http://bibo-porto-carago.blogspot.pt/
[Dedicada à Lealtad Xeneiza, Fox, Tomé e Gogas, inseparáveis companheiros de bancada no Dragão e das históricas noites europeias de Sevilha, Gelsenkirschen e Dublin. O trabalho acabou por nos separar das cadeiras do Covil do Dragão, colocando um em Paraná, outros em Sevilha e em Lisboa, ficando um, solitário, pelo nosso Porto. Mas a chama do Dragão continua a vencer a distância. Para eles, sempre tão ávidos por notícias e escritos sobre o nosso FC Porto]
Esta crónica deve ser lida ao som da brilhante música de Jorge Ben, Ponta de Lança Africano (Umbabarauma), pertencente ao magnífico álbum África Brasil do ano da graça de 1976.
Umbabarauma
Homem-Gol
(…)
Pula, pula, cai, levanta
Sobe, desce, corre, chuta
Abra espaço
Vibra e agradece
Olha que a cidade
Toda ficou vazia
Nessa tarde bonita
Só pra te ver jogar
(…)
Essa é a história de Umbabarauma
Um ponta de lança africano
Um ponta de lança decidido
Umbabarauma
Pequena nota introdutória: no ano de 1472 (século XV), o navegador português Fernão do Pó acercou-se do estuário do rio Wouri. Ao ver as águas abundantes de saborosos crustáceos, decidiu baptizar a região de Rio dos Camarões. Mais de 500 anos depois, há alguém a fazer a ligação directa entre Portugal e os Camarões: Vincent Aboubakar.
Há quem lhe chame Bouba, há quem lhe chame Abombakar, há quem o chame simplesmente pelo nome. Eu chamo-o de Rei Bakar. Impossível não idolatrar este camaronês resgatado com alguma surpresa ao modesto Lorient de França.
Para quem não sabe, o Rei Babar era um elefante querido da nossa infância. Pelo seu saber estar, pela sua forma paquidérmica, pelo seu porte majestoso, pela sua infância entre humanos até chegar a incontestado Rei da Selva. Ora, basta pensar que só há elefantes em dois locais do mundo: em África e nas florestas asiáticas. Aboubakar é africano, camaronês, pelo que a alcunha de Rei Bakar lhe assenta como uma luva, pois tal como o elefante da série animada, também ele é forte, gigante, portentoso, generoso, o verdadeiro rei da selva, pois nunca se viu um qualquer leão ousar atacar em plena savana o grande elefante africano.
Mas, até sábado à noite, ninguém diria o que ali estava. Aboubakar tinha sido contratado para, quando muito, fazer sombra a Jackson Martínez. Nunca desiludiu, é certo, tendo inclusivamente feito alguns golos e fazendo adivinhar um pontapé-canhão. No entanto, parecia muitas vezes alheado do jogo, facilmente desmotivado após uma jogada azarada, bastante inferior ao colombiano no jogo de apoios e tabelas, menos requintado no toque e mais atabalhoado na condução de bola. Uma espécie de Yekini aprimorado ou qualquer coisa parecida com isso. Em suma, um jogador pior do que Jackson Martínez.
Mas o que não sabíamos foi o que vimos no encontro inaugural da Liga portuguesa. Recepção orientada de costas para a baliza, futebol ao primeiro toque, trabalho para a equipa em zonas mais recuadas, visão de jogo periférica com aberturas dilacerantes a expôr as vísceras da defesa contrária, arranque rápido e potente, killer instinct (Avé, Sir Robson!) e a confirmação do remate-bomba. Num repente, Bogotá ou Cartagena deixaram de ser feitorias do portismo, que se transferiu de armas e bagagens para Yaoundé.
E é impossível pois então não recordar o brasileiro Jorge Ben e o seu Ponta de Lança Africano, Umbabarauma, homem decidido que pula pula, cai, levanta, sobe desce, corre e chuta, homem-gol. É de louvar aos céus termos um ponta-de-lança africano no Dragão. Drogba, E’too, Adebayor: todos eles diferentes dos comuns avançados do Velho Continente, todos eles pertencentes a uma estirpe rara e autónoma, por lapidar. O avançado africano é mágico, é explosivo, aparece quando ninguém conta, autêntico inventor de voodoos nas áreas adversárias, personagem das feitiçarias dos países do corno de África, encarnando o espírito dos míticos avançados africanos Roger Milla, Abédi Pelé, Weah, Kanu, entre outros.
Senhoras e Senhores, o novo Rei da Selva passeia-se sob formas paquidérmicas pela Invicta. É camaronês, é ponta-de-lança africano e chama-se Bakar. Somos todos teus súbditos, Rei Bakar!
Rodrigo de Almada Martins
Homem-Gol
(…)
Pula, pula, cai, levanta
Sobe, desce, corre, chuta
Abra espaço
Vibra e agradece
Olha que a cidade
Toda ficou vazia
Nessa tarde bonita
Só pra te ver jogar
(…)
Essa é a história de Umbabarauma
Um ponta de lança africano
Um ponta de lança decidido
Umbabarauma
Pequena nota introdutória: no ano de 1472 (século XV), o navegador português Fernão do Pó acercou-se do estuário do rio Wouri. Ao ver as águas abundantes de saborosos crustáceos, decidiu baptizar a região de Rio dos Camarões. Mais de 500 anos depois, há alguém a fazer a ligação directa entre Portugal e os Camarões: Vincent Aboubakar.
Há quem lhe chame Bouba, há quem lhe chame Abombakar, há quem o chame simplesmente pelo nome. Eu chamo-o de Rei Bakar. Impossível não idolatrar este camaronês resgatado com alguma surpresa ao modesto Lorient de França.
Para quem não sabe, o Rei Babar era um elefante querido da nossa infância. Pelo seu saber estar, pela sua forma paquidérmica, pelo seu porte majestoso, pela sua infância entre humanos até chegar a incontestado Rei da Selva. Ora, basta pensar que só há elefantes em dois locais do mundo: em África e nas florestas asiáticas. Aboubakar é africano, camaronês, pelo que a alcunha de Rei Bakar lhe assenta como uma luva, pois tal como o elefante da série animada, também ele é forte, gigante, portentoso, generoso, o verdadeiro rei da selva, pois nunca se viu um qualquer leão ousar atacar em plena savana o grande elefante africano.
Mas, até sábado à noite, ninguém diria o que ali estava. Aboubakar tinha sido contratado para, quando muito, fazer sombra a Jackson Martínez. Nunca desiludiu, é certo, tendo inclusivamente feito alguns golos e fazendo adivinhar um pontapé-canhão. No entanto, parecia muitas vezes alheado do jogo, facilmente desmotivado após uma jogada azarada, bastante inferior ao colombiano no jogo de apoios e tabelas, menos requintado no toque e mais atabalhoado na condução de bola. Uma espécie de Yekini aprimorado ou qualquer coisa parecida com isso. Em suma, um jogador pior do que Jackson Martínez.
Gratidão e generosidade: Rei Bakar agradece a Lopetegui a evolução e crescimento como jogador. |
E é impossível pois então não recordar o brasileiro Jorge Ben e o seu Ponta de Lança Africano, Umbabarauma, homem decidido que pula pula, cai, levanta, sobe desce, corre e chuta, homem-gol. É de louvar aos céus termos um ponta-de-lança africano no Dragão. Drogba, E’too, Adebayor: todos eles diferentes dos comuns avançados do Velho Continente, todos eles pertencentes a uma estirpe rara e autónoma, por lapidar. O avançado africano é mágico, é explosivo, aparece quando ninguém conta, autêntico inventor de voodoos nas áreas adversárias, personagem das feitiçarias dos países do corno de África, encarnando o espírito dos míticos avançados africanos Roger Milla, Abédi Pelé, Weah, Kanu, entre outros.
Senhoras e Senhores, o novo Rei da Selva passeia-se sob formas paquidérmicas pela Invicta. É camaronês, é ponta-de-lança africano e chama-se Bakar. Somos todos teus súbditos, Rei Bakar!
Rodrigo de Almada Martins
Excelente texto! Eu chamo-lhe apenas "bomba"!não há como não gostar dele, humilde, trabalhador, grato. Gosto do bomba!
ResponderEliminarA cronica é excelente! Mas não nos podemos esquecer de outro grande ponta de lança africano, que com as suas diferenças para o Rei Bakar, nos deu muitas alegrias, de seu nome Benni McCarthy!
ResponderEliminarVerdade, leitor Rivas. Grande Benni! Tinha uma grande musica cantada pela claque! Grande jogador. Deu origem, ao chamado, mccartismo no FC Porto.
ResponderEliminarCaro RAM
ResponderEliminarEmbora não tenha partilhado da sua convivência com os outros amigos, queria felicitá-lo pela excelência do texto.
Quanto ao Rei Bakar tem sido uma agradável surpresa.
Abraço
De facto uma excelencia de um trabalho.
ResponderEliminarOrgulho.