04 abril, 2010

Nas asas de Falcao...

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assistência: 25.909 espectadores.

árbitros: Paulo Costa (AF Porto), João Santos e Vítor Carvalho; Quarto árbitro: Cosme Machado.

FC PORTO: Helton; Miguel Lopes, Rolando, Bruno Alves e Alvaro Pereira; Fernando, Guarín, Raul Meireles e Ruben Micael; Hulk e Falcao.
Substituições: Raul Meireles por Belluschi (24m), Guarín por Tomás Costa (69m) e Ruben Micael por Valeri (80m).
Não utilizados: Beto, Fucile, Maicon e Orlando Sá.
Treinador: Jesualdo Ferreira.

MARÍTIMO: Peçanha; Paulo Jorge, Robson, João Guilherme e Alonso; Taka, Roberto Sousa e Rafael Miranda; Manú, Kléber e Djalma.
Substituições: Taka por Pitbull (36m), Manú por Tchô (69m) e Djalma por Baba (77m).
Não utilizados: Bak, Bruno, Briguel e Diakité.
Treinador: Mitchell Van der Gaag.

golos: Taka (1m), Falcao (4m e 51m), Raul Meireles (8m) e Hulk (78m).

disciplina: cartão amarelo para Paulo Jorge (34m) e Fernando (40m).

A época portista continua a ter cada vez mais semelhanças com uma qualquer tragédia grega. O drama, tal como cantado pelos helénicos, envolve sempre uma entidade em luta contra um poder maior, sejam eles a Lei, os Deuses ou o Destino. Digam lá que, com pouco esforço da imaginação, não se substitui facilmente a entidade pelo clã que veste de azul e branco e o restantes por rostos ou instituições bem conhecidas nossas…

Podemos riscar mais uma coisa, da nossa [extensa] lista de acontecimentos azarados. Já tínhamos as regulares bolas nos postes das balizas adversárias. Os comuns erros arbitrais, sentenciando jogos em que poderíamos ter amealhado pontos preciosos. As lesões graves, em alturas cruciais. Os túneis, espaços mal frequentados, sonegando a jogadores importantes a sua primordial participação. Faltava algo. Sofrer um golo no primeiro remate à baliza. Já tínhamos riscado este? Eu reformulo. Sofrer um golo, no primeiro remate à baliza, logo aos 15 segundos. Foi isso que aconteceu, hoje, no Dragão.

Tudo se conjugava para adensar a sensação eminente de desgraça. O céu escuro, plúmbeo. A chuva que causticava os espectadores. A noite desagradável, cortada por um vento frio. E aquele golo. Marcado por um tipo vindo do Japão, nos seus 15 segundos de fama. Para avolumar ainda mais a impressão de adversidade, o golo teve a colaboração portista. A defesa, desconcentrada, ainda sem os necessários índices de convergência, permitiu que o esférico ficasse ali. Tentador. Qual íman, atraindo a força de um remate contrário.

O 4-4-2 portista, perante um adversário que aparecia no estádio com vontade de disputar a partida, sem grandes espartilhos tácticos, apanhava-se a perder, logo no início. Era [mais] um teste ao carácter da equipa, uma oportunidade para demonstrar que, mesmo em fases negras, existe sempre um ponto de reagrupamento. De redenção.

Ele aconteceu. Pouco depois. Com o herói costumeiro. E de forma transcendental. A equipa portista, beneficiando da capacidade de movimentação do seu tridente do meio-campo, actuando à frente de Fernando, trocava a bola a seu bel-prazer, fazendo-a circular célere no relvado escorregadio. Havia espaços. Guarin agradeceu. Teve tempo de sobra para colocar a bola milimetricamente na área. À mercê de um predador. E…

E o resto só visto. E revisto. É um dos mais belos golos que o Estádio sedeado na Invicta viu. Um portentoso pontapé de bicicleta do avançado colombiano, levando o couro a anichar-se nas redes do Marítimo. 4 minutos de jogo. 1-1. Os sorrisos voltavam aos rostos dos adeptos. Factor importante no lance: o golo não foi invalidado. Hoje em dia, sendo Falcao o protagonista, nunca se sabe. Estou como os espanhóis. Não acredito em bruxas, mas que as há, há…

O futebol fluido portista continuou. Com as alas dinâmicas, em grande parte mercê do trabalho de sapa de Alvaro Pereira, calcorreando metros atrás de metros, esticando o jogo, imitado na banda direita por Miguel Lopes, aliando a diligência a centros teleguiados, os jogadores portistas partiam em velocidade para o ataque, ultrapassando com inusitada facilidade as linhas defensivas madeirenses. Não tardou muito tempo para que novo golo fosse gritado. Beneficiando de ampla liberdade, Miguel Lopes colocou em prática o que se lê nos manuais de função, para um lateral-direito. Apoiou o ataque, centrou com precisão, e Raul Meireles deu-lhe a direcção das redes. 2-1. 8 minutos de jogo. Parecia a Premier League…

O jogo estava bom. Emotivo. E com um adversário incómodo. Gosto do que Van der Gaag tem feito no feudo de Alberto João. Com os ensinamentos de uma escola de ataque, o holandês dotou os madeirenses de habilidades que os transformam em opositores aguerridos, acutilantes. A intensidade do jogo retribuiu a ousadia.

Assistiu-se a uma partida que pingue-pongue. Com o domínio, a nível de posse de bola, a pertencer aos Dragões, as oportunidades eram divididas, quase irmãmente. Helton viu, várias vezes, o perigo a rondar a sua baliza. Nos actuais campeões, destacava-se Hulk. A sua velocidade e poder faziam a diferença, nas transições ofensivas. Mas era na pressão alta que o brasileiro mais se destacava, roubando várias bolas nas imediações da área adversária.

Já com Belluschi em campo, devido a lesão de Meireles, o intervalo chegou, quase sem se dar por isso. Com Miguel Lopes em subida de forma, na defesa, o meio-campo portista padecia de alguns problemas. Fernando, com várias intervenções desastradas [réu primário no golo sofrido], não era o pêndulo habitual, parecendo incapaz de lidar com a mobilidade das unidades atacantes adversárias. Belluschi e Guarin, quando pressionados, mostravam uma incapacidade gritante de sair em futebol curto e apoiado, deixando Ruben Micael isolado, numa espécie de ilha, logo à frente do meio-campo, sem apoios para as jogadas de desequilíbrio.

Se existiam interrogações, quando a isto, para a segunda metade, elas dissiparam-se num ápice. Não por qualquer alteração táctica, mas por aqueles sortilégios de que o futebol é fértil. Num canto cobrado por Hulk, Falcao faz o que melhor sabe. Marcou novo golo. Não sei o que elogie mais. Se a capacidade de impulsão do colombiano, cercado por 3 adversários, ou a pontaria dos seus remates. Novo facto digno de registo, merecendo figurar na acta do jogo: Falcao marcou. E o árbitro não anulou. Querem ver que as más arbitragens andam em greve?

O jogo pendia, de forma definitiva, para os da casa. Ainda houve tempo para um sobressalto, quando Kleber quase marcava de calcanhar. Mas era apenas o estertor de um adversário galhardo, mas já moribundo, respondendo às constantes iniciativas portistas apenas por reflexo. O jogo, agradável, estava perfeito para Hulk. O super-herói continuou a fazer as suas diabruras. Assinou ainda o livro de ponto, num golo que reflecte bem todas as suas características: poder físico, velocidade estonteante, remate violento.

Análise final: Sem possibilidade de revalidar o título, vendo como o 2º lugar está, inclusive, vedado, os portistas deram nova prova de dignidade, demonstrando seriedade e nobreza. Com algumas lacunas [já apontadas], a exibição foi agradável, sobretudo porque é evidente que a equipa agora beneficia da poção mágica. Quatro letras apenas que fazem uma diferença abismal. Hulk. O brasileiro, em óptimo momento de forma, consegue catapultar o onze para o ataque, rompendo barreiras defensivas, criando espaços, assistindo companheiros. A cada jogo percebe-se com total clareza o medo irracional a que Ricardo Costa deu eco.

O melhor do Porto: Seria, em condições normais, Hulk. Pelo que jogou. Pela sua desmedida importância. Mas mesmo o brasileiro me desculpará por ofertar o título a Falcao. Caramba, quem marca um golo daqueles, monumental, merece o epíteto de MELHOR EM CAMPO. Aliás, o golo assemelhou-se a um KO, num combate de boxe. Merecia que o árbitro apitasse, desse o encontro por concluído, depois de se presenciar tamanha demonstração de classe.

Arbitragem: Anulou algum golo limpo a Falcao? Não. Então, esteve ao nível dos restantes contendores. Bem.

11 comentários:

  1. Um Hulk fantastico, a trocar a bola, a defender, fenomenal mesmo.

    exclenete também nas iniciativas, e que iniciativas.

    Grande Golo do Falcao, grande exibiçao!

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  2. Dragão de Coimbra

    Comentário perfeito, mas deixo uma questão no ar: Não estará este plantel talahdo para jogar em 4-4-2?
    Boa Páscoa

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  3. Que grande golo do Falcao,um golo que faz levantar qq estádio.
    Este sim,é o ponto de lança do campeonato :-)

    Exibiçao quase perfeita.

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  4. Mais uma vez deram-nos o mínimo que nós pedimos: Atitude e entrega!

    Não tremeram e deram logo a volta;será por não ter assim tanta pressão quanto isso?

    Na 1ª parte aquela defesa esteve muito insegura,valeu Helton.Mas na 2ª parte atinaram e embalaram para uma agradável exibição.

    Falcao,meu Deus! Que GOLO!
    Já é o melhor marcador da liga e seria-o com maior margem se...pronto,vocês sabem.

    Bela exibição de Hulk que bem mereceu o golo...e a dúvida a ser cada vez maior e insistente....onde estaria o Porto se?...pronto,vocês também sabem.


    Uma Páscoa Feliz e todos os Dragões.

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  5. Como aperitivo ter estado com os amigos do Blog antes do jogo, sempre um prazer.
    Boa vitória, exibição qb com algumas jogadas interessantes.
    Helton - defendeu o empate duas vezes - Falcao e Hulk, muito bem. Destaque para o golo do FAlcao, genial e para uma jogada do incrível que não deu golo mas foi pena.
    Boa Páscoa para todos.

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  6. Talhado para o 4-4-2 não sei, o que sei é que o Hulk é lá na frente ao lado do Falcao, com liberdade, e não agarrado à linha a perder bolas no meio campo.

    Aliás actualmente, quase todas as equipas optam pelo 4-4-2 com um ou sem nenhum extremo mais recuado. É o sistema mais frequente na bundesliga.

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  7. Vitória natural, tranquila, justa, com uma exibição quanto baste, um resultado exagerado e um Falcao a voar entre os centrais.

    Entramos a oferecer um golo, fizemos o mais difícil, dar a volta, mas depois, como quase sempre, não nos galvanizamos, não fomos à procura do 3º golo e podiamos ter sofrido o golo do empate. Não sofremos e depois do 3-1, tivemos o nosso melhor período, boas jogadas, boas triangulações, Hulk em grande e como corolário, surgiu o 4-1, pelo inevitável Incrível, que já merecia, ele que foi juntamente com Falcao, o homem da noite.

    Enfim, cumprimos a nossa obrigação, ganhamos meritoriamente, mas continuamos exactamente na mesma situação: a 5 pontos da Champions, quando falta menos uma jornada e pelo que se viu onteontem, será quase impossível lá chegarmos...

    Um abraço e boa Páscoa.

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  8. Grande empenho e atitude do nosso Porto ao dar a volta rapidamente ao resultado, depois de ter sofrido o golo mais rápido do campeonato, até agora. Muito bem.

    Uma boa exibição, contra um Marítimo que não trouxe ao Dragão nenhum autocarro! Tentou jogar olhos nos olhos!

    SUBLIME golo do nosso MATADOR (comparar Falcao ao segundo melhor marcardor do campeonato, é brincar comigo)! E já deviam ser 24!!

    A equipa está-se a adaptar bem ao 4x4x2.

    Incrível HULK, outra vez excelente durante todo o jogo!

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  9. Viva !

    Mais uma Vitória mais uma Alegria.

    Vi o jogo . Excelente o título do artigo que diz tudo.

    Agora, é angariar pontos e esperar...se a taça dos campeões é possível.

    E Viva o Porto !

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  10. Falcao e Hulk, foram fantásticos!

    Com um inicio de jogo, que começamos a perder, conseguimos dar rápidamente a volta ao resultado, o que me deixou bastante contente!

    BIBÓ PORTO

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  11. Tantos comentários como adeptos no estádio.

    Apesar das condicionantes do Feriado familiar, chuva e frio o nosso clube merecia mais adeptos.

    Um excelente jogo de futebol com equipas desinibidas e quererem ganhar, o que resultou num jogo com golos e com jogadas bem trabalhadas o que ainda dá mais mérito à nossa vitória.

    Grande golo do Falcao e "Ulque" a marcar outra vez são os momentos da noite.

    A nossa equipa está de parabéns pela exibição e pelo resultado, vingamos o desaire da primeira volta.

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