15 outubro, 2016

ENSAIO PARA A CHAMPIONS.


GAFANHA-FC PORTO, 0-3

O FC Porto venceu o Gafanha na 3ª eliminatória da Taça de Portugal e carimbou a passagem para a próxima eliminatória. Os Dragões não fizeram mais do que a sua obrigação. Tal como a selecção portuguesa tinha obrigação de levar de vencida Andorra e Ilhas de Faroé, ao FC Porto cabia a mesmíssima responsabilidade perante o Gafanha.

Hoje em dia temos por hábito dizer que não há jogos fáceis e que as diferenças entre os mais fortes e os mais fracos é curta mas não vamos exagerar nas comparações.

Se o FC Porto não levasse de vencida o Gafanha, seria vergonhoso. No entanto, vimos nos dois dias anteriores os nossos adversários diretos levar de vencida os seus adversários pela margem mínima. Um deles utilizou boa parte dos habituais titulares e só obteve a vitória aos 90+6 minutos de jogo com mais um brinde do homem do apito a esticar o tempo de jogo de uma forma descarada e sem qualquer tipo de pudor.


O FC Porto utilizou grande parte dos titulares com que tem iniciado a época. Li antes, durante e depois do jogo, muita gente crítica com as opções de Nuno Espírito Santo. São opiniões que respeito mesmo que possa não estar de acordo com elas. Não faço é o que alguma boa gente faz: se criticamos, somos maus portistas. Se elogiamos, somo grandes dragões, portistas de gema e conversas da treta.

Não! A crítica construtiva é precisa, necessária e faz com que muitas vezes funcione a favor como uma alavanca para a própria equipa. Todos nós somos treinadores de bancada, damos as nossas opiniões, dizemos os nossos “bitaites” e pensamos pelas nossas cabeças.

Mau é não ter opinião e seguir a carneirada, estilo “Yes, man”! A esses digo que só empurram a equipa. Mas não é para a frente! É para o buraco, para o abismo. É importante ter opinião, quer desagrade a alguns, quer desagrade a muitos. Desde que seja com coerência, a opinião é válida. É isso que aqui faço sem insultar ninguém e sem faltar ao respeito a quem quer que seja. De outra forma, jamais escreveria neste espaço.

Feito o esclarecimento, quero continuar a dizer que concordei na generalidade com as opções iniciais de Nuno Espírito Santo.

E porquê?

Porque depois de uma paragem de 15 dias que, na prática, serão 18 ou 19 dias, pois o Gafanha, com todo o respeito, não é um adversário a “doer”, é importante utilizar os considerados melhores jogadores para manter o ritmo, melhorar as rotinas e a qualidade de jogo. E como calhou na rifa defrontar uma equipa de um escalão bastante inferior, havia que fazer um bom treino para o teste de Terça-feira que se vai revelar decisivo na prova milionária da UEFA.


Eu percebo que os sócios queiram ver João Carlos Teixeira, Rúben Neves, Evandro, Depoitre, Sérgio Oliveira e outros menos utilizados mas o momento não pede poupanças, nem oportunidades para os menos utilizados. O momento exige concentração, rotinas, qualidade de jogo e aumento da carga de competição.

Estar 15 dias sem competição (mesmo que alguns tenham jogado nas selecções nacionais) e estar em início da época, torna completamente descabido e desajustado utilizar jogadores com poucos minutos nas pernas. Não foi por receio de perder o jogo ou de passar por dificuldades frente ao Gafanha que o técnico fez as opções que fez. Se calhar se tivesse feito outras opções, o jogo até poderia ter sido mais fácil. Até a equipa B teria obrigação de vencer este jogo. O objectivo passou por preparar a equipa em competição.

Passando ao jogo propriamente jogado, posso dizer que o adversário deu boa réplica. Defendeu bem, fechou bem as linhas de passe e procurou discutir o jogo e o resultado até perto da hora de jogo. Mesmo assim, não foi nem teria de ser um FC Porto forte para resolver o assunto.

Os Dragões assumiram as despesas do jogo mas foi só à passagem da meia hora que os portistas inauguram o marcador. Num bom lance individual de Otávio, o brasileiro progrediu dentro da grande área, ultrapassou dois adversários e quando o guarda-redes e um defesa contrário procuravam tapar o caminho para a baliza, o jovem portista rematou rasteiro e colocado.

Otávio criou novamente perigo na baliza contrária pouco tempo depois, proporcionando a Diogo Jota uma bela oportunidade mas este desaproveitou. O Gafanha tentou a sua sorte num livre frontal mas a bola subiu muito.

O FC Porto regressou do intervalo com a mesma atitude. Um domínio natural mas sem forçar muito perante um Gafanha, já sem a frescura física da primeira parte.


Aos 65 minutos, dá-se o que, na minha opinião, nenhum técnico deve fazer. Mas como eu não sou ninguém ao pé do técnico portista, a minha opinião vale zero ou quase zero. No entanto, não vou deixar de dizer o que penso.

Com o resultado de 0-1, Nuno Espírito Santo mexeu na equipa, com três alterações de uma assentada. A frente de ataque portista foi toda substituída por outros três jogadores. Ou seja, Otávio, André Silva e Diogo Jota deram os lugares a Corona, Brahimi e Depoitre.

O problema não está nas substituições operadas mas sim em fazer as três substituições de uma só vez com o resultado de 0-1 e com 25 minutos ainda por cumprir. Qual é aqui a questão?

Simples!

Apesar de não ser provável, pela forma como o jogo estava a decorrer, um golo fortuito do Gafanha poderia acontecer como aconteceu no Estoril no dia anterior. E então se a isso acrescentarmos uma possível lesão de algum jogador? Seria 1 jogador a menos, equivalente a jogar 10 contra 11…

Não havia necessidade!

Todavia, pouco depois das três alterações, o FC Porto, felizmente, carimbou o resultado. Na sequência de um pontapé de canto, Marcano desvia a bola para o segundo poste para Corona obter o segundo golo.


O resultado estava mais do que feito mas ainda antes de terminar, o mesmo Corona, numa jogada individual, serviu o belga Depoitre que, de cabeça, fez o resultado final da partida.

Cumprida a eliminatória da Taça de Portugal, o FC Porto vira as atenções para a Bélgica. Os Dragões jogam uma cartada decisiva na Champions League frente ao Brugges, definindo muito do seu futuro próximo na prova. A vitória é o único resultado que interessa.



DECLARAÇÕES

Nuno: “Cumprimos com a nossa obrigação”

No final do jogo em que o FC Porto bateu o Gafanha (3-0), no Municipal de Aveiro, e que lhe permitiu apurar-se para a próxima eliminatória da Taça de Portugal, Nuno Espírito Santo era um treinador satisfeito com o resultado, que considerou justo mas escasso, com a exibição e com a seriedade, o profissionalismo e o empenho que os jogadores colocaram em campo. O técnico portista deu ainda os parabéns ao adversário pela forma como se apresentou e lutou por cada bola neste encontro.

Um “jogo armadilha”
“Cumprimos com a nossa obrigação e o nosso objetivo, e fizemo-lo de uma forma contundente. Foi importante a seriedade e o profissionalismo com que os jogadores encararam o desafio. Desde o primeiro momento que os eles sabiam que este era um jogo armadilha, em que havia pouco a ganhar e muito a perder; não quiseram correr esse risco e cumpriram o seu dever. Sabíamos que era importante jogar de uma forma intensa, equilibrada e no meio-campo defensivo do adversário. Os golos foram aparecendo naturalmente e diria que tivemos oportunidades excelentes para fazermos mais.”


Vitória justa e contundente
“Creio que a vitória é totalmente justa e contundente, dentro do que procurámos. Parabéns ao Gafanha, porque foi uma equipa que enquanto pôde, complicou e tem muito mérito na forma como joga e luta a cada momento.”

Oportunidades de crescimento
“Todos os jogos são importantes, são oportunidades de crescimento, tal como os treinos o são. São dois jogos sem sofrer golos, o equilíbrio defensivo é importante, assim como marcar sete golos é importante. Tudo é mais fácil quando as ideias que pretendemos são postas em prática de forma eficaz.”

Mudanças no onze
“Considerámos as várias opções que tínhamos e entendemos que esta era a melhor atendendo a vários fatores. Um deles tem a ver com o facto de termos jogado pela última vez no dia 1 de outubro, frente ao Nacional, pelo que era importante os jogadores jogarem juntos e consolidar o crescimento que queremos para a equipa objetivo também foi conseguido. Devo dizer que não há um onze base, há uma equipa que joga e representa o FC Porto. Sou um treinador feliz, porque todos os jogadores estão disponíveis e são opção, trabalham de forma muito empenhada no seu dia-a-dia e considerámos que era a melhor equipa a apresentar.

As soluções do plantel
“Temos excelentes opções. Os 26 jogadores que temos são todos importantes e a intensidade e a competitividade que têm internamente é fundamental não só para o crescimento da equipa como individual. O Depoitre marcou e é importante, porque é um jogador que nos pode dar muitas coisas. O André Silva também já marcou, tal como o Jota; todos têm sido importantes, mas ainda falta muito caminho para percorrer para atingirmos o nível que pretendemos.

A Champions
“Agora é o momento de pensar no Club Brugge. Sabemos da importância do jogo e voltaremos a apresentar a equipa que considerarmos melhor e com todas as opções possíveis. Queremos continuar o nosso crescimento e estamos preparados para encarar o jogo.”



RESUMO DO JOGO

1 comentário:

  1. Bom dia portistas!!!

    Lá diz o Herman José, que as opiniões são como as vaginas!!! E longe de mim querer ser ofensivo ou ousado, mas a realidade é mesmo essa!!
    Além de que são sempre diferentes.

    Concordo com o que foi dito e se por vezes aqui tenho criticado o NES pois acho que falta algum trabalho de casa (estudo do adversário) acho que neste caso fez bem em preparar os jogadores após longo tempo de pausa para o que aí vem. Especialmente por este não ter sido um jogo com a intensidade mais elevada.
    Claro que pontualmente podia ter mudado em vez de A o jogador B ou C, mas é indiferente.
    Não descaracterizou a equipa, dando oportunidade a alguns jogadores como o Bolly.
    Quanto às alterações também acho que foi feliz, não só pelo resultado (2 golos), mas também pelo facto de ter mudado o esquema tático e continuar a manter válidas alternativas táticas ao nosso jogo. Claro que isto funciona pois o adversário era o Gafanha (equipa com alguns jogadores bem interessantes que deveriam estar numa segunda liga pelo menos) que nos permitiu tal veleidade.

    Em resumo foi cumprir o objectivo com um resultado tranquilo, com uma intensidade apenas média a média-alta e motivar para o próximo jogo que esse sim vai dar que fazer mais um bocadinho, não apenas pela valia do adversário ser superior, mas também porque entramos em campo bastante pressionados com o facto de termos de ganhar.

    O importante é que esta fornada de jogos que aí vem seja positiva e 100% vitoriosa!!!
    Saudações azuis e brancas!

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