29 janeiro, 2012

Capítulo 5: 1941 a 1950 - O centralismo da capital e o jejum (Parte XIV)

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FC Porto –Dragões de Azul Forte
Retalhos da história, conquistas e vitórias memoráveis, figuras e glórias do
F. C. do Porto


Capítulo 5:1941 a 1950 – O centralismo da capital e o jejum (Parte XIV)

Começar mal e ir para pior…
O FC Porto começou mal o Campeonato e de mal a pior ia… quando ganhou ao Sporting, no Porto.

6 Nov.1949 – Os “leões” foram à Constituição e até estiveram a ganhar…

Humilhante derrota…
Em Olhão, pesada e humilhante derrota por 1-6, ante o Olhanense. No dia seguinte, “chicotada psicológica”…

28 Nov.1949 - Treinador interino - Carlos Nunes, antigo jogador, mais uma vez assumiu interinamente o comando da equipa. Alberto Augusto foi vítima da derrota humilhante no Estádio Padinha, em Olhão. Em Janeiro chegaria Augusto Silva.



Copiosa derrota em Braga
Dez.1949 – O FC Porto,que por essa altura parecia, outra vez, em queda livre, perdeu na última jornada do ano, com o Sporting de Braga, por 0-6!

Extremo a defender heroicamente…!
Na primeira ronda de 1950 (1 de Janeiro), nova derrota. Na Constituição, contra o Benfica, 0-1, golo de Julinho aos 25 minutos. Seria aliás a única derrota em casa em toda a campanha para o “Nacional”. O mal esteve nos jogos em que o FC Porto actuava como forasteiro… A partida com o Benfica, ficou pejada de incidentes. Aos 65 minutos Virgílio, já “Leão de Génova”, foi duramente tocado por Rogério e teve de abandonar o terreno,regressando a coxear, para fazer ofício de corpo presente. O benfiquista levou com… almofadas! Pouco depois, Barrigana defendeu um remate de Julinho e, já de posse da bola, deu um pontapé em Rosário. À guisa de desforra, pois claro… O árbitro, Reis Santos, expulsou-o e assinalou grande penalidade. Para a baliza foi o extremo-esquerdo Carlos Vieira que, com galhardia, defendeu o penalty apontado por Rogério e tudo o que a seguir houve para defender. Heroicamente!

O FC Porto alinhou com:
Barrigana; Virgílio, Alfredo Pais, Ângelo Carvalho, Carlos Vieira,Joaquim Machado, Ezequiel Baptista, Romão, Gastão, Vital e Monteiro da Costa.

Jan.1950 - Augusto Silva, que havia conquistado para o Belenenses o título de Campeão (1945-46) foi, entretanto, convidado para treinador do FC Porto. Recebeu a equipa em 9.º lugar, com os mesmos pontos que o 11.º, num Campeonato de 14.



Do mal, o menos…
• Depois de ligeiras melhorias, de novo o semblante carregado nos adeptos portistas com a derrota em Vila Real de Santo António, com o Lusitano, por 1-3. Esse jogo teve como principal figura do Lusitano um jovem que lá chegara, quase anonimamente, para cumprir o serviço militar, de seu nome… José Maria Pedroto.
• 19 Fev.1950 – Derrotado pelo Sporting (1-4), no Lumiar, o FC Porto desceu desta feita ao 8.º lugar. Barrigana, que durante toda a primeira parte defendera até o indefensável, acabou por sofrer um “frango” monumental, num pontapé desferido quase de meio campo por Albano. O guardião portista, desolado, largou em pranto: “Senhora da Hora! Como é que foi isto?!” As tenazes do Barrigana não suportaram a brasa do Albano...
• O FC Porto quando jogava fora não conseguia impor os seus argumentos. Só por uma vez, ao longo da competição, arrancou uma vitória: 3-0 com “O Elvas”. E selou o Campeonato com os amargos desaires na Covilhã (2-4) e na Tapadinha, com o Atlético (1-4), e um frustrante 5.º lugar a 19 pontos do campeão.

Taça de Portugal
A competição não se realizou na época 1949-50.

Augusto Silva (n. Lisboa, 22 Mar.1902 – m. 8Jan.1962), um excelente médio que jogou no Belenenses (1924 a 1934) e pela Selecção Nacional (21 internacionalizações). Manteve o estatuto de jogador português “mais internacional” durante 16 anos.
• Após abandonar o futebol jogado, foi treinador do Belenenses, do Estoril Praia e de novo do Belenenses onde conquistou o Campeonato Nacional de 1945-46, o único da história do clube da“cruz de Cristo”. Tornou-se no primeiro treinador português a ser campeão nacional.
• Em Janeiro de 1950, contratado pelo FC Porto, substituiu Artur Augusto (e o interino Carlos Nunes) no comando técnico da equipa. Recebeu-a no 11.º lugar do Campeonato, mas, no final, obteve o 5.º. Veio com o propósito, definido pela Direcção, de relançamento do clube no futebol nacional. Em Março o recém-eleito presidente Júlio Ribeiro Campos, estranhamente, despediu-o.


Antas em andamento
• 4 Dez.1949 – O ministro das Obras Públicas de Salazar, Frederico Ulrich, entregou os terrenos das Antas ao FC Porto. E, no dia seguinte, ajudou a lançar a primeira pedra do campo de jogos do clube.
• 5 Dez.1949 – Lançamento da primeira pedra do Estádio das Antas pelo então presidente do FC Porto, Dr. Miguel Pereira.
• 16 Jan.1950 – Começam as obras de construção do futuro estádio. José Bacelar, ilustre portista, sócio n.º 1 (na altura), pagou o salário do primeiro dia de trabalho a todos os operários. A solidariedade da população da cidade e da região para com o FC Porto ficou demonstrada por dois cortejos de materiais, em que dezenas de camionetas, autocarros e furgonetas seguiram em desfile para o estádio levando materiais de construção. O Norte, o Porto cidade, com o Porto clube!
•Comissão Pró-Estádio – O grupo de associados do FC Porto que deu seguimento aos trabalhos de concretização de um sonho: o Estádio das Antas. O velhinho campo da Constituição já não reunia condições para servir o clube na sua grandeza. Na primeira fila, ao centro, o saudoso jornalista Rodrigues Teles.


Dez.1949 – A poucos dias do fim do ano, vitória sobre o Desportivo da Corunha, por 3-1, no Lima. Uma vitória empolgante porque, na semana anterior, os galegos tinham batido o Sporting por 5-1!
O FC Porto alinhou com: Barrigana; Francisco e Alfredo Pais; Ângelo Carvalho, Gastão e Romão; Sanfins, José Maria, Vital, Monteiro da Costa e Carlos Vieira.

Jan.1950, Sócios – No início do ano, o FC Porto possuía 8.057 sócios, mais 1.400 que no ano anterior. As dívidas ascendiam a 700 contos. Preocupante...




26 Mar.1950 – Júlio Ribeiro Campos, cumprindo o seu segundo mandato, sucede a Miguel Pereira como presidente do FC Porto. Mal tomou posse, despediu o treinador Augusto Silva. Ninguém percebeu bem porquê, mas é certo que chamou Pinga (interino) e Reboredo para ocuparem o cargo. Depois exonerou o argentino e contratou o austro-húngaro Anton Vogel… A seguir vai embora Vogel e vem Gencsy… Antes de acabar o mandato, ainda teve tempo de despedir Gencsy e fazer regressar ao FC Porto o “homem do Arsenal”, Eladio Vaschetto… Na presidência de Ribeiro Campos foi fundada a secção de Bilhar e prosseguiram, a bom ritmo, as obras de construção do Estádio das Antas.


Mar.1950 - Treinador interino – Artur de Sousa “Pinga”, o ex-grande-jogador, a grande glória do FC Porto, foi chamado pelo presidente Ribeiro Campos para ocupar interinamente o lugar de Augusto Silva.



Abr.1950 – Francisco Reboredo, argentino, ex-jogador do FC Porto, assumiu o comando técnico da equipa de futebol depois de um breve período em que, interinamente, o fez Artur Pinga. No vaivém de treinadores, Reboredo havia de ser substituído por Anton Vogel, em Outubro.

O vaivém de treinadores…
Durante a época de 1949-1950, a equipa de futebol teve nada mais, nada menos, que cinco (5!) treinadores. Alberto Augusto, Carlos Nunes (interino), Augusto Silva, Pinga (interino) e Francisco Reboredo foram os nomes que bateram um recorde no Clube! Anos depois, seria ultrapassado…

FC Porto na inauguração em Braga
28 Mai.1950 – Com Carmona e Salazar na tribuna, inaugurou-se, em Braga, o Estádio Municipal que ficou a denominar-se "Estádio 28 de Maio". Foram convidados os grupos desportivos da região e organizou-se uma grande parada desportiva. Um mar de gente invadiu a cidade para assistir à festa de cujo programa constaram dois emotivos jogos para disputa de outros tantos troféus. Para a história ficou: FC Porto 3-Braga 3 e Benfica 3-Sporting 2.
A seguir ao 25 de Abril de 1974, o nome do recinto mudou para “Estádio 1.º de Maio”.
  • No próximo post.: Capítulo 5,1941 a 1950 – O centralismo da capital e o jejum (Parte XV) – Época 1949-50 (continuação); digressão aos Açores; síndrome?!; nasce a secção de Bilhar; equipamentos da década 1941/1950; efeméride da década 1941-1950 – Inauguração do Museu Nacional Soares dos Reis.

4 comentários:

  1. Excelente, excelente. Pese embora a trágica fase que atravessávamos, a história é para ser contada tal e qual. Um clube grande faz-se de sucesso mas também de fase menos boas, mas o relevante aqui é a história magistralmente contada pelo nosso amigo Fernando. Peço desculpa por não ter muito tempo para vir aqui comentar com mais regularidade, mas uma coisa eu não dispenso: A leitura e posterior arquivamento destes pedaços de história. Devemos-lhe muito caro Fernando. Parabéns

    Grande Abraço. Bibó Porto!

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  2. Está fase foi complicada...derrotas copiosas com Olhanense e Braga, chicotadas, que não resolveram nada, 9º lugar em 14 equipas.... Foge!

    Abraço

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  3. Tempos complicados esses, poucos sócios, poucos títulos, muitas dívidas mas o ogulho de ser Porto era sempre o mesmo, ÚNICO!

    ABRAÇO

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  4. Calhou de vir esta fase logo numa época como a que passamos, de menor fulgor...
    Ora, descobri a colocação deste post precisamente ao fim do domingo, em fase má, depois da derrota ante o Gil através da vergonhosa arbitragem que aconteceu e também como fruto do que tem vindo a suceder com tiros dados nos pés...
    Assim, além de ter lido e apreciado com o interesse habitual, desta vez não tenho muito para acrescentar, no estado actual. Como se vê pela História antigamente era bem pior, mas para a frente é que é o caminho. Confiemos!

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