nacional-FC PORTO, 1-1
Primeira Liga, 26ª jornada
Sábado, 21 Março 2015 - 20:15
Estádio: Madeira
Assistência: -
Árbitro: Manuel Oliveira (Porto)
Assistentes: Bruno Rodrigues e Alexandre Freitas
4º Árbitro: Iancu Vasilica
NACIONAL: Gottardi, João Aurélio, Rui Correia, Zainadine, Sequeira, Aly Ghazal, Christian, Gomaa, Luís Aurélio, Lucas João, Willyan.
Suplentes: Rui Silva, Camacho (45' Willyan), Fofana, Campos, Edgar Abreu, Wagner (57' Christian), Francisco Soares (75' Lucas João).
Treinador: Manuel Machado.
FC PORTO: Helton, Danilo, Maicon, Marcano, Alex Sandro, Casemiro, Herrera, Evandro, Tello, Aboubakar, Brahimi.
Suplentes: Andrés Fernández, Martins Indi, Quaresma (73' Brahimi), Quintero (65' Evandro), Óliver Torres, Rúben Neves (53' Casemiro), Gonçalo Paciência.
Treinador: Julen Lopetegui.
Ao intervalo: 0-1.
Marcadores: Tello (45'), Wagner (62').
Disciplina: Cartão amarelo a Casemiro (27'), Danilo (68'), Gottardi (90+3').
O FC Porto, esta noite, tinha uma soberana oportunidade de se colar ao Benfica na luta pelo título. Neste campeonato, depois de se pôr a jeito de ficar a 9 pontos do líder, depois de já ter estado a 6 e a 4 pontos da liderança, o Dragão poderia ter ficado apenas a 1 ponto do 1º lugar mas isso não aconteceu. Está a 3 que, no fundo, são 4 por estar, neste momento, em desvantagem com o seu adversário directo.
Formalmente, o FC Porto depende de si próprio para chegar ao título, mas em termos efectivos, de uma forma realista, está praticamente a 4 pontos. Porquê? Porque ao FC Porto não basta ganhar os jogos todos.
Ao FC Porto falta vencer os jogos todos mas vencer na Luz não chega. Terá de vencer sim, mas por 2 ou mais golos. Ora, sejamos realistas. Quantas vezes venceu o FC Porto na Luz para o campeonato por mais de um golo de diferença em toda a sua história? Pois é. A tradição vale o que vale mas tem de ser levada em conta.
Podemos dizer que o Benfica pode escorregar nos jogos que faltam. Mas o FC Porto também pode. O que quero dizer com isto? Muito simples. O FC Porto perdeu uma boa oportunidade de ficar a um ponto do líder e de depender de si realisticamente e efectivamente. Ficar a três pontos, é certo que o panorama passou a ser mais claro mas ainda longe.
Por outro lado, o Benfica, se mantiver esta distância até ao jogo da decisão, pode jogar com dois resultados: a vitória e o empate. Com vantagem de um ponto a partir desta noite, o Benfica jogaria sobre brasas e as coisas poderiam ficar mais claras para o Dragão. Assim não aconteceu. Há que continuar a lutar até ao fim.
O empate na Madeira deveu-se a vários factores. Para começar, o FC Porto entrou com vontade mas com níveis de ansiedade elevados. Ou seja, acusou claramente a pressão e a responsabilidade de ter de ganhar. Ora isso, tornou o jogo dos Dragões pouco lúcido e as coisas não saíam como se pretendia. Por outro lado, o Nacional foi um adversário bastante complicado.
Depois foram as opções de Lopetegui. Quem sou eu para estar aqui a discutir as opções do treinador do FC Porto? Ou quem sou eu para discutir essas questões? Mas tenho opinião. E estou aqui para isso. Para escrever aquilo que vi.
Brahimi está há muito tempo em baixo de forma. Temos visto um Brahimi na Liga NOS e outro Brahimi na Liga dos Campeões. Claramente, o argelino não justifica a titularidade. O banco far-lhe-ia muito bem, neste momento.
Do banco para o onze deveria saltar Quaresma. Em 17 minutos, o extremo português fez mais do que o argelino em 73. Como teria sido com Quaresma em campo desde o início? Não sei, mas pior não seria. Depois a experiência de Quaresma, nestes jogos e nesta fase do campeonato, num momento de grandes decisões é seguramente uma mais valia para o FC Porto.
Casemiro foi admoestado muito cedo e Lopetegui, e bem, retirou o brasileiro no início da 2ª metade. Pela forma como o Nacional joga e se desdobra para o ataque com transições rápidas e temendo o que poderia daí advir, Lopetegui retirou Casemiro com receio de levar o 2º amarelo. No entanto, o FC Porto perdeu o meio-campo com a saída de Casemiro. Com Rúben Neves, Herrera completamente esgotado, e Evandro, o FC Porto permitiu que o Nacional subisse no terreno. E foi por aí que o FC Porto perdeu a preciosa vantagem.
Por fim, em termos de opções, o treinador basco não foi feliz ao retirar Evandro e colocar Quintero. Com Herrera completamente de rastos fisicamente, Evandro deveria, no meu ponto de vista, recuar no campo para permitir a entrada do colombiano. Não vou discutir porque é que entrou Quintero ao invés de Óliver Torres.
Alex Sandro, também a necessitar de sentar, está no golo do Nacional. À semelhança de Herrera, o defesa-lateral brasileiro esgotou no início da 2ª parte. Os sprints dos insulares rebentaram com Alex Sandro. Muitas vezes ficou nas “covas”. No golo deixou-se antecipar por Wagner, num lance que era seu. E mais tarde, deixou escapar Lucas João que falhou escandalosamente o 2-1.
Mas vamos ao jogo. O FC Porto tinha grandes dificuldades em chegar com perigo ao último terço do terreno muito por culpa do meio-campo pressionante dos madeirenses. Só aos 37 minutos, os dragões conseguiram rematar à baliza por Alex Sandro, mas a tentativa foi bem defendida por Gottardi. No entanto, aos 45 minutos o FC Porto marcou. Grande jogada individual de Tello pela direita, a tirar Sequeira do caminho e de fora de área rematou ao ângulo, sem hipóteses para o Guarda-redes contrário.
Na segunda parte, o FC Porto poderia ter sentenciado o jogo mas a sorte não quis nada com os Dragões. Aos 47 minutos, Maicon atirou à barra num livre directo. O jogo continuou e o Nacional teve a primeira oportunidade aos 55 minutos, também num livre directo marcado por Christian. Helton fez a defesa da noite e continua a mostrar porque é o melhor Guarda-redes do FC Porto.
Mas aos 62 minutos, o Nacional empata a partida. Num meio-campo completamente partido, o Nacional conduz um ataque pela esquerda e num cruzamento de Sequeira, Wagner antecipa-se a Alex Sandro e só tem que encostar.
O FC Porto não tardou a responder mas a sorte continuava a ser madrasta. Danilo enviou uma bola ao poste num forte remate descaído pela direita e um minuto depois Gottardi defende um remate fortíssimo de Aboubakar. Sentia-se que o FC Porto não iria ganhar o jogo.
Por fim, aos 71 minutos, com a equipa do FC Porto apanhada em contra-pé, surge uma grande oportunidade para o Nacional. Gomaa foge pela esquerda e cruza para Lucas João aparecer na cara de Helton atirar por cima da baliza de uma forma escandalosa. Aqui a sorte esteve com os Dragões.
O FC Porto pode-se queixar de si próprio por não ter ficado a apenas um ponto da liderança. O estofo de campeão surge nestas alturas e o FC Porto, uma equipa nova e jovem, talvez ainda não esteja suficientemente consolidada. No entanto, tem jogadores nucleares no plantel que serão muito importantes nesta altura e penso que devem ser muito bem aproveitados nesta fase. Helton, Maicon, Quaresma, Evandro, Jackson são alguns dos activos que poderão ajudar a decidir o campeonato.
O primeiro ciclo complicado do FC Porto terminou hoje. Foi com bastante sucesso que o cumpriu mas poderia ter sido melhor. As competições param por causa dos compromissos das selecções e regressam a 2 de Abril com uma perspectiva de 8 jogos num mês. Será um ciclo terrível mas também o grande desafio da época para a equipa de Julen Lopetegui.
DECLARAÇÕES
Lopetegui: “Voltamos a depender apenas de nós”
Insatisfeito pela igualdade a uma bola entre Nacional e FC Porto, na 26.ª jornada da Liga NOS, Julen Lopetegui sublinhou o facto de os Dragões terem encurtado para três pontos a distância que os separa do primeiro lugar. Numa análise ao jogo, o treinador portista destacou a “boa primeira parte” da sua equipa e lamentou que esta não tenha “resolvido” o jogo quando podia, deixando ainda a garantia de que o FC Porto vai lutar até ao fim pelo título de campeão.
“Fizemos uma boa primeira parte, mas o jogo foi mais equilibrado na segunda, na qual demos mais espaço ao Nacional, que é uma boa equipa. Não aproveitámos as oportunidades que tivemos para resolver o jogo e o Nacional, que também teve as suas ocasiões, soube aproveitar isso. Na generalidade daquilo que foi o jogo, creio que merecíamos a vitória, mas quando não somos eficazes e damos espaço ao adversário, as coisas tornam-se mais difíceis. De qualquer forma, ao fim de vários meses, voltamos a depender apenas de nós para chegarmos ao título”, afirmou Julen Lopetegui, após a partida.
O treinador basco garantiu que a ansiedade está sempre presente em todas as equipas que lutam por títulos, perspectivando um campeonato “duro, difícil e competitivo” até ao fim. “A realidade é que queríamos muito ter vencido este jogo, independentemente do resultado do Benfica. Existe sempre ansiedade nas equipas que lutam por títulos, mas não foi por isso que não conseguimos vencer. Não resolvemos o jogo quando pudemos e pagámos caro por isso, mas voltamos a depender apenas de nós para sermos campeões. O campeonato vai ser duro, difícil e competitivo até ao fim, e nós vamos continuar a lutar, procurando melhor e corrigir as coisas que fazemos menos bem”, concluiu o técnico.
ARBITRAGEM
RESUMO DO JOGO