 anos após a queda da ditadura, a minha geração, bem como as mais novas, tiveram finalmente um cheirinho do que era a censura no tempo de Salazar e Marcelo. O famoso Lápis Azul. Nesse período nefasto da nossa história, nenhum tipo de conteúdo, fosse ele escrito, visual ou oral, poderia ser publicado ou emitido sem o aval dos censores, sendo utilizado para o efeito um lápis de cor azul, para eliminar os trechos (ou a totalidade) do conteúdo que não se adequava ao pensamento político, ideológico ou moral do regime.

Qual remake cinematográfico, em pleno século XXI, grande parte dos nossos principais meios de comunicação social, quer desportivos, quer generalistas, optaram voluntariamente nesta onda revivalista, substituindo apenas o lápis azul, pela cor vermelha, bem como os censores pelos cartilheiros. Só este saudosismo ditatorial pode explicar o silêncio e timidez com que os canais de TV generalistas, jornais desportivos, bem como a esmagadora maioria da restante comunicação social, dedicaram ao maior escândalo do desporto nacional. O caso dos E-mails. Uma teia de compadrios, jogos de interesse, prostituição, espionagem, chantagem e controlo de todo o circuito da arbitragem nacional, e Liga de Clubes, por um clube da 2a circular lisboeta.

Graças ao brilhante trabalho de Francisco J. Marques, também ele estrategicamente silenciado, o Colinho e o Polvo deixaram de ser apenas palavras ao vento, para passarem a ter uma base factual de registos e troca de comunicações que suporta toda a vergonha que víamos dentro das 4 linhas.

Contudo, não fosse a revelação Nhaga, aquela brincadeira de descompressão ter vingado no anedotário nacional, e o tema ter-se-ia esfumado nas cinzas dos eucaliptos e nos falhanços do SIRESP.

Cabe-nos a nós - Portistas - nunca deixar este fogo se extinguir. Só assim o slb poderá um dia conhecer o inferno pelos seus actos.


Em sentido bem contrário, este foi o fim de semana em que - mais uma vez - foi confirmada a ilibação do nosso clube das acusações do infame processo do Apito Dourado. A consequência mais visível desta decisão, é a restituição dos 6 pontos que nos tinham sido retirados na época 2007/08. Mais do que justa, peca apenas por demasiadamente tardia.

Curiosamente, ao folhear a edição do Jornal i de ontem, esse órgão de imprensa tão distraído para os atuais casos de corrupção desportiva, deparo-me com uma reconstituição histórica digna do CSI, dos acontecimentos que levaram às acusações a Pinto da Costa e ao árbitro Augusto Duarte, base do processo Apito Dourado, artigo sugestivamente titulado de "Apito Dourado. Regresso inevitável à negra noite da Madalena".

Poderíamos questionar o "Porquê" do timming absolutamente despropositado do artigo, se não reparássemos neste pequeno trecho do currículum do seu autor:

Afonso de Melo, (...) É colunista do jornal «O Benfica» e colaborador da «BenficaTV». Foi investigador e fornecedor de dados e de textos para o Museu Cosme Damião.(...)
In Wikipédia
A boa notícia para o escritor da peça, é a existência de uma vasta oferta de medicamentos para a azia, capazes de o aliviar dessa maleita.

A má notícia para todos nós, é a total promiscuidade que reina na nossa comunicação social, pejada de peões e quejandos, pouco importados com o brio a que a sua carteira profissional obriga.

Descendo ainda mais no esgoto dos media, encontramos o grande campeão desta área, o Correio da Manhã.

Na passada sexta-feira, 14, abriam eles as hostilidades com mais uma das suas aberrantes capas:


Para não nos acusarem de facciosismos, transcrevo a notícia que suporta esta capa, de um jornal bem nosso "amigo". O Maisfutebol:

"A Polícia Judiciária informou nesta quinta-feira, através de comunicado, que deteve oito pessoas no âmbito da «operação petardo» e na qual as autoridades realizaram 34 buscas a residências e oficinas de pirotecnia e que visou claques de futebol.

«No âmbito da investigação foram identificadas atividades ilícitas relativas ao fabrico e venda de artigos pirotécnicos, ao tráfico de armas e a comercialização e utilização de petardos e tochas de fumo em recintos desportivos», lê-se no comunicado, já depois de a TVI ter noticiado que a ação estava em curso.

As autoridades acrescentaram ainda que «estão sob investigação os incidentes ocorridos em Braga após o jogo de futebol entre o S.C.de Braga e o V. de Guimarães».

O comunicado explica que este caso se relata a 22 de janeiro, dia em que «foi atingido com disparo de arma de fogo o autocarro que transportava funcionários da empresa de segurança que presta serviço no Estádio do S. C. de Braga».

Refira-se que a PJ cumpria seis mandados de detenção, mas dois indivíduos foram detidos em flagrante delito - a agência Lusa noticiou nove inicialmente, citando fonte da PJ - e que os detidos têm idades compreendidas entre os 27 e os 53 anos."
Então? Onde estão os actos dos Super-Dragões na notícia? Absolutamente ZERO correlação com os SD.

Off the record, todos nós sabemos que as maiores claques nacionais têm os seus contactos e negócios de aquisição de material pirotécnico. Os Super Dragões não serão decerto excepção. Contudo, esta discriminação abominável e nojenta com que o Correio da Manhã persegue tudo o que é relacionado com o Futebol Clube do Porto, com o intuito único de nos colar como arruaceiros, maus da fita ou corruptos, há muito que deveria ter sido punida pela justiça, ou no mínimo por uma ERC (Entidade Reguladora para a Comunicação Social). Não estamos aqui a falar de liberdade de imprensa. O termo mais correcto seria bullying. Na manifesta improbabilidade disso vir a acontecer, resta-nos desejar que os postes deste país continuem a prestar os seus bons serviços na observação e punição das infracções às normas deontológicas desta classe.

Curiosamente, da claque que melhor sabe dar uso criminoso a petardos em Portugal, nem um simples esboço de referência...

Pelos exemplos muito recentes aqui expostos, facilmente chegamos à conclusão que o Polvo não é apenas um clube lisboeta. Ele é toda uma instituição omnipresente que nos cerca e entra diariamente nos nossos lares. O maior contributo que poderíamos dar para a sua vitória será lutarmos uns contra os outros. Os actos do passado, presente e futuro poderão (e deverão) ser julgados em 2020. O presente, esse tem que ser de UNIÃO. De todos. Incondicionalmente!

Cumprimentos Portistas.

1 comentário:

  1. A Comunicação Social, esse 4º poder que exerce tanta influência em relação à sociedade quanto o Legislativo, Executivo e Judiciário. Lamentar que, no campo desportivo neste paraíso à beira mar plantado, mais não seja do que, mais um, tentáculo do já famoso polvo encornado, que no oposto em relação a tudo o resto, sobre esses, não analisa, não denuncia e não investiga, não cumpre o seu papel de levar ao conhecimento do público, os atos ilegais e ilícitos, corruptos e incorretos desses mesmos. Sempre foi assim, assim continuará... tal como nós continuaremos a nossa luta no combate a esses carneiros.

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