05 junho, 2009

A raça, a força, a entrega, a genialidade…

... imagem de marca dos centrais do FC Porto!!!

Como todo o Portista, sou um amante do espectáculo, do brilhantismo futebolístico, dos rasgos individuais das nossas pérolas, acima de tudo daquilo que fui habituado a idolatrar e a admirar desde que me conheço, enquanto adepto portista, da elegância defensiva que o meu Porto tem espalhado, nos vários campos, ao longo de todos estes anos.

Nos meus 24 anos de idade, nascido numa década de mudança futebolística a nível nacional, em que com ensinamentos e valores baseados na humildade, sinceridade onde só com trabalho é que se atingem os objectivos, cresci a admirar um clube que não sei bem até quando terá sempre o ódio de estimação deste país de maus vícios e algumas tradições facciosas. Mas não será sobre isso que incidirão as linhas desta minha grata crónica, mas sim sobre algo que existe no FC Porto, para a qual a psicologia não detém teorias, mas cuja língua destila sinónimos: a mística defensiva, dos centrais, do Futebol clube do Porto.

Começo por dizer que sim, que sou um pouco saudosista, no que a alguns jogadores do Futebol Clube do Porto diz respeito. Bem sei que a velha máxima, de que saiem uns e entram outros, será sempre uma constante, mas ao longo dos meus vinte e quatro anos de portismo, idolatrei e vivi sempre com admiração alguns jogadores que ocuparam, e alguns ainda ocupam, a posição do defesa central portista. Talvez seja coincidência, ou não, mas o facto de ter um sobrenome (Rocha), substantivado e identificado às paredes azuis e brancas da nossa defesa, me fazem ainda avivar nomes do passado, e recordar imagens, com os mesmos olhos de menino de outrora, nomes como Aloísio, José Carlos, Jorge Costa e Fernando Couto e mais recentemente, mas com a mesma raça e mística, Pedro Emanuel, Ricardo Carvalho, Jorge Andrade, Pepe e Bruno Alves. Muitos outros nomes acompanhei ao longo desta caminhada, mas estes tornaram-se os marcos fulcrais numa defesa portista reconhecida constantemente por esse Mundo fora, ao longo dos anos.

A base de inspiração para o debite destas palavras, deve-se essencialmente a um momento, recente, que me marcou e irá marcar por algum tempo e enquanto a memória saudosista me quiser permanecer no corpo e na alma, falo pois da “despedida” que Bruno Alves protagonizou no fim de mais uma final ganha, que daria lugar à sexta dobradinha do Clube.

31 de Maio de 2009, pouco passava das 19h, quando então um dos já eternos capitães do Porto se dirige ao epicentro da massa associativa do clube e de forma comovente, de mão estendida sobre o peito, bem por cima do símbolo clubístico que venera, acena e “abraça” a multidão, apoiante, presente. Sei e senti, na altura, que tínhamos, nós clube, criado mais um ídolo, que a par de tantos outros Bruno Alves, estará para sempre ligado às histórias, das árduas batalhas defensivas travadas, pelo nosso clube.

Naquele breves minutos, recordei então todos os outros nomes, enunciados já atrás, que me fizerem apreciar uma posição de campo que criou lendas, exibições, resultados, estatísticas e números fantásticos, e que tudo isso aliado ao facto de termos construído capitães e homens de valores ainda hoje reconhecidos. O FC Porto, sem se aperceber de imediato, criou e fez crescer uma imagem de marca, em muito baseada nos seus centrais. A elegância de Aloísio, a voz de comando de Jorge Costa, a subtileza de Ricardo Carvalho, a eficácia e eficiência de Jorge Andrade e Pepe e a Raça de Bruno Alves, fazem-nos hoje dizer que temos uma das melhore escolas de centrais do Mundo. Que para além de formar jogadores competentes e profissionais, forma também Homens de uma cultura e de um amor pelo Futebol Clube do Porto inigualável.

Quem não se lembra, a título de exemplo, das duplas Fernando Couto – Aloísio (16 golos em quatro épocas), Jorge Costa – José Carlos (29 golos em igual período de tempo) e Jorge Costa – Ricardo Carvalho (nove golos em três temporadas), demonstrando não só uma clarividência e eficiência defensiva, mas também uma veia goleadora determinante para a conquista de vários campeonatos. Pois, a verdade é que esses tempos continuam gloriosos, do velhinho estádio das Antas para o Dragão, e com a mesma estrutura defensiva e concretizadora. Daqui a uns anos, quem escrever sobre este FC Porto tetra-campeão vai falar, obrigatoriamente, da pontaria dos defesas centrais Bruno Alves e Rolando (que se deve assumir, como o natural novo sucessor da realeza central portista), responsáveis por 8,7 por cento dos conjunto global de golos desta temporada. É caso para dizer que “mudam-se os tempos, mantêm-se as vontades”. Destaco também, apesar da minha tenra idade e de não os poder ter visto actuar como desejaria por não estar ainda tão desperto para o futebol, a dupla Demol – Geraldão da época 89-90, conseguindo na altura 17 dos 90 golos marcados pelos azuis e brancos, demonstrando mais uma vez a géneses e o factor hereditário do nosso clube; ficando também para trás nomes como Lima Pereira, Celso e Eduardo Luís.

Bem sei, como já mencionei anteriormente, que muitos outros nomes deixaram a sua marca no FC Porto, não quis aqui menosprezar ninguém, nem tão pouco, querer fazer esquecer alguém. Apenas quis homenagear, se assim lhe posso chamar, e deixar patente aqueles que marcaram a minha geração, numa posição, que mais uma vez refiro, tanto admiro e construíram a imagem de um Porto forte, raçudo, com espírito e sede de vencer e que terá sempre, seja qual for o seu próximo nome, uma voz de comando e liderança, algo que tanto nos distingue dos demais.

Um obrigado a todos aqueles que fizeram, fazem e farão sempre a grandeza do FC Porto aqui e lá fora.

Seja qual for o caminho que tomarem, levem sempre o Porto no Coração!

# fonte: post remetido pelo Amigo do blog, João Salvador Rocha, para publicação.

11 comentários:

  1. Post petinente, este!

    Há muito ouço dizer que uma grande equipa começa a construir-se de trás para a frente. No nosso clube esta máxima é levada ao extremo: não só a qualidade do futebol inicia-se a partir de uma grande defesa, como também a raça, mística e força são transmitidos, frequentemente, pelos jogadores referidos no excelente texto. No Porto, os defesas normalmente dão corpo aos valores que fazem de nós todos campeões.

    A raça e o querer com que se impede os golos dos adversários, contagiam o resto do nosso futebol. E, atrevendo-me a uma perspectiva mais romântica, contagiam também os adeptos que, tendo oportunidade para isso, os podem usar como conduta para o sucesso pessoal.

    Este é um dos motivos de luxo para eu considerar o meu clube diferente de todos os outros.

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  2. Meu caro João Rocha,que tive o prazer de conhecer faz hoje uma semana:

    Nem sei o que dizer, este teu texto tem uma qualidade enorme. O que sentiste naquele momento de despedida (?) do nosso Bruno Alves inspirou-te e saiu esta obra prima invocando nomes q ainda hj recordo com imensa saudade, Celso, Geraldão, Lima Pereira, F.Couto, J.COsta, E.Luís, R.Carvalho, Demoll, Aloisio, Pepe, José Carlos, Pedro Emanuel, Jorge Andrade...

    Presidente: Quanto custa o passe deste Rocha? :)

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  3. Bruno Alves vai deixar saudades... mas tenho a certeza que é daqueles que leva o Porto no coração :)

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  4. O F.C.Porto é de facto uma escola de centrais e mesmo aqueles que não nasceram no clube - Aloísio, J.Carlos, Geraldão, Celso, etc -, aqui se refinaram, cresceram e tornaram-se melhores jogadores.
    O último foi o Bruno a quem muitos fizeram o funeral, mas que recusou ser enterrado. Já está à bica o Nuno André Coelho, o Maicon, o André Pinto que esteve no S.Clara e miúdo dos júniores, o Abbdoulaye, que lamentavelmente se lesionou e não vai jogar mais até ao fim da época, o mesmo acontecendo ao Ivo Pinto e ao Diogo Viana, que foi operado.

    Um abraço

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  5. Bruno,

    Entraste, como se costuma dizer na gíria, à matador, carago!

    D'um teu pedido, virou um post 7 estrelas... muito, muito bom... os meus parabéns.

    De facto, há muito que o FC Porto, no que ao futebol diz respeito, tem um sector que invariavelmente, não denota problemas existências e esse, é de facto, o centro da defesa.

    Tenho pouco mais do que os teus 24, mas nesse período, são tantos e tantos centrais de valor imenso que já passaram pelo eixo da nossa defensiva, que até já lhes perdi a conta.

    Se não todos, praticamente todos já foram por aqui enumerados por outros amigos do blog, logo ali acima, razão pela qual, é caso para dizer que o FC Porto não é uma escola... mas sim, uma Universidade de centrais, carago!!

    Só de me lembrar agora dos bons velhos tempos do Fernando Couto, do Jorge Costa, do Geraldão, do Celso, do Ricardo Carvalho, do Jorge Andrade, etc etc... que saudades carago... e então alguns deles, até mais pareciam "pitbulls" na arte mágica de defender a nossa baliza dos ataques dos adversários, dando muita, mas mta segurança aos nossos guarda-redes.

    Pois, o Bruno Alves, tb a mim me parece que aquele "momento" no final do jogo, foi um adeus anunciado, coisas próprias do futebol... mas que eu, por norma, relativizo e de que modo. O meu ídolo, é, foi e sempre continuará a ser o FC Porto... os jogadores passam, larga maioria deixa saudades na partida, mas o clube, bem, esse fica para todo o sempre.

    Uns partem, outros chegam... tudo normal, mas óbvio, preferiria que ficasse... se não dá mesmo, boa viagem, obrigado por tudo e há que agora, apoiar os que estão, que chegaram ou que estejam para chegar... mai'nada!!!

    ps - foi para mim, um prazer enorme finalmente poder conhecer e conviver nestes dois últimos convivios, alguém a quem já me tinha habituado reconhecer apenas e só pelo nick... foi então hora de passar do anonimato ao conhecimento pessoal. Um abraço para ti... ahhh, e vê lá se para a próxima, falas menos e mais baixo, porque ainda hoje, me sinto cansado de te ouvir a falar ;)

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  6. Olá Familia do Bibó Porto. Antes de mais deixar um desde já obrigado, pelas palavras endereçadas à minha pessoa.

    Lucho: foi para mim também um prazer conhecer-te, bem como a todos os presentes nos 2 convívios. és um apaixonado pelas outras modalidades e isso diz muito da tua pessoa. Afinal de contas o Mundo tambem vive das minorias (neste caso as modalidades mais amadoras), que sao tao ou mais importantes que as maiorias. Respondeu á questao do Bruno Alves, de facto fiquei emocionado e com o coraçao a bater mais forte, pois vi naquele rapaz, desde logo, a raça e a mistica portista encarnada no seu corpo, sendo que à muito defendia que ele deveria ser o natural capitao portista. Cresci a admirar um Jorge Costa Lider um Couto e um Aloísio insubstituíveis, e vi neste rapaz Alves, todos estes. Apenas resta desejar-lhe boa sorte para o futuro, sendo que este ainda pode passar por continuar de Dragao ao peito ;)

    Blue: Um abraço forte também, e assim que conseguir, conta com mais bitatites, em cronica, meus. O facto de ter falado muito e alto, (lol), é da mha pessoa ser assim, numa primeira fase, de conhecimento timido, mas depois um bitateiro amigo que nao se cala. lol

    Um forte abraço a todos.

    Ps: Gostei imenso de ter tido a oportunidade de vos ter conhecido a todos. Uma experiencia a repetir certamente.

    Todos fazemos o Porto ser aquilo que é: Mítico e Místico

    termino, da mesma forma que terminei o post, pois penso ser da melhor forma:

    "Seja qual for o caminho que tomarem, levem sempre o Porto no Coração!"

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  7. Muito bem amigo João Rocha, que também tive o prazer de conhecer recentemente! Realmente no que toca a centrais, o nosso clube encontra-se no "top" mundial. Aqueles que nascem aqui, ou aqueles que são repescados desde pequenos, todos eles saem excelentes, como jogadores e também como Homens. E é mesmo importante que quando saiam levem o Porto no coração.

    Aquele momento da "despedida" do Bruno aos adeptos durante a festa da conquista da taça de Portugal, no Jamor, foi qualquer coisa de arrepiante. E falando particularmente dele, é um jogador que admiro muito, evoluiu bastante nos últimos tempos e caso se confirme a sua mais que provável saída, deixará pena a qualquer um!

    Obrigado Bruno, és um Grande Portista!

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  8. O puta caçula cá do Clã Rocha, rapaz de poucas falas mas impossivel de aturar quando se lhe mete algo na mente, apareceu-me um dia destes a mingua deste espaço , para dar um grito saudosista sobre os nosso centrais...Pois é, repleto de razão, se temos muitos e bons rapazes altos, duros e mauzoes no ultimo reduto devemo-lo a arte de os emancipar e de os ver afirmarem-se no plano futebolistico,temos sido uma mina de centrais...Confesso que era fã do catenacio imposto por homens como Canavarro , TAssoti, Baresi e outros italianos, mas chego aos dias de hoje, percorro varios anos ate decadas e o que vejo é que os nossos em nada ficam a dever a esses..pelo contrario!!!Bem o resto acho que nos Portistas cada um a sua maneira guarda fartas e memoraveis recordaçoes deste icones e baluartes defensivos, que nos tornam ano apos ano das defesas mais coriaceas por essa Europa fora!!!

    Boa Puto,,saiste-te bem neste mundo bloguista...agora deixa o Blue em Paz que ele tem mais a quem dar de comer!!!eheheh

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  9. Bem vindo às lides da escrita, numa estreia em cheio:)

    Tocaste num ponto sensível, dado que uma das posições quemais aprecio é a de defesa-central. Resquícios, talvez, de quando dava uns pontapés na bola (sei grande jeito, diga-se), mas onde adorava imitar o meu ídolo da altura: o cabeludo Fernando Couto, que tinha aquela imagem de durão...

    Felizmente, o Porto sempre teve, ao longo da história, belíssimos centrais, transportadores da mística única do clube.

    Lembro-me de Rodolfo, tripeiro convicto, de Lima Pereira, de Simões, alto e magro, de farta cabeleira ruiva, e do comparsa do lado, Freitas, um negro com uma compleição física impressionante.

    Não deixa de ser interessante essa analogia que fazes, de o Porto clube criar jogadores e homens. Viu-se bem isso, na evolução de Bruno Alves, que se tornou menos agressivo, mais solidário, mais concentrado, com um coração do tamanho do Mundo.

    Belo post!

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  10. Obg Paulo ;)

    E como é sempre arrepiante recordar, as comemoraçoes do F.Couto, com o seu mítico mortal. Era puto na altura, mas ver aquela raça aliada a ao amor á camisola, so me fazia pensar, que ser do FCP é muito mais do que aquilo que se expressar por palavras.

    abraços

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  11. Viva !

    Parabéns pelo artigo !

    Concordo com a ideia que uma equipa se elabora de tras para a frente.

    Creio, mas posso me enganar, que o Porto apostou nos defesas centrais porque foi o único meio de se desenvolver ou / e de crescer.

    Um futebol de esquerda. Acho que já aqui escrevi sobre o assunto.

    Fundamentalmente, a escola do Porto amelhorou e deu vida ao ferrolho , nascido na escola Italiana .

    Paulo Pereira : É verdade Freitas ! Jogador que vi jogar várias vezes nas Antas. O Porto foi buscá-lo ao Belenenses. Sua alcunha era 115 . O pronto socorro devido à sua velocidade.

    Obrigado pelo artigo que obriga a refrescar a memória !

    E Viva o Porto !

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