04 setembro, 2015

O ESTRANHO CASO DE ALBERTO BUENO.

http://bibo-porto-carago.blogspot.pt/

Ponto prévio: não acompanho a Liga Espanhola, não torço nem por Real nem por Barcelona e pouca atenção passo ao futebol de nuestros hermanos. Daí que nunca tenha visto qualquer jogo do Rayo Vallecano e, por consequência, de Alberto Bueno.

No entanto, todos me garantem que é um excelente jogador, possuidor de faro de golo, temível em zonas de finalização e naqueles lugares que gravitam em redor do ponta-de-lança.

Acredito piamente nos meus amigos, mas desculpem-me a sinceridade: todos os indícios desaconselhavam a contratação de Alberto Bueno. Desde logo porque há (ou houve) Adrian Lopez e isso devia ser motivo suficiente para perceber que Lopetegui não sabe dar uso a avançados com estas (dúbias) características.

Não é que Adrian Lopez tenha feito muito pela vida. Não fez. Mas as suas épocas juntos de Falcao e de Diego Costa, com presença assídua no onze de Simeone e numa competição como a Champions League, indicam que não pode estar ali um jogador banal. Só que, encostado à direita ou à esquerda, seria sempre muito difícil para Adrian explodir no FC Porto. E mesmo quando Lopetegui arriscava um tímido ensaio do 4-4-2, via-se claramente que a equipa não estava programada/sistematizada para jogar nesse esquema. Faltava treino táctico nesse sentido e era óbvio que Jackson, grande latifundiário, querendo dar o salto, não estava disposto a partilhar os terrenos onde a bola pincha com alguém. E, além disso, já havia Aboubakar para aproveitar as sobras, horas vagas e o merecido descanso do colombiano.

Ainda outro facto decisivo: a história joga contra jogadores como Adrian ou Bueno. O FC Porto tem-se habituado e rotinado a jogar com dois extremos de categoria incontestável, limitando o tal espaço para o segundo ponta-de-lança ou para o chamado falso avançado. São demasiados extremos para não se perceber uma tendência do FC Porto em alargar a sua frente de ataque a 3 jogadores: Capucho, Drulovic, Lisandro, Quaresma, Hulk, Tarik, Varela, James (um 10 encostado à linha), Quaresma again, Tello, Brahimi, Varela de novo. E agora possivelmente Corona.

Nem o facto de vir a custo zero justifica a contratação de um jogador como Bueno. Não é preciso ser bruxo para perceber que, no actual panorama, não há almoços grátis no futebol: há prémios de assinatura a pagar, além da obrigatória comissão de intermediação.

No Funchal, com o jogo emperrado e mastigado, com Aboubakar apertado entre os centrais adversários, Lopetegui não viu espaço para Bueno. Se havia jogo em que podia fazer sentido o faro e o sentido de oportunidade do espanhol era este, frente a uma equipa manhosa e fechada lá atrás. Mas já dá para ver que o basco só concebe naquela zona dois homens: Rei Bakar ou Osvaldo. E saber alternar os dois sistemas é algo que não foi visível no ano passado (lembram-se do jogo na Amoreira?) e portanto parece difícil crer que, de um ano para o outro, Lope terá aprendido como se faz.

Acreditar que Bueno pode dar algo a este FC Porto é o mesmo que acreditar que Adrian poderia ter dado algo ao FC Porto 2014/2015. Ou seja, sendo claro: mais vale acreditarmos todos no Pai Natal já em Dezembro.

Podíamos ainda acreditar nos 29 golos em 77 jogos ao serviço do Rayo, mas seria tão só tapar o sol com a peneira. Nem isso é uma estatística formidável para um jogador de 27 com chancela de formação Real Madrid, nem os números anteriores de Bueno convencem que isso se trata do seu normal.

Errar com Adrian é admissível. Trata-se de um internacional espanhol com provas e jogos ao mais alto nível nos últimos anos do futebol castelhano. Mas ao final de um ano insistir no mesmo erro e contratar um Adrian 2.0, já não é burrice nem incompetência, é simplesmente um erro de investimento imperdoável.

E com isto chegamos à questão elementar: se são estas as condições e adversidades que Bueno vai enfrentar, porque veio ele “roubar” os escassos e preciosos minutos que iam ser dados a André Silva?

Numa palavra: INCOMPREENSÍVEL.

Rodrigo de Almada Martins

9 comentários:

  1. Caríssimo,

    Bueno não é nem será um Adrian 2.0 simplesmente porque as suas características são muito dispares do Adrian.

    Bueno tem espírito de luta, sabe movimentar-se, defende qb e tem rotação.

    Bueno é um fabuloso jogador para jogar como "falso médio" e não como "falso extremo", pois nessa posição especifica é preciso correr com o lateral e ele não tem essas rotinas... no meio, como é defesa posicional, ele serve perfeitamente.

    Agora porque é que Bueno não entrou na Madeira para o lugar de Imbula, ou porque é que não entrou em casa para o Lugar onde Brahimi jogou, isso já é outra conversa e só Lopetegui é que pode responder.

    Contudo e fazendo uma análise de fora, parece-me claro que a falta de aposta em Bueno se deve à falta de confiança que Lopetegui tem na configuração do meio-campo atual, em qualquer um dos 3 momentos do jogo (defensivo, transição, ofensivo).

    Os jogadores não estão a fazer aquilo que é necessário e por isso Lopetegui "recusa-se" a fragilizar aquela área ainda mais, ao colocar um elemento que pode ajudar na fase defensiva, mas depois das outras 2 fases, deixa o trabalho para Imbula e Danilo, que não estão articulados ainda e não se sentem confortáveis somente um com o outro.

    Quando estas rotinas estiverem assimiladas, acredito que Lopetegui terá mais facilidade em colocar Bueno como 3ª médio ou como Falso-Médio.

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  2. James com VP era sempre quarto médio. Só sem bola jogava na linha. Era muito mais 442 que 433, porque o que interessava era a dinâmica. Dinâmica essa que gostava de ver mais desenvolvida por Lopetegui e que escapasse ao habitual e facilmente anulavel ataque quase em exclusivo por combinações nas laterais.

    Bueno, a 10 ou a vir do extremo para dentro, podia bem ser isso, mas mais depressa continuaremos a deprimir com meio-campo a jogar sempre fora do bloco onde pontifica esse craque com menos técnica que eu, Horrera!

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  3. Na mouche João Gonçalves!

    A acrescentar ao ainda frágil entrosamento entre o Danilo e Imbula, as dúvidas defensivas com os laterais. Maxi ataca tão bem ou melhor que o Danilo, mas defende pior. Na esquerda, com a saída do Alex Sandro, ficou uma imensa nuvem na cabeça do Lopetegui. Quando mete o Indi, a única coisa que o treinador pensa é segurança defensiva, abdicando totalmente de atacar por aquele flanco (o Angel apesar de uma nulidade defensivamente, no ataque até tem uns pormenores interessantes). Vamos ver se o Layun é solução.

    Estou em crer que quando o equilibrio defensivo estiver definitivamente cimentado, poderão ser acrescentadas algumas nuances ao processo ofensivo, que melhorarão e muito a nossa dinâmica de jogo.

    Bem sei que os jogos pós-Munique foram penosos e gravados a ferro no (in)consciente portista. Mas convém recordar que, na época passada, entre Fevereiro e esse malfadado jogo, se exceptuarmos o mistério da pérola do Atlântico, o FCP estava numa forma fantástica, teve inclusivé jogos excelentes como com o Basileia, Sporting, Bayern, etc, ao ponto de muitos adeptos (nos quais eu me incluo) acreditarem piamente de iriamos ser campeões, e mesmo chegar no mínimo às meias da Champions. Não fossem aqueles apocalipticos 45 m e talvez a História pudesse ser bem diferente. Com este treinador. Com este modelo de jogo.

    Tão estranha e selectiva é a memória do adepto...

    Hugo

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    1. https://media2.giphy.com/media/dOJt6XZlQw8qQ/giphy.gif

      Mai. Nada.

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  4. Explicação mais simples...não vejo em Lopetegui um treinador competente.

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  5. Vamos la especialistas, hoje e aproveitar este texto cheio de certezas a 3 jornada para malhar no treinador e na sad... Vamos la, não se acanhem! E já agora sugiro para amanha o mesmo texto mas aplicado ao Sergio Oliveira...

    Joao, Carcavelos

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  6. Este comentário foi removido pelo autor.

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  7. Com o fecho do mercado, pelo menos até Janeiro, poderemos estar descansados. Lopetegui poderá exigir Messi à SAD e´(exigência do técnico, SAD não olha a meios) ...obrigá-lo a jogar para trás e para os lados, só que ele gosta de marcar golos e temo que os comece a marcar ao Casillas.

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  8. Estive a ver o curriculo do sr Lopetegui como treinador...
    Além de ter atirado o Rayo Vallecano para a 2ª, nunca mais treinou uma equipe senior... andou pelas televisões a fazer comentários ( lá como cá!) e entregaram-lhe as seleções jovens... compreendi então, face ao fascinio de JNPC por Queirós, já que nunca calhou...vem o Queirós espanhol...
    só mais uma coisinha...não digam que o nosso futebol de posse é como o do Barça... trocas entre centrais e trincos, não é jogar à Barça, é jogar em " prisão de ventre "

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