29 outubro, 2016

DESPERDIÇAR PARA SER ESPOLIADO.


SETÚBAL-FC PORTO, 0-0

Mais uma vez o desperdício volta-se contra o FC Porto. É por aqui que quero começar a crónica deste jogo. Os Dragões entraram no Bonfim com um registo imaculado de 18 épocas consecutivas sem deixar qualquer ponto neste estádio e com 32 épocas consecutivas sem conhecer o sabor da derrota. Ora, o jogo de hoje passou o registo para 33 épocas sem perder mas o nulo no resultado final interrompeu o ciclo longo de vitórias em Setúbal.


E porquê?

Por vários motivos. Primeiro porque o FC Porto desperdiçou oportunidades soberanas para marcar, depois porque o V. Setúbal teve um guarda-redes inspiradíssimo e em noite afortunada e, por fim, para complicar o árbitro nomeado fez a sua parte sonegando, pelo menos, uma grande penalidade clara ao FC Porto cometida sobre Otávio mesmo perto do final do jogo.

E com este resultado, este desenlace e mais uma palhaçada no futebol nacional, retirou-se a possibilidade de haver, na próxima jornada, a disputa do primeiro lugar na liga portuguesa. Assim, o FC Porto não vai ter oportunidade de alcançar o benfica no topo da tabela, fruto deste empate que colocou os Dragões a cinco pontos do clube avermelhado.


A saga das últimas épocas prossegue na presente temporada. O FC Porto não aproveita os pontos para reunir as condições para alcançar a liderança na classificação e, com isso, vai cavando cada vez mais o fosso para o vencedor das três últimas ligas. É triste dizer isto. Perdermos por erros da arbitragem é revoltante mas desperdiçar claras oportunidades de golo é lamentável. Quem quer almejar algo, não pode perder oportunidades nem pontos com os “setubais” e “tondelas” desta vida.

Defrontar o nosso maior adversário com 3 pontos de diferença é completamente diferente de o defrontar com 5 pontos de desvantagem. O estado de espírito, a pressão, a postura e a atitude de ambas as equipas que se defrontam no Dragão no próximo dia 6 de Novembro são totalmente opostas com 3 e com 5 pontos de distância.

Se estivéssemos noutros tempos em que as Antas impunham um respeito descomunal a quem as visitasse, eu não estaria preocupado. Agora, no actual Dragão, o benfica entra sem qualquer tipo de problema. E repito: é triste dizer isto mas o FC Porto presentemente não mete medo a ninguém.

Perante um V. Setúbal inofensivo, bem encostado às cordas, o FC Porto não conseguiu contrariar os sadinos. A equipa de Nuno Espírito Santo entrou com pouca dinâmica de jogo e um futebol que não conseguiu impressionar.


Foram precisos 20 minutos para os Dragões começarem a mostrar superioridade no terreno. À passagem dos 25 minutos, os portistas desperdiçaram uma oportunidade soberana para se adiantar no marcador. Diogo Jota escapou-se pela meia direita e serviu Óliver à entrada da grande área. O espanhol perdeu muito tempo no remate e permitiu a defesa do guarda-redes contrário.

De seguida, Diogo Jota cabeceou mal frente ao guardião sadino e depois Herrera e André Silva falharam a baliza em minutos seguidos. Atingia-se o intervalo sem golos, culpa exclusiva do FC Porto que poderia sair para o descanso com dois ou três golos no bornal.

Na etapa complementar, viu-se Porto nos minutos iniciais mas os Dragões continuaram a mostrar-se bastante perdulários. André Silva cabeceou ao lado e depois foi a vez de Bruno Varela, o guardião sadino, defender por instinto um golo mais do que certo negado a Diogo Jota.

A sorte não queria nada com os Dragões. Adivinhava-se o golo portista mas subitamente e, após as substituições operadas, o FC Porto quebrou de rendimento e o V. Setúbal pôde respirar e subir no terreno. Corona, Brahimi e R. Neves entraram para mudar alguma coisa mas o efeito foi precisamente o contrário. Para se poder ter a noção do que realmente se passou, o FC Porto acabou o jogo a bombear bolas para a grande área, procurando uma cabeça milagrosa. E por ironia do destino, Nuno Espírito Santo deixou Depoitre no banco de suplentes.


O V. Setúbal subiu no terreno e ainda chegou ao golo na cobrança de um livre mas Fábio Cardoso estava em situação irregular.

A terminar, o artista do apito deixou a sua marca no jogo com uma grande penalidade sobre Otávio num pontapé de um defesa sadino na canela do jogador portista e a acabar o jogo uma entrada sobre R. Neves em cima da linha de área setubalense não foi sancionada. E assim o Dragão continua a ser espoliado.

Alguém vai falar nisto? Nem pensar. Agora só se fala quando se ganha. Quando se perde ou empata da forma que se viu hoje, fica tudo bem, não há nada a reclamar. Antigamente falava-se quando nos sentíamos enganados e prejudicados. Agora deixa-se andar. Com um jogo grande à porta vai ser bonito, Sr. Presidente! Tenho saudades suas, acredite! Ninguém fazia farinha. O respeito era tão lindo!

Perante este resultado, o FC Porto perde mais dois pontos para o líder do campeonato e não aproveita a escorregadela do terceiro classificado. Assim, torna-se difícil. Não dá mesmo!

O FC Porto vai entrar numa semana algo decisiva. Quarta-feira recebe o Cub Brugge no Dragão para a 4ª Jornada da Champions League onde pode desde já eliminar o clube belga da prova, para depois receber o primeiro classificado da Liga NOS e tentar diminuir a diferença.




DECLARAÇÕES

Nuno: “Faltou eficácia”

Nuno Espírito Santo considerou que o empate do FC Porto frente ao Vitória de Setúbal, este sábado, no Estádio do Bonfim, na nona jornada da Liga NOS, se ficou à falta de eficácia no aproveitamento das várias oportunidades de golo criadas ao longo do jogo. O treinador defendeu por isso que o resultado foi injusto face ao que a equipa produziu em campo e lamentou o penálti não assinalado sobre Otávio por parte da equipa de arbitragem liderada por João Pinheiro.

A falta de pontaria
“Este foi um jogo em que não conseguimos ser a equipa que pretendíamos: faltou eficácia, tivemos demasiadas oportunidades falhadas, que se concretizássemos mudariam a história do jogo. Este não era o resultado que queríamos e que merecíamos, num jogo em que fomos quase sempre superiores e em que fizemos muito para sair com outro resultado. Só houve uma equipa que quis ganhar, que fomos nós.”

Nota negativa para o árbitro
“Os árbitros acertam umas vezes, outras não e o de hoje não acertou. Esse lance poderia ter mudado a história do jogo.”

A entrada de Rúben Neves
“Prendeu-se essencialmente com uma questão de equilíbrio no meio-campo. Estávamos a começar a perder no meio-campo, o Rúben tem características que nos garantiam maior vantagem aí e maior largura. Isso foi conseguido, mas faltou concretizar o que produzimos.”

A desilusão e o regresso ao Dragão
“Sabemos que hoje não fomos a equipa que queremos ser, desiludimos os milhares de portistas que vieram e que nos apoiaram, mas temos confiança nestes jogadores, que merecem todo o apoio e é fundamental que no Dragão sejamos a equipa que queremos ser para conquistar o que pretendemos.”

O aviso e o objetivo
“São jogadores jovens, que neste jogo quase sempre conseguiram ser jogadores à Porto, comprometidos. Houve momentos em que não foi assim e isso é um aviso para nós. Conquistar estes pontos é fundamental para o nosso objetivo final, que é sermos campeões.”

As contas da Liga e a Champions
“No que se refere ao campeonato, estamos dois mais longe do que desejávamos e seria importante estar. Vai exigir de nós mais trabalho para nos levantarmos rapidamente para quarta-feira. Vamos preparar esse jogo que é importante na, é fundamental na nossa participação na Liga dos Campeões, já que uma vitória significa estarmos muito mais perto do nosso objetivo.”



RESUMO DO JOGO

5 comentários:

  1. E o que mais me incomoda no fim, é a voz mansa de Nuno, e quando no fim do jogo os jogadores rodeavam o arbitro Nuno foi-se para os balneários.
    Mas estarão Presidente e Treinador doentes para não falarem dos escandalosos roubos?

    O jogo não foi bem aproveitado por nós, ok, mas estes erros já nos estão atravessado para cima da garganta, que se fica farto que não haja defesa.

    Se há algo que se deva assobiar é esta falta de defesa do Presidente.

    Abraços.

    ResponderEliminar
  2. Em vez do Somos Porto deviam dizer Somos uma Vergonha. Roubados indecentemente e no final ficamos calados. O presidente não fala e o incompetente do treinador assobia para o lado.Mais um campeonato perdido mas qual é a equipa que pode ser campeã com projetos de avançados? ??? Quando não podemos falhar falhamos e isso denota a nossa falta de estofo. Fora com esta Sad!

    ResponderEliminar
  3. “É triste dizer isto, mas o FC Porto presentemente não mete medo a ninguém.”
    Os “roubos de igreja”, como o de hoje em Setúbal, não chegam para disfarçar as carências de uma equipa que não se constrói só com desenhos.
    Inaceitáveis perdidas! Inadmissível arbitragem! Inacreditáveis roubos de igreja! Incrível reação do NES! Intolerável silêncio da SAD! “Quo vadis”, meu Porto?

    ResponderEliminar
  4. Ironicamente, o slb é mesmo a única equipa em Portugal que nos teme.
    É a única equipa que seja jogo a feijões, ou para título, vamos sempre com a garra toda.
    Até um dos piores FC Porto do séc XXI conseguiu-os vencer por 2 vezes no ano passado.

    Difícil, difícil para nós são os Tondelas e Marítimos desta vida. Esses são temíveis. Não o slb.

    De domingo, não penso que o nosso estado de espírito se altere, quer estivéssemos a 3, como a 5. Já nos vermelhos a pressão é obviamente menor. Podem vir fazer o que tanto gostam (jogar para o pontinho), e tudo para além disso será bónus.

    ResponderEliminar
  5. Completamente de acordo com o comentário do Hugo Mota.
    Apesar dos clássicos serem jogos de tripla, na teoria...

    ResponderEliminar