28 outubro, 2016

MY NAME IS NUNO... NUNO ESPÍRITO SANTO.


Um mês se passou desde o último amargo de boca que tivemos. Dessa derrota em terras de Sua Majestade até ao presente, 4 vitórias em outros tantos desafios. Três delas convincentes (Nacional, Gafanha e Arouca), outra mais titubeante em Bruges, muito por culpa do tropeção táctico inicial, emendado a tempo pela categórica pujança final.

Estivéssemos nós plantados numa circular da capital macrocéfala, e os nossos feitos - ou responsabilidade - luziriam bem alto no Olimpo mediático, enchendo o peito dos apreciadores dessas camisolas. Mais de ar, do que propriamente de substância. Ao invés, situando-nos nós ao lado da mais exasperante via rodoviária provinciana, todos os comentários às nossas vitórias são invariavelmente intercalados, ou finalizados, com uma inevitável nuvem de desconfiança.

Decerto se recordarão do clima de euforia, patrocinado pela comunicação social, que se gerou na época passada em torno de Jorge Jesus. Mesmo que os resultados em campo fossem modestos, com empates e vitórias pela margem mínima nos primeiros 2 meses de liga, uma participação medíocre na Liga Europa, e a não qualificação para a Champions, os adeptos leoninos impulsionados por aquela, enchiam o estádio e puxavam pela equipa com uma motivação e esperança que já não lhes víamos há muitos anos. No final, uma mão quase cheia de nada, semelhante ao pior FC Porto do séc. XXI, não fosse a Supertaça desequilibrar a balança para o lado deles.

Contudo, Nuno, "afilhado" de Jorge Mendes mas não da imprensa, mesmo que tenha ultrapassado uma equipa poderosa como a Roma no acesso à Champions, mesmo brindado com a pré-época mais "amadora" de que há memória, mesmo tendo recebido jogadores nucleares com a temporada em andamento (Óliver, Jota... e Brahimi), mesmo que tenha vindo a trabalhar com dois modelos de jogo distintos, e a conseguir resultados com eles, terá sempre colada a cruz da desconfiança, por uma óbvia culpa: a de não conseguir vencer em Outubro ou Novembro, competições que só acabam em Maio.

Até lá, a cada vitória permanecerá a suspeição e o enfoque no acaso ou demérito alheio. Como se a maior qualidade neste, ou naquele, sistema ou momento de jogo sejam obra do Espírito Santo e não de Nuno. Nos resultados menos bons, que inevitavelmente acontecem a todos os treinadores durante uma longa época, o habitual coro de impropérios de todos os quadrantes portistas, com os recorrentes decretos de incompetência e veredictos de asnice aguda.


Lembro que Nuno Espírito Santo não é André Villas-Boas, José Mourinho ou Pep Guardiola. Nuno é... Nuno. Foi esse o treinador contratado pela nossa SAD em Junho último. É esse que deve ser avaliado. Os louros, ou críticas, aos resultados que obtivermos esta época só poderão ter um destinatário: quem o contratou! A única exigência a Nuno, será que no FC Porto consiga implementar o que de melhor fez na sua (curta) carreira de treinador e que, de preferência, evolua e corrija algumas das suas lacunas.

Sendo certo que o seu reinado ainda é demasiado curto para tirar ilações definitivas, o que podemos aferir até este momento, é que Nuno tem conseguido cumprir os objectivos acima referidos, pelo que o balanço só pode ser considerado positivo. Senão vejamos:

No ponto mais forte do seu currículo, conseguiu unir e solidificar o balneário em torno de um objectivo de conquista. A intervenção de Casillas no túnel em Bruges, é prova disso mesmo.

Analisando as suas fraquezas, temos visto a equipa crescer em posse e domínio, quando comparada com um início de temporada em bloco (demasiado) baixo. Começam também a aparecer soluções ofensivas alternativas à dependência no modelo de transições rápidas. Falta porventura melhorar a sua actuação no banco, onde tem demonstrado alguma lentidão na análise e reacção às incidências dos jogos.

Estando Nuno a cumprir as melhores expectativas que teríamos para... Nuno, porque continuam os portistas a avaliá-lo como se ele fosse Villas-Boas, Mourinho ou Guardiola?


Sublinho com curiosidade uma citação de Jorge Nuno Pinto da Costa, na recente Gala dos Dragões de Ouro:

"... O FC Porto tem escrito no seu museu que aquilo que defende tem de ser suportado por quatro pilares: rigor, competição, ambição e paixão. Se uma dessas falhar pode ruir o trabalho de décadas."
Faço votos que o nosso Presidente tenha ouvido as sábias palavras de Pinto da Costa.

2 comentários:

  1. Seria talvez melhor avaliar se Nuno Espirito Santo alguma vez foi treinador de futebol

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  2. Bom texto as usual, Hugo.
    Disseste tudo... "Nuno é... Nuno". Começa a ser bem visível.
    Hoje frente ao Brugge, viu-se isso e com as letrinhas todas.
    Mas mesmo sendo apenas Nuno, esperar-se-ia bem mais, por ainda pouco que fosse.

    Um beijo.

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