02 abril, 2018

PARA ONDE VAIS, PORTO?


BELENENSES-FC PORTO, 0-2

Sou do tempo em que o FC Porto começava a desbravar caminho para o espírito de conquista de vitória. Sou do tempo em que depois de atravessar a ponte, o FC Porto começava a afirmar-se no futebol português e a impor a sua qualidade aqui e além-fronteiras. Cresci a ver o PORTO a construir os alicerces para se tornar numa potência do futebol português, europeu e mundial.

Lançadas as bases pelo eterno e saudoso Mestre José Maria Pedroto e sob a sempre liderança do presidente Jorge Nuno Pinto da Costa, primeiro como chefe do departamento de futebol e depois então como presidente, os Dragões conquistaram o seu lugar por mérito próprio com muitas lutas, muitas “guerras” e muito crer, vontade, ambição e união.


E isto para dizer o quê? Para afirmar que o FC Porto nesses primeiros anos de expansão não vivia tempos muito famosos quer desportivamente, quer financeiramente. Mas a grande liderança dos dois senhores e a união e política instaladas no clube e no balneário tornaram possível transformar um clube médio e, apelidado, de provinciano num clube de dimensão mundial.

Era nos momentos mais difíceis que jogadores e equipa conseguiam transcender-se. Uniam-se, faziam das fraquezas forças e, com menos recursos de que o rival, conseguiam superar-se e alcançar vitórias. Foi assim que surgiram as conquistas dos primeiros campeonatos.

Quem não se lembra dos longínquos campeonatos de 1977-78, 1985-86, 1992-93 ou os mais recentes conquistados em 2005-06, 2006-07, 2011-12 e 2012-13? Foram todos campeonatos vencidos na recta final, no fio da navalha com equipas completamente focadas, comprometidas e dispostas a deixar tudo em campo para conseguir os seus objectivos. Dependendo de si próprias para alcançar os títulos, essas equipas não vacilavam e raramente claudicavam nos momentos decisivos. E, por isso, foi possível vencer campeonatos atrás de campeonatos, tornando o FC Porto um clube temido e respeitado na Europa e no mundo.

Isto não é uma crítica à actual equipa. Nem de longe, nem de perto. Sei e conheço as limitações financeiras que o clube atravessa e os parcos recursos de que dispõe para poder ter uma equipa capaz de lutar pelo principal objectivo principal da época. A equipa de Sérgio Conceição continua a depender de si própria para chegar ao título, mas a partir desta noite corre atrás do prejuízo, depois de há um par de semanas dispor de cinco pontos sobre o 2º classificado.


Jamais uma equipa das épocas que anteriormente citei permitiria tal cenário. Passar de 5 pontos de vantagem, para 1 ponto de atraso seria impensável em 78, 86, 93, 2006, 2007 ou mesmo 2012 e 2013. Pelo contrário! O FC Porto trataria logo de acabar o campeonato ou manter-se-ia na liderança, desse lá por onde desse. E nos casos de 1986, 2012 e 2013 correu mesmo atrás do prejuízo, mostrando uma força mental e uma capacidade de sacrifício e de persistência fora do comum.

É aqui onde quero chegar. A equipa actual, depois de estar 23 jornadas isolada na primeira posição, começa a mostrar claros sinais de desgaste e de quebra impensáveis numa equipa que almeja ser campeã nacional. Terá o FC Porto capacidade para vencer os seis jogos que faltam, inclusive um com o concorrente directo e a jogar no seu reduto? Será que os actuais jogadores terão a estaleca necessária como as vistas em Simões, Freitas, Ademir, João Pinto, Gomes, Futre, André, Timofte, Kostadinov, Lucho, Lisandro, Bruno Alves, João Moutinho, Fernando e Jackson?

São demasiados tiros nos pés a que estamos a assistir no presente campeonato. Nos últimos quatro jogos, o FC Porto venceu um, empatou um e perdeu dois. Marcou apenas dois golos. Muito pouco para um aspirante a campeão nacional. Depois da derrota em Paços de Ferreira, novo episódio péssimo exibido no relvado do Restelo.

Sim, eu sei que este campeonato está marcado para sempre pelas péssimas decisões dos árbitros e do VAR mas não chega. Não podemos dar hipóteses de nos tocar por esse lado. Temos que resolver os nossos jogos antes de permitir que nos possam fazer algo. E é isso que teremos que fazer nos derradeiros seis jogos.

Não me vou alongar no jogo porque esse foi mau, apesar dos cerca de 30 remates à baliza do Belenenses e das 4 ou 5 oportunidades desperdiçadas mas uma equipa que produz o que produz e falha, não há justificação perante uma equipa que se organizou muito bem defensivamente, fez quatro incursões à área portista e alcançou dois golos com clara responsabilidade para a defesa portista.


Quero antes falar do que temos daqui para a frente. São seis finais com D. Aves, Benfica, V. Setúbal, Marítimo, Feirense e V. Guimarães. Ou vencem estes jogos ou esqueçam o campeonato. Chega de abébias como as de ontem ou as da última deslocação a P. Ferreira. Chega de dar minutos de avanço aos adversários. Façam um favor a si próprios: joguem como jogaram grande parte da época por mais desgaste que sintam ou por mais lesões que tenham tido. É a recta final, há que dar e deixar tudo em campo.

Caso não consigam, ninguém vos irá cobrar nada. Ficam com a vossa consciência tranquila mas com a resignação de que mesmo assim não chegaria para alcançar o objectivo. No entanto, eu sei que vocês conseguem chegar lá. Já mostraram que conseguem muito mais do que demonstraram esta noite. E eu quero acreditar muito em vocês. Eu e todos os verdadeiros portistas que vos apoiamos em todas as horas. Não apenas nas boas horas como certos idiotas.

Não liguem aos bota-abaixo, aos pipoqueiros, aos iluminados e aos que “batem” no Marega e no Herrera. Ou mesmo aos que, por linhas travessas, apoiavam os que cá estavam até há algum tempo e que chegaram a equipar os vossos colegas e alguns de vocês com as cores do INEM para jogar em Alvalade.

Olhem para aqueles que vos acompanham para todo o lado e que nunca vos vão assobiar; aqueles que vos apoiam nas vossas piores horas e que estão convosco sem condicionalismos. Esses sim, são os que vos vão carregar aos ombros até à 34ª Jornada. Dêem o vosso melhor nestes 6 jogos. Ninguém vai deitar a toalha ao chão. E se acreditarem em vós próprios, podem ter a certeza de que o objectivo será alcançado. Por isso, repito a pergunta do título desta crónica: Para onde vais, PORTO?


Esta noite perdemos por dois golos sem resposta. O jogo foi mau da nossa parte e é de nós que temos que nos queixar, reflectir sobre isso e preparar as seis batalhas da melhor forma para vencê-las.

Domingo é já ali com a recepção ao Desportivo das Aves no Estádio do Dragão. Vamos lá, CAMPEÕES!



DECLARAÇÕES

Sérgio Conceição: “Podíamos e devíamos ter feito mais”

Análise ao jogo
“O Belenenses fez dois golos em três remates. Nós tivemos muitas ocasiões e não conseguimos concretizá-las. Penso que hoje a ineficácia foi grande por parte da equipa. Entrámos no jogo e depois, num erro da nossa linha defensiva, sofremos um golo, o que fez com que o Belenenses se sentisse mais confortável na sua estratégia, dando a iniciativa de jogo ao FC Porto. É incompressível alguma ansiedade e precipitação na hora de finalizar, mesmo na zona de definição, mas, ainda assim, fomos criando algumas oportunidades e podíamos ter chegado ao intervalo com outro resultado.”

“Entrámos na segunda parte de uma forma forte, com o intuito de mudar as coisas, houve algumas situações claras de golo, mas não me quero agarrar à sorte. Na verdade, podíamos ter chegado ao empate nas muitas oportunidades que tivemos e o jogo podia ter sido outro a partir daí. Não aconteceu e depois, numa bala parada, surge o segundo golo que mata o jogo.”


A opção por Osorio
“Acredito que o Osorio nos pode ajudar e olhando para o estado físico do Diego Reyes, que saiu do jogo da seleção com queixas na coxa, treinou sois dois dias e o Osorio teve estes 15 dias a preparar este jogo da melhor forma. Erros todos cometemos, eu também os cometo – sou o primeiro a assumir e sou eu o culpado desta derrota. Como líder, sou o responsável máximo por esta derrota, mas acreditem que vamos lutar muito até ao fim para conseguir este título tão desejado por todos nós. E hoje viu-se aqui, depois de o jogo terminar, a força com que os adeptos nos apoiaram, mesmo com esta frustração que sentimos neste momento.”

Dar a volta com o Aves
“Hoje sinto que podíamos e devíamos ter feito mais e assumo toda essa responsabilidade desta derrota. Sinto-me muito mal com esta situação, mas uma coisa é certa: esta luta e tudo o que foi feito é para continuar e vamos, com certeza, dar uma resposta positiva já no jogo de domingo com o Aves. Tenho um grupo muito bom a nível humano e profissional, que é capaz, que tem jogadores experientes e sabemos o que fazer para dar a volta a esta situação. Queremos ganhar os jogos todos, mas nem sempre é possível, porque os adversários têm qualidade.”

Uma palavra aos adeptos
“Tenho que dar uma palavra a todos os adeptos que aqui estiveram. Nós sentimos uma frustração e uma desilusão grandes, sabemos que fica difícil, mas dependemos só de nós e o grupo está consciente do que tem que fazer, que é ganhar as seis finais que nos faltam. É fácil dizer, mas é preciso sentir e interiorizar e em campo - a começar por mim, que sou o líder desta equipa - que é preciso dar mais.”



RESUMO DO JOGO

4 comentários:

  1. Boas.
    Tempos diferentes, estes jogadores não têm infelizmente a fibra daqueles que referiu. Nesses tempos era impensável estares a frente do campeonato e esturrares 6 pontos em dois jogos consecutivos foras, contra equipas perfeitamente ao nosso alcance!

    O jogo que vimos ontem contra o Belenenses, é do mesmo tipo que temos visto nos últimos anos. Uma ausência de ideias aterradora.

    Abraço.

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  2. Algures na crónica bateu num ponto fundamental: Temos pouco recursos!!!! E quem são os responsáveis por tal? Eu respondo é a Sad e principalmente o presidente que está a colocar o clube como o encontrou. E a esses alguém lhes aponta o dedo? Quanto ao campeonato sejamos realistas acabamos de o entregar em Belém ou alguém acredita que vamos ter 6 vitórias até final?

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  3. Na véspera do FC Porto - Benfica, no longínquo 30/11/2017, eu, em resposta ao artigo "Porquê sempre Herrera?" no "Tribunal do Dragão" eu escrevi:
    ""Desilusão completa com o analista deste blogue, que eu achava competente.
    Em futebol a competência mede-se com os olhos (saber ver futebol e saber distinguir um bom jogador, de um jogador banal e medíocre) e não com o lápis ou com os números.
    Em futebol a competência também se mede pela possibilidade de nos podermos socorrer da memória, sobre o que anteriormente vimos.
    Incrível como a maioria dos adeptos do FC Porto já esqueceram ou nunca entenderam o futebol que Sérgio Conceição, em tão pouco tempo, conseguiu construir na equipa nos dois primeiros meses, até Herrera entrar para a equipa.
    Nesses dois meses sem Herrera – excluindo o FC Porto-Besiktas porque, face ao anterior percurso, foi uma aberração de responsabilidade única de SC e foi um prenúncio do que ele se preparou para alterar, rumo ao abismo de NES – o futebol apresentado foi de elevada craveira, ao nível dos grandes êxitos do nosso orgulho e que nos permitiu voltar a sonhar.
    A equipa jogava em pressão muito alta, com a defesa subida, com uma posse de bola incomum, sem posições muito fixas, com muitos jogadores na zona da grande área adversária, com construção, em quantidade e elevada qualidade, de oportunidades de golo, com uma recuperação de bola quase instantânea e sufocante, que permitia considerarmos os nossos centrais, como centrais de levada categoria.
    Quem foi, de longe, o nosso melhor jogador nessa fase? ÓLIVER
    Para quem gostava, não só, do futebol de Pedroto, Artur Jorge, Carlos Alberto Silva, Oliveira e André Villas-Boas, mas também do Ajax de Rinus Michels e do Barcelona de Johan Cruijff e de Josep Guardiola, sabe, porque tem que saber, que Herrera, Max e Marega nunca poderiam jogar nas equipas desses treinadores.
    Sérgio Conceição, mostrou, nesses dois primeiros meses, que teria sucesso em prosseguir a peugada desses técnicos. Depois de conseguir, o que conseguiu nesses dois primeiros meses, o trabalho nem seria muito. Apenas teria que fazer o que todos esses, que referi, sempre fizeram:
    Manter esse futebol e aperfeiçoar cada vez mais, cada vez mais, cada vez mais, sem nunca dele desistir.
    Foi assim que o FC Porto chegou aos patamares que chegou.
    Ao preferir imitar Lopetegui, Peseiro e Nuno Espírito Santo, abandonando o caminho inicial, Sérgio Conceição vai conduzir o FC Porto para o mesmo abismo, para a mesma mediocridade e para a mesma miséria dos anteriores quatros anos.
    O problema não são as batalhas ganhas, com Herrera, mas sim as guerras que iremos perder por continuarmos com Herrera. Os quatro anos anteriores não mentem. Herrera é um buraco negro, invisível para os mais “distraídos”, que foi a imagem de marca dessa miséria e dessa mediocridade, nos anos de Lopetegui, Peseiro e Nuno Espírito Santo.
    Não uso lápis, nem acredito em estatísticas generalizadas.
    Mas quando vejo o FC Porto jogar, o que vejo é um Herrera tecnicamente rudimentar e medíocre e tremendamente estúpido dentro do relvado. Herrera, só por vê-lo com a camisola e a braçadeira do meu FC Porto, provoca-me vómitos, e não me deixa esquecer os miseráveis quatro anos anteriores.
    Herrera titular e capitão é uma afronta a todos os que têm boa memória e que conseguem recordar construtores de jogo como Pavão, Custódio Pinto, Oliveira, Frasco, Octávio, Jaime Magalhães, André, Maniche, Deco, Alenichev, Moutinho, James, Belluschi e muitos outros, que não sendo tão geniais quanto estes, estavam, mesmo assim, numa outra galáxia, inalcançável para Herrera.
    Era desse tipo de jogadores que o êxito do nosso FC Porto dependia.
    Agora insistem em fazê-lo depender do perneta e zombie Herrera.""
    (continua)

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  4. (continuação)
    ""Tem dado no que tem dado, vai dar no que todos já sabemos, que vai dar.
    Desde que o trouxeram, de novo para a ribalta, tem sido um plano inclinado, altamente escorregadio.
    E os seus colegas, que sem ele tinham passado de bestas a craques, com ele, estão a regredir para bestas novamente.
    Não há magia que dê talento a um jogador que o não tenha.
    Para os que usam lápis e acreditam nas estatísticas generalizadas, eu coloco as seguintes questões:
    - Nos dois primeiros meses, quantas vezes os adversários passaram a linha de meio campo, quantas vezes entraram na nossa grande área e quantas oportunidades criaram?
    - Nos quatro anos e meio, de Herrera, quantas vezes o vimos, à entrada da área adversária, pejada de jogadores contrários, conseguir meter a bola pelo buraco da agulha, com travões e abs às quatro rodas, para que não saia pela linha de fundo, e colocar um colega na cara do guarda-redes com a bola redondinha?
    Aqueles de que atrás falei, faziam isso com facilidade e qualidade e com muita regularidade.
    Qual o jogador do actual plantel que melhor se aproxima dessa qualidade?
    Obviamente, Óliver.
    Só com uma grande diferença, em desfavor de Óliver
    Os treinadores desses construtores de jogo, nunca os colocaram na órbita do trinco, como segundo médio defensivo.
    Sérgio Conceição, até hoje, sempre colocou Óliver na órbita do trinco, como segundo médio defensivo e nunca como um verdadeiro número 10. Nunca lhe deu a oportunidade de jogar na posição que concede ao Herrera e que é a que melhor se adequa às características e virtualidades de Óliver.
    Porquê? Porque a diferença, entre eles e para a equipa, seria tão obviamente melhor, que o Herrera teria que ir, finalmente, para o raio-que-o-parta.
    E tem que haver, na SAD, quem não queira e o não permita. Não há mais explicação para esta obsessão doentia e perdedora, à custa da realização dos nossos sonhos.
    Com Óliver como verdadeiro 10, tenho a convicção plena de que teríamos vencido em Alvalade com uma perna às costas.
    Ah! Mas o Herrera é titular do México e fez uma enorme Taça das Confederações!...
    E no Alemanha-México? Viram?
    Repararam bem nos três primeiros golos da Alemanha, quando os alemães aceleraram em transições rápidas? Por onde andava o TRINCO HERRERA (nos TRÊS golos)? Ah! Não repararam?
    Pois é, andava, em todos eles, muito para trás da bola, muito para trás do ataque e meio campo alemão, em passo de trote, enquanto colegas seus, avançados, passavam por ele como loucos tentando corrigir o inevitável.
    Um autêntico BURACO NEGRO, um trinto e um médio FAZ DE CONTA, um autêntico zombie, que foi pedra fundamental na destruição desse nosso futebol de marca, cuja qualidade nos garantiu enormes êxitos durante muitos e bons anos.
    Nestes últimos 35 anos, a única vantagem do Benfica, tem sido o sentido crítico dos seus adeptos. O Benfica já teve muitos pernetas titulares, mas nunca lá estiveram mais do que um ano. Herrera, no Benfica, só lá estaria um ano.
    No FC Porto, vai para o quinto ano, como capitão e como, novamente, titular insubstituível.
    Ainda por cima, aplaudido!
    Que nuvens negras e hediondas eu vejo ao longe!
    Não suporto mais, CHEGA!""

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