15 agosto, 2017

A DIFÍCIL HERANÇA DE SÉRGIO.


É indesmentível que, dois meses após a apresentação de Sérgio Conceição, os sinais da equipa são positivos, não sendo brilhantes, nem fantásticos, creio que nenhum Portista poderá estar insatisfeito com aquilo que viu na pré-época e com aquilo que viu nos primeiros dois jogos do campeonato.

Porém, há coisas que admito continuam a desagradar-me e outras que mais do que desagradar, irritam-me profundamente e entram no campo dos fenómenos inexplicáveis.

Não creio que os mais de 70 milhões provenientes da venda de jogadores constituam uma notícia verdadeiramente positiva para o universo Portista. Acho que era imperioso ter feito um encaixe bem superior e que era necessário limpar de forma mais efetiva uma folha de jogadores, dos quais vários deles são de uma mediocridade que devia fazer corar quem decidiu a sua contratação para um clube com a enorme dimensão do FC Porto. É indesmentível também que só um encaixe de mais de 100 milhões de €, teria permitido um ataque ao mercado para suprir algumas das óbvias necessidades do atual plantel, mas também já se percebeu que é quase impossível fazer encaixe significativo com os excedentários que restam, sim porque fazer encaixes com bons jogadores é muito mais fácil.

Infelizmente, cometeram-se muitos erros nos últimos anos, gastaram-se muitos milhões de € em jogadores sem qualidade para um clube como o FC Porto, errou-se, por isso, muito na gestão desportiva, para além do adormecimento comunicacional (problema resolvido e bem pelo atual diretor de comunicação, honra lhe seja feita!), aproveitado pelos outros, das mais variadas formas, legais, ilegais, pouco éticas, nada éticas, etc…

Não espanta, porém, que alguém tenha querido levar Ruben Neves por 18 milhões, mas que ninguém queira Herrera por uns 15 milhões, que Adrian Lopez se mantenha no seu enésimo empréstimo porque ninguém o quer a titulo definitivo por um valor minimamente aceitável, que Jose Angel tenha saído a custo zero e que fazer algum encaixe financeiro com Abdoulayes, Suks, Buenos ou Zé Manuéis seja tão provável como acertar na chave do Euromilhões.

Por tudo isto, não posso também deixar de elogiar fortemente Conceição pelo discurso que tem tido, contrariamente ao fraquíssimo conteúdo do discurso de NES. Conceição tem um discurso que é ao mesmo tempo otimista, mas que foge da monotonia de um discurso feito de lugares-comuns e afirmações que não acrescentam coisa nenhuma. Mais do que lamurias relativamente do que falta, Conceição tem sabido trabalhar com o que tem, potenciar o que é possível e esconder ao máximo aquilo que é menos bom.

Mas de uma coisa ninguém tenha duvidas, por mais defeitos ou criticas que se lhe possa apontar, é evidente que a herança de Conceição não é fácil dados os condicionalismos financeiros em consequência de muito disparate cometido. Conceição não dispõe, nem disporá dos milhões de € que todos os anteriores treinadores tiveram, por isso não coloquem, uma vez mais, nas costas do treinador todas as responsabilidades de um eventual insucesso. Até porque um eventual sucesso, com os mesmíssimos jogadores das ultimas 4 épocas sem títulos, dever-se-á, sobretudo, ao treinador!

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