31 março, 2018

REDENÇÃO.


Em época Pascal, e recordando que a redenção é um dos pilares basilares desta celebração, vou arriscar, sob pena de excomunhão da fé azul e branca, referir o nome de um dos maiores "cristos" que já passaram pelo clube. Refiro-me obviamente a Julen Lopetegui. Um dos treinadores mais mal amados que já puseram os pés na Invicta, porventura apenas ultrapassado por Octávio Machado neste triste ranking.

Ocorre-me a ressurreição do nome do basco por estas bandas, devido à histórica vitória que "La Roja" aplicou esta semana à sua congénere argentina, por uns "modestos" 6-1. Mais do que o sucesso num jogo isolado, feito ao alcance de qualquer Peseiro, Lopetegui desde que tomou rédeas da selecção espanhola, não só conseguiu estancar a quebra e lento definhar porque "nuestros hermanos" vinham passando após os seus anos dourados, como conseguiu fazê-lo apresentando resultados consistentes, onde o golo e exibições vistosas e autoritárias têm andado de mãos dadas. Isto num grupo de qualificação que tinha "só" a Itália como adversária.

Não me parece uma carreira nada má, para um treinador que em Portugal foi comparado aos seus homólogos das distritais, além de gozado e insultado pelos rivais, com a conivência (e cumplicidade) dos próprios portistas.

Ressalvo que não pretendo fazer aqui qualquer tipo de comparação entre Lopetegui e Sérgio Conceição. Aliás, seria sempre um exercício fútil, não só pela táctica e visão de jogo de ambos serem diametralmente opostas como, ponto principal, estarmos muito bem servidos de treinador. Se existisse uma comparação entre os dois, provada pelos resultados do presente, seria apenas a qualidade que ambos possuem.

Contudo, não deixa de existir um certo sentimento de frustração pelo facto de que se Lopetegui pudesse ter tido o apoio massivo que usufrui o nosso actual treinador (e até mesmo Nuno Espírito Santo), em vez da hostilidade das bancadas do Dragão, aliada aos Franciscos J. Marques, entre outros, que hoje protegem as costas da equipa, em vez do desgaste que o espanhol teve, em ser a única voz a lutar pelo FC Porto contra os padres e quejandos que todos hoje conhecemos e SABEMOS o quanto falsearam a verdade desportiva, e muito possivelmente esse campeonato de 2014/15 teria no fim outro vencedor.

Infelizmente para ele, para nós, e para o FC Porto, Lopetegui foi o homem errado, no momento errado. Um homem que tentou aplicar com honestidade as suas ideias, num campeonato impregnado de desonestidade nos seus bastidores. Tal como Cristo, que foi um incompreendido e injustiçado em vida, também já era altura do nome de Lopetegui encontrar a merecida redenção entre portistas.

Votos de uma boa Páscoa.


2 comentários:

  1. O Vicente Del Bosque levou a Espanha aos titulos internacionais.
    O Fernando Santos foi o engenheiro do penta e levou Portugal a campeão europeu...
    Algum portista quereria o Del Bosque a treinador? Fernando Santos deixou saudades?
    Lopetegui é bem o exemplo do principio de Peter: bom nas selecções. Fracasso em clubes.

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  2. Goste se ou não de Lopetegui, a verdade é só uma: ele não foi campeão em Portugal porque NÃO O DEIXARAM!

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