17 março, 2016

WELCOME TO THE MACHINE.

http://bibo-porto-carago.blogspot.pt/

    "Welcome my son, welcome to the machine. What did you dream?
    It’s alright, we told you what to dream”.
#$@%*#@%$!*%! para isto. Tudo isto. Como que me rasgam as entranhas e o mais fundo de mim.
O tempo apazigua, o tempo refresca, o tempo arrefece, o tempo cura. É o curas, não cura nada!
São apenas palavras ocas e caducas de um iluminado qualquer que um miserável dia, à falta de algo mais catita para fazer, resolveu escrevinhar e passar aos amigos deprimidos. A terceira catastrófica época arrasta-se já para o fim, a tragédia em 34 actos prolonga-se e a minha dor é cada vez mais intolerável, caminhando descalça numa rua íngreme de pedrinhas soltas e de um só sentido ao som do Adágio for Strings do Samuel Barber. Não posso mais com isto. Eh, pá! Acabem já com o filme, matem o mau da fita, condenem os culpados, casem e amantizem os bonzinhos, acabando com eles num estádio cheio, decorado a arco-íris, fadas, unicórnios e papoilas. Não posso mais com isto. Um suplício como não há memória.

Entreguem-lhes já as faixas no próximo jogo e enfiem-lhes a taça inerente à coisa pelas altíssimas e sereníssimas tolas. Aliás, deviam ter feito isso há muito tempo. Se a história está já escrita, o Marquês reservado, se tudo está já determinado e só alguns é que ainda não sabem, se tudo está já manipulado, acertado, telecomandado, por que não acelerar o processo e acabar definitivamente com o sonho dos infelizes ansiosos e o silêncio forçado dos inocentes, enquanto não se acumulam mais rocambolescos episódios, vãs esperanças e se traçam cenários matemáticos do arco-da-velha? Para quê mais jogos transformados em finais desesperadas quando já se sabe o desfecho e o estúpido do feio do emblema dos vencedores, os Senhores Campeões Nacionais Donos Desta M***a Toda? Para quê mais actos completamente desnecessários para o argumento na autêntica farsa encenada? Que mais de x -- nem me interessa! -- pontos em disputa, que quê?! Mas quem é que querem enganar?

Estou farta de ver o meu clube servir de marioneta, fantoche ou mero palhaço triste e pobre no circo dos outros, estou farta de aturar parvos que subitamente num Verão passado adquiriram repentes desvelados de paixão clubística, farta de ter quase-ataques de miocárdio no início, meio, final de cada jogo, farta de sofrer ondas (maremotos!) de completo mau feitio provocadas por péssimos resultados e resultados feitos junto de pessoas que nada fizeram para os merecer e que olham para mim quase incrédulas pelo meu descontrolo, farta de pornochanchadas... Estou. Farta de me sentir besta acossada sem escapatória possível e onde todos me julgam pela cor da camisola que uso junto (bem junto) ao peito. Farta de ser apontada e classificada de corrompida, de ser má até aos ossos, de comer e ter de calar porque ninguém ouve os meus gritos. E ainda da vergonha por vender a alma ao diabo. Vendi-a.

Vivo hoje na sombra de outros, torço por eles por representarem ainda uma ténue réstiazinha de esperança no derradeiro combate desigual contra a Grande Máquina, uma espécie de mal, nojo menor. Chego a ouvir relatos com nomes que não são os meus e ensandeço ao ponto de berrar por eles só às 6.as, sábados, domingos e 2.as feiras. Às 3.as descanso e às 5.as feiras europeias, se estivessem ainda em prova, desejaria que eles perdessem. Vergonha por ser assim, por estar assim, ter chegado a este ponto sem retorno. O desespero total, ts, ts, ts. Consola-me apenas o facto de não poder descer mais baixo. Asco deste País/Máquina trituradora onde se põem paixões e santos e capelas a apitar jogos, onde se coroam tolos, onde porcos são presidentes, onde gado bovino escreve e lê textos e onde se indultam e protegem os monstros. Onde vale tudo e de nada vale alguma coisa. Onde há tudo e onde nada há.

Não há justiça. Não há liberdade de expressão. Há manipulação de imagens e de opiniões. A cada vez mais sofisticada Propaganda. Há perseguições e racismos. Ostras e ostracismos. E lixa-se o mexilhão. Lutas desiguais. Julgamentos sumários para as pessoas que não partilham da ideologia da Grande, Imensa, Impoluta e Imparável Máquina. Queria eu ser justiceira e voar território fora com a minha capa azul de musselina a ondular na brisa fresca da manhã. Castigar. Fazer corar. Deter. Humilhar. Provar. Desmascarar. Puxar orelhas. Visitar as épocas do Natal Passado e as do Natal Futuro. Queria ser invisível. Partir tudo. Queria rasurar. Esquecer coisas tristes. Esquecer caras. Descobrir carecas e rabos de palha. Cozinhar o Polvo e fazê-lo acompanhar de molho verde. Perdoar a quem não consigo. Queria ora fazer recuar ou avançar os ponteiros do relógio, queria ainda ter direito de sonhar, de ter fé.

No meio de tanta coisa má que, com a Graça do Senhor, temos, vemos, recebemos e vivemos... o que é o futebol? “Em que é que ele tanto contribui para a tua felicidade?”
F., não te vou responder. Mas dói-me reconhecer que tens razão.
Deixa. Nunca poderás compreender.
Não sabes o que é ser Portista.

Sentir, amar assim.

14 comentários:

  1. Puxa minha amiga! Atirou comigo de cangalhas outra vez. Grande texto sobre a mentira que é a nossa Liga.
    Obrigado por se ter substituído aos portistas que tinham a obrigação de escrever isto mas, infelizmente parece que andam todos contentes.
    Obrigado por ser assim. Bjinho

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  2. Muito bom, mesmo muito bom!
    Pena é que o nosso amado FCP tenha deixado chegar estas vergonhas a este ponto, sem sequer as denunciar com a agravante de ter um canal de televisão para as desmascarar facilmente.
    O que mais me desmotiva é que vamos ter mais 4 anos desta merda de propaganda sem que o mágico FCP faça alguma coisa para desmascarar estas mentiras!!!

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  3. Realmente...

    Nestes tempos de amargura profunda, apenas os textos da MBB me conseguem "aquecer"!!!

    Miss Bluebay, você escreve como ninguém!!! Quase consigo ouvir a sua voz e alma!!! Brilhante!!!

    E...obrigado!

    Pedro Pinto

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  4. Miss Bluebay. partilho a sua angústia clubística e futebolistica em particular. Mas sabe que mais. A vida é muito mais que um jogo de futebol. Goze-a bem.

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  5. Sem palavras. Obrigado Miss, do fundo do meu coração azul, muito obrigado.

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  6. excelente escolha musical ;)

    abr@ço
    Miguel | Tomo III

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  7. Já seria tempo de reaprender a voar, "Learning to fly" outra vez. Para que recuperássemos as nossas "High Hopes". Não sendo possível, no mínimo soltar os "Dogs of War" em cima deles, como dantes fazíamos sem hesitar.

    Enfim, onde andas meu Porto? "Wish you were here"...

    Abraço portista,

    LAeB : Do Porto com Amor

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  8. Nada se passa neste país das maravilhas vermelhas onde eles podem fazer tudo conluiados com essa escumalha de CS vendida composta por jornalistas?????sem espinha.Para quê ter um canal se não servir para desmascarar toda esta podridão? Aqui bem esperneamos mas o nosso grito de alerta ouve-se mal.Quem tem o dever e poder para o fazer não o faz e por isso temos de levar os desaforos para casa o que vai contra a génese do povo do Porto.Não digo povo do Norte pois a maioria dele desportivamente é vermelha como se vê pelos estádios cheios quando esses calabotes cá vêm jogar.

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  9. José Carlos Rafael17 março, 2016

    Mas que rica alusão ao que minha alma sente diante deste país da máquina montada pelos portuguesitos......grato,por esta prosa em verso transformada....José Carlos Rafael Joane

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  10. Qual Dragão de Ouro, qual quê! O nosso presidente agora anda a desbaratá-los. Qualquer palerma o tem. Uma portista como esta merecia um de ouro, cravado a diamantes e platina, e ainda direito a entrada livre no Dragão.

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  11. olá Boa tarde li porque sabia que iria adorar as tuas palavras ...o que sinto claro como todos angustia....mas como tu dizes e muito bem Sentir. Amar é assim..(um dia gostava de escrever como tu Beijocas azuis e brancas

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  12. "The day never comes"!
    Espero que esta AG tenha servido para se acender outra vez o nosso rastilho, e que se faça luz nesta "Trip to Darkness".
    Que voltemos a achar o nosso "Ace of Spades" e sejamos os Reis disto tudo!

    FC Porto Come Back Please.

    Um texto explosivo para que se faça ser ouvido.

    Mais um texto para o livro, excelente.

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