Sir Robert William Robson 18 de Fevereiro de 1933 - 31 de Julho de 2009
PALMARÉS NO FC PORTO
1993/94, 1994/95 e 1995/96 2 Campeonatos de Portugal
1 Taça de Portugal
1 Supertaça de Portugal
assistência: --- espectadores.
árbitros: Michael Koukoulakis (Grécia), Dimitrios Saradaris e Christos Gennaios; Stefan Johannesson.
BESIKTAS: Rustu; Erhan, Sivok, Ferrari e Ismail; Fink e Ernst; Holosko, Inceman e Serdar Ozkan «cap.»; Bobo.
Substituições: Rustu por Hakan Arikan (46m), Inceman por Nobre (61m), Serdar Ozkan por Tello (62m), Holosko por Erkan Zengin (74m) e Bobo por Nihat (79m).
Não utilizados: Ibrahim, Yusuf Simsek e Korcan.
Treinador: Mustafa Denizli.
FC PORTO: Beto; Miguel Lopes, Rolando, Bruno Alves «cap.» e Alvaro Pereira; Fernando, Belluschi e Raul Meireles; Guarín, Farías e Hulk.
Substituições: Raul Meireles por Varela (67m), Farías por Falcao (67m), Miguel Lopes por Fucile (78m), Belluschi por Valeri (90m) e Guarín por Nuno André Coelho (90m).
Não utilizados: Helton, Benítez, Marino González, Maicon, Prediger e Nuno.
Treinador: Jesualdo Ferreira.
disciplina: cartão amarelo a Inceman (25m), Sivok (29m), Miguel Lopes (53m), Holosko (64m), Belluschi (65m) e Hulk (90m).
golos: ---.
A areia juntou-se ao calor na aventura andaluz e o futebol tornou-se numa espécie de praia sem direito a protectores ou mergulhos refrescantes. O péssimo relvado e a sauna do Sanchez Pizjuan desenharam um jogo do tipo missão impossível, que o Dragão, ainda assim, quis sempre descodificar. Valeu pela atitude, pela qualidade empregue em muitos lances e pela certeza de que o FC Porto é candidato a figura nesta Peace Cup.
Os contornos do encontro desta noite estão comprimidos no primeiro parágrafo, no qual não coube uma arbitragem terrivelmente condicionada pelas altas temperaturas. Talvez o suor tenha impedido o juiz de ver duas grandes penalidades flagrantes sobre Hulk que, uma vez convertidas, poupariam o Dragão a esforços prolongados.
Fale-se agora em exclusivo de futebol. Que hoje até parecia «de praia», mas mesmo assim justificou a competência e a entrega habituais. O FC Porto entrava em campo com as meias-finais da Peace Cup na mente e a certeza de que a fase de testes ganha brilho quando os resultados são favoráveis.
Os Tetracampeões estiveram sempre melhor. A solidez defensiva, a fluidez do meio-campo, com Guarín, Raul Meireles e Belluschi sempre em busca de rupturas, a pujança de Hulk e o labor de Farías consentiram um par de oportunidades nos primeiros 45 minutos. Para o Dragão, percebia-se, missões impossíveis não passam de exercícios de superação.
Com a segunda parte chegou uma eficiência que destacaria o guarda-redes contrário. Alvaro Pereira, Raul Meireles e Farías fecharam jogadas de bom entendimento com veneno, mas o golo parecia não ter reservado lugar neste filme. O empate acabaria por servir ao FC Porto, mesmo que, na prática, jamais o satisfaça. A equipa de Jesualdo Ferreira segue para a meia-final de Málaga, onde, na sexta-feira, encontrará o Aston Villa. E isso é o mais importante.
fonte: fcporto.pt
assistência: --- espectadores.
árbitros: Iturralde González (Espanha), Roberto Palomar e Jon Fernández; Fernando Vitienes.
FC PORTO: Helton; Fucile, Rolando, Bruno Alves «cap.» e Alvaro Pereira; Fernando, Belluschi e Raul Meireles; Mariano González, Hulk e Varela
Substituições: Varela por Falcao (59m), Belluschi por Guarín (63m), Mariano por Valeri (85m), Hulk por Farías (86m) e Fucile por Nuno André Coelho (90m)
Não utilizados: Beto, Nuno, Benítez, Maicon, Tomás Costa, Miguel Lopes
Treinador: Jesualdo Ferreira
LYON: Vercoutre; Reveillere, Cris «cap.», Mensah e Cissokho; Toulalan e Jean Makoun; Michel Bastos, Pjanic e Mounier; Piquionne
Substituições: Piquionne por Ederson (46m), Mounier por Kallstrom (56m), Toulalan por Gouvou (56m), Pjanic por Tafer (74m) e Michel Bastos por Grenier (86m)
Não utilizados: Hartock, Clerc, Grosso, Gonalons e Bodmer
Treinador: Claude Puel
disciplina: nada a assinalar.
golos: Hulk (9 e 75m).
O jogo terminou bem para lá da meia-noite, com temperaturas ainda próximas dos 30 graus e uma impressionante torradeira andaluz, mas não se pode dizer que tenha acabado sonolento. O FC Porto fez tudo para combater o cansaço e o calor e desenhou uma exibição muito interessante tendo em conta a fase de ensaios que atravessa. Hulk foi o rosto individual de um colectivo em franco crescimento.
O tiro de Hulk, de pé esquerdo, logo aos nove minutos, depois de uma recuperação inteligente de Fernando e de um drible irrepreensível, provou que o FC Porto entrara no jogo com os melhores processos e com a firme intenção de jogar mais e melhor. A equipa de Jesualdo Ferreira partiria nesse instante para um desempenho competente e coerente com aquilo que são os seus princípios.
Este foi o adversário mais complicado que o FC Porto encontrou até ao momento na sua preparação. O Lyon foi rei de França durante sete anos consecutivos e apresenta um elenco de elite, capaz de impor respeito a qualquer oponente. O Dragão, porém, não se intimida com nada nem ninguém. Muito menos com o desgaste, ainda mais remotamente com a canícula.
A grande dinâmica e mobilidade empregues pelo meio-campo e pelo ataque do FC Porto geraram aflições repetidas na defesa do Lyon e permitiram criar ainda mais duas excelentes situações antes do descanso. Na primeira Mariano falhou por pouco o desvio para a rede, na segunda Hulk voltou a disparar um míssil, mas errou na direcção.
Após o reatamento, o FC Porto foi ainda mais dominador. Vercoutre seria mesmo a figura dos franceses, ao evitar golos de Hulk e Mariano. A qualidade de jogo atingiu momentos de excelência e que forçaram a rispidez contrária. O rótulo de «amigável» impediu que Toulalan, Mounier e Cissokho vissem cartões.
A 15 minutos do fim, e já com Falcao e Guarín em campo, Hulk bisou, após assistência do avançado contratado ao River. Se, no primeiro festejo, o brasileiro tinha apostado na potência, este foi um primor de classe. Sem hipóteses de defesa e sem discussão. O Dragão parece querer dar-se bem com as noites quentes da Peace Cup.
fonte: fcporto.pt
EDUARDO FILIPE
O nosso lateral esquerdo, Eduardo Filipe, fez mais uma brilhante época, apontando 176 golos no campeonato, sendo um dos principais responsáveis pelo triunfo do FC Porto na prova. Foi o 2º melhor marcador do campeonato e o melhor do FC Porto, logo seguido de Ricardo Moreira com 140 golos, Inácio Carmo com 98, Tiago Rocha com 93, Filipe Mota com 76, Wilson Davyes com 56 e Carlos Martingo com 26, entre outros... Eduardo Filipe ataca, defende, joga o tempo inteiro, assiste para o pivot, para os pontas, penetra aos 6 metros, remata de 9, 10 e 11 metros, em resumo, está ainda numa forma admirável e o FC Porto só tem a ganhar com a sua manutenção no plantel. Por isso aguardem porque a boa nova está a chegar. E como isso me deixará feliz!
Mas não deixo de lamentar a demora de todo este processo, até porque se trata do melhor andebolista Português no activo. Exige-se celeridade e uma conferência de imprensa à medida do que o Eduardo merece. Os dirigentes do andebol do FC Porto, que têm sido muito criticados pela mudança de treinador, não podem vacilar neste processo, porque senão, o caldo entorna mesmo...
E, já agora, acrescento só mais uma coisa, ainda bem que existe este blogue e mais 2 ou 3 espaços onde se respeita, verdadeiramente, o ecletismo do FC Porto, já que o site oficial do FC Porto, em matérias alheias ao futebol, é absolutamente inócuo! Mudou-se o grafismo, melhoraram-se alguns aspectos relacionados com a parte de multimédia, mas no essencial, está igual, ou seja, muito fraco, impróprio de um clube com a projecção que o FC Porto já atingiu!!!
Um abraço do Lucho.
Ainda se recorda do dia em que assinou contrato com o FC Porto? O que sentiu naquele momento?
Eu fui para o FC Porto muito cedo, de olhos fechados, com 16 anos. Naquela altura, com aquela idade, não se podia jogar, só com 17 anos feitos ou com autorização do Ministro. Mandaram-me embora, mas pediram-me para não assinar por nenhum clube, porque logo que fosse possível, vinham buscar-me… e assim foi. A data exacta não me recorda, mas sei que foi em 1949.
Depois, fiz 2 anos de juniores, e no mesmo ano de juniores, passei para a reserva.
O que é que senti? Repare, naquela altura, eu só via e pensava no FC Porto, portanto, imagine, foi uma coisa fora do normal.
Naquela altura, ao FC Porto, ganhar campeonatos, era digamos quase que uma miragem. Na sua opinião, o que é faltava de facto ao FC Porto, para os conquistar? O clube era de facto mais fraco e menos organizado do que os outros?
Eu tenho a impressão que, e ao longo do tempo chegamos a essa conclusão, o FC Porto, embora fosse já um «grande» nessa altura, faltava-lhe um estatuto a sério de força. Depois, havia a parte, que era a pior, a politica que existia fora do clube: Federação, Arbitragem, etc etc.
Nós sentíamos muito dificuldade em vir cá para cima, perseguidos até, e quando estávamos quase a chegar lá, e fui até muitas vezes 2º classificado, mas sempre e sempre, com muita dificuldade. Parecia que não haviam condições para sairmos daquele «buraco».
Estou precisamente convencido que foi no 25 de Abril de 1974, que as portas se abriram definitivamente.
Sentia que o Benfica, nessa altura, controlava as arbitragens?
Eu não sei de onde ela vinha, o que sei é que vinha, entende?
Agora, dizer que era do Benfica, do Sporting ou de outro lado qualquer, não sei, mas o que é certo é que ela existia e era por demais evidente.
Aliás, até lhe recordo uma taça de Portugal que perdemos com o Benfica, julgo que em 63 ou 64, onde insultámos o árbitro do principio ao final do jogo, até mesmo o Presidente da República que estava na tribuna, e o árbitro não expulsou ninguém… fomos de tal modo «roubados» que entre tantos e tantos insultos que lançamos ao árbitro de toda a maneira e feitio, perguntávamos-lhe muitas vezes, ao árbitro, “se não tinha vergonha na cara de estar a arbitrar daquela maneira”. Agora, esta foi uma delas, mas elas eram tantas e tantas que imagine, alguma coisa tinha que se passar.
O que esteve na origem do seu afastamento, por José Maria Pedroto, numa altura decisiva da época 68/69 – eram líderes isolados – e que nos custou um título?
Essa é uma história que me causa muita tristeza. Hoje, e até porque já falei muito nisso, não gostaria muito de estar a falar nisso, porque o José Maria Pedroto já morreu e por isso, não tem possibilidade de a contestar, entende?
Foi um drama muito perigoso, porque embora muitas pessoas o digam, eu, enquanto ele foi nosso treinador, não gostei dele. Depois, eu sai do clube, ele também, regressou, tendo dito que modificou, não sei se sim ou não. Agora, enquanto «meu treinador», não gostei.
Os problemas foram assim tão graves que através de um diálogo entre pessoas de bem, não pudessem ser sanados?
Repare, há certas e determinadas coisas que eu não divulgo a ninguém, mas como ele já faleceu, não tenho moral algum para estar a falar em coisas que não possa haver o contraditório. Para onde eu for, se o lá encontrar, haverei de lhe dizer, mas agora, não queria muito falar nos detalhes.
No entanto, não foi nada de muito grave. Aconteceu tudo por causa de um jogo, porque ele era demasiado ditador e o plantel, entre nós, procurávamos dialogar sobre o que correu mal, o porquê, como deveríamos fazer no próximo jogo, etc, mas com ele, este discurso, era complicado.
Recordo-me perfeitamente de um treino, numa 3ª feira, depois de termos perdido o jogo no fim-de-semana, ele reuniu-nos no pavilhão e um a um, perguntou-nos o que pensávamos do que tinha acontecido no último jogo e o que estava mal. Cada um, sem medos, respondeu o que era a sua opinião. No final da palestra, sabe o que ele nos disse? Eu digo-lhe: "O que vocês acham não me interessa. O que se tem que fazer, sou eu que mando!".
Depois, fomos jogar com o Benfica para o campeonato e se não me falha a memória, eles tinham perdido em França, para a Taça dos Campeões por 3 ou 4 a zero. Ele, na palestra, disse-nos que era fácil o jogo, que se tinham levado 3 ou 4, também iam levar de nós, os mesmos 3 ou 4… afinal, aconteceu o contrário. A partir dali, achou que deveríamos entrar em estágio até ao final do campeonato, e foi a partir desse momento, que a «bomba» estourou, mas não foi só comigo, mas sim com todos.
Mas há muitas e mais histórias. Já tive há uns anos atrás, um Director do clube, que queria fazer um livro sobre a minha vida, mas eu disse logo que «não», porque não estava para fazer um livro como estes que aparecem, entende?
Para aceitar isso, teria que dizer muitas e muitas verdades e acabaria por ferir muita gente. Assim, não faço livro algum, porque eu quero andar na rua de cabeça erguida e não ter medos de ir à cidade do Porto, e até mesmo ao clube, entende?
O que representou para si, ter vencido a taça de 68?
Todos os títulos são inesquecíveis, porque quem tem brio nesta profissão, quer alcançar qualquer coisa, e o que vier, é sempre bom. Um campeonato, uma taça, etc etc, e nós, sentimo-nos orgulhos desses troféus. Tenho muito orgulho nos 3 títulos que conquistei no FC Porto.
Porque razão era muitas das vezes, apelidado de “guarda-redes suicida”?Não sei de onde veio essa alcunha. Eu tive muitas. Primeiro era o suicida, depois as mãos não sei de quê, depois o homem que tinha uma vaca em casa que tirava o leite para ter a sorte que tem, etc etc.
Se havia coisa que nunca tive, foi medo… e durante os jogos, dizia isso muitas vezes aos adversários. Actualmente, os guarda-redes jogam muito dentro da baliza e eu não, jogava dentro e fora da baliza, muito fora mesmo.
E então, quando encontrava jogadores altos, como o Torres, o Eusébio, e outros, eu dizia-lhes que “era matar para não morrer”. Não digo que eles tivessem medo, mas era uma questão de impor respeito. O Eusébio, nunca me marcou um golo isolado e muitas das vezes, ainda falamos disso.
Que recordações guarda dos duelos com Eusébio?
O Eusébio foi um enorme jogador. Tinha sempre que estar com uma atenção enorme com ele, porque para além disso, tinha um pontapé muito forte e rematava de qualquer jeito e feitio. Mas foi um jogador que foi sempre leal, não tenho nada que dizer dele. Somos amigos e falamos quando nos encontramos. Tenho até a impressão que o Eusébio eram bom demais, deixando-se muitas vezes ir na onda.
Qual o jogador que mais apreciou nos tempos em que lá jogou?
Eu tive vários jogadores que naquela altura, sobressaíam do lote do plantel… era o Hernâni, o Carlos Duarte, o Perdigão, o Pedroto, o Miguel Arcanjo, etc. Mas para mim, os dois principais, eram o Hernâni e o Carlos Duarte.
Em 1966, sentiu que deveria ter sido o nr. 1 dos Magriços?
Sentia, até porque nessa altura, era o guarda-redes menos batido da Europa e não me impressionavam nem um pouco, os grandes jogos. Fiquei surpreendido quando os jogos começaram, não me colocavam, depois mete o José Pereira que praticamente não tinha sido internacional, e por curiosidade, diziam-me sempre que ia jogar, o que era ainda mais estranho.
Acha que tal não aconteceu só porque era jogador do FCP (tal como o Pinto ou o Nóbrega)?
Sim, acho isso claramente. Se eu fosse jogador de outro clube, se calhar, era capaz de ter jogado. A Selecção era constituída por um Senhor que já faleceu, que mais tarde, me pediu muitas desculpas, até mesmo na TV, por não me ter colocado a jogar, porque foi o maior erro da vida dele, mas que tinha que ser.
Repare, o Otto Glória, que também já faleceu, foi treinador do Benfica e do Sporting, o Manuel Rodrigues Afonso, tinha sido director do Benfica, o Gomes da Silva era o coordenador da selecção, que era do Belenenses e portanto, os jogadores entravam a jogar com entorses, com isto e aquilo, e nós no banco a assistir ao «espectáculo».
Como viu, no banco e no mundial de 66, a participação portuguesa e as prestações do GR titular?
A equipa em si, esteve muito bem, no entanto, quanto a mim, o grande erro, foi no jogo contra a Coreia, porque nós conhecíamos muito bem a selecção da Coreia, que era muito fácil de ultrapassar e então, dava a possibilidade de outros jogadores jogarem e recuperar os que eram titulares a 100%, que era o caso do José Graça, o Simões e muitos outros.
É lógico que ele como estava virado para jogar com o antigos jogadores dele, esqueceu-se de que os jogadores não são máquinas e precisam descansar, e depois, teve ainda uma particularidade muito triste, ou seja, no jogo com a Inglaterra, nós estávamos prontos para esse jogo, queríamos jogar, para ver se íamos ou não à final.
O que acontece é que ele era uma pessoa muito nervoso e que se perdia muito quando falava, e na palestra antes do jogo, disse que íamos jogar com a Inglaterra, mas que não havia muito aquela coisa de se ganhar, porque já fizemos o nosso papel, etc, ou seja, antes de incentivar os jogadores para esse jogo, os meus colegas foram para o jogo cansados… e desmoralizados.
Foi uma pena, porque poderíamos ter ido à final e ganhá-la, mas como uma final é sempre uma final, pelo menos, tínhamos lá ido… e na minha opinião, as coisas poderiam ter sido feitas de outra forma a criar outro grau de motivação, porque repare, um treinador quando diz ainda antes do jogo que se pode perder o jogo, porque já se tinha feito um brilharete, não faz sentido.
Lembra-se daquele Itália-Portugal, a seguir ao mundial 66, em que fez uma exibição extraordinária?
Lembro, muito bem. Vou-lhe dizer, na selecção, modéstia à parte, joguei sempre bem. Aliás, fui sempre um jogador da média para cima, sempre na mesma bitola, sem altos e baixos, onde nos jogos com o Sporting, nunca perdi (num dos jogos, até me pediram para eu me ir embora, porque defendia tudo; noutro, até no intervalo, pedi para ser substituído, porque eu disse que não aguentava mais, porque eram constantes bolas para cima da minha baliza)… já com o Benfica, aconteceu de tudo, mas sempre jogos muito renhidos.
Nesse jogo com a Itália, foram 90 minutos de luta permanente, sempre a defender tudo e mais alguma coisa, onde ainda antes do jogo, os jornais italianos diziam que íamos levar meia-dúzia de golos, o que a mim pouco importava.
Defendi tudo, sempre a ser massacrado, até que um erro do José Augusto, dentro da área, que começou a driblar, e eu a pedir-lhe para ele me dar a bola, veio um atacante italiano e roubou-lhe a bola e marcou golo. Empatamos 1 a 1, mas fiz um jogo brilhante. O seleccionador deles, numa resposta a uma pergunta de um dos jornalistas, disse que com o guarda-redes de Portugal na baliza de Itália, era Campeão do Mundo.
Nessa altura, de Itália, telefonavam-me muitas vezes a pedir entrevistas, quanto ao jogo, mas também porque sem querer, acabei por partir uma perna a um dos avançados italianos que jogava não sei onde, mas que ia para o Milão (não o Inter), onde lhe lançaram a bola metida nas costas dos nossos defesas, e quando ele a está para receber, eu saio da baliza pelo ar e sem querer, parti-lhe a perna, que foi a tristeza que tive nesse dia, onde depois o fui até visitar ao hospital.
Foi um jogo para nunca mais esquecer, mas este, foi apenas um deles, já que tive muitos outros.
Por falar em selecção, o que achou da novela, Baía vs Scolari?
Eu, não teria encarado a situação como o Vítor Baia o fez, onde ainda na inauguração do Estádio do Dragão, tive oportunidade de lhe dizer pessoalmente. Disse-lhe que se fosse comigo, esse Senhor teria que me dizer porque razão não me convocava. Aliás, na minha opinião, esse Senhor não é treinador de nada, que não percebe nada e nunca disse o real motivo para não convocar o Vítor Baia.
Este processo Vítor Baia, foi um escândalo… eu disse-lhe algumas vezes que o que lhe estava a acontecer, era o mesmo que me aconteceu em 1966. Os dirigentes não são os mesmos, mas as estruturas, são capazes de ser as mesmas.
Eu tenho a impressão que quando ele veio para a selecção, já vinha com os nomes marcados para riscar. Não é possível que um seleccionador que tem o melhor defesa-central da Europa (Ricardo Carvalho), um Maniche numa forma fantástica, e outros, e que só os coloca a jogar porque perde com a Grécia e os jornais lhe começaram a cair em cima, e ele então, sentiu a necessidade de os colocar, porque senão, nunca os iria colocar.
Ele não sabe meter um jogador no decorrer do jogo, ele manda-os lá para dentro e eles que se desenrasquem… é o típico treinador brasileiro.
O que representa para si, de facto, o FC Porto?
O FC Porto representa uma grande parte da minha vida, já que comecei muito cedo naquela vida, mas apesar de ser Portista, não sabia o que era o clube, porque só depois de lá estar, é que me apercebi do que aquilo era.
O que aprendi, embora tenha tido muito sorte, obrigou-me a pensar, reflectir e arranjar um rumo para a minha vida, que felizmente, soube sempre bem conduzir na minha vida.
É certo que o FC Porto deu-me muito a ganhar, mas eu também dei muito ao clube. Eu cheguei a jogar em situações totalmente incompreensíveis pelo clube. Partiram-me o menisco e mais qualquer coisa no principio de uma época na Luz e acabei a jogar o campeonato todo com essa lesão, que eram debelados com muito descanso e tratamentos consecutivos.
Fiz-me homem no FC Porto, tive uma excelente escola, mas também dei muito de mim ao clube.
Hoje, ainda segue o trajecto actual do clube com paixão?
Eu não posso ter outra, então, se eu vivi toda a minha vida no FC Porto, aliás, vivi mais no clube do que na minha própria casa, porque chegava a entrar em estágio na 5ª feira, jogava ao domingo, muitas vezes ia para a selecção em Lisboa à noite, ou seguia com o FC Porto para as competições europeias, e chegava a estar 2 a 3 semanas sem vir a casa, sempre em estágio. A minha esposa estava semanas sem me ver, muitas vezes, 15 dias consecutivos.
Era uma vida muito, muito complicada… no Campeonato do Mundo, estive 3 meses sem ir a casa; o campeonato acabou em Maio e só cheguei a casa em Agosto. No entanto, já naquela altura, ganhava-se muito dinheiro no futebol. Imagine que o meu empregado mais bem pago, na casa Magriço no Porto, ganhava por mês, 3 contos… isso, era quanto eu ganhava num prémio de jogo, muitas vezes até mais do que isso (4 a 6 contos).
A casa onde eu moro, esta aqui logo abaixo (São Paio de Oleiros), foi construída e paga só com o prémio do Campeonato do Mundo. O primeiro dinheiro que ganhei no futebol, investi na construção de 6 casas, portanto, naquela altura, já era bastante dinheiro, mas era preciso ter os pés bem assentes no chão, porque quantos e quantos se perderam com a «boa vida» que o futebol nos proporcionava?
Já que fala nos ganhos do futebol, lembra-se do fantástico carro Triumph Spitfire que tinha e que atraía o olhar dos jovens, mas sobretudo, das fãs?
Sabe o que eu fazia? Atestava o depósito do carro e andava com uma única nota de 20 escudos na carteira porque as tentações eram tantas, que assim, tinha sempre forma de as «afugentar», porque dinheiro na carteira, não as tinha.
Quanto ao carro, esse Triumph Spitfire, ficou-me praticamente de borla, porque foi-me proposto que eu andasse com ele para publicitá-lo… quando me fizeram a proposta, porque não aceitar? Nem hesitei. Troquei o Cinca que tinha, já muito antigo, e fiquei então com esse Triumph Spitfire, que era um carro maravilhoso, quase ninguém o tinha, e por isso, está a imaginar eu a andar nas estradas, a chegar ao Porto, com aquele carro? Imagine só as tentações que nos surgiam.
De qualquer modo, a dada altura, acredite que é verdade, cheguei a «odiar» as mulheres pelos interesses que mostravam só por eu ser quem era ou ter o carro que tinha. Recebia dezenas de cartas de fãs e até as levava para casa para mostrar à minha esposa, para nos rirmos do que me escreviam.
Tive até uma vez, uma senhora que num café, me disse na cara que eu não era homem, só porque recusei. Eu só lhe respondi: “olhe minha senhora, à minha beira, você, está no A, eu já estou no Z… portanto, imagine o quanto ainda tem que andar só para eu estar com a senhora!”.
O que sentiu nas grandes vitórias internacionais do FC Porto em 1987, 2003 e 2004?
Uma pessoa que é Portista, não pode ficar de outra forma, que não deslumbrado e alegre por essas conquistas, de certa forma até, quem como eu viveu por dentro o clube e sabe o que custou a chegar até à actualidade.
Porque nunca aparece nos grandes momentos do FC Porto, já que foi um extraordinário guarda-redes e uma referência?
Olhe, quando sou convidado pelo clube, dificilmente falho. Agora, o que eu não gosto, é andar a pedinchar, a mendigar para estar, onde não me convidaram. Ainda recentemente, me convidaram para estar presente na inauguração do pavilhão (Dragão Caixa) e eu fui, mas porque me convidaram, caso contrário, não teria ido. Ir por ir, para aparecer nos jornais, nas tvs ou nas rádios, não, não vou, porque não me interessa para nada esse espectáculo.
O que me interesse de facto, é a minha vida pessoal e o meu trabalho aqui na clínica. Raramente vou ver jogos ao Porto, porque tenho as minhas obrigações profissionais, enquanto «patrão», entende? Agora, vejo os jogos todos na tv, quando não vou ao estádio, mas primeiro, está a minha vida pessoal e profissional, porque tudo isto que você vê, custou-me muito, muito a conquistar, porque se facilito, de um momento para o outro, tudo vai por água abaixo e depois, nessa altura, ninguém quer saber ou se recorda de mim.
Quando sou convidado e entendo que devo estar presente, vou… não é por ser mais ou menos longe, ou meia-dúzia de trocos de custo de gasolina que vou morrer.
Muitas das vezes, aqui na minha actividade profissional, sou confrontado por fornecedores que mais tarde, ao saberem quem sou, me perguntam porque é que já não tinha dito quem era. O que responde sempre é a mesma coisa: “isso interessa para o quê? se tenho dinheiro, vendem-me… se não tenho, não me vendem”. Tão simples quanto isto.
Na actualidade, Hélton, Beto ou Nuno?
Eu não queria falar muito nisso, porque não é justo dar a minha opinião. Na minha altura, eu jogava de uma forma. Hoje, eles jogam de outra forma e reconheço o seu valor, não é isso que está em causa. Dar a minha opinião, só poderia falar bem. Lembro-me de um antigo guarda-redes do FC Porto que costuma falar e dar algumas opiniões, mas que nem me lembra do nome dele, porque não me lembro de o ver a jogar sequer. Ele tanto falou e deu opiniões, que a uma certa altura, tive que deixar de falar com ele, entende? Eu não quero que aconteça com eles, o mesmo que fizeram comigo, entende?
Se eles estão no FC Porto, é porque têm categoria, ponto final. Podem dar o seu frango, porque eu também os dei. Agora, falar mal deles, é o mesmo que falar mal do clube que eu adoro e por isso, não me pronuncio.
Acredita na conquista do PENTA na próxima temporada?
Acredito, mas já no ano passado, se dizia a mesma coisa. Portanto, eles só têm é que honrar o clube e o peso da camisola que envergam, que é a única preocupação que devem ter quando entram em campo, treinam, jogam particulares ou oficiais, torneios, etc. Aquela camisola do FC Porto, já na minha altura, tinha um peso enorme… e hoje, por tudo, tem um peso tremendo, muito maior, portanto, eles só têm é que a honrar e respeitar.
Actualmente, o que faz?
Durante a semana, estou aqui na clínica, de manhã à noite, quando fecha, só parando para almoçar das 13h às 14h. Saio pouco, mas quando saio, é para ir comprar isto ou aquilo aqui para a clínica.
Aos fins-de-semana, tenho uma quinta, com muitas árvores de fruto e uma casa toda rústica e entretenho-me por ali nas lides da manutenção da quinta.
Uma palavra final para os nossos leitores.
O nome do blog, já diz tudo: “BiBó Porto, carago!!”. O que lhe digo, é que os Portistas a sério, aplaudem, apoiam, incentivam os jogadores quando eles precisam, ainda mais nas horas más, não é quando se está a ganhar e a jogar bem, que dê moral e força na transição do mau para o bom, isso é que é preciso. Todos da estrutura do FC Porto, precisam de apoio. Um abraço para todos vocês.
Prof. António Cunha
(análise ao título Nacional conquistado pelo FCP no andebol)
Após dois anos em que não conseguiu o título, mas com boa prestação e algumas vitórias noutras competições, eis que o jovem mas credenciado treinador Carlos Resende, com um grupo de jovens de elevado valor técnico e táctico, para além das características evidentes para a prática do Andebol, conseguiram ganhar a primeira fase e logo aí um primeira vitória sobre os principais rivais, ABC e SLB.
O FC Porto chegou à final com alguma facilidade, levando de vencida os adversários no play-off, consumando-se então a final esperada com o SL Benfica, com um orçamento muito superior ao nosso Clube, para além da entrada do credenciado técnico Prof. José António Silva nos quadros técnicos do Clube e mais 2 aquisições qualificadas.
Os jogos foram atípicos com resultados pouco normais e grandes diferenças de golos por parte dos jogos em casa do visitado, e tudo ficou para ser resolvido no 5º jogo, e logo no novíssimo Pavilhão Dragão Caixa que quero aproveitar para dar os meus parabéns ao Presidente, Jorge Nuno, que nunca deixou de pensar nessa possibilidade, mas o que mais me surpreendeu é como o Arqt. Manuel Salgado conseguiu entre duas ruas desniveladas, meter um pavilhão de excelente qualidade, quer para quem joga, quer para quem assiste. A dimensão do mesmo serve perfeitamente para os adeptos das modalidades e vai ser no futuro um local de reunião e confraternização dos adeptos Portistas.
Grande jogo, casa cheia e os Dragões do futebol estavam no pavilhão como sempre devem estar ou seja a apoiar a equipa desportivamente. O FC Porto foi um vencedor merecido pela época regular que fez, e no play-off, sobressaíram 3 atletas, Laurentino, Eduardo Filipe e Inácio Carmo, que quando as coisas estavam a ficar perigosas, pegaram no jogo e decidiram o título nacional. Festa bonita e na presença da massa adepta que mais sabe apreciar os grandes acontecimentos desportivos em varias modalidades como é a do FC Porto.
Parabéns a todos os que contribuíram para o êxito desde dirigentes a todo o staff técnico e médico do Clube, assim como a todo o plantel sem excepções e colaboradores do Carlos Resende. Uma festa muito bonita, com um final muito triste, passados alguns dias quando se consumou a despedida do treinador campeão, Carlos Resende, e o melhor jogador de sempre do Andebol Portista. Situações como esta podem resultar em decisões precipitadas e sem sentido de quem acha que, ter o poder é mandar de qualquer modo! De todo modo, parabéns a todos os Portistas presentes e que gostam verdadeiramente de andebol.
Abraço,
António Cunha.
Nuno Quidiongo
(análise à decepcionante época do basquetebol do FCPorto)
Quanto à época do basquetebol do FC Porto, sem querer ser repetitivo, continuo a opinar que a qualidade do basquetebol em Portugal é deprimente. O FC Porto foi apenas mais uma equipa "afogada" na falta de profissionalismo e humildade de todos os principais actores envolvidos no desporto (dirigentes, treinadores, jogadores e árbitros).
Talvez agora com o formato competitivo de origem, de volta, todos os que parasitavam o basquetebol português "rastejem para outra maçã podre"!
A primeira equipa a colocar os "pés no chão" e a reconduzir o basquetebol para o contexto certo, vai dominar a sua prática na próxima década!
Cumprimentos,
Nuno Quidiongo.