Não, nem sempre foi assim. E quem disser o contrário mente. Houve um tempo em que o Estádio das Antas (e do Dragão) era uma fortaleza inexpugnável.
Era o tempo em que os adversários tremiam só de pensar em vir a nossa casa. Bastava olhar para a cara deles, o olhar amedrontado dentro das camionetas a chegar à Torre das Antas, para perceber que já estavam derrotados. Já subiam ao relvado a perder 1x0. Como se diz na gíria, os tipos já entravam borrados.
Eram abanões às camionetas, petardos, isqueiros. Voava tudo o que aparecesse. Quem sabia assobiar, assobiava. Quem só sabia urrar, como eu, urrava. Berros por todo o lado, confusão a rodos, gritos, cânticos, o nosso papel estava feito. Lá dentro, o ambiente não era melhor. Os balneários dos visitantes não eram limpos de forma propositada, era proibido ao adversário colar cartazes e autocolantes de motivação no seu balneário, não havia cumprimentos nem palavras amigas a quem chegava. O ambiente era, por assim dizer, de guerra. No túnel circulavam miúdos e graúdos a arreliar os rivais, a intimidá-los, a amedrontá-los. Aos jogadores do FC Porto só lhes restava cumprir o seu papel: suar a camisola.
Hoje, como sabemos, as coisas não são assim. Os portistas trocam acusações: uns responsabilizam a Direcção pela perda da mística; outros trocam agressões na internet medindo portismos e atitudes. Há muito que já não somos um. Andamos dispersos e distraídos, apontando caminhos, mas sem descobrir o Norte.
A bluegosfera, para já, é a trincheira do descontentamento, que ainda não se mostra tão visível no estádio. Esse descontentamento, no fundo, tornou os sócios e apoiantes do FC Porto mais apáticos, mais alheados, mais desgostosos, mais desinspirados – tudo aquilo que nunca fomos. Muitos afastaram-se, cancelaram lugares anuais, deixaram de ir ao estádio, já não acompanham a equipa. Dirão alguns que um portista deve sê-lo nas horas boas e nas horas más. Concordo.
No entanto, quando se olha lá para dentro e se vê que o querer de ganhar já não é como antes, como não sentir alguma repulsa e algum desinteresse?
Quando vemos o clube sem estratégia definida, manietado por jogadas menos transparentes, quando por vezes parece que os melhores não jogam, como pedir aos adeptos do FC Porto que continuem a fazer do Dragão a fortaleza que em tempos foi?
Quando o próprio clube se envolve numa querela com um seu antigo Capitão, como pedir aos adeptos que mantenham a mística?
Quando vemos uma formação de grande nível com prata da casa raras ou nenhumas vezes utilizadas e nos apercebemos que o buraco nas contas do clube é exatamente devido a uma aposta excessiva em passes pertencentes a empresários, como querem pedir casa cheia aos adeptos?
Infelizmente, face ao atual panorama do FC Porto, temos todos perguntas a mais e respostas a menos...
Rodrigo de Almada Martins
“Aqui nas Antas ninguém passa, acabamos com a vossa raça”Era o lema. Lembro-me bem, não li em lado nenhum nem ninguém me contou.
Era o tempo em que os adversários tremiam só de pensar em vir a nossa casa. Bastava olhar para a cara deles, o olhar amedrontado dentro das camionetas a chegar à Torre das Antas, para perceber que já estavam derrotados. Já subiam ao relvado a perder 1x0. Como se diz na gíria, os tipos já entravam borrados.
Eram abanões às camionetas, petardos, isqueiros. Voava tudo o que aparecesse. Quem sabia assobiar, assobiava. Quem só sabia urrar, como eu, urrava. Berros por todo o lado, confusão a rodos, gritos, cânticos, o nosso papel estava feito. Lá dentro, o ambiente não era melhor. Os balneários dos visitantes não eram limpos de forma propositada, era proibido ao adversário colar cartazes e autocolantes de motivação no seu balneário, não havia cumprimentos nem palavras amigas a quem chegava. O ambiente era, por assim dizer, de guerra. No túnel circulavam miúdos e graúdos a arreliar os rivais, a intimidá-los, a amedrontá-los. Aos jogadores do FC Porto só lhes restava cumprir o seu papel: suar a camisola.
Hoje, como sabemos, as coisas não são assim. Os portistas trocam acusações: uns responsabilizam a Direcção pela perda da mística; outros trocam agressões na internet medindo portismos e atitudes. Há muito que já não somos um. Andamos dispersos e distraídos, apontando caminhos, mas sem descobrir o Norte.
A bluegosfera, para já, é a trincheira do descontentamento, que ainda não se mostra tão visível no estádio. Esse descontentamento, no fundo, tornou os sócios e apoiantes do FC Porto mais apáticos, mais alheados, mais desgostosos, mais desinspirados – tudo aquilo que nunca fomos. Muitos afastaram-se, cancelaram lugares anuais, deixaram de ir ao estádio, já não acompanham a equipa. Dirão alguns que um portista deve sê-lo nas horas boas e nas horas más. Concordo.
No entanto, quando se olha lá para dentro e se vê que o querer de ganhar já não é como antes, como não sentir alguma repulsa e algum desinteresse?
Quando vemos o clube sem estratégia definida, manietado por jogadas menos transparentes, quando por vezes parece que os melhores não jogam, como pedir aos adeptos do FC Porto que continuem a fazer do Dragão a fortaleza que em tempos foi?
Quando o próprio clube se envolve numa querela com um seu antigo Capitão, como pedir aos adeptos que mantenham a mística?
Quando vemos uma formação de grande nível com prata da casa raras ou nenhumas vezes utilizadas e nos apercebemos que o buraco nas contas do clube é exatamente devido a uma aposta excessiva em passes pertencentes a empresários, como querem pedir casa cheia aos adeptos?
Infelizmente, face ao atual panorama do FC Porto, temos todos perguntas a mais e respostas a menos...
Rodrigo de Almada Martins
o que aconteceu ao Ismael Diaz?
ResponderEliminarBom dia,
ResponderEliminar"Eram abanões às camionetas, petardos, isqueiros. Voava tudo o que aparecesse. Quem sabia assobiar, assobiava. Quem só sabia urrar, como eu, urrava. Berros por todo o lado, confusão a rodos, gritos, cânticos, o nosso papel estava feito. Lá dentro, o ambiente não era melhor. Os balneários dos visitantes não eram limpos de forma propositada, era proibido ao adversário colar cartazes e autocolantes de motivação no seu balneário, não havia cumprimentos nem palavras amigas a quem chegava. O ambiente era, por assim dizer, de guerra."
Espero sinceramente que estas palavras tenham apenas sentido figurativo.
Cumprimentos,
Andre
Sentido figurativo, não. Era verdade. Perguntem às equipas de arbitragem.
EliminarComo a cidade do Porto amansa e se abre ao mundo, tb o clube assim o faz. Memoria de um tempo que nao volta. Aprendamos a viver com isto. Em pena.
ResponderEliminarCreio eu que essa "guerra" era apenas com o SLB, já que também eles faziam igual, quando o FC PORTO lá se deslocava.
ResponderEliminarComo foi o caso do amoníaco no balneário destinado aos vermelhos. E na perseguição ao famigerado e avermelhado Carlos Valente, num jogo em que perdemos com dois golos do César Brito e em que cada ataque do FC PORTO ou era falta ou fora-de-jogo. Aí sim, o Valente viu-se fraco e levou 2 ou 3 bofetadas no focinho.
Agora nos restantes jogos, nunca vi, presenciei ou notei algo parecido. E estou á vontade para falar porque sou dos que vão ao estádio uma hora e meia em antes e sai meia hora depois dos jogos!
Quem ler isto até pensará que somos uma cambada de hooligans, canibais que comem o inimigo ao pequeno almoço!!!
Aliás, nem sequer quero imaginar o meu FC PORTO assim!