14 fevereiro, 2018

FURACÃO ASSOLOU O DRAGÃO.


FC PORTO-LIVERPOOL, 0-5

O FC Porto viveu a pior noite da sua história em jogos efectuados em casa. O Dragão foi copiosamente goleado pelo Liverpool e não há nada que se possa dizer para contestar ou contrariar tamanho volume no resultado. Os azuis-e-brancos fizeram a pior exibição da época e um conjunto de situações e erros clamorosos ditaram um resultado de cinco golos sem resposta. A equipa pareceu ruir como um castelo de cartas e quando assim é não há nada a fazer. Apenas lamentar, olhar em frente e arrepiar caminho porque ainda há quase tudo em jogo na presente época para conquistar.

Antes de ir ao jogo, quero debruçar-me sobre situações que vivi no Estádio e outros episódios a que assisti e que me enojaram. Para começar, devo dizer que, independentemente do resultado, estou e estarei com a equipa até ao fim. Não é este resultado que fará com que me vire contra a equipa ou que vá fazer críticas de ânimo leve, estilo adepto-pipoqueiro.


Tive uma noite muito difícil no Dragão ao ver o meu clube ser “esmagado” por um histórico clube inglês. Doeu, doeu bastante ver como o FC Porto foi completamente “engolido” e subjugado ao colosso britânico no seu próprio reduto. Doeu ser brindado com a maior goleada sofrida em casa em todas as competições. Nunca o FC Porto tinha perdido por cinco golos de diferença no seu Estádio em qualquer competição. Sentimo-nos impotentes e sentimos que é nestas horas que devemos estar com a equipa, a apoiar a equipa e mostrar que estamos com ela. Foi isso que eu fiz. Apoiei e estive com a equipa até ao final.

Mas não foi isso que vi numa parte significativa dos pseudo-adeptos portistas. Vi pessoas a abandonar o Estádio quando o Liverpool fez o 3-0. Estávamos com 53 minutos de jogo. Vi pessoas a abandonar o Estádio aos 70 minutos quando o resultado passou para 4-0. Vi pessoas a reclamarem os seus lugares nas bancadas por estarem a ser ocupados por outros que tinham comprado bilhetes para outros lugares e minutos depois esses lugares encontravam-se vazios.

Vi e ouvi comentários anedóticos, idiotas a vociferar asneiras a toda a hora, a assobiar e a insultar os jogadores da nossa equipa de cada vez que perdiam uma bola ou falhavam um passe. Vi, no final do jogo, palerminhas pedirem as camisolas aos jogadores do Liverpool. Vi e li muitos comentários de pseudo-portistas que mais parecem um bando de lampiões a pedir a cabeça do jogador A, B e C e do treinador. Li coisas dignas de um mentecapto. Vi e ouvi muita coisa inenarrável para esta crónica que me deu vómitos, causou-me asco e criou em mim um nojo tal que me recuso continuar a falar disto.


O FC Porto não precisa do esterco destes adeptos. Os Dragões precisam dos adeptos que estejam com eles nas boas e nas más horas. Os adeptos têm obrigação de saber que, mais do que eles, não há ninguém que tenha sentido a derrota como eles sentiram. Deveriam perceber que estas noites podem acontecer a qualquer equipa, até às melhores equipas do mundo. Ninguém está livre delas e o que a equipa e os jogadores precisam depois de uma noite destas, é de sentir o apoio incondicional dos seus apaniguados.

Mas isso não acontece. A esses idiotas que só aparecem nas vitórias, só tenho a dizer uma coisa: “desapareçam porque vocês não são portistas. Vocês são um bocado de trampa que se espalha por certas bancadas e contagia outras pessoas.” Ponham os olhos no Super Dragões e nos Colectivo 95 e também nos restantes adeptos que ficaram lá até ao fim, mostrando um apoio inequívoco a todos os que fazem parte do clube e da equipa. Isso sim é praticar o portismo! Isso sim é ser portista.

O resto é trampa que não serve para nada. A quem servir a carapuça, que sirva. Pode ser que comecem a abrir os olhos mas duvido seriamente que algum dia tenham massa cinzenta para poderem concluir que são uns autênticos idiotas.

Vamos ao jogo. O FC Porto apresentou um onze com um 4x3x3. Na defesa sem surpresas, apenas Felipe ficou de fora por castigo e Marcano, recuperado de lesão, ocupou o eixo. No meio-campo, junto a Herrera e Sérgio Oliveira, surgiu Otávio no apoio a Marega, Soares e Brahimi.

O jogo foi bastante exigente desde o minuto inicial. O FC Porto sentiu um Liverpool imponente, poderoso e sufocante. A equipa inglesa não permitia que o FC Porto iniciasse o jogo desde a sua grande área. Foi então que José Sá começou a colocar a bola com lançamentos longos. E nesses lançamentos e nesse tipo de jogo é que começou a derrota dos Dragões. Passes errados, perdas de bola e lançamentos do guarda-redes mal calculados ditaram a sentença da partida.


No entanto, os azuis-e-brancos tiveram a primeira grande oportunidade da partida aos 11 minutos quando Marega à entrada da área deixou para Otávio e o médio brasileiro, no meio de vários adversários, conseguiu flectir para o meio e rematar contra o pé de um defesa contrário. O Guarda-redes inglês ficou completamente batido e a bola saiu a rasar a trave. Depois disto, o FC Porto acabou praticamente para a discussão da partida.

O Liverpool apertou o cerco ao Dragão que se sentiu sufocado. O FC Porto não conseguia fazer dois/três passos seguidos entre os seus jogadores. As perdas de bola eram constantes e os passes extraviados cada vez mais frequentes.

E foi assim que surgiu o primeiro golo. Bola na área portista com alguma confusão e ressaltos e Mané a rematar para defesa incompleta e muito deficiente de José Sá. Estava aberto o marcador aos 25 minutos. O Guarda-redes portista ficou mal na fotografia. Quatro minutos volvidos, numa bola perdida por Marega (pareceu-me falta) à saída da área portista depois de uma das várias más reposições de José Sá em jogo (esteve completamente perdido), permitiu um remate ao poste de Mané e na recarga, toda a defesa do FC Porto com José Sá incluído, ficaram a ver Sallah a brincar com a bola e a colocá-la na baliza. 2-0 aos 29 minutos era um resultado bastante pesado no Dragão.

Outros lances no jogo surgiram neste espaço de tempo até ao intervalo. Caso tivessem sido concretizados poderiam ter colocado o Dragão a perder de forma estrondosa bem mais cedo. As perdas constantes de bola e as más reposições de bola de José Sá colocaram a equipa numa tremideira que só seria atenuada com uma oportunidade soberana de Soares perto do intervalo com um remate a rasar o poste da baliza inglesa.


Ao intervalo, Sérgio Conceição trocou Otávio por Corona e o FC Porto lançou-se no ataque. Os minutos iniciais da etapa complementar indiciaram uma boa percentagem de bola e de iniciativas da parte dos Dragões, nomeadamente por Corona, mas em termos de efeitos práticos, estas tentativas tiveram resultados nulos.

Por isso aos 53 minutos, o Liverpool sentenciou a partida. Num contra-ataque rápido a bola sobrou para Firmino que rematou para defesa de José Sá mas, na recarga, Mané ampliou para 3-0. Depois assistiu-se ao espectáculo triste e vergonhoso das bancadas. A equipa azul-e-branca foi-se abaixo. Sentiam que era inútil tentar o que quer que fosse. Waris e Gonçalo Paciência entraram para os lugares de Brahimi e Soares mas o jogo não iria mudar. Pelo contrário, iria piorar para a equipa portista. Aos 70 minutos, Firmino fazia o 4-0 após cruzamento da esquerda, depois de Herrera e Corona terem perdido uma bola que originou novo contra-ataque.

E perto do final da partida, aos 86 minutos, na zona central do meio-campo portista, Mané solto rematou fortíssimo sem hipóteses para José Sá. O jogo terminaria pouco depois com mais de metade do Estádio vazio e com os jogadores e equipa técnica reunidos no relvado a receberem o apoio dos verdadeiros portistas que ficaram até ao final.

Este resultado poderá ou não fazer “mossa” na equipa. Vai depender da sua força mental e emocional, mas também dependerá do apoio dos verdadeiros portistas que não deixarão com certeza a equipa cair. O FC Porto tem que virar agora as agulhas para a Liga NOS onde no Domingo defronta o Rio Ave. Preferimos que estejam 20 mil portistas verdadeiros no Estádio do que a presença de mais outros tantos montes de trampa que só lá vão para prejudicar. A esses digo-lhes que fiquem em casa. Já chega! Não precisamos de vós.




DECLARAÇÕES

Sérgio Conceição: “Esta equipa sabe levantar-se”

O jogo
“Não tivemos um dia bom, defrontámos um adversário muito forte, capaz de fazer quatro golos ao Manchester City, que nos criou dificuldades, muitas delas por culpa nossa . Iniciámos o jogo de forma equilibrada, aos 20 minutos já tínhamos criado ali uma ocasião pelo Otávio e não tínhamos sofrido ocasiões de perigo no nosso primeiro terço. Depois, numa tentativa de sairmos rápido, através do nosso guarda-redes, perdemos a bola e surgiu o primeiro golo. E frente a uma equipa como o Liverpool, que ataca muito rapidamente a baliza com três ou quatro jogadores muito rápidos, isso paga-se caro.”

“Tivemos uma boa reação ao golo, mas acabámos por sofrer o segundo golo também por culpa de alguma passividade da nossa parte. A partir desse momento, ficou mais difícil: jogar contra o Liverpool, com o valor que tem, a perder 2-0, foi um golpe duro para os jogadores, é natural que, animicamente, tenham ido um pouco abaixo. Ao intervalo tirei o Otávio, que tinha falta de ritmo, entrou o Corona e entrámos bem. Tivemos uma ocasião de reduzir para 2-1 pelo Tiquinho - e tinha sido importante marcar naquela altura -, mas não o fizemos e depois, em mais uma perda de bola no corredor central, sofremos o terceiro golo, que acabou praticamente com jogo.”

A estratégia
“Fazia exatamente igual. Muitas vezes, eles não disputam a primeira bola, mas na segunda bola são muito agressivos. E por isso entrámos com a equipa num bloco médio, a pressionar na zona que tínhamos definido. As coisas estavam bem até ao primeiro golo, que foi praticamente oferecido.”


A segunda mão
“O mais importante é não cometer os erros que cometemos hoje e ir lá com todo o orgulho, com personalidade e caráter. Penso que estes jogadores não mereciam este resultado, foi um dia mau contra uma grande equipa e quando assim é, fica muito mais difícil. As coisas estão praticamente impossíveis na Champions, há que ir atrás do mais importante, que é o campeonato.”

O objetivo principal
“Quero agradecer a presença e o apoio dos adeptos. Estamos tristes, desiludidos, não há ninguém que esteja mais do que nós. É um jogo para tirar algumas ilações, mas não belisca minimamente tudo o que foi feito até agora em todas as competições. Não podemos esquecer de que somos líderes do campeonato, o nosso principal objetivo, e de que estamos nas meias-finais da Taça de Portugal, o segundo objetivo. Contra o Rio Ave vamos querer mostrar a nossa força nesta competição que é tão importante para nós.”

O símbolo
“Agora temos que honrar este símbolo que temos aqui, que todos nós gostamos, que todos nós amamos e vamos tentar dar uma resposta positiva no nosso principal objetivo, que é o campeonato. Se o FC Porto vai conseguir levantar-se? Já mostrámos no passado, depois da derrota com o Besiktas e depois do Leipzig, que esta equipa tem personalidade e sabe levantar-se.”



RESUMO DO JOGO


1 comentário:

  1. Realmente...a equipa pode não ter tido estofo para ESTE jogo mas... há MUITOS "adeptos" q não tem NENHUM!!!

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