FC PORTO-VARZIM, 4-2
Não consigo olhar para esta competição com bons olhos. Desde a sua implementação no panorama desportivo nacional que embirro com esta prova. Nasceu torta, traz jogos sem qualquer interesse, leva pouca gente aos estádios e é altamente prejudicial para o calendário de jogos que as equipas têm que cumprir entre Campeonato, Taça de Portugal e Champions League.
Muita gente poderá dizer que o Sérgio Conceição colocou em campo onze jogadores habituais suplentes. Pois colocou e rodou a equipa. Mas esses jogos com onze jogadores que pouco ou nada têm de entrosamento no próprio jogo, tornam o espectáculo chato, aborrecido e sensaborão. Preferia ter mais jogos de campeonato ou duas fases de Champions League do que jogar esta taça da “treta”. O Sérgio Conceição que me desculpe, mas não gosto desta competição. Confesso que vejo com mais interesse jogos da pré-época do que os jogos desta taça.
Vamos ao jogo.
Foi uma vitória conseguida com bastante dificuldade perante uma equipa da Ledman Liga Pro. O FC Porto, para vencer, teve que recorrer ao banco de suplentes e colocou a artilharia pesada para levar de vencida um Varzim bem organizado e estruturado por Nuno Capucho.
O FC Porto revelou níveis de agressividade e intensidade muito abaixo do esperado e os 11 jogadores iniciais revelaram uma clara estranheza a jogar entre si. O Varzim disso se aproveitou para fazer o seu jogo e, desse modo, sentiu-se algo confortável no reduto dos azuis-e-brancos. Os varzinistas pouco ou nada incomodaram Vaná, perante um FC Porto apático, lento, sem ideias e alheado, de certa forma, do próprio jogo.
No entanto, aos 20 minutos de jogo, Hernâni teve uma boa oportunidade pela esquerda para defesa do Guarda-Redes poveiro. Dez minutos depois surgiu a surpresa no Dragão. Estrela deambulou pela direita do seu ataque, a bola sobrou para a entrada da área e Toro rematou ao ângulo superior da baliza de Vaná. O FC Porto reagiu e acordou do marasmo em que estava mergulhado. André Pereira rematou ao poste da baliza dos poveiros à passagem dos 40 minutos e dois minutos volvidos, Bazoer culminou uma jogada com um golo de trivela de belo efeito. Estava reposta a igualdade.
Ao intervalo, Sérgio Conceição não estava satisfeito. Havia que mudar alguma coisa para aumentar a produtividade. Os jogadores em campo tiveram oportunidade para mostrar a sua mais-valia para o grupo, no entanto alguns não justificaram a chamada. Jorge ficou no balneário e Corona entrou em campo para fazer a diferença. Hernâni recuou para lateral esquerdo.
O FC Porto até entrou com mais intensidade no jogo e os primeiros minutos mostraram isso mesmo com Corona a dar razão à opção de Sérgio Conceição. Só que o marcador não se alterava. Foi preciso recorrer novamente ao banco para que o FC Porto tivesse mais presença na área. João Pedro, também pouco inspirado, saiu para a entrada de Soares aos 65 minutos. Corona recuou para lateral direito. Oito minutos depois, o ponta-de-lança brasileiro concretizou a reviravolta, correspondendo de cabeça a um canto batido por Sérgio Oliveira.
Ainda as bancadas do Dragão estavam a acomodar-se com o 2-1, via-se o Varzim a repor novamente a igualdade no marcador. Sérgio Oliveira aparecia de novo em destaque, mas desta vez pela negativa. O médio portista, num momento de falta de concentração, atrasou inadvertidamente a bola para Vaná, com Haman, o avançado varzinista, a interceptar a bola, ganhando o ressalto ao Guarda-redes portista. Depois só teve que empurrar a bola para as malhas.
Sérgio Conceição chamou de imediato Óliver para o lugar de Bazoer. O empate e os efeitos do Dia das Bruxas pareciam ameaçar o Dragão. No entanto, Óliver mexeu com o jogo e a bola pareceu circular com muito mais desenvoltura. O FC Porto lançou-se para os últimos 15 minutos com uma vontade indómita de vencer o jogo, condição essencial para Sérgio Conceição poder estar na Final Four da prova.
Aos 81 minutos, Adrián teve uma jogada dentro da grande área, cruzou para a zona de baliza e Payne, defesa poveiro, pressionado por Soares, colocou a bola dentro da própria baliza. Estava feito o 3-2 e sentia-se que a vitória já não escapava. O Varzim tentou ameaçar, mas os Dragões com três reforços de peso saídos do banco foram mais do que suficientes para garantir os três pontos. O jogo não terminou sem o quarto golo obtido por André Pereira. Jogada sensacional de Corona pela direita, a ultrapassar três adversários, cruzamento para a entrada da pequena área com André Pereira a cabecear para as malhas.
Com 4-2, o FC Porto arrumou a questão do jogo e com três pontos assumiu a liderança do grupo C da prova. Numa semana, o FC Porto passou a assumir liderança em três competições. Esperemos que seja para manter. Para terminar esta fase de Grupos, o FC Porto terá de vencer o Belenenses, provavelmente, no Estádio do Jamor, em fins de Dezembro. Antes disso, os Dragões terão muitos jogos para cumprir. A começar já no Sábado para a Liga NOS, com uma difícil deslocação ao reduto do Marítimo, antes de regressar aos compromissos europeus para a recepção ao Lokomotiv de Moscovo.
Destaque para a boa exibição de Bazoer, para a confirmação do bom momento de forma de Óliver e para a magia de Corona, decisivos no triunfo desta noite frente ao Varzim. Jorge, João Pedro e Sérgio Oliveira estiveram muito abaixo do expectável.
DECLARAÇÕES
Sérgio Conceição: "Foi uma vitória justíssima"
A revolução no onze
“Assumo aquilo que fiz e fazia exatamente igual. O discurso não é hipócrita quando dizemos que confiamos no grupo de trabalho. Se o FC Porto não conseguisse a vitória estava em risco a nossa passagem, mas assumi a opção de colocar onze jogadores que estavam a jogar praticamente pela primeira vez juntos. Sei como trabalharam durante a semana, e estou aqui para modificar algo que não corra bem durante o jogo. É para isso que me pagam. Nestes jogos, com uma equipa de um escalão inferior, combativa, era importante saber que íamos sofrer em determinados momentos, precisamente pela falta de entrosamento. É óbvio que um jogador ou outro esteve abaixo do que esperava, mas não posso ter um discurso dentro do balneário e outro fora. O que assumo dentro é também para fora.”
Aplicação, determinação e vontade
“Obviamente que não gostei da prestação de uma ou outro jogador, mas sei que não foi porque quisessem, mas a verdade é que uma coisa é treinar e bem, com dedicação e intensidade, outra diferente é ter o ritmo do jogo, sobretudo jogando numa equipa em que os 11 jogadores jogaram juntos praticamente pela primeira vez. Fico menos contente, sim, quando a aplicação, a determinação e a vontade de fazer não estão lá e é verdade que senti, em determinados momentos, que um ou outro jogador poderia ter feito mais.”
As substituições
“Tirei os laterais e meti dois alas a lateral, porque precisávamos de algo mais nos corredores laterais, precisávamos de dar mais largura, criar mais desequilíbrios. A entrada do Tiquinho teve como objetivo ter mais presença na zona de finalização.”
O festejo do quarto golo
“Sou um adepto do futebol e quando vejo lances daquele género fico feliz. O Corona é um craque, mas tem que juntar mais algumas coisas ao seu jogo. Quando consegue meter para fora o que tem dentro fico extremamente feliz, porque sou apaixonado pelo jogo. E também festejei daquela forma porque era um golo importante e que nos deu a tranquilidade para uma vitória justíssima que podia ter tido mais um ou outro golo, principalmente na segunda parte, em que tivemos mais cinco ou seis ocasiões claras para marcar.”
Consistência defensiva
“Gosto mais de ganhar por 1-0 do que por 4-2, porque quero que a minha equipa seja mais consistente defensivamente, que não permita ocasiões de golo ao adversário. É preciso não esquecer que os dois golos que sofremos nasceram de erros individuais e não por causa da nossa organização defensiva.”
RESUMO DO JOGO