14 março, 2018

PÉS DE BARRO.


E à 26a jornada a Nação Azul e branca conheceu o amargo sabor da derrota em terras lusas. A muitos dragões emocionalmente instáveis que vejo, oiço e leio por aí, pergunto: Em 1 de setembro de 2017, com Vaná como maior, menor, surpreendente e única contratação, com um contrariado Aboubakar, mais um tosco regressado, e o bolor a pousar no restante elenco, alguém imaginava estar mais de 7 meses sem perder?

Excepto para doutos iluminados, o plantel no início da época, somado à incógnita do treinador, não auguravam nada de transcendente para esta temporada. Se passados 2/3 do campeonato, e meia eliminatória da Taça de Portugal, nos encontramos em vantagem em ambas as situações, é sinal que estes rapazes não merecem a descrença que muitos neles colocaram.

Quanto ao jogo de domingo, é um clássico da Lei de Murphy, que nos parece assombrar desde o 92º minuto daquele célebre FCP - slb. Paços raçudo e de linhas baixas. Eficácia máxima numa bola parada. Anti-jogo cerrado. Porto com muito coração, pouca cabeça e com a fortuna de costas voltadas. Que mais dizer...

Que jogamos mal?
Pessimamente.
Como tantas vezes temos visto nas últimas temporadas, continuamos a pagar caro a nossa sobranceria. Aquela atitude pardacenta de que o jogo se irá resolver a nosso favor. Mais tarde ou mais cedo. Inexplicavelmente, continuamos a dar meio jogo de vantagem ao adversário, quando aquela 2a parte na Amoreira deveria ser a nossa guia mestra.

Que devia ser interdito jogar em lamaçais daqueles?
Devia.
Mas como não é, temos que arregaçar mangas e nos adaptar à situação. Não faz sentido nenhum fazer de conta que as dificuldades não existem, e colocar um desenquadrado e desinspirado Waris em loucas e fúteis correrias, ou um artista de filigrana como Corona mas com cabeça e corpo munidos de cinzel de pedreiro. Ser fiel a uma estratégia por convicção é coragem. Ser inflexível numa estratégia quando lhe faltam os executantes, é demagogia.

Que as equipas pequenas portuguesas abusam do anti-jogo?
Abusam.
Abusam com a conivência da imprensa, comentadores e sociedade em geral.
Se em vez do D. Afonso Henriques, ou do D. Nuno Álvares Pereira, tivéssemos um Henriques, um Petit, um Simão ou um Pepa a enfrentar os espanhóis ou os mouros, em vez de mostrarmos peito e irmos à batalha contra inimigos superiores, iríamo-nos esconder num monte, ou num buraco qualquer, à espera que uma qualquer intempérie ou pestilência vencesse o inimigo por nós.
Um jogador atirar-se para o chão a fingir-se lesionado não é uma arma. É uma batota mesquinha e desonesta. Se quisessem perder tempo corretamente, porque não vão para a bandeira de canto aguentar a bola? Pode não ser bonito, mas pelo menos é honesto. Requer um mínimo de arte para o fazer. Não se percebe como um avançado é punido com amarelo por simular uma falta, e um defesa que simula uma lesão passa por entre os pingos da chuva.

Se procuramos culpas na arbitragem?
Não faz sentido nenhum. Qual o portista que não conhece Bruno Paixão? Quer treinador, jogadores ou diretores estão fartos de o conhecer. Para quem viu este senhor a arbitrar um Campomaiorense - FCP, com sequela uma década depois, numa deslocação a Barcelos, só podemos dizer que a arbitragem de domingo foi de classe mundial para o personagem em questão. Podia ter dado mais uns minutinhos? certo. Podia ter mostrado um amarelo ou outro? também. Podia ter um critério mais largo? Exigia-se. Contudo, a verdade pura, é que pela primeira vez que me lembre, não foi pelo Paixão que perdemos... até marcou um penalty a nosso favor, imagine-se!

Podemo-nos queixar da fortuna?
Podemos.
Onde às equipas da 2ª circular há sempre uma bola solta, uma falha de marcação, um desvio, ou uma falta mortal nos últimos suspiros, que lhes permitem acumular mãos-cheias de pontos, da nossa parte, mesmo com quase toda a equipa (à exceção de Casillas) nas imediações da área Pacense nos últimos 10 minutos, nem uma mísera meia oportunidade tivemos. Incompreensível.

Podemo-nos suportar nestas, ou milhentas outras razões para explicar a derrota. Contudo, o mais importante e que não nos devemos esquecer, é que ela só agora aconteceu. No último terço do campeonato. Verdade que significa que esgotamos a nossa margem de conforto. Contudo para a esgotar, foi necessário adquiri-la. Com competência, arte e querer.

Sérgio Conceição poderia seguir o caminho fácil da desculpabilização e pieguice do seu congénere de Alvalade. Teria até mais razões do que ele, se comparados os investimentos para esta temporada, e o nome dos lesionados. Contudo, corajosamente tem abdicado desse "direito". Por tudo que tem feito, por todas as duras dificuldades que tem vencido, não merece a nossa descrença. Não merece essa vil traição.

Cumprimentos Portistas.

1 comentário:

  1. »» Podíamos ter entrado com 4 jogadores leves e macios, contra aquela equipe naquele terreno?
    Não !
    »» Podia SC perceber o que fazer ao meio campo ( até pediu desculpa do erro no jogo no Dragão com Besiktas) ou 4x4x2 ou 4x2x4 que tanta chatice tem dado?
    sim, já podia ter aprendido!

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