O FOTO-MÍSTICA é um espaço de registo e divulgação da história do FUTEBOL CLUBE DO PORTO. O objectivo é recordar os seus momentos, os seus valores, os seus princípios, a sua cultura, a sua marca, a sua dimensão, as suas gentes. Numa palavra: a sua MÍSTICA. Todos são convidados a participar nesta viagem. Se pretenderem ver divulgada uma fotografia em especial, podem enviar e-mail para rodalma@hotmail.com.
Poucos são aqueles que poderão um dia mostrar uma fotografia destas aos filhos, agarrados às vedações para celebrar com os apoiantes, numa total e plena identificação entre jogador, clube e adepto.
Nesta eliminatória que daria acesso a Viena, os soviéticos nunca provaram ser aquilo que se temia: uma máquina cerebral e atlética, fria e racional, o arquétipo do novo modelo totalitário de futebol. Aquela que diziam ser a melhor equipa do mundo da altura acabou por ser vulgarizada pela maior capacidade técnica e união dos azuis-e-brancos. O 2x1 em casa e o 1x2 em Kiev foram prova cabal da tremenda superioridade portista e abriram de par em par as portas do Prater aos Dragões. No momento que a objectiva capta, Futre acaba de marcar um golo que hoje se costuma apelidar de golo à Messi ou golo à Robben: arrancada junto à banda direita, diagonal rápida e explosiva em slalom para o meio deixando para trás os soviéticos Bal e Baltacha, antes de rematar à baliza, contando com um desvio feliz de Zavarov.
Já em Viena, o golo mais bonito de sempre de uma Final da Liga dos Campeões poderia ter sido seu, após ter ultrapassado meia equipa do Bayern, deixando a cabeça em água aos alemães. Seria a versão maradoniana do golo à Inglaterra a nível de clubes. A bola saiu a rasar o poste e o golo mais bonito de sempre ficou para o argelino Madjer.
Futre chega às Antas no decorrer da guerra sem quartel entre Pinto da Costa e João Rocha, em 1984. Os lagartos levaram Jaime Pacheco e Sousa para o Campo Grande, mas o Presidente não teve meias medidas e respondeu ao ataque lançando as garras ao prodígio esquerdino.
É recebido nas Antas sob fortes desconfianças. O balneário azul e branco, em plena década de 80, não era um melting pot como é hoje. À excepção de Inácio, o plantel é composto por homens do Norte, que não aceitam facilmente um miúdo mouro vindo do Montijo.
Acontece que o Paulinho não é um miúdo qualquer. É o mais brilhante e virtuoso esquerdino que o futebol português há-de produzir até à data. Velocidade vertiginosa, drible em progressão, explosividade, atrevimento, energia para dar e vender, tudo culminado num remate poderoso.
Quando entra no Prater, em 1987, Futre já é um dos líderes do balneário, juntamente com Fernando Gomes. Como diz na sua autobiografia: “O Gomes era o General e tinha os seus sargentos: o falecido Zé Beto, Lima Pereira, João Pinto, Frasco e Jaime Magalhães. No início da época seguinte à da minha chegada ascendi a essa condição, juntamente com o André e o Quim”.
Dele, após uma zanga, disse um dia o mítico presidente do Atlético Gil y Gil: “Se Futre fosse uma mulher, seria minha amante”. Numa relação marcada de amor e ódio, em 2004, Futre foi chamado de urgência a Madrid, pois Gil y Gil estava prestes a morrer. Quando chegou ao hospital, o médico informou-o que o histório dirigente rojiblanco havia acabado de falecer. No dia seguinte, os jornais espanhóis titulavam que Gil y Gil estava à espera do El Portugués para abandonar este mundo. No dia do funeral, Futre é um dos homens que carrega o caixão do histórico dirigente colchonero.
Considerado pelos adeptos numa votação online como o melhor jogador de sempre do Atlético de Madrid, confessou mais tarde que Artur Jorge nunca o elogiou durante a sua passagem pelo FC Porto. O Rei Artur redimiu-se assim no momento da sua partida para Espanha: “Sabes porque nunca te elogiei? Porque tudo o que faças, é pouco para ti. Vais ser o melhor jogador do mundo”.
O Rei Artur esteve perto, mas não acertou. Futre viria a perder Bola de Ouro da FIFA em 1987 para Ruud Gullit. Tudo porque o jornalista português, o último a exercer o direito de voto, não podendo escolher o seu compatriota, em vez de votar em Butragueño (já sem hipóteses de alcançar a Bola de Ouro), atribuiu os seus pontos ao holandês, conferindo-lhe a vitória por meros 8 pontos.
Paulo Futre, que em miúdo costumava deixar os treinos do sporting à pressa para apanhar o cacilheiro para o Montijo, rezando para que o mestre do barco fosse seu conhecido para que o deixasse jantar as sobras dos marinheiros, transformou-se num globetrotter do futebol mundial: passou por Atlético de Madrid, AC Milan, West Ham, benfica, Marselha, Reggiana e Yokohama Flugels. Mas aos 30 anos, no seu primeiro adeus ao futebol devido a crónicos problemas no joelho direito, no Hotel Altis, é com umas chuteiras em cima da mesa que, de lágrimas nos olhos e visivelmente emocionado, declara:
Rodrigo de Almada Martins
Época: 1986/1987.Meio génio, meio louco, na foto está o português que mais se assemelhou a Diego Armando Maradona. Esqueçam Cristiano Ronaldo, esqueçam Luís Figo. Paulo Futre pode não ser certamente o melhor jogador português de todos os tempos, mas é possuidor de qualquer coisa que parece faltar aos demais: a incrível empatia com as bancadas, a paixão irascível pelo jogo, o festejo do golo em comunhão com os adeptos, o mau génio e a piada fácil, a ingenuidade malandra, os modos simples, o bom coração, a dimensão estratosférica de vedeta do futebol, o futebol como parte da própria vida, a loucura de mãos dadas à genialidade, dentro e fora dos relvados. Olhando e ouvindo Futre, vemos um sul-americano nascido por engano na margem sul do Tejo.
Local: Estádio das Antas.
Data: 08.04.1987.
Resultado: FC Porto 2x1 Dínamo Kiev.
Aparecem na fotografia: Paulo Futre e Adeptos do Futebol Clube do Porto.
Poucos são aqueles que poderão um dia mostrar uma fotografia destas aos filhos, agarrados às vedações para celebrar com os apoiantes, numa total e plena identificação entre jogador, clube e adepto.
Nesta eliminatória que daria acesso a Viena, os soviéticos nunca provaram ser aquilo que se temia: uma máquina cerebral e atlética, fria e racional, o arquétipo do novo modelo totalitário de futebol. Aquela que diziam ser a melhor equipa do mundo da altura acabou por ser vulgarizada pela maior capacidade técnica e união dos azuis-e-brancos. O 2x1 em casa e o 1x2 em Kiev foram prova cabal da tremenda superioridade portista e abriram de par em par as portas do Prater aos Dragões. No momento que a objectiva capta, Futre acaba de marcar um golo que hoje se costuma apelidar de golo à Messi ou golo à Robben: arrancada junto à banda direita, diagonal rápida e explosiva em slalom para o meio deixando para trás os soviéticos Bal e Baltacha, antes de rematar à baliza, contando com um desvio feliz de Zavarov.
Já em Viena, o golo mais bonito de sempre de uma Final da Liga dos Campeões poderia ter sido seu, após ter ultrapassado meia equipa do Bayern, deixando a cabeça em água aos alemães. Seria a versão maradoniana do golo à Inglaterra a nível de clubes. A bola saiu a rasar o poste e o golo mais bonito de sempre ficou para o argelino Madjer.
Futre chega às Antas no decorrer da guerra sem quartel entre Pinto da Costa e João Rocha, em 1984. Os lagartos levaram Jaime Pacheco e Sousa para o Campo Grande, mas o Presidente não teve meias medidas e respondeu ao ataque lançando as garras ao prodígio esquerdino.
É recebido nas Antas sob fortes desconfianças. O balneário azul e branco, em plena década de 80, não era um melting pot como é hoje. À excepção de Inácio, o plantel é composto por homens do Norte, que não aceitam facilmente um miúdo mouro vindo do Montijo.
Acontece que o Paulinho não é um miúdo qualquer. É o mais brilhante e virtuoso esquerdino que o futebol português há-de produzir até à data. Velocidade vertiginosa, drible em progressão, explosividade, atrevimento, energia para dar e vender, tudo culminado num remate poderoso.
Quando entra no Prater, em 1987, Futre já é um dos líderes do balneário, juntamente com Fernando Gomes. Como diz na sua autobiografia: “O Gomes era o General e tinha os seus sargentos: o falecido Zé Beto, Lima Pereira, João Pinto, Frasco e Jaime Magalhães. No início da época seguinte à da minha chegada ascendi a essa condição, juntamente com o André e o Quim”.
Dele, após uma zanga, disse um dia o mítico presidente do Atlético Gil y Gil: “Se Futre fosse uma mulher, seria minha amante”. Numa relação marcada de amor e ódio, em 2004, Futre foi chamado de urgência a Madrid, pois Gil y Gil estava prestes a morrer. Quando chegou ao hospital, o médico informou-o que o histório dirigente rojiblanco havia acabado de falecer. No dia seguinte, os jornais espanhóis titulavam que Gil y Gil estava à espera do El Portugués para abandonar este mundo. No dia do funeral, Futre é um dos homens que carrega o caixão do histórico dirigente colchonero.
Considerado pelos adeptos numa votação online como o melhor jogador de sempre do Atlético de Madrid, confessou mais tarde que Artur Jorge nunca o elogiou durante a sua passagem pelo FC Porto. O Rei Artur redimiu-se assim no momento da sua partida para Espanha: “Sabes porque nunca te elogiei? Porque tudo o que faças, é pouco para ti. Vais ser o melhor jogador do mundo”.
O Rei Artur esteve perto, mas não acertou. Futre viria a perder Bola de Ouro da FIFA em 1987 para Ruud Gullit. Tudo porque o jornalista português, o último a exercer o direito de voto, não podendo escolher o seu compatriota, em vez de votar em Butragueño (já sem hipóteses de alcançar a Bola de Ouro), atribuiu os seus pontos ao holandês, conferindo-lhe a vitória por meros 8 pontos.
Paulo Futre, que em miúdo costumava deixar os treinos do sporting à pressa para apanhar o cacilheiro para o Montijo, rezando para que o mestre do barco fosse seu conhecido para que o deixasse jantar as sobras dos marinheiros, transformou-se num globetrotter do futebol mundial: passou por Atlético de Madrid, AC Milan, West Ham, benfica, Marselha, Reggiana e Yokohama Flugels. Mas aos 30 anos, no seu primeiro adeus ao futebol devido a crónicos problemas no joelho direito, no Hotel Altis, é com umas chuteiras em cima da mesa que, de lágrimas nos olhos e visivelmente emocionado, declara:
“É a olhar para estas míticas chuteiras, com as quais fui campeão da Europa pelo Futebol Clube Porto, em Viena, que quero anunciar-vos o fim da minha carreira de futebolista profissional”FONTES UTILIZADAS, A QUEM AGRADECEMOS:
- Paulo Futre, El Portugués (Luís Aguilar)
- Jornal de Notícias
- Filhos do Dragão
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarGrande Futre! A foto: eu estava ali, no topo Norte do Estádio das Antas, um pouco mais acima dos espetadores que se veem na fotografia. E no fim do jogo eu disse: vamos ganhar a Kiev. E ganhámos” como ganhámos a final da Taça dos Campeões Europeus.
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