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Mais umas contas trimestrais (neste caso o 3º trimestre do exercício de 2013/2014, ou seja o acumulado de 1 de Julho de 2013 a 31 de Março de 2014), e mais do mesmo, isto é, um prejuízo colossal, desta vez 38.703 m€ correspondentes aos seguintes parciais:
Concretizando, nestas contas estão apenas relevadas as mais-valias relativas às vendas dos “passes” de Atsu no 1º trimestre (venda por 3.000.000 € que gerou uma mais-valia de 1.991.667 €), Otamendi no 3º trimestre (venda por 12.000.000 € a que correspondeu uma mais-valia de 7.974.000 €), e Walter (venda de 25% dos direitos económicos por 2.125.000 € com uma mais-valia de 521.000 €, no 3º trimestre).
Quer dizer: se não entrássemos em linha de conta com as mais-valias, a SAD apresentaria um défice global médio mensal de cerca de cinco milhões de euros. Assustador.
Só não se instala o pânico porque se sabe que até ao fim do mês de Junho, quando termina este exercício económico, há boas perspectivas de obtenção de muito relevantes mais-valias, talvez perto de 50 milhões de euros (para isso será necessário realizar vendas na ordem dos 80 milhões de euros), caso contrário as contas encerrarão negativas, o que seria muito problemático face às exigências do fair play financeiro da UEFA.
Aqui a questão que se coloca é, até quando será possível manter este “modus operandi”?
Analisando agora outros aspectos destas contas, verifica-se que o passivo total baixou de 217.719 m€, em 31/03/2013, para 209.005 m€, em 31/03/2014. Esta descida seria positiva caso não tivesse sido obtida à custa de uma muito maior descida do activo total. Mas foi exactamente isso que aconteceu: 198.448 m€ contra 177.886 m€, nas mesmas datas. Ou seja, se o passivo baixou 8.714 m€ o activo baixou muito mais: 20.562 m€. Porquê? Exactamente porque se os valores a pagar a fornecedores baixaram (passivo), os valores a receber de clientes (activo) diminuíram ainda mais (adicionalmente os montantes em caixa e depósitos bancários também diminuíram).
Mas, mais relevante ainda, é a evolução da dívida financeira (aquela que gera juros suportados). E, o que verificamos, é que entre 31/03/2013 e 31/03/2014 essa dívida aumentou quase 10 milhões de euros: passou de 109.757.847 € (54.799.785 € não corrente mais 54.958.062 € corrente) para 119.559.382 € (75.815.838 € corrente mais 43.743.544 € não corrente). Esta separação entre corrente (vencimento até um ano) e não corrente (vencimento superior a um ano) é muito importante porque revela as necessidades de liquidez de curto prazo. Ora, o que se constata é que essas necessidades no espaço de um ano passaram de 54.958.062 € para 75.815.838 €. Mau.
Como resultado destas dificuldades de gestão de tesouraria, como vimos supridas pelo aumento do endividamento, vem acoplado o aumento dos custos e perdas financeiras (juros suportados). Não admira, assim, que estes tenham aumentado de 9.344.145 € (em 31/3/13) para 9.679.838 € (em 31/3/2014). Ou seja, só para juros, a conta já ultrapassa um milhão de euros por mês. Aqui está uma parte da explicação para o supra citado défice de 5 milhões de euros por mês (sem venda de direitos económicos de jogadores).
A outra parte da explicação para o défice resulta da crónica insuficiência dos proveitos operacionais para cobrir os custos operacionais, excluindo resultados com “passes”. Nestes nove meses da época 2013/14 estes proveitos operacionais totalizaram 56.180 m € (55.724 m € em 2012/13) contra 74.392 m € de custos operacionais (68.556 m € no período homólogo). Portanto, aqui temos resultados operacionais negativos de 18.212 m €, o que reflecte um agravamento de 5.380 m€ face ao período homólogo. O quadro fica mais claro juntando as amortizações e perdas de imparidade com “passes” de jogadores: 20.714 m€ este ano (9 meses, não esquecer) contra 19.423 m€ no ano anterior, um aumento de 1.291 m€, reflexo de aquisições de “passes” por valores cada vez maiores.
Naturalmente que perante esta panorâmica de resultados negativos, a situação patrimonial ressente-se, evidenciando capitais próprios negativos (activo inferior ao passivo). É importante sublinhar, no entanto, que estamos a analisar as contas da SAD, no caso do Clube a situação patrimonial é radicalmente diferente, revelando grande solidez com activos muito superiores ao passivo.
Resumindo, rezemos (quem for crente) e esperemos que o mês de Junho nos traga boas vendas, caso contrário vem aí borrasca.
P.S.- Relativamente ao meu último artigo sobre o FPF, para já parece que a montanha pariu um rato. As sanções da UEFA ficaram-se por ISTO.
nota: o blog BPc agradece ao JCHS a elaboração deste artigo.
- 1º Trimestre - 12.430 m€
- 2º Trimestre - 16.809 m€
- 3º Trimestre - 9.464 m€
Concretizando, nestas contas estão apenas relevadas as mais-valias relativas às vendas dos “passes” de Atsu no 1º trimestre (venda por 3.000.000 € que gerou uma mais-valia de 1.991.667 €), Otamendi no 3º trimestre (venda por 12.000.000 € a que correspondeu uma mais-valia de 7.974.000 €), e Walter (venda de 25% dos direitos económicos por 2.125.000 € com uma mais-valia de 521.000 €, no 3º trimestre).
Quer dizer: se não entrássemos em linha de conta com as mais-valias, a SAD apresentaria um défice global médio mensal de cerca de cinco milhões de euros. Assustador.
Só não se instala o pânico porque se sabe que até ao fim do mês de Junho, quando termina este exercício económico, há boas perspectivas de obtenção de muito relevantes mais-valias, talvez perto de 50 milhões de euros (para isso será necessário realizar vendas na ordem dos 80 milhões de euros), caso contrário as contas encerrarão negativas, o que seria muito problemático face às exigências do fair play financeiro da UEFA.
Aqui a questão que se coloca é, até quando será possível manter este “modus operandi”?
Analisando agora outros aspectos destas contas, verifica-se que o passivo total baixou de 217.719 m€, em 31/03/2013, para 209.005 m€, em 31/03/2014. Esta descida seria positiva caso não tivesse sido obtida à custa de uma muito maior descida do activo total. Mas foi exactamente isso que aconteceu: 198.448 m€ contra 177.886 m€, nas mesmas datas. Ou seja, se o passivo baixou 8.714 m€ o activo baixou muito mais: 20.562 m€. Porquê? Exactamente porque se os valores a pagar a fornecedores baixaram (passivo), os valores a receber de clientes (activo) diminuíram ainda mais (adicionalmente os montantes em caixa e depósitos bancários também diminuíram).
Mas, mais relevante ainda, é a evolução da dívida financeira (aquela que gera juros suportados). E, o que verificamos, é que entre 31/03/2013 e 31/03/2014 essa dívida aumentou quase 10 milhões de euros: passou de 109.757.847 € (54.799.785 € não corrente mais 54.958.062 € corrente) para 119.559.382 € (75.815.838 € corrente mais 43.743.544 € não corrente). Esta separação entre corrente (vencimento até um ano) e não corrente (vencimento superior a um ano) é muito importante porque revela as necessidades de liquidez de curto prazo. Ora, o que se constata é que essas necessidades no espaço de um ano passaram de 54.958.062 € para 75.815.838 €. Mau.
Como resultado destas dificuldades de gestão de tesouraria, como vimos supridas pelo aumento do endividamento, vem acoplado o aumento dos custos e perdas financeiras (juros suportados). Não admira, assim, que estes tenham aumentado de 9.344.145 € (em 31/3/13) para 9.679.838 € (em 31/3/2014). Ou seja, só para juros, a conta já ultrapassa um milhão de euros por mês. Aqui está uma parte da explicação para o supra citado défice de 5 milhões de euros por mês (sem venda de direitos económicos de jogadores).
A outra parte da explicação para o défice resulta da crónica insuficiência dos proveitos operacionais para cobrir os custos operacionais, excluindo resultados com “passes”. Nestes nove meses da época 2013/14 estes proveitos operacionais totalizaram 56.180 m € (55.724 m € em 2012/13) contra 74.392 m € de custos operacionais (68.556 m € no período homólogo). Portanto, aqui temos resultados operacionais negativos de 18.212 m €, o que reflecte um agravamento de 5.380 m€ face ao período homólogo. O quadro fica mais claro juntando as amortizações e perdas de imparidade com “passes” de jogadores: 20.714 m€ este ano (9 meses, não esquecer) contra 19.423 m€ no ano anterior, um aumento de 1.291 m€, reflexo de aquisições de “passes” por valores cada vez maiores.
Naturalmente que perante esta panorâmica de resultados negativos, a situação patrimonial ressente-se, evidenciando capitais próprios negativos (activo inferior ao passivo). É importante sublinhar, no entanto, que estamos a analisar as contas da SAD, no caso do Clube a situação patrimonial é radicalmente diferente, revelando grande solidez com activos muito superiores ao passivo.
Resumindo, rezemos (quem for crente) e esperemos que o mês de Junho nos traga boas vendas, caso contrário vem aí borrasca.
P.S.- Relativamente ao meu último artigo sobre o FPF, para já parece que a montanha pariu um rato. As sanções da UEFA ficaram-se por ISTO.
nota: o blog BPc agradece ao JCHS a elaboração deste artigo.
Mais preocupaste é o facto dos passes de Mangala e Jackson estarem já destinados a amortizar uma dívida aos bancos de 30M.
ResponderEliminarMuito obrigado pelos esclarecimentos, os sócios devem estar atentos ! Continuação de bom trabalho
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