13 setembro, 2017

AS DEBILIDADES DO DRAGÃO.


FC PORTO-BESIKTAS, 1-3

Ao sexto jogo oficial, o FC Porto claudicou. Os Dragões estrearam-se na presente edição da Champions League com uma derrota clara, por números significativos, na sua própria casa e perante um adversário que, apesar de bons jogadores, historicamente é uma equipa sem grande tradição na prova.


As debilidades da equipa portista ficaram completamente expostas. O Dragão já se sabia que tinha um plantel curto para dar as respostas adequadas em todas as provas. Foi preciso apenas colocá-lo à prova na liga milionária sem dois activos seus (Aboubakar e Maxi) e a falta de soluções tornou-se evidente. Aboubakar fez falta, o mesmo não se pode dizer de Maxi. Mas os portistas estão claramente limitados nesta época.

O FC Porto terá de espremer bem este naipe de jogadores se quiser ter algum sucesso e Sérgio Conceição terá de ser capaz de fazer uma gestão mais equilibrada e bastante cautelosa para não perder o controlo nas competições que tem que enfrentar. Para a Liga NOS, o plantel é razoavelmente bom mas para a Champions League poderá não dar para os objectivos mínimos.

Naturalmente que é precipitado da minha parte estar a tirar conclusões no fim da 1ª jornada da prova mas a derrota por 3-1 frente ao Besiktas esta noite é significativamente preocupante. Não quer dizer que o FC Porto não possa chegar ao Mónaco daqui por quinze dias e fazer o que o Besiktas fez no Dragão mas há motivos para uma reflexão imediata sobre a performance da equipa azul-e-branca e o resultado alcançado frente aos turcos.


Este jogo foi a prova de que o esquema de Sérgio Conceição é demasiado curto e insuficiente perante adversários mais fortes. Jogar com dois médios não é fácil e coloca a equipa fragilizada, sujeita a dissabores. Na segunda parte, ao operar substituições e colocando o terceiro homem no meio-campo, o FC Porto já foi capaz de colocar o Besiktas em sentido. No entanto a finalização, a ausência do melhor ponta-de-lança da equipa e o regresso de lesão do segundo melhor ponta-de-lança do plantel, claramente fora de forma, revelaram-se decisivos para o desfecho. No banco, o FC Porto não tinha nenhum avançado, apenas médios e extremos.

Ao onze do FC Porto, o Besiktas respondeu com um meio-campo povoado. Daí retirou dividendos e foi premiado com um golo aos 13 minutos de jogo. Quaresma surgiu na direita, fez um cruzamento milimétrico e Talisca cabeceou para a baliza do estático Casillas. Marcano não foi lesto e deixou-se antecipar pelo jogador da equipa turca.

A este golo inicial, o FC Porto respondeu muito bem. Logo a seguir num cruzamento para a grande área, Soares cabeceou, a bola sobrou para Óliver Torres que rematou com o pé esquerdo estrondosamente ao poste da baliza turca. Mas aos 21 minutos, Alex Telles cobrou um canto, Marega fez-se ao lance e Tosic introduziu a bola de cabeça na própria baliza. Estávamos no melhor período dos Dragões na primeira parte. Acreditava-se que a reviravolta seria uma questão de minutos.


Marega ainda teve ensejo para rematar à baliza aos 23 minutos mas depois veio um balde de água fria. Tosun, jogador do Besiktas, rematou do meio da rua, obtendo um golo de belo efeito mas depois Casillas viu-se que ficou mal na fotografia. O remate apesar de potente, foi mal abordado pelo guardião espanhol.

O FC Porto sentiu bastante este golo. Não conseguiu reagir da melhor forma. Primeiro perdeu dinâmica e depois viu o Besiktas criar mais duas oportunidades junto à baliza de Casillas. Soares ainda rematou a rasar o poste mas o intervalo chegava com um Dragão algo combalido.
Ao intervalo, Sérgio Conceição retirou, surpreendentemente inexplicavelmente, Óliver, e colocou A. André. Fez entrar Otávio para o meio-campo ofensivo e saiu Corona. Marega foi para a direita e o FC Porto aproximou-se do 4x3x3. A reacção foi bastante positiva. Os Dragões ameaçaram a baliza contrária algumas vezes e os turcos foram obrigados a recuar no terreno.

Apesar disso, o FC Porto não foi feliz no último passe e não concretizou as poucas oportunidades criadas. Soares teve uma soberana oportunidade na cara do guarda-redes do Besiktas aos 60 minutos e depois Marcano cabeceou para a zona do poste direito da baliza contrária mas um defesa turco salvou junto à linha de baliza.


Perto do final do jogo, Babel “matou” a partida, colocando o resultado em 3-1 e desfazendo as dúvidas. O resultado é deveras pesado para os portistas que viram os outros adversários do grupo empatarem na Alemanha. Um empate no jogo de abertura teria sido um mal menor. Assim, os Dragões terão de ir buscar os pontos perdidos no jogo desta noite a outro lado se quiserem almejar alguma coisa nesta prova.

Não será nada fácil mas vamos aguardar e continuar a acreditar nesta equipa.

Notas finais para as boas exibições de Óliver (não se percebeu a substituição) e de Brahimi (conseguiu desequilibrar inúmeras vezes).
O FC Porto desloca-se a Vila do Conde no próximo Domingo para defrontar o Rio Ave a contar para a 6ª Jornada da Liga NOS. Três pontos são essenciais para manter a equipa no topo da tabela.




DECLARAÇÕES

Sérgio Conceição: “Nada está perdido”

A abordagem ao jogo
“É verdade que encontrámos uma equipa experiente e com qualidade individual, mas não nos podemos refugiar nisso, porque também temos uma equipa capaz, com qualidade. Penso que entrámos mal no jogo, mas aqui o treinador sou eu e assumo essa responsabilidade. Faltou-nos agressividade na primeira fase de construção de jogo do Besiktas. Eles jogaram muito à vontade e conseguiam variar o jogo muito facilmente e isso começou a criar dificuldades à nossa equipa. Eles marcaram o primeiro golo, nós reagimos bem, fizemos o empate e depois disso tivemos oportunidade de fazer o 2-1, o que tornaria tudo muito diferente. Entrámos na segunda parte modificando uma ou outra situação, encostámos o Besiktas e depois na parte final aconteceu o terceiro golo deles, que matou o jogo. Tinha que mudar alguma coisa: o Tiquinho [Soares] estava-me a pedir substituição e tive que o manter porque me faltou uma ou outra solução. Mas isso também não é desculpa. Era com estes que ia para a luta e assim foi. Nada está perdido, pois o Leipzig e Mónaco empataram e está tudo em aberto.”

As mexidas no meio-campo
“Tudo depende da dinâmica da equipa. Depende do que é o nosso processo defensivo. Os jogadores sabem o que têm que fazer para esse equilíbrio existir e não haver inferioridade numérica. Na primeira parte tentei meter o Brahimi mais pelo corredor central porque senti que havia alguma facilidade do Besiktas em jogar. Senti que um meio-campo mais povoado poderia ser benéfico e foi também por aí que mudei na segunda parte.”


O primeiro jogo europeu
“Não houve choque de realidade. Tivemos inúmeras oportunidades. As suficientes para quando o jogo estava empatado termos podido ir para a frente do resultado. Um golo muda em termos emocionais o que é a equipa e sobre os jogadores não há nada a dizer. Se há culpa de alguém é minha, porque a abordagem estratégica para este jogo não foi a melhor, porque se fosse teríamos ganho. Quando não se ganha a estratégia nunca é boa.”

O melhor momento do jogo
“O início da segunda parte foi muito bom e a reação ao golo também foi boa. Sem dúvida que em termos de consistência gostei mais do que fizemos no início da segunda parte.”

O apoio dos adeptos
“As pessoas sabem e nós não temos segredos. Sabem que nós trabalhamos com determinação e com ambição. Nós não somos imbatíveis. Há jogos que podem ser menos conseguidos, mas uma coisa é certa: houve atitude e a equipa procurou sempre o melhor.”



RESUMO DO JOGO

1 comentário:

  1. O FC Porto perdeu com uma grande equipa! Pelo que vi dos dois jogos, o Besiktas é, seguramente, a melhor equipa do Grupo.
    Os azuis-e-brancos nem jogaram mal, mas a sorte conquista-se, não cai do céu. Nada está perdido, temos de ganhar os outros jogos em casa e recuperar pontos nos jogos fora. Duas notas:
    - Brahimi não merecia perder este confronto com os turcos!
    - Na entrevista após jogo, descortinei algo que não me espanta: Sérgio Conceição esboçou palavras de descontentamento – mas não de desânimo – pela notória falta de recursos. Oxalá que esta “queixa” – justificada – não tome, no futuro, outra dimensão!... Seria muito mau sinal.

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