25 setembro, 2010

Eles andem aí... também no atletismo

http://bibo-porto-carago.blogspot.com/

Numa altura em que a comunidade portista vive a alegria de um fantástico início de época no futebol e a expectativa do muito que esta equipa ainda promete, houve um tema, para mim de enorme importância, que passou ao lado da maioria. Mas não dos nossos estimados leitores, que o Lucho não brinca em serviço, sobretudo quando o assunto é modalidades amadoras ;)

Como poderão ter lido no post do Lucho, no site oficial do FC Porto ou no rodapé de uma página discreta de um jornal qualquer, o nosso clube suspendeu a secção de atletismo “por tempo indeterminado”, em resposta a uma decisão da Federação Portuguesa de Atletismo anunciada no passado dia 1 de Setembro. E o que decidiu a Federação? Bem, nada menos do que impedir a participação nos campeonatos nacionais de atletas estrangeiros que “tenham competido em qualquer campeonato dos seus países ” ou “representado a sua Federação nacional, há pelo menos, 12 meses ”. Para os mais distraídos, chamo a atenção para o facto de que representar a “Federação nacional” é representar a selecção. Ficamos assim a saber que, além de um secretário que não domina o correcto uso da vírgula, a Federação Portuguesa de Atletismo tem alergia a atletas estrangeiros de qualidade. Se for um desgraçado qualquer, pode vir competir cá; se for a Ineta Radeviča, campeã da Europa de salto em comprimento e atleta do FC Porto, não pode.

Creio não ser segredo que a secção de atletismo do FCP já conheceu melhores dias. Há cerca de um ano foi anunciada a suspensão dos seniores masculinos, na sequência da qual Fernando Oliveira, que aparece nesta conferência de imprensa como actual director do atletismo, se terá demitido. Na altura, não houve grande preocupação em manter os adeptos informados a respeito da situação, mas, verdade seja dita, também não houve grande preocupação dos adeptos em exigir essa informação. No entanto, apesar do ambiente aparentemente conturbado e graças à contratação de atletas estrangeiras de grande valia, a equipa feminina conquistou este ano os seus primeiros campeonatos nacionais, quer de pista coberta quer ao ar livre, quebrando em ambos os casos as séries de campeonatos consecutivos do Sporting iniciadas em 1995.

Já tarde demais para impedir esta conquista, a Federação não tardou a deitar mãos à obra no sentido de garantir que tal ignomínia não voltasse a acontecer. Foi tão simples quanto isto: identificar a chave da nossa vitória e neutralizá-la. E foi assim que a FPA tomou a incrível decisão de afastar os bons atletas estrangeiros do nosso campeonato. Brilhante!

Já li por aí muito ressabiado a dizer que o FCP tem que “apostar mais na formação em vez de ir contratar atletas estrangeiras”. Pergunto-me o que saberão essas pessoas sobre a formação do Porto para insinuar que devemos (e podemos) apostar “mais” nela. 18 das 26 atletas Portistas no campeonato nacional eram portuguesas. As oito estrangeiras, comunitárias, vieram reforçar com qualidade e ambição a nossa equipa. Porque é que temos que ter uma coisa “em vez” da outra, se podemos ter as duas em simultâneo? Não vale a pena tentar tapar o sol com a peneira; estamos perante uma medida que, embora afecte naturalmente todos os clubes, foi clara e ostensivamente tomada para prejudicar uma equipa que teve o despeito de incomodar o establishment. Neste contexto, a decisão do nosso clube, embora discutível, é absolutamente compreensível. Uma secção que deu ao país Fernanda Ribeiro, Aurora Cunha, Nuno Fernandes e muitos outros merecia mais respeito por parte dos órgãos federativos.

São quase 100 atletas que ficam sem “casa” e mais uma página do nosso ecletismo que se encerra, pelo menos temporariamente. E um pequeno buraco que se abre também no coração de qualquer Portista para quem o Futebol Clube do Porto é bem mais do que a equipa que joga no Estádio do Dragão.

5 comentários:

  1. É verdade, sempre que uma modalidade acaba, ou é suspensa, é bocadinho de F.C.Porto que se vai, mas atendendo às circunstâncias, se calhar não havia outra opção.

    Beijinhos

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  2. Não é preciso pereder tanto tempo a analisar o que se passou, porque é muito simples.
    "Eles", tendo poder, seja nos túneis ou na formulação/criação de novas Leis, acabam com os valores que fazem do F.C.Porto ganhador. Só há uma solução: Próximas eleições ter/apoiar alternativas imparciais.
    Infante 60

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  3. não sei, não sei mesmo se foi a melhor decisão, quiçá até, não sei, repito, foi a «provocação» necessária para se acabar de vez ou por ora com uma modalidade do clube... mas daí a «fechar as portas», vai uma distância grande, isto é, julgo que haveria muita gente interessada em correr de «borla», só pelo amor e paixão ao clube, mas isso, sou eu a falar, que pouco sei, admito.

    é pena, mas é a vida... se eles decidiram, tá decidido.

    no entanto, volto a dizê-lo... cheira-me a «um favor» que lhes fizeram com estas novas medidas.

    um dia destes, teremos futebol... e pouco mais ou nada :(

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  4. Parabéns ENID pelo tema escolhido.

    Um rumo triste mas pelos vistos inevitável.

    E diz o BLUE:

    "um dia destes, teremos futebol... e pouco mais ou nada :("

    Pois, é possível, mas nesse dia tb deixarão de me ter como associado (adepto, ficarei eternamente, é doença q manterei pela vida inteira). O FCP não é só futebol. Há uma história e muito suor (ao longo de décadas e décadas) de vários atletas noutras modalidades q tem q ser respeitado. Aqui acredito no clube e vejo de q lado está a razão. Mas de outra forma, não compreenderia.

    bjs enid

    e VIVA o FC PORTO.

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  5. ENID amiga peço desculpa por só agora poder comentar mas tenho andado meio perdido.

    Fazes bem lembrar esta injustiça que nos levou a fechar mais uma secção.

    Como já disse e volto a dizer depois peçam para eu ser Patriota.

    Triste pela noticia e pela participação dos demais Portistas que parece que isto lhes passou ao lado, se calhar só temos mesmo aquilo que merecemos.

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