MARITIMO-FC PORTO, 0-1
O FC Porto cumpriu com a sua obrigação e deu um passo decisivo para conquistar o título de campeão nacional. Entrando no reduto do Marítimo, o Dragão sabia que tinha pela frente um jogo muitíssimo complicado de contornar.
Os Dragões vinham com intenção de entrar fortes no jogo. Apesar dessa intenção, o FC Porto não conseguia traduzir esse objectivo em termos práticos. Os insulares resistiam e tentavam responder dentro das suas possibilidades. Nos minutos iniciais, Soares criou um lance de muito perigo mas o remate saiu fraco e depois Brahimi tentou alvejar a baliza contrária mas sem sucesso.
O Marítimo sentiu essa pressão e respondeu na mesma moeda. Partiu para o ataque tentando o golo. Casillas teve que se aplicar aos 12 minutos para evitar o golo da equipa da casa num cabeceamento de Cléber.
O jogo passou a ser equilibrado, com predominância na posse de bola da parte dos Dragões. Apesar disso, o jogo portista pautava-se por alguma lentidão dos seus jogadores ou, quiçá, uma estratégia calculista no assalto à baliza maritimista
Até que perto do intervalo, Sérgio Oliveira desmarcou, em profundidade, Soares. Este foi empurrado por um defesa contrário e, na sequência imediata, o guarda-redes Amir derrubou o ponta-de-lança portista à saída da área. O árbitro expulsou o guarda-redes insular e o jogo mudou completamente a partir daí. O jogo passaria a ser de predominância azul-e-branca e acreditava-se que o golo seria uma questão de tempo.
Na etapa complementar, o jogo foi de sentido único. O FC Porto mostrava uma avalanche ofensiva bastante intensa perante um Marítimo que defendia com tudo e como podia. Marega, Soares e Brahimi desperdiçaram boas oportunidades, bem como Otávio que viu um defesa contrário salvar um golo feito em cima da linha de baliza.
O tempo passava e a equipa portista começava a acusar nervosismo. O golo não aparecia. Sérgio Conceição decidiu mexer na equipa retirando Otávio e Sérgio Oliveira e colocando Corona e Óliver. O jogo não atava e nem desatava. A equipa não imprimia velocidade nas investidas ofensivas. O Marítimo ia chegando para as encomendas.
Gonçalo Paciência foi a última cartada lançada por Sérgio Conceição que rendeu Brahimi. Até que aos 89 minutos, na cobrança de um canto superiormente cobrado por Alex Telles, Marega subiu ao segundo andar e de cabeça bateu o guarda-redes da casa.
Festa, loucura, alegria e euforia… O FC Porto acabava de dar um gigante passo rumo ao título. Um ponto separa agora os Dragões do grande objectivo da época. O jogo terminaria alguns minutos depois, havendo ainda tempo para nova expulsão de um jogador do Marítimo quando Gonçalo se escapava isolado para a baliza contrária.
Os Dragões podem carimbar o título na próxima jornada. Basta um empate em casa frente ao Feirense, no próximo Domingo. Mas a equipa azul-e-branca poderá fazer a festa na véspera, caso o jogo entre os rivais da segunda circular se traduza num empate.
DECLARAÇÕES
Sérgio Conceição: "Nunca pensámos no empate"
Elogio ao adversário
“Era um jogo complicado, jogar aqui na Madeira nunca é fácil. O Marítimo tem sempre equipas competentes. Aqui em casa, esteve muitos meses sem perder. Sabíamos da tarefa difícil que tínhamos pela frente. Muitas vezes, tudo aquilo que é preparado não é colocado em prática, é normal a ansiedade que senti na equipa na primeira parte. Os jogadores tiveram um espírito fantástico, sempre equilibrados defensivamente. Na segunda parte criámos oportunidade atrás de oportunidade, até chegar o golo merecidíssimo já no final. A expulsão facilitou a nossa tarefa mas era preciso ir à procura dessa facilidade, porque as equipas muitas vezes ficam com dez e fecham-se mais, são mais solidárias. As substituições que fiz foi sempre no sentido de dar algo mais à equipa. Penso que foi uma vitória justíssima da minha equipa."
Pensamento na vitória
“Quisemos ganhar, eu fiz as substituições para ganhar. Comecei por meter o Otávio pelo meio, para não dar referências dos dois avançados. Depois senti que o Otávio não estava a ser feliz e meti o Corona, que é profundamente ofensivo. Com o Sérgio já com algum desgaste, quis aproveitar a qualidade de circulação do Óliver. Por fim, o Gonçalo, com o Corona na esquerda, Marega à direita e dois homens fortes na frente. Nunca pensámos no empate, pensámos sempre em ganhar o jogo."
Ainda não acabou
“A festa é normal de uma equipa que trabalhou bastante para ganhar o jogo. Temos a consciência que isto ainda não acabou, ainda nos falta um ponto para sermos campeões. Aqui não há festas antecipadas, temos respeito pelos rivais, pelo Benfica, pelo Sporting. Não se deve festejar antes do tempo. Saí contente pela vitória sofrida, estou muito contente por dentro. Nós focamo-nos no nosso trabalho, nas nossas tarefas no jogo. Por vezes é difícil conseguir vitórias, esta é uma equipa chata a defender, forte de frente para o jogo, mas fomos à procura da vitória e conseguimos. Isto ainda não acabou. Não me apetecepassar a imagem que seja um discurso de fim de época, porque ainda faltam doisjogos, mas estamos contentes porque o Marítimo valorizou muito a nossa vitória,foi uma vitória muito difícil. Surgiram estes festejos como surgiram na Luz, quando marcámos um golo no final, frente a um adversário difícil. Não quero hipocrisia no meu discurso, sabemos que estamos perto do grande objetivo da época, mas que ainda não conseguimos coisa nenhuma."
Felipe triste com a suspensão
“O Felipe é um jogador fantástico, um verdadeiro campeão. Fez uma falta em que viu um amarelo. Se estivéssemos com bola se calhar aquela falta não teria de acontecer. Não gosto de dizer o onze mas posso aqui adiantar que, não estando contra o Feirense, o Felipe estará no onze contra o Vitória.”
Sem adeptos o clube não existia
"Os grandes clubes vivem pelos adeptos, por uma moldura humana tão apaixonada e sempre tão perto da equipa. Joguei no FC Porto em 1996, já lá vão uns aninhos, e havia também esta ligação entre a equipa e os adeptos. Nós queremos ganhar sempre, sabendo que não podemos ganhar sempre. Os adeptos sabem retribuir essa entrega, essa dedicação. O acompanhamento da equipa foi um momento muito importante para nós, antes do jogo com o Benfica e agora antes do jogo com o Marítimo. Os jogadores sentem isso, este grupo sente muito a presença dos adeptos. Os adeptos não são o 12.º jogador, se calhar são o 1.º, como alguém dizia, porque sem eles o clube não existia.”
RESUMO DO JOGO