10 outubro, 2007

Um pouco mais de azul

‘Nortada' do Miguel Sousa Tavares

FC Porto precisa de um milagre

O FC Porto vai com mais cinco pontos do que ia no ano passado por esta altura e já ganhou três jogos que perdeu em 2006. Isso é um facto incontornável e louvável. Mas também é facto que joga muito pior futebol, muito menos seguro, muito menos denominador, do que jogava na última época.

Que dizer deste surpreendente FC Porto, que joga um futebol incapaz de entusiasmar o adepto mais fácil e, todavia, segue, imperial, com sete vitórias em sete jogos do campeonato e bem lançado na Liga dos Campeões? Alguns jornalistas, daquela escola dos que estão sempre prontos para fazer rapapés aos treinadores e dirigentes, andam para aí a lançar piadas contra os «adeptos críticos» a quem os factos e as vitórias desmentirão todos os dias, e o próprio presidente Pinto da Costa lança indirectas, supostamente irónicas e sábias, aos «críticos», na revista do clube. E, todavia…

Todavia eu mantenho a substância das minhas críticas: a onda de aquisições (doze!) para a nova temporada foi um desastre. À excepção de Leandro Lima e Stepanov, que, com trabalho e oportunidades, ainda podem justificar o investimento, todos os outros não têm, à vista desarmada, qualquer valor que chegue para jogar no FC Porto e justificar os cerca de 15 milhões de euros gastos em compras, durante o mês de Julho. Pelo que, estes surpreendentes resultados vêm sendo obtidos com a mesma equipa que no ano passado foi campeã com um ponto de avanço sobre o Sporting — só que desfalcada «apenas» do Pepe, do Anderson e de outros, como o Ibson, o Alan ou o Vierinha. Só um milagre fará com que esta curta manta dê para as necessidades da época que, como se sabe, são as mesmas de sempre: ser campeão e chegar, pelo menos, à primeira eliminatória da Liga dos Campeões.

Contrariando a minha oposição de princípio à política de compras por atacado que é uma imagem de marca desta direcção, penso que o FC Porto, se quiser lutar a sério pelos seus objectivos habituais, tem de ir às compras em Janeiro. Mas, depois de ter visto o Sporting-Guimarães deste sábado, o que eu faria, para já, até teria custo zero: ir buscar dois jogadores que já são nossos. Um, é o Alan, que nunca deveria ter saído, porque é francamente melhor que, por exemplo, o Tarik ou o Mariano González; o outro é o jovem Rabiola, comprado ao Vitória de Guimarães e lá deixado por empréstimo, com o FC Porto a pagar a totalidade dos seus salários (porque não propusemos ao Manchester uma operação destas, mas ao contrário, em relação ao Anderson?). Jesualdo é que sabe porque escolheu quem escolheu e porque desprezou quem desprezou. Mas, face à fraqueza pungente dos reforços adquiridos, faz impressão ver tantos jogadores do FC Porto, francamente melhores, a brilhar noutros clubes, como o Vitória de Guimarães, o Setúbal, o Leixões ou a Académica. E nós a pagar os ordenados para os ver jogar pelos outros e a pagar os ordenados dos «reforços» para os ver jogar na bancada…

Por isso, quando os tais jornalistas de que acima falei, escrevem, muito diligentes, que Jesualdo calou os críticos que o acusavam de jogar sempre com a mesma equipa e nunca apostar nos reforços, eles «esquecem-se» do resto da história: é que os críticos não sabiam, ao contrário de Jesualdo, que os reforços eram tão fraquinhos. Faltava vê-los jogar. E, agora que os vimos, é óbvio que a única pergunta pertinente é esta: porque razão Jesualdo os quis ou deixou que lhos impingissem?

Essa é uma questão. A outra questão é a qualidade do futebol praticado e à vista de todos. O FC Porto vai com mais cinco pontos do que ia no ano passado por esta altura e já ganhou três jogos que perdeu em 2006. Isso é um facto incontornável e louvável. Mas também é facto que joga muito pior futebol, muito menos seguro, muito menos denominador, do que jogava na última época. No ano passado, por esta altura, estava eu aqui a elogiar, sem reticências, o futebol azul-e-branco; este ano, tirando o jogo de Braga, logo na primeira jornada, não vi motivos para qualquer entusiasmo. Eu sei que os campeões se fazem também ganhando jogos mal jogados; mas, independentemente dessas sete vitórias que aí estão, não acredito que se possa ser campeão sem nunca jogar francamente bem — apenas com atitude competitiva e cultura de vitória, que essas, felizmente, continuam a ser a imagem de marca das sucessivas equipes do FC Porto.

Há dias, por acaso, passei pela RTP-Memória e revi um célebre Milan-FC Porto, para a Liga dos Campeões, em 1987, onde Jardel fez a sua aparição retumbante na primeira linha da equipa, marcando dois golos que fizeram o FC Porto sair de San Siro com a vitória por 3-2. Era treinador António Oliveira (um dia explicarei porque entendo que ele foi um dos melhores treinadores que passaram pelo clube), e, só para se ter uma ideia da diferença de talentos entre essa equipa de então e a de hoje, atente-se no quadro de jogadores que Oliveira tinha à sua disposição, apenas no meio-campo e no ataque. No meio-campo, ele jogou com Sérgio Conceição, Barroso, Paulinho Santos e Zahovic; no ataque fez alinhar Edmilson e Artur. Depois, com aquela fantástica capacidade que ele tinha para fazer as substituições certas no momento certo, fez entrar Jardel, Rui Barros e Drulovic. E ainda deixou de fora, por lesão, Domingos! E o Milan, onde pontificavam jogadores como Maldini, Pannuci, Ambrozini, Marco Simone, Raizinger, Davids, George Weah, Desailly, Albertini, Boban e Roberto Baggio, levou uma lição de bola do Porto! Mas, a verdade é que, da actual equipa do Porto, apenas Ricardo Quaresma teria lugar naquele onze de Oliveira. E vale a pena recordar o comentário final de António Oliveira: «Como viram, ao contrário do que gosta de dizer a imprensa portuguesa, não foi preciso a ajuda do árbitro para ganharmos ao Milan, em San Siro». Já lá vão vinte anos desta lengalenga…

É por causa da memória destas coisas que o público do FC Porto é o mais exigente e o melhor público de futebol em Portugal — uma coisa tem que ver com a outra. Quem não está habituado ou se desabituou das grandes jornadas europeias, das grandes equipas e do grande talento, quer é ganhar de qualquer maneira — como sucede em Alvalade frequentemente, e na Luz, bastantes vezes. No Dragão é diferente: no Dragão queremos as vitórias, mas queremos também o grande futebol. Por isso, é que a ganhar por 1-0 a um inofensivo Boavista e mesmo na véspera de um jogo europeu decisivo na Turquia, o público do Dragão é capaz de assobiar a equipa, porque não está satisfeito com o espectáculo. No FC Porto é fácil ser treinador, por um lado, mas é difícil, por outro. É fácil, porque naquele clube tudo está pensado e organizado para triunfar e a cabina tresanda a ambição de vitória. Mas é difícil, porque ali não é possível pedir tempo aos adeptos nem viver com a desculpa de que são os árbitros que não nos deixam ganhar. E, para além das vitórias, nós queremos espectáculo, golos, futebol.

É por isso, podem crer, senhores jornalistas compreensivos e senhor presidente avesso a críticas, que eu tenho a certeza de que, apesar das sete vitórias e do alívio de Istambul, ninguém se sente ainda tranquilo nem satisfeito e a maior parte de nós continua a pensar, por exemplo, que não ter forçado a vitória contra o Liverpool foi uma oportunidade perdida (até porque o segundo lugar no grupo significa quase sempre a eliminação nos dezasseis avos-finais, às mãos de um «tubarão»).

E é por isso que o FC Porto tem de ir ou banco dos emprestados ou às compras, em Dezembro. Porque os golpes de génio do Quaresma ou os ocasionais flashes europeus do Lucho não vão chegar para as encomendas todas. Precisamos de mais um central de categoria, de dois médios criativos de ataque, de um extremo-direito e de um verdadeiro ponta-de-lança. É muita coisa. Pois é: foi uma pena ter desprezado o que nos dava jeito e ter ido buscar o que não precisávamos.

# jornal “A BOLA” de 2007.10.09
# origem: blog "
Sou Portista Com Orgulho"

11 comentários:

  1. Isso é verdade, eu não trocava o Barroso pelo Lucho, nem o Paulinho pelo Paulo Assunção, nem o Lula pelo Stepanov, nem o Fernando Mendes pelo Fucile, ou nem o Secretário pelo Bosingwa, ou o Hilário pelo Helton...enfim...

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  2. MST, no seu melhor..será dificil contrariar mto do que ele escreve ..será mesmo mto dificil nao encontrar kem pense de forma igual..há mto ponto em que concordo com o k escreve..Agora dizer k nem todos os jogam no onze de agora cabiam no onze desse Porto-Milao, talvez por isso logo depois tenham sido goleados por Man. united (4-0). Compras e dispensas algumas tem razao, mas Alan nao me parece, vieirinha ainda concordo ou ate p.machado em vez de gastar € em Fernando e Luis Aguiar(est. Amadora), entre outros´. é certo naojogamos merda nenhuma k nos console em termos de espetaculo mas em resultado e isso é k importa estamos imbativeis.A kestao a fazer era se tivessemos dado espetaculo com futebol de 1ªlinha e tivessemos perdido, isso levava publico ao estadio, isso dava prestigio????Acho k nao...a esta hora andavamos todos amargurados e pior k isso...Kero mesmo é ganhar e claro se der para conciliar valorizar os nossos jogadores e o nosso futebol com delicias k so vemos outros fazer e jogar tanto melhor..Mas eu nao conheço ekipas dessas k so joguem pra espetaculo e consigam titulos e por ai..eu bem as vejo kd toca a jogos a decidir eu bem vejo o futebol espetaculo k dao...essa equipa Barcelona k dava espetaculo aki ha uns anos foi a mesma que depois na final da Champions levou uma goleada do Milao...ta tudo dito..eu concordo com o post acima colocado..Felizes os adeptos Azuis k depois de ganhar se dao ao luxo de discutir o futebol espetaculo..perguntem aLampioes e Lagartos o k é k eles discutem..os 7 e 8 pontos de atraso e tem os treinadores k gostam.

    Abraços

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  3. Já o disse acima, na crónica do Estilhaço, e volto a repetir: começo a ficar farto do MST! O homem está numa fas intratável, só critica, critica, bastas vezes sem razão no k argumenta. E no meio de tanto disparate, comete eros primários. Era capaz de jurar pela minha rica saudinha k, num kk artigo passado, o homem embirrava com o Alan. Mas agora, meu deus k o emprestaram...dasse!

    Subscrevo por baixo o excelente comentários o Menphis. Eu tb não trocava alguns dos jogadores deste plantel por essa "mágica" equipa de ke ele fala...
    E depois, espantosamente, é capaz de criticar o Jesualdo por não apresentar sempre a mesma equipa, e acaba a elogiar e alcandorar o Oliveira ao panteão dos melhores treinadores de sempre do clube (opinião discutível), k era useiro nesse tipo de prática...

    MST, coerência precisa-se, e urgentemente!

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  4. ó Tónê tas a falar mal........


    malta cuidado pq o farias é grande jogador e vai calar muita gente...

    vcs ainda me vao dar muita razao

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  5. Sinceramente, se a minha opinião vale d'alguma coisa, acho que esta crónica se resume ao que se vai falando insistentemente entre os portistas nas últimas semanas, ou seja, onde começa e termina a fronteira da satisfação do adepto portista?
    Por isso, acho que o antepenúltimo parágrafo desta crónica diz tudo:
    É por causa da memória destas coisas que o público do FC Porto é o mais exigente e o melhor público de futebol em Portugal — uma coisa tem que ver com a outra. Quem não está habituado ou se desabituou das grandes jornadas europeias, das grandes equipas e do grande talento, quer é ganhar de qualquer maneira — como sucede em Alvalade frequentemente, e na Luz, bastantes vezes. No Dragão é diferente: no Dragão queremos as vitórias, mas queremos também o grande futebol. Por isso, é que a ganhar por 1-0 a um inofensivo Boavista e mesmo na véspera de um jogo europeu decisivo na Turquia, o público do Dragão é capaz de assobiar a equipa, porque não está satisfeito com o espectáculo. No FC Porto é fácil ser treinador, por um lado, mas é difícil, por outro. É fácil, porque naquele clube tudo está pensado e organizado para triunfar e a cabina tresanda a ambição de vitória. Mas é difícil, porque ali não é possível pedir tempo aos adeptos nem viver com a desculpa de que são os árbitros que não nos deixam ganhar. E, para além das vitórias, nós queremos espectáculo, golos, futebol..
    É exactamente aqui que reside o busílis da questão... até que ponto um Portista (mal habituado nas últimas décadas...), pode estar satisfeito com o que se tem visto? são melhor as 7 vitórias a jogar bem ou a jogar mal, como de facto tem acontecido?
    Sinceramente... tenho alguma dificuldade em responder... tenho mesmo!
    Porque eu, admito, 'estou muito mal habituado' e não me consigo satisfazer unicamente com 3 pontos... quero tb 'acção', se me faço entender... e pronto, quando tiver que se jogar mal, que se ganhe ao menos... mas esta não pode ser uma 'regra', mas sim uma excepção!
    A pergunta que muitos de nós fazemos é esta: "até quando, estas más exibições vão ser uma regra?"
    aKeLe aBrAçO,
    http://bibo-porto-carago.blogspot.com/

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  6. O post tem, surpreendentemente algumas ideias muito pouco condizentes com a qualidade dos escritos de MST:
    1 - o jogo a que o MST se refere não é de 1987 mas sim de 1997...em 1987, quem era o treinador era o Artur Jorge e nós até fomos campeões europeus nesse ano...
    2 - O Paulo Pereira tem toda a razão...antes do Alan sair, MST fartava-se de falar mal, agora que ele saiu já passa a ser bom...
    3 - Finalmente, dizer que Oliveira foi um dos melhores treinadores do FCPorto só pode ser uma piada de mau gosto...

    PS:Só para reafirmar, quero dizer que também não gosto de Jesulado nem do futebol praticado pelo FCP neste momento...

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  7. Desta crónica destaco apenas a recordação desse jogo de Milão. Fiquei eufórico, descontrolado...Jardel, jardel...que saudades!!! O SUPER MÁRIO!!!

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  8. Numa coisa, estou de acordo com o MST. Pagar ordenados a jogadores que não jogam por nós não faz sentido nenhum :(
    Quanto às críticas aos seus textos, a anterior a esta estava excelente!
    Tem dias... é como toda a gente :)

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  9. Concordo com o Blue Boy !
    O resto...é para vender jornais na mouraria.

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  10. Estao todos mto certos..Venha o bom futebol k é o k falta..o resto k se continue com vitorias a tras de vitorias..ou seja de 3 em 3 rumo ao tri....
    K saudavel é discutir de barriga cheia...!!!
    abraços

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  11. O MST está a ficar acomodado!

    É ver e analisar, na TVI, está a ficar BOLACHUDO E SÓ A FUMAR CHARUTO!

    Dá-me a impressão que está a ser pago pelo ORELHAS.

    Para mim, já foi chão que deu uvas.

    LAMENTO, LAMENTO, LAMENTO...

    Saudações blues

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