17 junho, 2012

Capítulo 6: 1951 a 1960 – Contestação a Lisboa; a “dobradinha” (Parte IX)

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FCPorto – Dragões de Azul Forte
Retalhos da história, conquistas e vitórias memoráveis, figuras e glórias do
F. C. do Porto

Capítulo 6: 1951 a 1960 – Contestação a Lisboa; a “dobradinha” (Parte IX)

Época 1952-53 (continuação)

Notícias do FC Porto

Jul.1952: Lino Taioli. O treinador espanhol Pasarín teve curta passagem e no início da época de 1952-53 foi substituído no comando técnico da equipa de futebol por Lino Taioli, argentino, que na temporada anterior havia ingressado no Boavista. O seu trabalho nos axadrezados deu nas vistas o que levou os dirigentes do FC Porto a contratá-lo.

Jul.1952 – Reforço da equipa: No FC Porto, apesar dos contratempos, não se desfalecia e preparava-se o futuro. Três africanos iam reforçar a equipa: Carlos Duarte (avançado), Fernando Perdigão (avançado) e Albasini (médio). E António Teixeira (avançado), que brilhara no Vitória de Guimarães, também era uma excelente aquisição.

• 7 Set.1952 – Na XVII Volta a Portugal em Bicicleta, o portista Moreira de Sá defendeu, com garra e determinação, a camisola amarela até à última etapa, concluindo a prova com 12 minutos menos que o sangalhense Emílio Rodriguez. A mais de 15 minutos ficou Manolo Rodriguez, também do Sangalhos. O FC Porto ganhou por equipas, com 5,55 minutos de vantagem sobre o Sangalhos.

• 7 Set.1952 – O FC Porto participou na festa de despedida de Francisco Ferreira antigo jogador portista. Oriundo das escolas de infantis, Campeão de Portugal pelos azuis-e-brancos, Francisco Ferreira abandonou o FC Porto devido à sandice dum dirigente portista que permitiu o ingresso de um diamante no arqui-rival Benfica (ver biografia de Francisco Ferreira em http://bibo-porto-carago.blogspot.com/2011/05/capitulo-4-1931-1940-conquista-do_20.html).
Agora, no fim da carreira, na festa da despedida marcada para o Jamor, Francisco convidou o FC Porto e reconciliou-se com o seu clube do coração.

• Em finais de 1952, o FC Porto tinha mais de 20 mil sócios! Poucos dias depois faleceu Camilo Moniz, um dos pioneiros da Rua da Rainha e, na altura, sócio n.º 2 do Clube.




12 Out.1952 – À 3.ª jornada o FC Porto sofreu a primeira derrota da época, 0-3, em Setúbal.

19 Out. – No final da 4.ª jornada, o Lusitano de Évora seguia isolado na dianteira, com sete pontos. Em segundo lugar o Barreirense, com seis. O Sporting, que empatara nas Antas a um golo, era terceiro.

2 Nov. – Depois de perder a liderança, o Lusitano voltou a assumi-la, à sexta jornada, ao bater o Sporting, em Évora, por 2-0. Nas Antas, o FC Porto quebrou o enguiço que o perseguia em jogos no seu novo estádio, com o Benfica, e bateu o adversário de Lisboa por 2-1, com o golo da vitória apontado por Monteiro da Costa. Os benfiquistas queixaram-se que o golo havia resultado de uma situação de “off-side”… “Muitos dos portistas, tão-pouco habituados a favores de arbitragem (antes pelo contrário…), soltaram gargalhadas ao saberem dos lamentos adversários, que tresandavam a desculpa de mau pagador”.


9 Nov. – O Lusitano tornou a cair, perdendo (0-3) nas Salésias, com o Belenenses. Na liderança seguiam agora Sporting, FC Porto e Belenenses, todos com 10 pontos.

Selecção Nacional
23 Nov.1952 — Na estreia internacional do Estádio das Antas, Portugal e a fortíssima selecção da Áustria empataram a um golo. O tento dos portugueses coube a Travassos, ainda na primeira parte. E foi um empate com sabor a vitória. Jogaram os portistas Barrigana, Ângelo Carvalho e Monteiro da Costa. Ângelo Carvalho, capitão de equipa, garantiu que a façanha só fora possível por ter havido “aquele coração e aquela genica que é apanágio dos portugueses”. Para os austríacos, o empate devera-se a... Barrigana, que, no final do jogo, confidenciaria: “Nunca me cansei tanto na vida, nunca transpirei tanto...”
Por Portugal alinharam: Barrigana; Passos e Ângelo Carvalho; Castela, Félix e Juca; Martins, Caiado (46’ Matateu), José Águas (59’ Monteiro da Costa), Travassos e Albano.

(Campeonato 1952-53 – Continuação)

30 Nov.1952 – Ao empatar com o Atlético, na Tapadinha, por 2-2, o Belenenses cedeu ao Sporting e ao FC Porto a liderança do Nacional da I Divisão.

21 Dez. – O FC Porto baqueou por 3-0 ante o Lusitano, em Évora. Seguia agora em 4.º lugar, a dois pontos dos “leões” que comandavam.

28 Dez. – Surpreendente e decepcionante derrota do FC Porto, com o Atlético CP, nas Antas. O resultado de 2-3 desencadeou o despedimento do treinador Lino Taioli.

• 29 Dez.1952: Fernando Vaz. Após duas derrotas consecutivas Taioli foi dispensado. Para o substituir no comando técnico da equipa do FC Porto chegou Fernando Vaz que, depois de uma curtíssima estada, cedeu o lugar a Cândido de Oliveira.

• 24 Jan.1953: Cândido de Oliveira. Era seleccionador nacional e assumiu o comando técnico da equipa de futebol do FC Porto numa oportunidade esperada há algum tempo. Substituiu o seu discípulo e amigo Fernando Vaz que com ele treinou a “equipa de todos nós”. Escolheu para seus auxiliares Pinga e Artur Baeta. Esteve no clube até ao fim da época 1953-54, sem grande sucesso, é certo, mas orgulhoso de pertencer à família portista.

25 Jan.1953 – Na estreia de Cândido de Oliveira, uma goleada: 6-0 ao Vitória de Guimarães.

1 Fev. – O FC Porto de Cândido ganhou no Bessa por 3-1 e ficava a três pontos do 1.º classificado, o Sporting.

15 Fev. - O Sporting goleou o FC Porto, no Lumiar, por 5-1. Resignado, Barrigana limitou-se a dizer que o Sporting tinha uma excelente equipa…

1 Mar. – No Campo Grande foi um jogo muito especial para “A Bola” e os seus fundadores (que certamente não desejariam que o jornal desportivo se transformasse no pasquim que é hoje…). No banco do Benfica, Ribeiro dos Reis. No do FC Porto, Cândido de Oliveira. Ganhou o Benfica por 2-1, numa luta sem tréguas, de correcção exemplar. José Águas deixou o portista João Correia com a face ensanguentada, mas quer um, quer outro, consideraram a cotovelada (!) mero acidente. Pelo clube das Antas marcou Pedroto.

22 Mar. – O FC Porto esgotou todas as esperanças de conquista do título ao baquear, estrondosamente, no Barreiro: 0-4. Barrigana afirmou: “Quatro golos como estes era coisa que não via há muito tempo! Foram quatro golaços!” Do outro lado, Quaresma, o treinador do Barreirense, garantiu: “Conquistámos a vitória, mas o FC Porto merecia pelo menos um golo”.

Equipa do FC Porto em Abril de 1953 – Da esquerda para a direita, em cima: Barrigana, Eleutério, Ângelo Carvalho, Correia, Virgílio e Albasini; em baixo: Carlos Duarte, Pedroto, Monteiro da Costa, Fernando Perdigão e José Maria.

26 Abr. – Desceu o pano sobre o Nacional da I Divisão, com o Sporting campeão pela terceira vez consecutiva. 43 pontos, mais quatro do que o Benfica, mais sete do que o Belenenses e o FC Porto.

Receitas – As contas do Campeonato Nacional de Futebol foram encerradas com a melhor receita de todos os tempos: 10.696 contos. Deduzidas as despesas de organização, os 6318 contos líquidos foram distribuídos pelos 14 clubes participantes. Os que mais lucraram foram Sporting (1106 contos), FC Porto (870 contos), Benfica (698 contos) e Belenenses (505 contos).


Quartos-de-final no Funchal
Jogo com o Marítimo, no Estádio dos Barreiros, para os quartos-de-final da Taça de Portugal. O FC Porto venceu por 3-2.

“O Mestre” Cândido de Oliveira, treinador do FC Porto, ladeado por "Pinga", seu adjunto, e Pinto Vieira. Era o embarque para o Funchal, para o jogo com o Marítimo.

Antes do jogo, Chino (Marítimo) e Ângelo Carvalho (FC Porto) trocam galhardetes.

28 Jun.1953, Final no Jamor – Depois de eliminar o Boavista (0-1 e 6-0), Marítimo (0-0 e 3-2) e o Lusitano de Évora (4-1 e 0-1), o FC Porto marcou presença, pela primeira vez, numa final da Taça de Portugal. E apresentou-se com um equipamento “comemorativo”, sui generis. A elegante camisola, com o colarinho muito subido lembrando uma “gola alta”, tinha uma lista azul no meio, começando num V (em branco) fechado desde cima. De realçar que a faixa azul ao meio, larga, só tinha aparecido até então por uma vez: na camisola de 1921 a 1923.

O onze do FC Porto que entrou no Jamor para jogar a final da Taça de Portugal da época 1952-53:
Em cima, a partir da esquerda – Barrigana, Virgílio, Pinto Vieira, Ângelo Carvalho, João Correia e Eleutério;
Em baixo – Carlos Duarte, António Teixeira, Monteiro da Costa, José Maria e Carlos Vieira.

Uma estreia azarada na final da 13.ª edição da prova! O traje foi de gala mas o FC Porto sofreu uma pesada derrota ante o Benfica (0-5). O FC Porto iria vencer nas duas participações seguintes em Finais.


Lino Taioli (Arequito, Santa Fé, Argentina, 6 Fev.1913 – m.??), jogador (médio-centro) e treinador argentino que desenvolveu a sua actividade nas Américas do Sul e Central e na Europa.
• Como jogador representou: Estudiantes de La Plata, Belgrano, Club Atlético Newell's Old Boys (todos da Argentina), Nacional de Montevideu (Uruguai), Rosário Central (Argentina), Atlético Corrales (Paraguai) e Dos Caminos Sport Club (Venezuela). Em 1945 muda-se para a Europa onde vem alinhar no Génova da Série A italiana. Na época 1946-47 defendeu as cores do AC Mantova como jogador-treinador.
• No Verão de 1947 abandona a Itália e converte-se em Seleccionador da Colômbia. Prossegue a carreira de treinador em Espanha, no Atlético de Madrid (1948-49), onde dirigiu a famosa equipa do “ataque de seda”. Depois esteve no Racing de Santander (1949-50) e Real Múrcia (1950-51).
• Chegou a Portugal, em 1951-52, para orientar o Boavista. Conduziu os “axadrezados”, onde era tratado por 'Mestre' Taiolli, a um honroso 5.º lugar no Campeonato, o que lhe abriu as portas do FC Porto no início da época 1952-53.
• O desempenho nos “azuis e brancos” nem decepcionou inicialmente e, a meio da temporada, tinha a equipa a apenas dois pontos do líder, o Sporting. Só que uma derrota em Évora, frente ao Lusitano, seguida de nova derrota, em casa, diante do Atlético, viria a custar-lhe o lugar. Foi rendido por Fernando Vaz.
• Treinador considerado demasiado metódico, pouco dado à improvisação e obcecado pela rigidez táctica, obrigava os jogadores a seguir estritamente as instruções escritas que lhes transmitia, deixando-lhes escassa liberdade de acção. Taiolo terá encerrado a sua carreira no futebol depois de 1959, em Espanha, no Rayo Vallecano.
Carreira no FC Porto
Jul. a 28 Dez.1952
  • No próximo post.: Capítulo 6, 1951 a 1960 – Contestação a Lisboa; a “dobradinha” (Parte X) – Época 1952-53 (continuação); o falso amadorismo; tecnologia revolucionária…; a chegada de Pedroto; biografia de Cândido de Oliveira; o cidadão; Campeão Nacional de Juniores pela primeira vez; modalidades: vitórias em andebol, ciclismo e basquetebol; Artur Baeta, o “mestre” da formação - homenagem ao Homem, ao formador, ao pedagogo, ao treinador.

6 comentários:

  1. Esta equipa de 1952-53 já tinha alguns dos jogadores que haveriam de conquistar o Campeonato de 1955-56. Está por pouco, aproxima-se o fim do jejum…

    Obrigado por mais este post.
    Beijinho e Bibó PORTO!

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  2. Que “panorama” desolador… E mais não digo para não ser “ridículo”…

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  3. Ora, aqui está mais um artigo com a chancela do Fernando Moreira, que dispensa mais apresentações. Não comentei antes por ter andado ocupado, pois
    num fim de semana interessante, como este, desportivamente, estive mais distraído a renovar estes motivos que nos movem como são os da blogosfera portista e não só.
    Assim, em

    Alerta de amigos, dou conhecimento
    de

    Meus blogues novos e antigo

    = Memória Portista
    memoriaporto.blogspot.com

    = Longra Histórico-Literária
    longrahistorico.blogspot.com

    = Lôngara – Actividade Literária e Memória Alvi-Anil
    http://longara.blogspot.pt/


    Quanto à matéria, desta vez apreciei poder recordar a época do Cândido de Oliveira, quando pela primeira vez alguém de Lisboa pôde provar o que acontece às gentes do Norte, pois ele enquanto por aqui andou viu as diferenças, como reconheceu então - só que depois também se calou...

    Abraço.

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  4. Amigo Armando, já tinha conhecimento da renovação que empreendeu criando dois blogues para temáticas distintas. Excelente ideia. Pode continuar a contar como as minhas visitas, evidentemente INTERESSADAS.

    Cândido foi muito bem recebido no Norte e era querido das gentes portistas. Infelizmente não teve o sucesso que se esperava. Esse viria com o "Homão".

    Obrigado pelas suas visitas a este blogue e aos meus post.

    Abraço AZUL FORTE.

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  5. @ Amigo Fernando,

    isto, são posts que merecem perdurar por muito e sempre, pois são estes que nos fazem lembrar diariamente e ao mesmo tempo, manter acordados, aliás, bem acordados e atentos, para nunca esquecermos de quem já fomos, de onde viemos e para onde deveremos continuar a caminhar.

    obrigado, nunca será demais repeti-lo, obrigado por nos trazeres estas "bonitas e infindáveis memórias" da nossa existência.

    Obrigado!!!

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  6. Como diz a Cristina, está a chegar 55-56 e o fim do 1º jejum...

    abc

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