FC PORTO-VITÓRIA SETÚBAL, 1-1
O jogo do Dragão frente ao V. Setúbal pode quase resumir-se a estes três pontos. Foi um jogo tremendamente ingrato e madrasto para a equipa portista. Os Dragões que vinham de uma excelente série de vitórias consecutivas, viram a sua sequência interrompida no jogo mais importante até ao momento, antes da visita ao Estádio da Luz.
Imaturidade porquê? Porque a equipa de Nuno Espírito Santo revelou claramente não saber lidar com a pressão positiva. Aquela pressão de vencer para atingir uma posição de vantagem no campeonato, catapultando a equipa para o primeiro lugar. Sabendo do tropeção do rival na noite anterior em Paços de Ferreira, os portistas não foram competentes e tornou-se evidente que não foram capazes de gerir esta pressão.
A imprensa falou e muito no dia de hoje que o FC Porto já não estava na liderança há 444 dias(!!!) e perante o cenário de interromper esse longo jejum, os portistas acusaram a responsabilidade e não souberam gerir emocionalmente a situação.
Se bem nos lembramos, o FC Porto já tinha passado por uma situação destas na primeira época com Lopetegui. O Rio Ave tinha derrotado o Benfica, minutos antes do FC Porto iniciar o jogo na Choupana. Ora, os portistas até entraram bem nesse jogo com um golo madrugador, mas depois acusaram a pressão e deixaram-se empatar, perdendo a oportunidade de saltar para a liderança.
Uma vez que o FC Porto tem andado permanentemente e persistentemente atrás do prejuízo, poderei concluir que os Dragões sentem-se mais confortáveis na posição de pressão negativa do que na de pressão positiva. Senão vejamos…
O FC Porto anda desde o início do campeonato atrás do 1º lugar. Depois de alguns pontos perdidos que comprometeram o título a dada altura, com alguns empates consecutivos e cinco jogos sem fazer golos, os azuis-e-brancos foram capazes de recuperar pontos no início da 2ª volta, mantendo-se colados ao líder há já 7 longas jornadas. Sabendo que não poderia ceder pontos, o FC Porto respondeu sempre muito bem na posição de perseguição à liderança.
Quando lhe foi dada, nesta jornada, a possibilidade de saltar para o 1º lugar, a equipa baqueou e não foi competente para corresponder ao exigido: vencer o V. Setúbal na sua própria casa.
Vamos esperar pela próxima jornada para ver o que acontece. O FC Porto vai visitar o líder do campeonato daqui por quinze dias. Os Dragões irão colocar-se à prova. Não vão poder ceder terreno, sob pena de comprometerem as suas aspirações (pressão negativa) e, ao mesmo tempo, vão poder disputar o jogo com a certeza de que se vencerem, ocuparão a primeira posição da tabela (pressão positiva).
Inglória porquê? Porque o FC Porto não foi feliz neste fim de tarde no seu estádio. Perante quase 50.000 nas bancadas, o FC Porto não teve a ponta de sorte que, por vezes, é determinante para se vencer um jogo. Principalmente jogos como o de hoje. Além de ter pela frente uma equipa que foi com um firme propósito de complicar a vida, os portistas sentiram que do outro lado estava um conjunto de jogadores que iam usar e abusar do anti-jogo.
Muitas paragens por simulação de lesões, reposições de bola em jogo mais demoradas do que seria de esperar, quebras de ritmo do próprio jogo e até, no momento das substituições, simulações de cãibras dos jogadores sadinos para queimar mais alguns minutos. Logicamente que o árbitro compensou essas perdas de tempo, mas não pode pactuar com este tipo de jogo que foi uma estratégia pensada e estudada para ser posta em prática desde o primeiro minuto, mas que é o perfeito exemplo do que não é e nem pode ser o futebol.
Desperdício porquê? Vamos centrar-nos no primeiro tempo. O FC Porto poderia ter arrumado com o jogo relativamente cedo. Oportunidades claras não faltaram. Desde bolas nos postes, passando por bolas salvas em cima da linha de golo, até inclusive ao inspirado e dissimulado guarda-redes sadino que deve ter feito a exibição da época.
Brahimi foi o primeiro a desperdiçar, com algum azar à mistura, após passe de André Silva, num lance salvo por Vasco Fernandes sobre a linha. Depois houve um lance atípico e algo caricato. Marcano atirou ao poste, Felipe recargou contra um sadino que salvou em cima da linha e Soares, por último, permitiu, a defesa a Varela. Alguns minutos volvidos, André Silva, muito bem servido por Soares, rematou de cabeça defeituosamente ao lado com a baliza escancarada.
O golo de Corona, perto do fim da primeira parte (45 minutos), viria a colocar alguma justiça ao resultado, mas por defeito. Um golaço, num remate de primeira, sem deixar cair, após centro perfeito de Óliver. Após o golo, jogaram-se mais 5 minutos de compensação, dadas as manobras de artista da equipa do Sado.
Parecia estar desbloqueada a partida. O FC Porto apanhava-se em vantagem e regressava dos balneários com a sensação de que o 2-0 poderia surgir mais cedo ou mais tarde. Não foi assim. Terrivelmente, os Dragões estavam em tarde desinspirada quer em oportunidades desperdiçadas no primeiro tempo, quer no nervosismo e na ansiedade revelados na etapa complementar.
Aos 55 minutos, numa iniciativa setubalense, Felipe escorregou ao tentar interceptar uma bola na grande área e João Carvalho com espaço para receber o centro de Nuno Pinto atirou para a baliza, com Casillas a tentar fazer a mancha mas sem grandes hipóteses.
Os Dragões sentiram muito este golo e psicologicamente a equipa ficou afectada. Mas, apesar disso, André Silva ainda foi capaz de enviar uma bola ao poste, num cabeceamento estrondoso e Brahimi rematou por cima da baliza.
A terminar o jogo, Soares dividiu a bola com o guarda-redes e o defesa sadino e o lance perdeu-se por cima da baliza. Registo ainda para três grandes penalidades a favor do FC Porto durante a partida. Uma na primeira parte sobre André Silva e duas na segunda parte sobre Brahimi e novamente sobre André Silva.
Mas nem quero ir por aí. Apesar de já ter perdido a conta das faltas a favor do FC Porto não assinaladas nas áreas contrárias, entendo que o FC Porto, desta vez, falhou uma ocasião soberana para ser líder isolado do campeonato porque não foi capaz de ser competente.
Vamos aguardar 15 dias para ver o que o campeonato nos reserva. Os Dragões vistam o Estádio da Luz a correr atrás do prejuízo, mas como o campeonato é uma prova de regularidade, determinante vai ser verificar qual das equipas é que vai cometer menos erros. Daí surgirá o campeão nacional.
DECLARAÇÕES
Nuno: “Continuamos a depender de nós”
Falta de pontaria
“Na primeira parte jogámos bem, criámos muitas oportunidades de golo, chegámos ao intervalo com a vantagem de um e podia ter sido mais dilatada. É sobretudo de lamentar a falta de eficácia no início do jogo, apesar da boa produção ofensiva. Na segunda, sobretudo na parte final, quando o Vitória acumulou toda a sua equipa na área, a pressa de chegar ao golo fez com que o critério não fosse o melhor para definir as situações. As decisões não foram as melhores, tentámos jogar um futebol que não nos caracteriza e ainda criámos algumas oportunidades para chegar à vitória, que era de todo merecida, porque fomos a única equipa que quis ganhar.”
As substituições
“As mudanças que fizemos foi na perspetiva de melhorar e conseguir manter a presença na área, dar mais largura com a entrada do Diogo Jota, numa altura em que o Vitória estava muito fechado, não saia da sua área e era importante, quando já não há tanto critério, que a bola esteja lá e tenhamos gente para segurá-la e concretizar.”
Oportunidade desperdiçada
“Mantém-se tudo igual, continuamos a depender de nós. Tínhamos uma boa oportunidade de sermos líderes, desperdiçámo-la e temos que nos levantar rapidamente, gerir esta paragem para que possamos no próximo jogo estar fortes, como queremos, e continuar na luta que todos desejamos que seja vitoriosa.”
O antijogo do adversário
“O antijogo é algo que tem sido recorrente ao longo do campeonato. Esse critério do árbitro em dar aqueles minutos de compensação é o que deve ser seguido sempre, penalizando as equipas que fazem antijogo. Mas não quero comentar esse tipo de estratégia, cada equipa adota a que considera melhor, nós só temos que estar concentrados no jogo e procurar que o tempo de jogo seja o mais útil possível.”
Sem nunca perder o rumo
“A nossa abordagem ao próximo jogo não muda. Desejávamos lá chegar na liderança, mas a abordagem será exatamente igual. Vamos trabalhar de forma intensa, sem descanso para chegar ao próximo jogo e conquistarmos os três pontos. O que nos caracteriza enquanto equipa é que nunca, em momento algum, perdemos o rumo, nunca pensamos que estes pequenos deslizes que temos nos condicionam, o que queremos no final é ser campeões e isso exige que nos levantemos rápido, mantendo-nos unidos para conquistarmos o que queremos."
RESUMO DO JOGO