28 maio, 2017

BALANÇO DA ÉPOCA 2016-17


MAIS UMA ÉPOCA A ZERO. QUE FUTURO?

O jejum de títulos está a atingir números a soar o alarme. Para quem vive e acompanha o FC Porto há 35 anos como eu, naturalmente que é complicado, em termos clubísticos, viver uma situação como estas.

Quarto ano sem qualquer título no bornal. Assim vai o Dragão, caminhando a passos largos para o abismo. Pinto da Costa, o presidente mais titulado do mundo, atravessa o maior jejum dos 35 anos que leva a governar o clube. E logo perto do fim do seu reinado. Porque será? Terá, actualmente, as mesmas condições que teve ao longo de três décadas? Tem as mesmas faculdades para dirigir o clube como o fez tão bem ao longo de mais de trinta anos?

Quem quiser que tire as suas ilações. Apenas deixo as questões para reflexão.

A época que agora termina começou a ser preparada em Abril do ano passado. Ali, segundo o Presidente, começava o dia um da época 2016-17. Pois, durante os meses seguintes surgiram uns episódios pouco interessantes e nada vantajosos para o clube.

O treinador escolhido foi o Padre. Muita gente, eu incluído, acreditou que jamais teria o perfil para ser treinador do FC Porto. Mas como devemos e temos de dar sempre o benefício de dúvida a quem entra, mantive-me em silêncio. Assim o fiz, mantive-me na expectativa.

Depois as contratações realizadas. Nos últimos dias para fechar as inscrições para o Play-Off da Liga dos Campeões, surge o “craque” Depoitre, pedido supostamente pelo Padre, segundo palavras de Pinto da Costa. Terá sido mesmo assim que tal aconteceu?

Ou será que à semelhança dos anos anteriores, a culpa dos fracassos e das derrotas são sempre do treinador? Foi assim com Paulo Fonseca, repetiu-se com Lopetegui, assim foi também com José Peseiro e para terminar, por enquanto, aconteceu o mesmo ao Padre.

Lembro-me que nos anos 90, o benfica era um autêntico cemitério de treinadores. Esse cemitério estará, pelos vistos, a ser transferido para a zona das Antas. 4º treinador e 2 interinos em 4 épocas é realmente muito preocupante. A quem deverá ser imputada a responsabilidade? Não há culpas de quem dirige o clube?

Voltando a Depoitre… Um barrete completo ao longo da época se revelou o gigante belga e uma gaffe tremenda foi cometida pelo clube e seus dirigentes, quando dias depois de contratado se concluiu que o jogador não poderia ser usado no Play-Off da Champions League.

A época começava assim algo titubeante. Mas, por ordem e graça de Nuno Espírito Santo ou não, o certo é que contra quase todas as expectativas, o FC Porto conseguiu o apuramento para a Liga dos Campeões eliminando a poderosa Roma de Itália, o adversário mais complicado que, teoricamente, poderia ter saído no sorteio.

O FC Porto foi trilhando o seu caminho. Jornada após jornada foi perdendo pontos aqui e acolá e o fosso para o líder da liga começou a ser cavado. E porquê? Principalmente pelos erros constantes de arbitragem em favor do líder encapotado e encomendado da Liga Adulterada. Mas também pelos erros contra o FC Porto em todos os jogos que, aos poucos, foram afastando o Dragão da luta pelo título.

Da estrutura directiva nem uma reacção. Do Padre escolhido para orientar a equipa idem idem aspas aspas.

No fim da primeira volta, o campeonato começou a ter uma nova tendência. As arbitragens começavam a normalizar e os pratos da balança ficavam equilibrados. O FC Porto tem, então, uma série de vitórias apreciável (9) e cola-se ao líder, ficando a um ponto de distância depois de ter estado praticamente arredado da luta pelo título.

É então que voltamos a ver os pratos da balança desequilibrados. O FC Porto falha a 10ª vitória consecutiva quando se preparava para passar para a liderança. As arbitragens voltam a ter protagonismo ao sonegar três grandes penalidades a favor do FC Porto e a equipa ressente-se disso e não produz, em alguns jogos, o necessário para os vencer.

Seria de esperar uma reacção enérgica da parte do clube e do Padre. Mas nem de um lado, nem do outro há qualquer atitude em relação aos acontecimentos ocorridos na liga inquinada. Surge, sim, da parte do departamento de comunicação do clube a tal reacção necessária. A liga está inquinada e é visível que, a qualquer preço, o líder da classificação tem de ser o vencedor da prova. Custe o que custar!

As jornadas sucedem-se e o FC Porto continua a ser altamente penalizado pelas arbitragens, perdendo pontos atrás de pontos, contabilizando 5 empates em 7 jogos. Mais 2 e 3 grandes penalidades por jogo continuam a ser altamente sonegadas aos Dragões, escandalosamente visíveis a olho nu.

Qual é a reacção da direcção do clube? Nula!

Qual é a reacção do Padre nos flash-interview e nas conferências de imprensa? Zero!

A Liga é então apelidada pelo Departamento de Comunicação do clube de Liga Salazar. Começam os ataques fortes a tudo o que prejudica o clube. Apesar de eu aplaudir tal medida e do trabalho feito nesse sentido, através das denúncias no Universo Porto da Bancada, eu pergunto se é este apenas o caminho e se são só estas as pessoas que vão defender o clube e interceder junto das estâncias para denunciar estes escândalos e zelar pelos reais interesses do clube.

É certo que nós, adeptos e sócios, temos também de fazer o nosso papel, sem margem para dúvidas. E como? Através das redes sociais e colaborando através delas e do contacto com o clube, devemos procurar lutar e denunciar todas as situações vergonhosas que se passaram esta época e as que eventualmente poderão acontecer no futuro.

Depois do líder voltar a ter uma margem de segurança, o FC Porto escorrega nos Barreiros. A Liga Salazar fica entregue ao líder encapotado em definitivo.

Qual é a reacção do Padre? Faz “mea culpa” por não atingir os objectivos propostos e, imagine-se, dá, por sua iniciativa, os parabéns ao líder pela conquista da Liga Salazar!!!

Dar os parabéns a um adversário que venceu a Liga mais mentirosa de que há memória? Remeter-se ao silêncio perante as permanentes actuações vergonhosas da arbitragem contra a equipa que orienta? Não entra na cabeça de ninguém.

É este o treinador do FC Porto? É deste tipo de treinadores que o FC Porto precisa? É isto um treinador? É para isto que serve um treinador? NÃO! NÃO e NÃO!

Isto não é um treinador!!! Isto é um PADRE!

Jamais o FC Porto pode ter no seu clube uma pessoa com esta atitude, com esta postura e com este comportamento. E mais lamentável se torna quando o Padre conhece o clube pelos anos que esteve lá como jogador. Ele sabe que não é esta a forma de agir de um treinador.

Por isso, a porta da saída foi o caminho a seguir. Não poderia ter outro desfecho. E essa saída ocorreu no dia imediatamente a seguir ao fecho da presente temporada. Simples, prático e célere. Assim tem de funcionar o FC Porto. O clube não pode pactuar com gente que quer agradar a gregos e a troianos e que está mais preocupado com a sua imagem do que em defender aquilo com que deveria estar comprometido.

Naturalmente que para a comunicação social centralista o despedimento do Padre não deixou essa gente satisfeita. O que eles queriam era que o Padre por lá se mantivesse, muito educado e sem esboçar qualquer reacção às intermináveis histórias e episódios vergonhosos. Tão elogiado era por essa corja que nos leva logo a concluir que algo não está bem com o nosso clube.

Já José Maria Pedroto dizia que quando alguém elogiava o FC Porto, que tinha jogado muito bem, etc, etc, era sinal de que tinha perdido. Por isso, o Mestre repetia até à exaustão que falassem sempre mal do clube, pois seria sinal de que o Dragão vencia.

À data a que escrevo esta crónica passou uma semana pós-despedimento de NES. Ainda não se conhece o futuro treinador do FC Porto, apesar de vários rumores insistentemente noticiados por toda a comunicação social.

É claro que é importante que o FC Porto contrate o novo treinador para, com tempo, preparar a próxima época. Neste capítulo acredito que, ao momento, algo está a mudar no FC Porto em relação passado recente. Está-se a trabalhar seriamente nesta questão e no perfil que se pretende para timoneiro da nossa equipa de futebol. As bases estarão lançadas e o dossier estará a ser bem estudado.

Acredito que já terão falhado algumas abordagens, nomeadamente a Marco Silva, mas não há apenas uma opção nem esse treinador será a última Coca-Cola do deserto. Por isso, teremos que aguardar.

No entanto, para além de estarmos há quatro anos sem vencer qualquer título, este ano o FC Porto vive uma situação delicada em termos financeiros. Urge tomar medidas para evitar o incumprimento do fair-play financeiro. Inevitavelmente, o clube irá perder uma parte dos seus melhores activos, mais do que o que pretenderia com certeza.

E, neste capítulo, o clube estará fragilizado e terá que encontrar alternativas para colmatar as eventuais perdas resultantes da necessidade de vendas para fazer face ao fair-play financeiro.

Por último, e não menos importante, quero abordar uma questão central e nuclear do nosso futebol.

Iremos entrar numa nova fase em termos de arbitragem. Muita gente entende que a introdução do vídeo-árbitro no futebol português irá impedir que as vergonhosas decisões assistidas esta época, não se irão repetir. Discordo por completo em relação a essa tese. Por várias razões.

Primeiro: é preciso saber quem vão ser as pessoas nomeadas para controlar e supervisionar o vídeo-árbitro. É como colocar as “pessoas certas” no sector da arbitragem ou escolher as mais adequadas para a Liga e a FPF. Ou seja, o poder das grandes decisões do futebol deixará tudo como dantes. Ou não?

Segundo: para se fazer uma boa avaliação das decisões através do vídeo-árbitro, será preciso colocar as câmaras de tv bem posicionadas em todo o estádio e que abranja todos os ângulos possíveis e imaginários. Será que é isso que se vai verificar? Estarão todos os estádios dos clubes das ligas profissionais preparados para a introdução do vídeo-árbitro?

Terceiro: como será feita a avaliação dos lances pelos avaliadores ou decisores do vídeo-árbitro? Vão recorrer a todas as câmaras de tv colocadas estrategicamente nos estádios ou vão apenas selecionar algumas câmaras, escamoteando ou esquecendo outras?

Quarto: na continuação do terceiro ponto, passo ao quarto. Como pode o futebol português e as suas estâncias admitir que uma tv afecta a um clube faça, em exclusivo, transmissões televisivas de jogos? Parece admissível e correcto que a btv tenha a seu cargo os 17 jogos do benfica na Liga NOS? Onde estão reunidas as condições de isenção? Como pode ser admissível que seja a btv a facultar as imagens para decisões do vídeo-árbitro? Não pode! Nem podemos permitir tal situação.

Só num país destes é que isto acontece. Jamais em qualquer país europeu isto é admissível. Ou alguém pensa que o lance do Samaris com o Alex Telles no último benfica-FC Porto pode ser decidido pelo vídeo-árbitro apenas com as câmaras que a btv emitiu? Onde é que apareceu a imagem por detrás da baliza da agressão do Samaris ao Alex Telles? Em lado nenhum.

Mas ela existe. A câmara por detrás da baliza filmou o jogo e vários lances durante o jogo. Curiosamente e lamentavelmente, a agressão do Samaris vista por detrás da baliza não apareceu.

Posto isto, termino a minha última crónica da época e, sem qualquer pretensiosismo, deixo aqui tudo o que penso a todos os consócios e ao painel do Universo Porto da Bancada.

Até Agosto e votos de boas férias.

Um abraço.

2 comentários:

  1. Boa tarde

    Um resumo da temporada que expressa muitos e válidos pontos de vista de uma Liga que foi inclinada mas que em muito também contribuímos para que tal acontecesse, dentro e fora das 4 linhas. Deixo apenas umas notas:
    Deu a ideia desde o início que o plantel estava desiquilibrado - sobre-lotado no meio-campo e com ausência de uma referência ofensiva alternativa a André Silva. Não pinto um quadro tão negro sobre o belga pois este não teve oportunidade para se mostrar (recordo um jogo em que fez dupla com AS que parecia estar a resultar mas que foi abruptamente interrompida). Tais debilidades no plantel foram colmatadas, primeiro com o regresso do ostracizado Brahimi e depois com a contratação de Soares. Fica difícil de entender como deixamos o argelino tanto tempo afastado da equipa e como o rendimento do brasileiro foi decaindo com o decorrer da época (quando estaria menos entrosado com o sistema táctico parecia render mais - paradoxal, não?). Um segundo aspecto que me parece relevante é a falta de estofo que esta equipa revelou - numa boa fase da época e em crescendo de forma sofremos um empate dramático com o Benfica e a equipa bateu no fundo, somando sucessivos empates contra adversários modestos. Novo bom momento de forma na viragem da 1ª volta, com vitórias importantes em jogos tradicionalmente difíceis e novo banho gelado em casa com o Setúbal ao que se seguiu nova travessia de incompetência da equipa do FCP, aproveitada estrategicamente pela 3ª equipa em campo. E aqui reside para mim os 2 pontos fundamentais que justificam o insucesso.
    Não escondo que dos 3 grandes seriamos à partida a equipa com menos argumentos para este campeonato avaliando plantel e respectivos treinadores e o facto de ainda assim termos dado luta até ao final é positivo mas ficará sempre o travo amargo de que fomos incompetentes demasiadas vezes.

    Espero sermos mais competitivos na próxima época, deixando a premissa de que tal como o tetra inédito dos encarnados passou a desígnio nacional, as influências que se irão mover para que haja um novo pentacampeão em Portugal serão tão intensas senão superiores - seremos competentes para as inverter e contrariar dentro de campo? Espero que sim

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