14 maio, 2010

2 comentários:

  1. 'Fair play' e bom senso
    por RUI MOREIRA n´A Bola

    HÁ dias, questionado sobre a hipótese já então mais do que provável de o Benfica se sagrar campeão, e depois de desejar que, no próximo ano, o FC Porto volte a ser a melhor equipa e que «tenha a oportunidade de o ser», conclui que «o Benfica teve mérito, a melhor equipa, o melhor treinador, mas se não tivessem acontecido certas coisas o FC Porto teria tido a oportunidade de competir até mais tarde». Não deixei de constatar que havia culpas próprias, nomeadamente do treinador, e lembrei que «Jesualdo disse sempre que foi ele que avalizou todas as compras e vendas de jogadores» e que «gostaria de ver mais portugueses no plantel, nomeadamente os que estiveram no Olhanense».
    Em entrevista publicada no dia seguinte, Pinto da Costa diria que «o Benfica vai provavelmente ganhar o campeonato. Se tivermos em conta o que se passou nalguns jogos poder-se-ia pôr em causa muita coisa, mas eu não quero ir por aí. (…) Acho que o Jesus, com a sua maneira de ser, com espalhafato e entusiasmo, galvanizou o próprio público e a equipa foi atrás. Realmente o grande mérito da vitória do Benfica é do Jesus». Além disso, garantiu que Ukra ficará no plantel e lembrou que «os técnicos é que avalizam quem fica. Nenhuma direcção manda um jogador embora se o técnico os quiser, até porque é mais fácil ficar com os nossos» e acrescentou que o «FC Porto vai ter muito mais jogadores formados no clube no seu plantel principal». Pelos vistos, as nossas opiniões coincidem no essencial, o que deve aborrecer alguns dos que se apressaram a criticar as minhas declarações.

    É evidente que nenhum portista esquecerá a toupeira e os critérios da arbitragem, nem aqueles que, na comunicação social, branqueiam tudo o que é vermelho. É fácil de imaginar o clima de suspeição que reinaria no país se, porventura, o FC Porto tivesse ganho um campeonato depois de tantas, e tão estranhas, situações. Nessa matéria, aliás, ninguém me dará lições, já que nunca calei a minha revolta pelas jogadas subterrâneas que, neste campeonato de túneis e toupeiras, desvirtuaram a verdade desportiva. Dito isso, acho bem que, mais não seja por fair-play, não se siga o exemplo dos adversários, que nunca reconheceram o mérito das inúmeras vitórias do FC Porto, que sempre agitaram o fantasma da suspeita. A verdade é que, também nisso, devemos ser os melhores. Mas, no caso de Pinto da Costa, o reconhecimento do mérito do adversário não é apenas um gesto de desportivismo: é um sinal de que reconhece que houve erros e de que sabe que o clube terá de reagir e de se reajustar para voltar a ganhar, mesmo contra ventos e marés, como aliás sempre aconteceu. É por isso que o entusiasmo dos benfiquistas, que alguns acham exagerado, é legítimo e compreensível, porque sabem que esta rara vitória no campeonato, em que gastaram tantos trunfos, é um acontecimento raro e difícil de replicar.

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  2. Os critérios da arbitragem
    JORGE DE SOUSA, que não era benquisto na Luz, resolveu participar activamente no jogo da consagração, com grande dualidade de critérios. Enquanto os vilacondenses eram perseguidos por cartões, os jogadores do Benfica jogaram à-vontade. Aos onze minutos o Rio Ave estava reduzido a dez, depois de um vermelho directo a punir uma jogada que, sendo violenta, em nada difere de muitas outras de jogadores do Benfica, como David Luiz, Luisão e Maxi, que raramente merecem sequer um cartão amarelo. Enquanto a passadeira encarnada era montada, Xistra ia prejudicando o Braga na Choupana. Esta última jornada foi o fiel espelho de um campeonato em que o Benfica beneficiou de regras especiais e exclusivas.

    Assim é mais fácil
    OBenfica foi, de longe, a equipa que mais vezes jogou em vantagem numérica, o que sucedeu num terço dos jogos. Foi, também, a equipa que beneficiou de mais penalties. Esses são dados objectivos. Pelo contrário, o FC Porto foi a equipa mais prejudicada por erros de arbitragem. Claro que Ricardo Araújo Pereira, que só lê aquilo que lhe convém e quem lhe interessa — ou seja as versões e interpretações de certos especialistas que acham que o Benfica deve jogar com regras diferentes dos outros — dirá que sou um leigo. Tem razão e não tenho outras pretensões, mas tenho opinião própria, conheço as regras, e prefiro escrever crónicas sobre o futebol que se joga no relvado a tratar de obsessões.

    A exemplar Benfica TV
    NO Trio de Ataque, chamei a atenção para apelos à violência feitos na Benfica TV. No You Tube é fácil encontrar um vídeo de um programa em que o mestre em direito António Pragal Colaço diz, entre outros dislates, que «se as autoridades deste país não têm capacidade para domar a fera, não é, tem de se arranjar outros meios», que «tem de se utilizar outros métodos», que «vamos ter de puxar das armas», que «quando puxarmos das armas, não esperamos, nem queremos esperar que venham, determinado tipo de senhores, evitar aquilo que nós já devíamos ter feito há muito tempo», que «este é o momento certo para nós nos unirmos e para nós, como povo, pegarmos nas armas». Exemplar!

    E o MAI espera o quê?
    NOUTRO programa Em Linha, Edição da Noite de 4 de Maio, Pragal apelou à retaliação contra os ataques às casas do Benfica, e garantiu que essa acção já estava programada. Não sei se foi por isso, mas, depois desse incitamento, as casas do FC Porto em Viana, Bragança e Caldas foram vandalizadas. Lamento e condeno as contra-manifestações que, aqui e ali, perturbaram a festa dos benfiquistas, tal como há muitos portistas e benfiquistas que se insurgem contra qualquer acto violento, mas pergunto-me o que se teria dito, e o que teria acontecido se o FC Porto adoptasse este discurso, através de um veículo oficial. Provavelmente, o ministro da Administração Interna já teria feito qualquer coisinha.

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