09 setembro, 2010

Rodolfo Reis – Biografia de “O Capitão”

http://bibo-porto-carago.blogspot.com/

Ao excelente post do Sevilha03, Rodolfo Reis, uma carreira de Dragão ao peito, fiz um comentário no qual me atrevi a uma correcção pedindo desculpa ao autor. Até aí, tudo bem, julgo eu. Porém, passada uma hora, dei comigo a pensar que cometi uma indelicadeza: a grandeza do homem e atleta que é Rodolfo e o respeito que me merecem o Sevilha03 e os seus escritos, deviam coibir-me de publicar (no comentário) trechos da biografia de um jogador de antanho. Talvez que a vontade de “mostrar serviço” me tenha feito abordar algo que nada tem a ver com o post e que poderei publicar oportunamente na rubrica “FC Porto – Dragões de Azul Forte” do blogue. Mas estive mal, pelas razões acima apontadas, e penitencio-me pedindo desculpa ao Rodolfo, ao Sevilha03 e a todos os leitores que, com razão, não devem ter achado piada à “gracinha”.

Face ao erro, vi-me constrangido a pedir reparo. Mas não ficaria totalmente satisfeito se não oferecesse ao Rodolfo, ao Sevilha03 e a todos os frequentadores do BiBó Porto,carago!!, a biografia (presumo que quase completa) de “o capitão”. Como homenagem ao RR, na sequência da magnífica entrevista do Sevilha03, permitam-me o meu contributo.



Rodolfo Reis – Biografia de “O Capitão”

Rodolfo – Rodolfo dos Reis Ferreira (n. Porto, 29 Jan.1954) é um dos "capitães" que ficaram na história do FC Porto, pela dedicação e entrega que revelaram em representação do clube. Rodolfo apenas jogou no FC Porto; nunca vestiu outra camisola! Desde os seus 11 anos, altura em que ingressou nos iniciados portistas, até aos 30 anos quando pôs um ponto final na carreira, foram 19 anos sempre a defender a camisola azul-e-branca. Poucos podem alardear tamanha dedicação.

  • Tinha 18 anos quando se estreou na equipa sénior, nas Antas, em jogo contra o Portimonense, na época 1971-72, quando faltavam disputar 9 jornadas do Campeonato. Jogava a lateral-direito. Foi António Feliciano que o lançou, numa época em que o grupo foi orientado por 4 técnicos: António Teixeira (até à 7.ª jornada do campeonato), Artur Baeta (8.ª jornada), Paulo Amaral (até à 21.ª jornada) e, por fim, António Feliciano.


  • Apesar de, no seu tempo, as atenções recaírem em jogadores como Gomes, Oliveira ou Duda, tinha grande importância na gestão do balneário, pela postura na defesa dos interesses do clube e dos colegas. Foi um autêntico ícone do FC Porto da era Pedroto que, astutamente, o passou a médio defensivo aproveitando os seus inegáveis atributos para o lugar.


  • Rodolfo era, de facto, um "trinco" e um centro-campista de qualidade, muito enérgico e de grande entrega ao jogo. Sagrou-se campeão nacional, aquando do regresso do FC Porto aos títulos, na época 1977-78. No ano seguinte, "o capitão" voltaria a ser um dos esteios da equipa na caminhada para o bi-campeonato. Venceu 2 Supertaças e ainda 2 Taças de Portugal, uma na época 1976-77 e outra em 1983-84 antes de se retirar.


  • Na épica conquista do Campeonato de 1977-78, em que foi o capitão da equipa e fez 28 jogos completos, e sobre o jogo contra o Benfica, no Estádio das Antas, Rodolfo disse no livro “T'Antas glórias” de Júlio Magalhães:

    “As coisas estavam complicadas depois do auto-golo do Simões, até que empatámos com um golo do Ademir em que a bola passou no meio de 20 jogadores que estavam dentro da área do Benfica. Recordo-me que fomos festejar com o Ademir e ajoelhámo-nos a agradecer a Deus aquele golo que nos salvou de viver o que seria, com toda a certeza, um dos momentos desportivos mais tristes da história do estádio. Eram muitos milhares à espera daquele título e que não acreditavam que o perdêssemos ali. E estivemos quase a perder…”.


  • Rodolfo Reis jogou no FC Porto ao lado de outros grandes futebolistas como Pavão, Rolando, Bené, Oliveira, Flávio, Seninho, Nóbrega, Cubillas, Murça, Gabriel, Gomes, Ademir, Octávio, Fonseca, Freitas, Lima Pereira, Frasco, Costa, Jaime Pacheco, Sousa, João Pinto, Jaime Magalhães, Mike Walsh, Eurico, Inácio, Vermelhinho. Bem se pode dizer que “o capitão” os superou a todos – alguns estiveram de passagem, mas Rodolfo manteve-se, até ao fim, firme, inabalável na vontade de defender o emblema que sempre amou.


  • Foi treinado por grandes nomes de quem mereceu reiterada confiança. Aos quatro da época de 1971-72, juntaram-se Fernando Riera, Bela Guttmann, Aimoré Moreira, Monteiro da Costa (uma velha glória portista), Branko Stankovic, Hermann Stessl, António Morais e… José Maria Pedroto, o mestre, o extraordinário treinador de quem Rodolfo disse, com muita justeza, “estar á frente de todos, tanto na metodologia de treino como na vertente psicológica”.


  • Averbou várias internacionalizações "BB" e "Sub 21", além de jogar 6 vezes pela Selecção principal.


  • Depois de terminar a carreira de futebolista (final da época 1983-84) iniciou a de treinador, tendo trabalhado na Formação do FC Porto onde foi campeão com a equipa de Juniores-A em 85/86 e 86/87. Em 1987-88 ingressou na equipa sénior do Famalicão, tendo passado depois por várias clubes nacionais. Na época 1998-99 foi chamado de novo às Antas e, como adjunto de Fernando Santos, venceu o Pentacampeonato, um dos maiores feitos na história dos azuis-e-brancos. Permaneceu naquelas funções até à época 2000-01 no fim da qual se retirou do futebol, dedicando-se, então, à família que sempre o amparou durante a sua brilhante carreira.


  • Rodolfo é um baluarte da agremiação que representou com tanta dignidade. O FC Porto reconhece-o e manifestou-lhe preito em várias ocasiões. Em 28 Mai.2002, por ocasião da celebração do cinquentenário do Estádio das Antas, foi homenageado com outras individualidades e glórias do Clube. Em 23 Abr.2009, no decurso da inauguração do Dragão Caixa, fazia parte das “24 lendas do FC Porto” a quem foi prestado tributo. Para se aquilatar da importância que o Clube atribui ao “capitão”, basta mencionar que as “lendas” do futebol eram Américo, Fernando Gomes, João Pinto, Vítor Baía e… Rodolfo.
Rodolfo Reis, um grande "capitão", à Porto, inesquecível, um ídolo, uma enorme glória do FC Porto!

Carreira profissional no FC Porto
1971-72 a 1983-84 (como jogador); 1998-99 a 2000-01 (como treinador-adjunto)

Palmarés (jogador):

    2 Campeonatos Nacionais (1977-78, 1978-79)
    2 Taças de Portugal (1976-77, 1983-84)
    2 Supertaças de Portugal (1980-81, 1982-83)
    Palmarés (treinador-adjunto):
    1 Campeonato Nacional (1998-99)
    2 Taças de Portugal (1999-00, 2000-01)
    2 Supertaças de Portugal (1997-98*, 1998-99) * Final a 2 mãos, disputada em Ago. e Set.1998
Jogos no Campeonato Nacional:
    1971-72: 09 jogos (8 completos + 1 incompleto)
    1972-73: 11 jogos (10 completos + 1 incompleto)
    1973-74: 29 jogos (29 completos) 1 golo
    1974-75: 20 jogos (18 completos + 2 incompletos)
    1975-76: 15 jogos (13 completos + 2 incompletos)
    1976-77: 22 jogos (18 completos + 4 incomp.) 1 golo
    1977-78: 28 jogos (28 completos)
    1978-79: 26 jogos (25 completos + 1 incomp.) 2 golos
    1979-80: 23 jogos (21 completos + 2 incomp.) 1 golo
    1980-81: 26 jogos (25 completos + 1 incompleto) 1 golo
    1981-82: 07 jogos (7 completos)
    1982-83: 22 jogos (21 completos + 1 incompleto) 1 golo
    1983-84: 14 jogos (9 completos + 5 incompletos)
    TOTAIS: 252 jogos (232 completos + 20 incompletos)

13 comentários:

  1. Dragão azul forte, óptima penitência.

    Um abraço

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  2. Dragão Azul Forte, estou com o Vila Pouca, esta penitência foi espéctacular!;)

    BIBÓ PORTO

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  3. Isto é material de grande qualidade. A gravar para mais trade recordar.

    Em grande o nosso historiador.

    abraço ao CAPITÃO RR e ao D.Azul Forte.

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  4. Amigo Dragão Azul Forte
    Até apetece dizer: Faça mais desses comentários, para se penitenciar depois mais vezes, assim...!
    Grande abraço
    http://longara.blogspot.com/

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  5. Sim Senhor... GRANDE Post informativo de alguém tão importante como o RR que só vestiu 1 camisola ;)

    PARABÉNS E OBRIGADO Dragão Azul Forte...

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  6. Venham mais penitências dessas ;)

    Um grande abraço e parabéns pelo post!

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  7. Quando Pedroto chegou ao Porto e passou Rodolfo para o meio campo, a equipa ganhou uma capacidade de pressão que lhe faltava. Rodolfo tinha, para além de uma grande qualidade técnica, um pulmão e uma capacidade física enorme. Além disso, impunha respeito aos adversários que já sabiam que se entravam mais duros sobre um jogador do Porto a seguir tinham de levar com o Rodolfo.

    Grande jogador e um grande portista.

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  8. Este comentário foi removido pelo autor.

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  9. Caro Sevilha03:
    Então as minhas desculpas foram aceites? Espero que sim e que tenhas gostado da “penitência” (post/biografia) tanto quanto gostei do teu post/entrevista. Diz alguma coisa pois, como sabes, Dragão que se preze só fica descansado quando está de bem com os amigos.
    Um abraço, SV03.

    Já agora, deixa-me contar um episódio (para mim inolvidável) associado ao Rodolfo Reis:
    Entre 1984 e 1987, não sei qual a época, quando RR treinava os juniores portistas, o FC Porto veio jogar a Vila Real. Era habitual ir ver jogos do SC Vila Real; não todos, mas lá estava no velhinho Campo do Calvário quando achava adequado. Vindo o meu Clube de coração (o meu amado FCP), claro, tinha de estar presente àquele jogo de Juniores. Rodolfo foi insultado pelos vila-realenses do princípio ao fim do jogo. Coisa que não é de estranhar, por habitual em campos de futebol.
    Mas estava ali uma glória do FC Porto, um jogador que eu sempre admirei pela sua entrega e dedicação ao clube da Invicta! Estava ali um ícone do FC Porto! Para mim era intocável e apeteceu-me insultar, por réplica, alguns amigos que não eram da minha cor. O FCP ganhou, claro está, mas saí do campo a pensar na afronta que tinham sido as invectivas ao Rodolfo. E, logo ali, jurei nunca mais ir ver um jogo do SC Vila Real (os meus clubes são: o FC Porto (de coração) e o SC Mirandela (por natalidade). Já lá vão mais de 24 anos e… cumpri a promessa, integralmente.

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  10. bRAVO, bRAVISSIMO... mas ca rica penitência!!!

    venham mais, venham mais!!!

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  11. Quem melhor para dar a conhecer o nosso Rodolfo Reis, ora nem mais Azul Forte, quem mais poderia ser.

    Amigo havia algumas coisas do seu palmarés que já me tinha esquecido foi bom relembrar.

    Um grande abraço e continuar o excelente trabalho.

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  12. Caro Dragão Azul Forte,

    Antes de mais, não há razão nenhuma para pedires desculpa. Depois, quero-te agradecer por esta fantástica "penitência"! :)

    Parabéns pelo magnífico post!

    Um grande abraço!

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  13. De que freguesia e natural Rodolfo Reis

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