29 outubro, 2010

Secret Story... Segredos do Dragão!!!

http://bibo-porto-carago.blogspot.com/

O Dragão é um espaço majestoso, cenário aprazível, propício a grandes espectáculos. Por muito que os pasquins do nosso rectângulo, conceptualizem convictamente outros protagonistas, é obrigatório perceber os primeiros sinais e as boas impressões portistas.

O FC Porto de AVB pode soar a um epítome de ilusão, contudo o colectivo Azul e branco não confunde identidade com seriedade, fazendo do seu futebol um jogo de sinceridade, por muito que alem reino do Dragão, se insista numa quimérica verdade desportiva, discutindo futebol por entre silvos arbitrais.

O futebol de hoje em dia confunde-me cada vez mais. Depois de ler que o PSV engatilhou dez bolas ao Feyenoord, acho que não é exagero afirmar que em cada gesto táctico, remate, passe ou outra componente técnica se escondem segredos.

Há coisas que ninguém vê, a emoção que o jogo proporciona distrai-nos, turva-nos a capacidade de avaliar os factos, impedindo que acontecimentos anteriores revelem os verdadeiros segredos. Mas eles estão lá, e em cada jogo real estamos prontos a tentar desnuda-los.

Ninguém duvide que há muitos segredos dentro e fora do campo, mas um dos segredos do bom futebol actual, é o colectivo pensar todos os momentos não como individualismos distintos, mas como simbioses irrepreensíveis entre defesa/ataque.

Não existem fórmulas imaculadas de sucesso, cada individualidade de um plantel é um mistério, os egos e o sobredimensionamento do alter-ego, destroem projectos e treinadores.

Afinal porque suscita este inicio de época do Dragão tantas ondas e elogios, que mistérios e segredos se alocam ao conjunto Azul e branco que transfiguram o nível exibicional desta equipa.

Num repente vejo o Olival transformar-se numa espécie de relvado dos segredos, claramente AVB aparece como a “voz”. Observador privilegiado, conserva e respira o seu lado de adepto. Partidário de eloquentes metodologias, fã incondicional dos meios audiovisuais, utiliza o vídeo como ponte forte da apreensão adversária, releva o essencial sempre em doses curtas, mas repletas de conceitos atractivos onde a globalização exprime uma filosofia estratégica de 4x3x3, com exigência pelas ofensivas dinâmicas e futebol sedutor, mas sempre a tempo de espicaçar os egos unindo o colectivo.

Quando o “oiço” imagino um futuro, e pensava mesmo que este equilíbrio derivava e caminhava paralelamente com o efeito placebo trazido por essa “voz”. Uma vitória, duas vitórias e o colectivo inerte de outrora, ruía face a materialização de um contundente equilíbrio de força anímicas.

Ponho os olhos no passado e descubro que Bruno Alves e Meireles eram um “casal” enamorado pelos cifrões e não pela vontade de ganhar novos desafios, dualidade de sensibilidades, que obrigam a uma nova formatação dos pilares que complementam as acções defensivas. A vivencia destes reptos desafiam a “voz” a optar pela simplicidade de ideias, Otamendi chega, mas as rotinas são os passos menos complexos, e a eficiência é acima de tudo funcionar bem como dupla.

Mas se a “voz” tem as suas funções bem definidas e o seu raio de acção bem delineado, era preciso arranjar quem fosse o seu prolongamento no relvado…

A braçadeira foi o amplificador, Helton ostenta-a com orgulho e dá corpo a novo segredo, o sambista do violão é o “cúmplice da voz”. A maturidade comprova-a com a elasticidade de muitas das suas estiradas, a concentração hoje repercute como jambé no espírito do grupo e na inviolabilidade das redes.

Numa equipa que vence 14 dos 15 desafios propostos, tem de encerrar no seu âmago mais segredos sobre o relvado.

Com Jesualdo o quarteto defensivo era por demais conhecido, contudo Fucile chega do Mundial em contra ciclo, quando comparado com o seu opositor de lugar. Sapunaru salta para a titularidade sem comprometer o espaço defensivo, recatado na envolvência com o ataque.

AVB, prefere a inevitabilidade de não contar com o enfoque do seu lateral na construção, a ter que revelar que Fucile é consumido em jogo por momentos e experiencias paranormais, pois só assim se justificam alguns lapsos comprometedores.
Acresce neste rejuvenescimento táctico a emancipação do “polvo” Fernando, tal desempenho leva-me a crer que é cada vez mais visível o número infinito de relacionamentos deste com as sinergias de posse e trato de bola.

Adulto na sua nova relação com a bola, envolve-se hoje sem pudor com outros espaços ofensivos, relaciona-se intrepidamente ate com a área contrária, esguio e de passada larga é hoje vértice tantos nos espaços vazios, como rápido nas execuções curtas de antecipação de forma a não perder adversários de vista.

Com um passado sem grande interacção com a bola, hoje não é segredo estatístico nenhum que deve ter para ai 250 relacionamento com a redondinha por jogo.
Um segredo mal guardado é quase sempre motivo de conflito, a Sul o caso não foi de descoincidência, Moutinho, aprestava-se para perder a braçadeira, a conversa azedou e um dos melhores vinhos do convento (academia), transformou-se em vinagre de Macã podre.

O rumo do playmaker pouco tempo foi enigma, não sei se esteve 9 anos no convento (academia), passou lá tempo demais a bambolear os vértice de um losango, encontrou finalmente espaço para ser box-to-box e caminha facilmente para levar a carta a Garcia (Bettencourt).

Como a clonagem dos arquétipos futebolísticos tipo Barçelona, Arsenal, Chelsea, etc…, são ainda paradigmas desportivos, é preciso encontrar acompanhantes de luxo. Uns fazem-se de intensidade, outros de capacidade para decidir no último passe, todos eles emanam qualidade técnica, doseando sobre o relvado pitadas de desequilíbrio mas também de altruísmo nas parcerias que estabelecem dentro do colectivo.

Bellushi e R.Micael são um luxo para com quem com eles partilha espaços de dependência táctica, inteligíveis na forma de perceber o jogo, simplificam num passe grandes desenhos estilísticos da táctica, transportam nos seus adereços de jogo (chuteiras), o código genético, definindo o estilo de jogo, sustentando racionalidade e emoção quer no critério da posse como na eficiência da transição.
O impacto destes segredos ameaça as iniciais especulações sobre este FC Porto, este Dragão parece um “papão” técnico-tactico, a cada jogo ganho o novo “look” azul e branco oferece nuances e paradoxos vertiginosos.

Hulk parece ser um dos mais visíveis, depois de passar entre o relvado, o túnel e a bancada, entre a luz e a sombra, entre as clausuras do espaço central de área ou as faixas, oferece em cada 90 minutos, gritos de revolta que resultam num estado secreto de equipa que começa no super herói e lhe concede o cunho de obcessivo e compulsivo para com fenómenos de explosividade no remate, velocidade nas faixas, descobrindo caminhos sem fim para o golo.

Não vive bem com a área de baliza, convive mal com os freios tácticos e como tal recicla qualquer dinâmica que lhe permita partir vertiginosamente rumo a sua obstinação de ser imagem de desequilíbrio, deixando jornada após jornada imagens fortes, resgatando-o do ocaso “premeditado”.

Se creio que podem existir muitos mais segredos, nesta novela táctica, sim é quase certo. O futebol joga-se no relvado, e ai Falcao promete continuar a não esconder a sua secreta vontade “participar no assalto” às balizas contrarias, por muito que os comensais do apito lhe invalidem golos.

Tem sido difícil negociar esta nova forma de jogar e a exuberância de Hulk, com o faro pelo golo de “el tigre”, o habitat natural tem-lhe sido sonegado, pela afirmação vitoriosa deste rejuvenescido futebol e que ate aqui tem disfarçado as fragilidades que de inicio se apontavam ao Dragão.

Confesso que cheguei a embarcar na possibilidade deste futebol consistente e equilibrado ser obra daquela pulseira “power balance”, mas como neste desporto são proibidos brincos, colares, piercings e pulseiras, eu fico a vê-los no ecrã (por acaso esta semana devo ir a Coimbra) e a descobrir os seus segredos!!!!

11 comentários:

  1. É sempre um prazer ler uma crónica escrita por alguém que percebe muito de futebol.

    Estou de acordo no essencial.

    E fazes muito bem em ir a Coimbra, um mar azul e branco pode ser decisivo para se obter uma importantíssima vitória.

    Qt a segredos, meu caro Bruno, resumem-se a acréscimos motivacionais (tb mas não só relacionados com o estilo de jogo) que AVB soube introduzir no plantel e que Jesualdo já há muito não conseguia.

    abraço e força PORTO!

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  2. Muito cuidadinho é com o homem do apito em Coimbra, duarte gomes, vai para lá com a lição bem estudada! Boca fechadinha para todos os jogadores do FCP! Leva porrada, levanta-se e volta a procurar a bola se entretanto não for assinalada falta, nada de reclAmar...

    cuidado PORTO

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  3. Excelente Post!

    Tenho pena de não puder tar em coimbra,pois infelizmente ainda não tenho a independência necessária para poder acompanhar o Porto fora de portas embora pontualmente o faça.

    O Sr.Duarte Gomes é um habilidoso há 2 anos foi ele que deu o amarelo ao Fucile em Belém para ele não poder jogar contra o CDR.
    Felizmente o FC Porto como é costume soube contornar a situação.

    Por isso muita atenção aos nossos jogadores pois este senhor não foi escolhido por acaso.

    Força Grande Porto!

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  4. Crónica de grande qualidade, ao nível do Porto desta época

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  5. Numa descrição tranquila e rica em destruir ambiguidades muito exploradas pelos detractores com cátedras conquistadas sem méritos visíveis, eis uma crónica sem subterfúgios de uma semântica muito elaborada, mas de qualidade muito acima da que nos habituaram os “pasquins” da nossa praça.
    Parabéns pela crónica.

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  6. Para que todos os portistas possam recordar uma das grandes vitórias do FC Porto na Europa, cá fica:

    http://conversasredondas.blogspot.com/2010/10/jogos-com-historia.html

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  7. gostei bue da comparacao lool
    mas o nosso objectivo n e segredo pra ninguem: SERMOS CAMPEOES!!! ;D
    so uma qestao, alguem sabe se os socios podem comprar mais q um bilhete pra esse jogo?

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  8. Atenção ao que se passou esta noite lá para os lados da luz...
    Um belo trabalhinho de um arbitro que ninguem conhece...um rapaz chamado Bruno Esteves...muito bom!

    Espero muito atento para ver o que o Sr. Duarte amanha irá fazer...

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  9. Eu não vi o jogo porque tive no hóquei mas já ouvi dizer que esse artista roubou o Paços à descarada.

    É a choradeira a fazer efeito!

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  10. Excelente crónica!

    Fala quem sabe... e o Bruno sabe!


    BIBÓ PORTO

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  11. a lei do Bruno Rocha!!! ;)

    assino por baixo todos os teus escritos e diria até mais, é sempre um prazer ler estas tuas descrições de quem sabe do que fala e «vê» aquilo que muitos poucos conseguem fazê-lo... eu, admito, passa-me muito ao lado essas análises técnicas e tacticas... eu, já o disse, quero é pão e circo!!!

    mas é sempre um prazer ler estes teus testemunhos... d'entendido da cousa!!!

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