Quanto mais mentirem sobre nós...

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1. Hoje vou testar um modelo novo. Como quero falar-vos de vários temas, vou armar-me em cronista a sério e fazer a coisa por pontos, a ver se funcemina.

2. O contexto em que se move a comunicação social portuguesa pode ser descrito rigorosamente como um poço sem fundo. Isto porque, por mais baixo que alguns dos órgãos que constituem essa comunicação social desçam, e quando achamos que já não é possível descer mais, eis que conseguem sempre suplantar os próprios recordes e afundar-se mais e mais e mais um bocadinho no lodo. Não acaba nunca. Certamente veremos pior no futuro.

Estou a falar das "notícias" que se seguiram ao quinto jogo da final de basket. Não vou descrever o que se passou, pois quem lá esteve sabe bem e quem não esteve pode ler o comunicado da Associação de Basquetebol do Porto, o mais rigoroso relato que encontrei dos acontecimentos daquela noite. O que vos digo é que, tendo assistido ao que assisti, cheguei a casa revoltada, sem a menor dúvida de que, num país decente, o sucedido era caso para abrir telejornais. Em Portugal, no entanto, os jornais e as televisões não querem saber de noticiar violência policial injustificada contra os adeptos do Porto; não, até porque para eles qualquer tipo de violência contra adeptos do Porto nunca é injustificada. Viraram a história completamente do avesso, omitiram as provocações do treinador adversário e foram buscar um clip de 3 segundos em que se vê perigosíssimos cartões e bastões insufláveis a voar sobre os jogadores do clube do regime, para provarem mais uma vez que os adeptos do Porto são todos uns vândalos e que merecem ser espancados pela polícia. Note-se que a carga policial não acontece nem no momento nem na bancada representados nessas imagens, mas numa altura em que os jogadores já não estão em campo (nem mesmo os do Porto) e os adeptos nada estão a fazer senão cantar.

Esta é a verdade. E ainda que da comunicação social portuguesa não possamos esperar nada senão os vómitos intelectuais a que nos habituaram, cabe-nos a nós não deixar esta e outras verdades caladas. Não que seja possível abrir os olhos a quem está formatado para ver no Futebol Clube do Porto e no Pinto da Costa a raiz de todos os males do mundo, mas pelo menos para que haja registo de um contraditório. Pelo menos para que um Portista que não tenha estado presente ou uma pessoa isenta interessada em saber o outro lado da história tenham a oportunidade de ouvir o testemunho de quem é julgado sumariamente e condenado nas páginas dos jornais sem qualquer direito a defesa.

É com orgulho que afirmo que o BiBó PoRtO carago!! é um dos bastiões para quem busca esse testemunho: só sobre este tema específico, já foram vários os colaboradores e comentadores do blog a deixarem aqui os seus contributos, de entre os quais se destaca o post do Tripeiro. É assim que temos que continuar. "Quanto mais mentirem sobre nós, mais verdades diremos sobre eles!"

3. Também o Porto Canal tem que começar a assumir claramente esse propósito, o de ser a voz do FC Porto, do Porto e do Norte num país anti-FC Porto, anti-Porto, e que despreza o Norte. Neste caso do basket, a reacção foi ténue e sobretudo lenta, com os comunicados no site do clube a assumirem maior peso e destaque na primeira hora. Não pode ser assim. Se temos um canal de televisão, temos que aproveitar o seu potencial.

Apesar da inegável qualidade dos programas alusivos ao Futebol Clube do Porto, sinto que ao Porto Canal ainda está a faltar um clique, ainda está a faltar a convicção de que pode mesmo, a nível de informação mas não só, ser um porta-voz sério e relevante do clube, da cidade e da região. Ainda no outro dia, num evento em que estive presente, uma deputada da Assembleia da República mencionou de passagem a enorme dificuldade que os grandes grupos de media colocam em Portugal à criação de canais de televisão regionais (que são extremamente comuns na maioria dos países europeus), tendo o Porto Canal conseguido o objectivo após muito tempo e muita luta. Agora que temos este trunfo na mão, não o podemos desperdiçar. A televisão é um meio muito poderoso e a nossa voz pode ganhar um peso sem precedentes, mas é preciso trabalhar para isso. A entrada de Júlio Magalhães é recente, pelo que compreendo que as coisas ainda estejam a evoluir internamente. Continuo à espera de boas novidades.

4. Voltando aos incidentes no Dragão Caixa, e para encerrar: o Presidente Pinto da Costa, que desce do camarote ao relvado para nos defender, o Capitão Nuno Marçal, que dá a cara em nosso nome, e agora o Mister Moncho López, que dá uma lição de desportivismo para quem quiser ouvir (“Estive presente em fases finais de Campeonatos da Europa, em Jogos Olímpicos, competições internacionais de clubes, ganhei muitas finais, também perdi muitas, mas sempre vi o treinador campeão a levar a mão ao peito, ao coração, mostrar carinho aos seus adeptos, porque é aí que se sente o clube. Levar os dedos àquela parte... cada um sente o clube onde quer” - Brilhante!) merecem a nossa vénia pela forma exemplar como lidaram com a situação.

5. Embora tente fazê-lo sempre de forma construtiva, já foram muitas as vezes em que critiquei alguns aspectos do FC Porto que considero não estarem à altura de um clube como o nosso (mesmo aqui acima fi-lo em relação ao Porto Canal). A comunicação é um deles. Embora não seja especialista, é uma área que me interessa e que julgo compreender até certo ponto, pelo menos na perspectiva do receptor. E o que recebíamos, até há bem pouco tempo, era muito pouco. Mas as coisas estão a mudar. Já o mencionei algumas vezes, mas esta semana não posso deixar de fazê-lo novamente, após a fantástica máquina do tempo em que se transformou a página de Facebook do nosso clube ao longo de 35 horas. Que belíssima homenagem aos 25 anos de Viena! Foi emocionante ir vendo as imagens da conferência de imprensa, dos jogadores a almoçar, a treinar, dos adeptos nas ruas de Viena e em locais emblemáticos do Porto! E seguir o jogo via Facebook, com as pessoas a entrarem na brincadeira com comentários realistas (e levemente premonitórios, vá) e festejos sinceros na hora dos golos! E depois as imagens da festa, não só as mais famosas, que já vimos tantas vezes e que tantos de nós usamos como wallpaper ou protecção de ecrã, mas também outras menos conhecidas mas igualmente comoventes. Uma excelente ideia e uma excelente execução. Hats off para a nossa comunicação, que parece estar mesmo a entrar nos eixos.

6. Foi mais uma vez um prazer confraternizar com aqueles que já conhecia e conhecer aqueles que vi pela primeira vez na passada Sexta-feira. Ter entre nós Moncho Lopez foi fantástico, mas marcou-me ainda mais a presença do Sr. António Lourenço, cujo mítico trompete é a banda sonora da minha vida azul e branca desde que me tenho por gente. E ouvir o homem a falar, a desfiar as suas memórias do nosso clube e as muitas falcatruas do clube do regime que recita de cor! Fantástico. O meu obrigado ao bLuE bOy e à Mafaldinha por mais uma belíssima organização, com menu alternativo aqui para a esquisita e tudo ;)

7. Com o sabor das festas de futebol e andebol ainda nos lábios, e já a olhar para Outubro no basket, convém lembrar que temos guerreiros ainda em prova. O undecacampeonato está a ser um grande desafio para a nossa equipa, mas com o apoio de todos temos tudo para lá chegar. Ainda não entrámos no defeso nem em "modo Euro" (para quem liga à selecção); primeiro há que empurrar Tó Neves e os nossos heróis para mais uma conquista, com a próxima batalha a ter lugar já no Sábado, contra a Oliveirense. Vamos lá?