Há uns dias lia um texto curioso sobre um interessante episódio da história do Real Madrid. A época era a de 1991/92 e o Real Madrid lutava por reconquistar o título que lhe tinha fugido na temporada anterior para o Barcelona de Johann Cruijff, após um Penta Campeonato conquistado entre 1986 e 1990.
Nesse ano, embora estivesse na liderança da Liga e ainda vivo nas restantes competições, o treinador Radomir Antic viu-se surpreendentemente despedido após uma… vitória! As alegadas fragilidades exibicionais e a crítica feroz de uma massa adepta habituada a ganhar despoletaram o despedimento no final de Janeiro, num cenário muito pouco habitual.
A época continuou com Leo Beenhakker ao leme (um dos técnicos do Penta), mas os resultados foram absolutamente desastrosos. Com um balneário que não aceitou a decisão da direcção, o holandês não evitou o declínio da formação merengue, numa temporada que culminou com a eliminação da Taça UEFA às mãos do Torino de Walter Casagrande, a derrota na final da Taça do Rei com o Atl. Madrid de Paulo Futre e com a estrondosa derrota em Tenerife que entregou de bandeja o bicampeonato ao Barcelona na última jornada do campeonato.
Uma decisão estranha, tomada para acalmar uma massa associativa “mal-habituada” e demasiado exigente, foi portanto um erro colossal. Sendo fácil colocar as culpas no então presidente Ramón Mendoza a verdade é que a mesma surge num contexto de excesso de ambição de adeptos a quem não bastava ganhar, também exigia que o fizesse com um futebol de filigrana.
Esta temporada marcou o início de um período marcado por uma enorme instabilidade no clube, que vive sobretudo de projectos de curto prazo com resultados pouco consentâneos com os anteriores pergaminhos: nas 24 temporadas seguintes o Real Madrid “apenas” ganhou 7 títulos, mesmo tendo do seu lado uma máquina mediática e um poderio financeiro que dificilmente encontra par no mundo do futebol.
Recordei aqui esta história pelo paralelismo que senti ao lê-la e compará-la com os últimos anos no FC Porto. Onde antes existiu um sentido prático e uma fome quase insaciável de sucesso passamos a observar um comportamento algo burguês, com exigências estéticas e até comportamentais que noutras ocasiões pareceriam impossíveis.
Mesmo descontando que também tivemos alguns percalços no passado (a “perseguição” a Ivic numa época quase perfeita em 1987/88…) e que o sucesso traz necessariamente uma subida dos padrões normais de exigência, não é no entanto recomendável que treinadores campeões sejam ridicularizados ou que equipas na liderança do campeonato sejam enxovalhadas em casa, sob pena que a reconquista de troféus se torne numa quimera quase inalcançável.
Após um período de alguns anos onde nos deixamos adormecer os sinais passaram a ser outros, como ainda ontem o Norte aqui abordou. Isso por si só garantirá a reconquista dos troféus que nos tem fugido? É evidente que não, no entanto ter o universo Portista focado no essencial e a remar para o mesmo lado é sinónimo de que estamos paulatinamente a voltar a ser o que fomos durante os últimos 30 anos – um clube guerreiro, formado por gente apaixonada e com um único foco: ganhar tudo o que houver para ganhar.
Nesse ano, embora estivesse na liderança da Liga e ainda vivo nas restantes competições, o treinador Radomir Antic viu-se surpreendentemente despedido após uma… vitória! As alegadas fragilidades exibicionais e a crítica feroz de uma massa adepta habituada a ganhar despoletaram o despedimento no final de Janeiro, num cenário muito pouco habitual.
A época continuou com Leo Beenhakker ao leme (um dos técnicos do Penta), mas os resultados foram absolutamente desastrosos. Com um balneário que não aceitou a decisão da direcção, o holandês não evitou o declínio da formação merengue, numa temporada que culminou com a eliminação da Taça UEFA às mãos do Torino de Walter Casagrande, a derrota na final da Taça do Rei com o Atl. Madrid de Paulo Futre e com a estrondosa derrota em Tenerife que entregou de bandeja o bicampeonato ao Barcelona na última jornada do campeonato.
Uma decisão estranha, tomada para acalmar uma massa associativa “mal-habituada” e demasiado exigente, foi portanto um erro colossal. Sendo fácil colocar as culpas no então presidente Ramón Mendoza a verdade é que a mesma surge num contexto de excesso de ambição de adeptos a quem não bastava ganhar, também exigia que o fizesse com um futebol de filigrana.
Esta temporada marcou o início de um período marcado por uma enorme instabilidade no clube, que vive sobretudo de projectos de curto prazo com resultados pouco consentâneos com os anteriores pergaminhos: nas 24 temporadas seguintes o Real Madrid “apenas” ganhou 7 títulos, mesmo tendo do seu lado uma máquina mediática e um poderio financeiro que dificilmente encontra par no mundo do futebol.
Recordei aqui esta história pelo paralelismo que senti ao lê-la e compará-la com os últimos anos no FC Porto. Onde antes existiu um sentido prático e uma fome quase insaciável de sucesso passamos a observar um comportamento algo burguês, com exigências estéticas e até comportamentais que noutras ocasiões pareceriam impossíveis.
Mesmo descontando que também tivemos alguns percalços no passado (a “perseguição” a Ivic numa época quase perfeita em 1987/88…) e que o sucesso traz necessariamente uma subida dos padrões normais de exigência, não é no entanto recomendável que treinadores campeões sejam ridicularizados ou que equipas na liderança do campeonato sejam enxovalhadas em casa, sob pena que a reconquista de troféus se torne numa quimera quase inalcançável.
Após um período de alguns anos onde nos deixamos adormecer os sinais passaram a ser outros, como ainda ontem o Norte aqui abordou. Isso por si só garantirá a reconquista dos troféus que nos tem fugido? É evidente que não, no entanto ter o universo Portista focado no essencial e a remar para o mesmo lado é sinónimo de que estamos paulatinamente a voltar a ser o que fomos durante os últimos 30 anos – um clube guerreiro, formado por gente apaixonada e com um único foco: ganhar tudo o que houver para ganhar.
Esta comunicação social(bafienta nojenta asquerosa) que a uma só voz dá eco de tudo que é mentira desse clube da mentira do nojo salazarista e da falsidade ainda pensa que estamos no tempo das emissoras ditas nacionais e que davam os relatos do clube dos merdas sêcas(SLB)os locutores diziam ultimo quarto de hora do jogo resultado 0-0 vem aí o qurto de hora á merdas secas( benfica). Meus amigos mais novos (pois os da minha idade sabem o que se passava)nesse qurto de hora valia tudo penalidades a metros da área guarda redes empurrados para dentro da baliza nos livres ou cantos enfim valia tudo até tirar olhos perdemos um jogo no antigo galinheiro (com um golo do jogador do regime(está no panteão nacional)com a bola a boiar tal era a chuva o golo marcado logo minutos após o início do jogo e siga a marinha pois se fosse golo do nosso glorioso FC PORTO o jogo acabava logo ali.Não vos maço mais pois a merda(desculpem o termo)não tem FIM.Abraço deste PORTISTA FERRENHO e desculpem algum erro.
ResponderEliminarBom ponto de vista.
ResponderEliminarApenas acrescentaria o seguinte: no caso do FC Porto, o aburguesamento dos adeptos e o "divórcio" com a equipa (que atingiu o expoente máximo no despedimento do Lopetegui) não pode ser dissociado de uma quase ausência da "estrutura".
A (re)união à volta da equipa começa a dar-se este ano mas apenas depois de o clube mudar drasticamente a estratégia de comunicação e virá-la para o verdadeiro "inimigo".
Se no primeiro ano do Lopetegui, em que o escândalo das arbitragens foi igual ou pior ao deste ano, a Direcção tivesse protegido o treinador em vez de o deixar enfrentar sozinho a comunicação social ao serviço do Benfica, e tivesse atacado o Polvo benfiquista como ataca hoje, talvez o resultado final tivesse sido diferente.
Já diz o ditado, que fracos líderes fazem fraco o forte povo, e sinceramente acho que esse foi o principal problema dos últimos anos.
Não é uma comparação acertada, até porque aqui vive-se de um espírito regional enquanto que no Real Madrid a forma é bem diferente.
ResponderEliminarAqui nós adeptos pedimos que os jogadores suem a camisola e dêem tudo pelo Clube com isso ou não dando uma vitória, enquanto que no Real só se vive mesmo das vitórias.
E aqui nós adeptos temos uma forma mais humilde de ver as coisas do que no Real.
A comparação não é das melhores, mas percebe-se porque é mas dita para as gerações mais novas.
Espero que, pelo menos a geração de 90 (da qual faço parte) possa raciocinar melhor o que significa o FC Porto, e que sinta a mesma paixão que outros Portistas mais velhos tiveram nos anos 70 e 60 para acompanhar o Clube.
Abraços.