06 junho, 2006

José Manuel Ribeiro n'OJOGO

Bês
O enterro das equipas B é também o funeral do acaso. Acabam-se as hipóteses para os miúdos que tinham a sorte de passar na esquina certa à hora adequada. A perda será principalmente deles, porque é muito discutível que os grandes clubes tenham chegado a usar os bês como fonte regular de abastecimento ou que percam funcionalidade daqui para a frente. Mesmo os que têm a fama de aproveitar bem os escalões de formação vêem-se à rasca para negar que, antes de recorrerem aos putos, vasculharam o mercado à procura de jogadores em conta para esses lugares. Essa não é, seja como for, a maneira correcta de medir o sucesso dos formadores. Há uma distância razoável entre o que a opinião pública acha que eles podem produzir e a realidade. Nenhum clube deste planeta consegue manter-se bem sucedido se arriscar mais do que um ou dois ex-juniores na primeira equipa por ano. Tê-los entre os normais 25 elementos do plantel sem garantias de fiabilidade é um risco (Rui Nereu, guarda-redes do Benfica, esclareceu o que havia a esclarecer a esse respeito); deixá-los ficar como excedentários significa roubar-lhes, com toda a certeza, um ano de competição numa altura fundamental e emprestá-los pressupõe preencher na totalidade as vagas com outros jogadores, condenando-os à aleatoriedade de porventura, um dia, ser necessário um reforço, estando eles, por coincidência, disponíveis. O FC Porto promove poucos jogadores aos seniores, mas em contrapartida é uma tremenda fonte de alimentação da Liga, o que não quer dizer que o objectivo da formação esteja a ser cumprido, porque nunca se viu sequer uma sombra de contacto entre as necessidades da equipa e a secção que embala e despacha todos esses futebolistas para uma série de outras entradas no futebol profissional. Como atesta Aloísio, Vieirinha é um extremo-direito que dribla, corre e cruza bem. Acresce que corresponde, sem dúvida, ao melhor que o FC Porto consegue fabricar. Por acaso, Adriaanse precisa de extremos exactamente com as características dele e mostra desconfiança relativamente a alguns dos que já possui. Se, depois da pré-temporada, for entendido que não serve, toda a orgânica do clube perde o sentido de uma vez só.
Goleador Huntelaar era bem visto
O ponta-de-lança que Co Adriaanse pediu ao FC Porto no início desta época decidiu o Europeu de Sub-21. Caso tivesse aceite emigrar, Huntelaar teria sido uma aquisição substancialmente melhor do que a de Sonkaya e Co Adriaanse teria levado a palma aos grandes clubes holandeses, porque o Ajax só correu a contratá-lo em Janeiro, garantido pela dezena e meia de golos que ele marcara no Heerenveen (no total, assinou 33 esta temporada). É um mérito um bocado fantasma, mas não deixa de contar uns créditos para o treinador do FC Porto.
in "O JOGO", 2006.06.05

2 comentários:

  1. um comentario a cerca desta reportagem do sr jose :

    tb nao estou de acordo com õ fim dos bes mas tb nao concordo na divisao e no campeonato em que elas estavam mas sim num campeonato so e so de bes pra nao estragar a "vida" as outras equipas que disputao esse mesmo campeonato ........... so a minha pequena ideia

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  2. As equipas B só servem para negociatas com papel por baixo da mesa. Nada se aproveita, o que é preciso é comprar jogadores caros e feitos.

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