29 setembro, 2007

Tango argentino sobre o tabuleiro


competição: bwin LIGA 2007/08, 6ª jornada
data: 29.09.2007
local: Estádio do Dragão, no Porto
assistência: 31.809 espectadores
fc porto: Helton; Bosingwa, Bruno Alves, Stepanov, Marek Cech; Raul Meireles (Adriano, 77m), Lucho Gonzalez (Bolatti, 77m), Paulo Assunção; Sektioui (Leandro Lima, 46m), Quaresma e Lisandro Lopez.
golos: Lisandro Lopez (15 min, 75 min)

Depois da ‘vergonhosa’ derrota a meio da semana com o Fátima e consequente eliminação da Taça da Liga, nada melhor que o regresso dos ‘heróis’ para o derby da mui nobre e cidade invicta, derrotando o Boavista por 2 golos sem resposta, tudo obra e graça de ‘São Lisandro’, aproveitando para manter o pleno na bwin LIGA: 6 jogos, 6 vitórias!

O Prof. Jesualdo Ferreira regressou desta vez às suas opções habituais para o onze titular, com o regresso de Hélton para a baliza em detrimento de Nuno, e a aposta em Stepanov para a titularidade no eixo da defensivo, em virtude da ausência por lesão de João Paulo e do regresso apenas esta semana à competição de Pedro Emanuel.

Desde o 1º minuto de jogo que o FC Porto teve o controle do jogo, com as situações de perigo a rondarem a baliza adversária ainda bem cedo, altura do jogo em que por 2 ou 3 vezes, poderíamos ter inaugurado o marcador.

Estavam decorrido apenas 15 min de jogo, quando Quaresma na transformação de um livre na entrada da área, remata forte com o guarda-redes adversário a não conseguir encaixar, aparecendo Lisandro com o seu jeito felino a enviar a bola para o fundo das redes, fazendo o 1-0 para os da casa.

Nesta altura, o Boavista tentou reagir à desvantagem, tendo conseguido libertar-se um pouco mais das amarras onde estava envolvido, mas sem nunca obrigar a nossa defensiva a grandes trabalhos. Mesmo aqui, era o FC Porto que mandava no jogo, mostrando sempre um ar mais dominador.

O intervalo chegou com total supremacia do FC Porto em campo, tentando nunca descurar a possibilidade para aumentar a vantagem no resultado.

Para os segundos 45 minutos, o Prof. Jesualdo Ferreira fez a já habitual substituição de intervalo, entrando Leandro Lima para o lugar de Tarik, que apesar de algum inconformismo, não conseguiu ser a ‘gazela’ dos últimos jogos realizados.

Com este estender da passadeira, começou a gerar-se algum desconforto dos adeptos nas bancadas, e com o passar do tempo, começaram a ser bem audíveis os sinais de descontentamento pelo que estavam a assistir no relvado, vá-se lá saber, responsabilidade de quem. Do treinador? Dos jogadores? Por vezes, torna-se complicado apontar o dedo a quem quer que seja, porquanto, lá dentro, supostamente, estariam todos os ‘grande nomes’.

Com o Boavista a estar mais perto de empatar, que o FC Porto de aumentar a vantagem, aplicou-se o velho ditado que “quem não marca, arrisca-se a sofrer”, e foi precisamente isso que aconteceu, quando Lisandro bisa na partida, estavam decorridos 75 min de jogo, correspondendo da melhor forma a um cruzamento da esquerda por Marek Cech. Estava feito o 2-0.

Até ao final do jogo, assistiu-se a um controle do ritmo de jogo por parte do FC Porto, quiçá até já a pensar no jogo da próxima 4ª feira na Turquia, com o Besitkas para a 2ª jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões.

azul + : Lisandro Lopez (VIPortista), Stepanov, Lucho e Leadro Lima

azul - : Marek Cech, Raúl Meireles e Quaresma.

arbitragem: Artur Soares Dias (Porto), passou completamente discreto pelo Dragão, e não é isso que deveria acontecer em todos os jogos e com todos os árbitros? nota positiva!















ps - por cortesia dos amigos Miau e Caxana que tiveram a felicidade de participar nos festejos do 114º aniversário do FC Porto no passado dia 28 de Setembro no Estádio do Dragão, ficam aqui algumas recordações desses momentos (clicar aqui).

Xeque-mate do Prof. Jesualdo?

Ainda estou em convalescença do péssimo hábito que o Jesualdo implementou no nosso Porto – perder sem dignidade com equipas de escalão inferior. Não, não vou questionar a importância da competição, das alterações tácticas, da revolução do onze, da qualidade dos reforços, etc. Na minha modesta opinião, existem 4 factores fundamentais no futebol: determinação, carácter, competência e profissionalismo. E, isso, não existiu.

Proclamam, alguns, que foi um erro acidental. Pois bem, dois erros idênticos já conferem uma base sólida para um acto negligente, acrescido de outro que o Alcides Freire evoca e, bem, na sua crónica de hoje: “a necessidade de "mimar" alguns dos reforços utilizados em Fátima e que, quase de certeza, valem mais do que o exibido. Caso não o faça, corre o risco de ficar com um plantel demasiado curto durante este período quase "non-stop" que dura até Dezembro.”

A margem de manobra junto à massa associativa é escassa e o divórcio – ainda pouco ruidoso – entre os adeptos e o treinador do F.C.Porto é uma realidade. Cinco são as golfadas de ar que mantêm o Prof. Jesualdo oxigenado e espero que neste sábado a gravata não fique mais apertada.

Sábado é um jogo crucial, não só na vertente desportiva como na vertente anímica. Perder pontos em casa com o velho rival axadrezado – após a vergonhosa eliminação ante ao G.D.Fátima – e com a agravante de desaproveitar a perca de pontos de um dos eternos rivais, afigura-se como uma conjuntura bastante negativa e que, de certeza, reflectir-se-á na difícil deslocação à Turquia.

É uma visão catastrófica mas que não pode deixar de ser equacionada em função de algumas fracas prestações que temos vindo a assistir do nosso Porto e da ainda recente experiência traumática – o Atlético – que foi geradora do confrangedor e dramático final de época.

Os embates com o Boavista, especialmente quando orientado pelo Pacheco, roçam sempre a violência. Assim sendo os níveis de abnegação e entrega terão de estar altíssimos. É pública a predisposição do Boavista para este jogo. Defender e defender, o que é preocupante face à nossa inoperância e desinspiração ofensiva, camuflada pela excelente forma de Lisandro López.

Equipa:

No ataque a aposta deve-se manter em Licha, Quaresma e o marroquino Tarik.

A caixa negra da equipa, o meio campo, não deverá também sofrer alterações. Paulo Assunção (já apto), Raul Meireles e Lucho (neste jogo a não utilização do Leandro Lima poderá ser entendida como forma de proteger o pequeno artista da virilidade do jogo, o que é aceitável).

Em relação à defesa. A recuperação física do Helton deverá dar-lhe a titularidade e com um quarteto defensivo à sua frente composto por: Bosingwa, Bruno Alves, Stepanov e Cech (Fucile não foi convocado por opção técnica).

Com o núcleo duro a vitória exige-se e de preferência com bom futebol.

A celebração do 114º aniversário do clube merece, definitivamente, um espectáculo que prestigie os pergaminhos do enorme F.C.Porto, o maior símbolo de sucesso português.

Se quarta-feira passada nos ajoelhamos perante a “nossa senhora”, amanhã dispenso conduta de exemplar civismo ao dar prioridade a um clube de rotunda.

Força Campeões
Rumo ao tri.

Abraço,
CJ

28 setembro, 2007

114 velas


Hoje, estamos todos de parabéns… foi há 114 anos, no dia 28 de Setembro de 1893, que o nosso FC Porto foi fundado por António Nicolau d'Almeida, um comerciante de vinho do Porto que descobriu o futebol nas suas viagens a Inglaterra.

De então para cá, têm sido 114 anos repletos de vitórias, conquistas e glórias que a todos nós diariamente e à mesma hora, nos enche de orgulho por tão grandiosa obra desportiva, até porque, e por muito que doa (e é que dói mesmo) aos nossos ‘horribilis inimigos’ criados no período do anterior regime, cada vez mais, os nossos ciclos negativos são muito, muito curtos, e é isso que não nos perdoam… e como se isso nos incomodasse alguma coisa!

Por todas as alegrias (muitas mais que as tristezas) ao longo destes 114 anos, o meu obrigado e que venham mais 114 anos, repletos de sucessos desportivos.

Há quem seja viciado em álcool, em drogas, em mulheres ou no jogo… nós, somos no FC Porto!

Passatempos 2007/08

Concluida a 5ª jornada da bwin LIGA (a 2ª jornada para efeitos do passatempo), a grande nota de destaque vai para a mudança na liderança que passou a ser ocupada pelo Valente e os seus “Valente Team”, destronando o até então líder Luis Martins com os "tuaregs 1; tuaregs2 1", muito em parte pela excelente pontuação nesta jornada, aqui também a ser líder com 61 pontos amealhados.

Os que se seguiram, Miau com 60 pontos e HMO com 59 pontos, não deixaram o agora líder fugir em demasia, até porque se levarmos em conta que entre o 1º e 7º classificado na geral da liga privada, apenas distam uns míseros 10 pontos, o que diz muito do equilíbrio registado até 2/3 dos 23 actuais inscritos. Ainda é muito, muito cedo para festejos ou atirar toalhas ao chão, mas a manter-se este equilíbrio, a disputa pelo mais que apetecido prémio final, a camisola oficial do FC Porto personalizada e autografada pelo Presidente PdC e por todos os jogadores que compõem o actual plantel, vai ser renhida, muito renhida.

O Estilhaço e os seus "EPA33", merecem também uma menção honrosa pelos 55 pontos amealhados nesta jornada, os primeiros pontos, já que a inscrição foi efectuada fora de prazo e não contou para a jornada anterior. Aqui, e fazendo-se uma leitura simplista, fica a pergunta: “e se a inscrição tem sido feita na jornada anterior, qual seria agora a pontuação global?”.

Como lanterna vermelha, temos o Xeio_d_Xono, com a sua equipa "Juve Sales", que depois dos ‘falsos’ festejos da jornada anterior, onde na ilusão dos 54 pontos passou para a crua realidade dos 0 pontos, melhor não fez do que 33 pontos nesta jornada, pelo que é caso para continuar a manter a chamada de atenção: "acordaaaaa, pá!"… e ademais, nem sequer tirou algum aproveitamento do azarado desta jornada, o Fool 3 que teve uns honrosos 0 pontos, vá-se lá saber porquê, e que mesmo assim, consegue distar a 7 pontos de distância.

ps1 - se pretendem semanalmente umas dicas sobre como fazer o vosso onze titular, nomeadamente: pontos, indisponiveis, lesionados, etc, etc, não podem deixar de passar na zona lateral de links do blog "Oh Pessoal da Corga" (em substituição do MiniLigas da época passada), porque encontram por lá todas as semanas, informação actualizada ao dia dos diversos plantéis da bwin LIGA, que concerteza vos poderá ser muito útil na altura de escolher os vossos onze para essa jornada.

ps2 - não se esqueçam hoje, em limite, até às 18h00, de refazerem as vossas equipas para esta 6ª jornada da bwin LIGA.


27 setembro, 2007

E lá fomos com a ‘Nossa Senhora’…

competição: Taça da Liga 2007/08, 3ª eliminatória
data: 26.09.2007
local: Estádio Municipal de Fátima, em Fátima
assistência: --- espectadores
fc porto: Nuno; Jorge Fucile, João Paulo, Stepanov, Lino; Bolatti, Kazmierczak (Marek Cech, 46m), Leandro Lima, Mariano Gonzalez, Farías (Edgar, 66m) e Rui Pedro (Adriano, 46m).
golos: --- ; penalties: João Paulo, Leandro Lima marcaram. Lino e Mariano Gonzalez falharam

… porque de facto, não há ‘milagre’ que resista a tanta falta de brio profissional ao longo dos 90 minutos. O exemplo e a vergonha da época passada quando encontramos uns tais de monstros do futebol mundial, conhecidos lá na rua como o ‘Atlético’, não bastou, nem chegou.

E não, não me venham com 'desculpas esfarrapadas' em tudo igual às conversas de tantas e tantas semanas dos outros, com ‘falsas questões’ ou até outro tipo de explicações de ‘conteúdo nulo’, porque para mim, felizmente enquanto Portista, e ainda bem que sinto as coisas desta forma, não engulo este tipo de derrotas. Por este andar, mais vale começar já a pensar em ‘fazer falta de comparência’ ao próximo sorteio da Taça de Portugal, porque com este ‘senhor’ a comandar estas 'tropas de qualidade agora muito mais duvidosa', ainda nos arriscamos a bater todos os recordes… e olhem que não devo andar muito longe da verdade.

Como prometi, hoje nem me vou dar ao trabalho de falar dos 90 minutos, porque na verdade, não há nada, zero, niente, para se falar… tamanhos foram os bocejos que lancei em direcção à TV enquanto assistia a mais uma ‘pouca vergonha’ do campeão!

Hoje, é mesmo só análise individual, e só de pensar que o ‘jogador em melhor momento de forma desde o inicio da temporada’, assistiu até ao final do jogo no banco, ou passa os jogos a ser substituído aos 45 min, ainda me provada mais náuseas, mas adiante.

Aqui fica a minha análise individual:

Nuno – salvou uma derrota impensável com 2 defesas de média dificuldade já na parte final da 2ª parte, o que só por si, já vale uma menção honrosa;

Jorge Fucile – um clone com defeito do enorme Fucile a que estamos habituados a ver a deslizar no relvado;

João Paulo – foi apagando os poucos fogos que surgiram e pouco mais;

Stepanov – uma exibição a roçar o positivo, ainda que tenha muita curiosidade em vê-lo a defrontar outro tipo de adversários, mas gostei essencialmente do ‘poder de choque’;

Lino – uma nulidade a defender, uma nulidade a atacar, um zero ‘à esquerda’;

Bolatti – demasiado preso para um meio campo d’um campeão;

Kazmierczak – imaginem um tipo de 1,90 ao comprido, risquem o m2 em seu redor e pronto, voilá, ali está um jogador que se movimenta apenas no ‘rectângulo’ minúsculo;

Leandro Lima – ainda assim, o mais espevitado, o mais aguerrido, o mais inconformado, se bem que por vezes, me fizesse lembrar alguns ‘donos d’a bola’ que já por cá andaram e outros que ainda andam, mas também, passar a bola para quê no meio de tanta mediocridade?;

Mariano Gonzalez – definitivamente, o meu ‘Alain d’estimação’ para esta época, porque admito, já não consigo suportar tanta e tanta burrice junta… que me perdoem os puristas, mas se isto é um jogador de futebol, então eu sou o Pélé, carago!

Farias – ou amanhã chove (o que duvido), ou é mais um para manter 4 anos a pagar forte e feio para ir jogar um dia destes para o Beira-Mar, o Leiria ou outro que tal… a ser verdade que ‘lá fora’ facturava como gente grande, começo a duvidar: não seria na Playstation?;

Rui Pedro – ainda muito tenrinho, apesar do ‘sangue na guelra’ que a determinada altura do jogo procurou mostrar, mas nada mais que isso;

Marek Cech – mostrou-se no sururu na parte final do jogo e nada mais;

Adriano – mas que raio lhe fizeram nesta paragem? um delete ao chip memorial? é que não ‘dava uma para a caixa’, era mesmo tudo pró lado e trapalhão qb;

Edgar – mostrou-se na entrada em campo, em dois ou três trambolhões no relvado ao tentar arrancar em pique (mas não era mesmo) e como único momento digno de registo, um amortie de bola na entrada da área para um remate a permitir uma defesa ao pé pelo guarda-redes adversário.

Prof. Jesualdo Ferreira – a este, definitivamente o meu prémio ‘man of the match’, pois proporcionou o momento televisivo da noite ao ‘apertar como mandam as regras’, a bonita gravata que envergava… uma pena, digo eu, a mão não ter escapado e dar uma laçada no nó bem forte, mas bem forte mesmo, porque talvez acordasse de uma vez por todas para o ‘mundo real’ do que é o FC Porto, mas lá no fundo, sei que é uma esperança minha que nunca vai passar de uma 'ilusão de óptica'.

E é assim… é o que penso e mai’nada! Mas porque raio, as 21h15 de Sábado não é já amanhã?

ps – as inscrições para mais um convívio de confraternização continuam em curso até esta 6ª feira, não se esqueçam.

pps – na próxima semana, teremos por aqui novidades quanto à ‘ala feminina’; aguardem!


Glórias do passado

Era uma vez…

É geralmente assim que começam as fábulas infantis, povoadas de fadas e princesas, mas também, para criar uma dicotomia entre o bem e o mal, de monstros, bruxas e demais espécies nefandas. Sendo os ditos contos metáforas do quotidiano, todos nós sabemos transportar essa realidade onírica para o dia-a-dia do futebol luso. Sem esforço, de forma pragmática, somos capazes de colocar nomes nas fadas e príncipes, mas também nos monstros e bruxas que fazem do futebol português um mundo mal frequentado…

Ora, sem mais preâmbulos, sempre me habituei a venerar os atletas azuis e brancos, esses guerreiros míticos e mágicos, que lutam, num mundo de trevas, contra as hordas maléficas, actualmente comandadas por uma bruxa com tiques leninistas, herança de uma educação comunista, e por um híbrido, metade homem, metade australopiteco, possuindo características físicas que o tornam numa versão moderna do Dumbo. Se, hoje em dia, sabemos de cor, nomes, idades, altura, peso e demais características que fazem a delícia do Gabriel Alves que existe em todos nós, resolvi vasculhar o passado…

Sim, porque bem lá para trás, recuando dentro da máquina do tempo, sempre existiram figuras ímpares, que usaram o manto sagrado do Dragão. Homens de talento invulgar, que contribuíram para a elevação do nome do nosso venerado clube. Nomes de sempre, gravados de forma indelével na história, que ganharam uma dimensão mítica. Apenas e só uma mágoa. Nunca os ter visto jogar…

Venham daí, estão convidados a virem comigo, nesta viagem ao mundo mágico do Dragão. Apertem os cintos e embarquem nesta nave, que nos fará recordar. Primeira paragem…

Artur de Sousa PINGA

Reza a história que faltavam dois dias para o Natal. Estávamos no ano de 1930. Acabado de chegar do Funchal, onde espalhara o perfume do seu futebol, Pinga não demoraria muito a revelar os seus atributos, no novo clube. Considerado um virtuoso do esférico, hábil em fintas e em ludibriar defesas com golpes malandros, era também um rematador portentoso. Auferindo a astronómica quantia, para a época, de 500 escudos mensais, Pinga rapidamente caiu no goto dos adeptos, tornando-se mesmo a estrela da companhia. Se a adaptação ao novo clube foi célere, na Selecção das quinas nem se fala. Estreando-se num particular frente à Espanha, foi elogiado por toda a crítica presente, coleccionando mais 20, depois dessa, chegando inclusive a capitanear, por duas vezes, a equipa portuguesa. No Porto, contribuiu de forma decisiva para os títulos nacionais de 1934/35, 1938/39 e 39/40, sagrando-se em 1935/36 no melhor marcador do campeonato, com 21 golos…em 14 jogos. Ficou conhecido como um dos “diabos do meio-dia”, apodo que lhe ficou do jogo em que o Porto, ao meio-dia, defrontou o First de Viena, considerada a equipa-maravilha da Europa, deslumbrando todos com uma exibição maravilhosa. Ficam as palavras da imprensa da época, no jogo da sua despedida:

“A 7 de Julho de 1946 realizou-se a festa de despedida de Pinga. Chorou-se de emoção quando ele, lágrimas nos olhos, verdadeiramente sucumbido em presença da manifestação que lhe fora prestada, abandonou o Estádio do Lima. Ninguém resistiu. Estrugiram as palmas. Pinga sem conseguir falar para agradecer, sem forças para se retirar do campo, e o público de pé, galvanizado, acenando-lhe com lenços, gritando o seu nome, embora muitas gargantas estivessem abafadas com soluços. Nunca o Porto vivera momentos assim…”

Pinga faleceu em 1963, vítima de cirrose. A bebida, se muitas vezes é o néctar dos deuses, também pode ser a perdição dos génios. Como Pinga.

Avancemos um pouco no tempo. Para conhecer um dos "monstros" sagrados da baliza. Indefectível portista,

Frederico Barrigana

Possuía uma aura só comparável, nos dias de hoje, à veneração sentida por Vitor Baía. O "mãos de ferro", como ficou conhecido, nasceu em Alcochete, tendo iniciado a carreira profissional no Montijo e passado, depois, pelo Sporting. Foi no entanto no Porto que as suas qualidades foram depuradas. Contrastava na baliza, fazendo da irreverência um contraponto à sobriedade que então distinguia os demais guarda-redes da altura. Fazia questão de se engalanar, como se fosse para um baile, cabelo penteado de brilhantina, à...artista de Hollywood. Orgulhoso, proclamava que "elas dizem que pareço um manequim". O nosso "pinga-amor" jogou, de azul e branco vestido, doze épocas, nunca tendo conseguido, no entando, o título de campeão nacional. Apesar disso, as suas fantásticas exibições, onde aliava a espectacularidade a um estilo felino e elástico, valeram-lhe, para além de inúmeros elogios, a guarda das redes da Selecção das Quinas.Também aqui, apesar da qualidade demonstrada, o período que passou na Selecção de todos nós não foi particularmente feliz, a nível de resultados. Ironicamente, Barrigana sai do Porto, dispensado por Yustrich, precisamente na época em que se acabou um jejum de 16 anos, em 1956.

Dele se conta também que era homem de enorme coragem e sangue frio, capaz de enfrentar perigos com um sorriso no rosto. Num célebre jogo na Tapadinha, entre o Atlético e o Porto, que os Dragões venceram por 2-0, os ódios revoltearam à volta do recinto do jogo. Uma turba em fúria, espumando fel e lançando remoques, dificilmente sustida pela polícia, que limitava o perímetro, para os portistas chegarem em segurança ao autocarro. Temerosos, os jogadores do Porto não se atreviam a sair do estádio, temendo pela integridade física, com os apupos e insultos a avolumarem-se. Até que, como se passeasse em família, um vulto enorme cruzou os portões. Impávido, caminhando lentamente, de cigarro no canto da boca, um trejeito gozão a deformar-lhe os lábios, Barrigana deu o "peito às balas", mostrando a verdadeira raça de um portista. Todos chegaram incólumes, mas aquela atitude, de desafio, calou bem alto no coração de todos os que a presenciaram. Era assim Barrigana...

ps - espero que tenham gostado. A mim deu-me um gozo especial vasculhar memórias, consultar arquivos e pesquisar dezenas de livros para resgatar do limbo do esquecimento jogadores marcantes da história portista. Para já, estes dois, mas brevemente outros se seguirão, num merecido tributo a quem jogava, muitas vezes, por amor à camisola. Outros tempos...

Viu-se contra o Liverpool que a manta é curta

‘Nortada' do Miguel Sousa Tavares

Obrigado, Carlos Carvalhal!

Não fosse a atitude, a estratégia e a coragem do Vitória de Setúbal em Alvalade, e a incrível maratona futobolístico-televisiva do final do dia de domingo - a ter de ver, por dever de ofício, os três grandes sucessivamente - teria sido uma verdadeira penitência. Mas, graças, antes de mais, à prestação do Vitória, do princípio ao fim do jogo, o Sporting-Setúbal acabou por ser um jogo vivo, emocionante e mutuamente bem jogado em grande parte do tempo. Dou os parabéns a Carlos Carvalhal, porque:

- É a segunda vez consecutiva que vejo jogar o Vitória: primeiro, deu uma lição de bola ao Braga, agora pôs o Sporting em respeito e em Alvalade;

- Vê-se que está ali muito treino, muito trabalho e uma aposta prévia na coragem: como todas as equipas, o Vitória joga para o resultado, mas a forma de lá chegar é tentando jogar bom futebol e não o oposto, o anti-futebol;

- Empatado ou a ganhar em Alvalade, o Vitória nunca abdicou dos últimos cinquenta metros do campo, nunca desistiu do contra-ataque, com dois, três ou quatro jogadores. De cada vez que o Sporting chegou à igualdade, imaginou-se que o Vitória se iria recolher de vez atrás e deixar-se de veleidades. Mas, não: manteve o Sporting em alerta até mesmo aos descontos.

- Quando teve de defender, o Vitória defendeu com cabeça e organização, não chutando a bola para a frente de qualquer maneira, não recorrendo às faltas sucessivas, nem às lesões simuladas nem às perdas de tempo. Até ao fim, acreditou que, para defender bem, tinha de manter a cabeça fria e a capacidade de continuar a assustar o adversário.

- Longe de se limitar a preocupações defensivas, Carlos Carvalhal estudou uma estratégia para chegar ao golo, mesmo no terreno da equipe que tem, provavelmente, a melhor defesa do campeonato. E chegou lá duas vezes, com muita inteligência e premeditação — embora o segundo golo do Vitória tenha sido metade da autoria do Mick Jagger, graças ao estado lastimável em que o concerto dos Stones deixou a relva de Alvalade.

- Enfim, o Vitória e o seu treinador tiveram ainda o grande mérito de obrigar o Sporting a jogar o seu melhor futebol para evitar a derrota e conseguiram ainda que, por uma vez, sem ter ganho, os responsáveis sportinguistas não se tenham desculpado com a arbitragem (também era o que faltava depois de terem beneficiado das duas decisões mais controversas do jogo!).

Manda pois a sinceridade que se diga igualmente que foi muito boa a segunda parte do Sporting, a velocidade que conseguiu pôr no jogo e a vontade de vencer, expressa até ao último sopro do desafio. Por aquilo que fez e que lutou, o Sporting também não merecia ter perdido e deu uma importante demonstração da sua vontade de forçar o destino.

A qual, por exemplo e em contraste, esteve notavelmente ausente da exibição do Benfica em Braga. Aliás, e com a responsabilidade distribuída por ambas as equipas, diga-se que o Sp. Braga-Benfica foi um jogo quase indecente, de total falta de respeito pelos espectadores e pelo espectáculo. E, todavia, estavam ali reunidas todas as condições para um bom jogo: um estádio maravilhoso e cheio, uma relva impecável, um fim de tarde de temperatura ideal e duas equipas com anunciadas aspirações de serem uma o campeão e outra o mais perigoso outsider do campeonato. Em vez disso assistiu-se a um jogo deplorável de falta de classe e de ambição, sem oportunidades de golo e praticamente sem uma única boa jogada, de princípio a fim. Sem desculpa.

O mesmo mau futebol viu-se também no Paços de Ferreira-FC Porto, mas aqui com uma desculpa pertinente: é quase impossível jogar-se bom futebol naquele terreno. Há três ou quatro campos na Primeira Liga, com dimensões reduzidas, sem espaço nas laterais e com relvados que, assim que começa a chover, transformam o jogo numa lotaria, que estão claramente a mais numa competição onde os preços dos bilhetes fazem supor que se vai assistir a futebol de primeira. A verdade é que vemos pela televisão inúmeros jogos em estádios de clubes menores da Espanha, Inglaterra, Itália ou Alemanha, e em nenhum deles vemos campos destes. Como já aqui tenho escrito várias vezes, a tradicional tendência dos nossos jornalistas desportivos para tomarem partido pelos Davids contra os Golias (e no caso, defrontavam-se o mais pobre e o mais rico orçamentos da Primeira Liga), leva a adulterar a leitura da relação de forças em presença: em campos como o da Mata Real, os grandes não gozam de favoritismo algum. Pelo contrário, o seu futebol, que precisa de espaço como todo o futebol bem jogado, é manietado à partida e tem de se adaptar a um futebol de combate, de ressaltos, de pontapé para o ar, a que os anfitriões estão muito melhor adaptados e habituados. Foi o que fez o FC Porto, que soube ainda aproveitar duas das quatro oportunidades de golo de que dispôs. O Paços não teve nenhuma e, por isso mesmo, perdeu. Ao contrário do que disse José Mota, as coisas não estiveram equilibradas no relvado supostamente porque o Paços se teria equiparado ao FC Porto. O FC Porto é que teve de se equiparar ao futebol que o campo consente. Jogou forte e feio: tão feio como o Paços, mas mais forte.

E Jesualdo Ferreira lá segue, com o notável registo de cinco vitórias nos cinco primeiros jogos do campeonato. Numa altura em que, apesar do brevíssimo tempo de demonstração que lhes tem sido concedido, mais se acentua a ideia de que, excepção feita a Leandro Lima (com dez minutos em jogo fez mais que Raul Meireles numa hora), os doze reforços da época foram um tremendo flop. Escrevi na época passada, que o FC Porto era uma equipa desequilibrada: tinha três jogadores excepcionais, quatro bons e o resto era mediano ou medíocre. Esta época, penso que tem um excepcional, quatro ou cinco bons e os outros perfeitamente banais. Viu-se, na terça-feira passada, contra o Liverpool, que a manta é curta e que a falta de ambição aí demonstrada é o reflexo da falta de crença da equipa em si mesma. Uma equipa que confiasse no seu valor, não se teria deixado tolher pelo medo, sobretudo quando percebeu que o adversário estava em noite não e, mais ainda, quando o viu ficar reduzido a dez unidades.

Aliás, toda a jornada europeia, saldada pela incrível mas previsível hecatombe de um empate e seis derrotas, foi eloquente de como o nosso futebol de clubes está cada vez mais longe do top europeu. Não é em vão que os melhores jogadores do campeonato, aqueles que verdadeiramente fazem a diferença, vão saindo, ano após ano. Em minha opinião, este ano e para além do caso especial de Rui Costa, restam dois grandes jogadores e não mais do que isso: o Liedson e o Ricardo Quaresma.

Nada de novo no reino da Dinamarca. Como seria de esperar, a Federação Portuguesa de Futebol apoia e presta-se a ajudar o seleccionador na sua demanda com a justiça da UEFA. Como vem sendo hábito, também, Gilberto Madail não aceita responder a perguntas e, apenas por pró-forma, a Federação anuncia que mantém em curso um «auto de averiguações» (como se ainda houvesse alguma coisa para averiguar…) e para depois dizer também da sua justiça.

Há quem pense que Scolari devia sair já e há quem pense que isso seria um gesto de tremenda ingratidão e injustiça. Eu penso que a decisão certa foi esta: mantê-lo, pelo menos, até ao final da fase de qualificação e responder então pelo resultado. Não ignoro que, para isso, Madail teve de dar algumas cambalhotas jurídico-éticas (e daí o seu silêncio), teve de fingir que as desculpas de Scolari não foram um amontoado de mentiras e contradições, que o seu gesto sobre o jogador sérvio não era previsível face a comportamentos seus passados (quando, por exemplo e perante o silêncio cúmplice dos restantes jornalistas presentes, insultou ordinariamente uma jornalista culpada de lhe ter feito uma pergunta de que não gostou), e teve de deixar sem explicação a contradição insanável entre a justiça «exemplar» aplicada ao miúdo Zequinha e a justiça compreensiva aplicada ao seleccionador. Mas, mesmo ponderando tudo isso, continuo a achar que a melhor saída é fazer de conta que só a UEFA é que tem que ver com o assunto, deixando que, na prática, seja Scolari o responsável pelo êxito ou fracasso da qualificação europeia. Só de imaginar o que se diria se ele fosse agora substituído e depois não nos qualificássemos!... Mas é evidente que Scolari sabe que está com pena suspensa internamente: se falhar a qualificação, não há quem lhe valha. A bola está do lado dos jogadores que tanto o apoiam.

# jornal “A BOLA” de 2007.09.26
# origem: blog "Sou Portista Com Orgulho"

26 setembro, 2007

Concorrência precisa-se

Sim, é verdade que a procissão até, se calhar, nem sequer chegou ao adro mas pelo andar do metro de superfície (leia-se carruagem), arrisca-se a que a habitual perseguição perca os seus contornos de interesse e se torne numa marcha solitária.

Claro que não é, ainda, altura de embandeirar em arco mas apenas de disfrutar o momento.

Espera-se, no entanto, que o recém-chegado D. Sebastião não se perca lá para os lados de Alcácer Quibir, que se resolvam os problemas do relvado de uma vez por todas e que se explique(m) ao(s) guarda-rede(s) que afinal pode(m) defender com as mãos. A Ber Bamos mas fica o anúncio pedindo um pouco mais de competividade aos nossos adversários.

Quarta-feira é a estreia na Taça da Liga, onde afinal todos, incluindo aqueles que assumiram publicamente que não iriam participar em jogos de enfeite e em operações de cosmética, vão participar. Calha-nos o Fátima e não sei porque tenho sempre um certo receio destes jogos. Idem aspas a Ber Bamos mas fica o pedido de respeito e ganas de vencer, até porque no Sábado temos o Boavista.
Isto tudo dentro do campo.

Fora das quatro linhas ficamos a saber das divergências implícitas entre a PJ e o DIAP do MP de Lisboa no caso Mantorras. Fica, para os mais distraídos, a transcrição total da notícia para que cada qual tire as suas próprias conclusões (talvez até seja um bocado comprida, mas convém que a leiam e releiam, se necessário, com atenção redobrada). Um zelo imenso, ou mesmo a mais, em investigações douradas e pouco, ou falta do mesmo, noutras. Estas últimas com artes de magia, contas de sumir e de uma cor diferente.

Ministério Público travou PJ no caso Mantorras

A Polícia Judiciária (PJ) queria prosseguir a investigação do designado caso Mantorras, em que eram visados o presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, e os empresários Jorge Manuel Mendes e Paulo Barbosa, mas o Ministério Público de Lisboa optou por arquivar o caso sem atender a uma proposta de quebra de sigilo bancário de duas contas sedeadas em paraísos fiscais. Em causa estava a averiguação da identidade dos verdadeiros beneficiários de cerca de 750 mil euros provenientes da venda, ao Alverca, de 50% do passe do futebolista que ainda eram propriedade da empresa de Jorge Manuel Mendes.

Esta foi uma das divergências implícitas entre a PJ e o Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) do MP de Lisboa, liderado pela procuradora Maria José Morgado. Outra foi a circunstância de, no despacho final do processo, datado de 6 de Setembro, o MP apenas ter apreciado o eventual crime de participação económica em negócio enquanto a PJ catalogou a investigação em redor também do ilícito de peculato e eventual fraude fiscal.

De acordo com informações recolhidas pelo JN, a PJ estava a averiguar todos os fluxos financeiros decorrentes dos direitos sobre o passe do jogador angolano - sobre o qual, recorde-se, houve a suspeita de que Vieira se teria apropriado de parte das verbas, por ter sido dono de 60% do passe e ter tido intervenção no negócio enquanto líder do Alverca e gestor do Benfica - e deparou-se com uma declaração falsa por parte de Jorge Manuel Mendes, que seria descoberta após o levantamento do sigilo bancário de uma conta das ilhas Caimão da "off-shore" "Almond".

Conta descoberta
Por 50% do passe de Mantorras, este empresário recebeu 1,6 milhões de euros e desse dinheiro transferiu 750 mil euros para a referida Almond. De seguida, fez constar na contabilidade da PGD, a sua empresa portuguesa localizada em Coimbra, que essa verba seria para pagar a um empresário do Paraguai de nome Francisco Ocampo, com vista à aquisição de parte dos direitos de dois jogadores paraguaios.

Acontece que, depois destas declarações de Mendes no processo, o sigilo bancário da conta da Almond nas ilhas Caimão foi levantado e a PJ descobriu que os titulares da conta eram o próprio empresário e a mulher e não qualquer emissário do Paraguai. Confrontado pela PJ com esta descoberta da investigação, Jorge Manuel Mendes remeteu-se ao silêncio.

Dinheiro repartido
No mesmo procedimento de quebra de sigilo, os investigadores detectaram que os 750 mil euros foram desdobrados em duas tranches de 324 mil euros que seriam transferidas para contas de duas outras sociedades de paraísos fiscais a Minshall Management Inc. e a Hervey Management Ltd. As contas destas duas entidades estavam sedeadas em Caimão e na Zona Franca da Madeira. Razão pela qual a PJ sugeriu nova quebra de sigilo, a fim de conhecer os verdadeiros beneficiários do dinheiro e eventualmente confirmar se seriam Jorge Manuel Mendes e um sócio, que entretanto foi viver para o Brasil e nunca foi encontrado pela investigação.

Só que o MP acabou por ignorar esta proposta e optou por arquivar o caso. Conforme o JN ontem noticiou, um dos principais argumentos foi o facto de não terem sido encontrados sinais de fluxos financeiros indiciadores de que Vieira possa ter ganho dinheiro ilicitamente com os negócios de Mantorras. Isto apesar de DIAP de Lisboa ter classificado como sem qualquer credibilidade a versão de Vieira no que toca à data de um contrato de cedência, ao Alverca, de 60% dos direitos sobre o passe de Mantorras de que era detentor em nome pessoal.

Nuno Miguel Maia in Jornal de Notícias
Mais ainda, coincidência das coincidências, outra sobre a dificuldade de se obter informação sobre um titular de uma conta no banco Dexia, no Luxemburgo.

E para terminar uma nota sobre o cancelamento da abertura da Casa do FCPorto em Guimarães. Leiam mais aqui e aqui.

De admirar a maneira com se apoia um clube e até pouca diferença faz o facto de ser ou não ser recebido pelo respectivo Presidente da Câmara, mas apedrejamentos e engenhos explosivos são algo de inaceitável.
Desportivismo precisa-se.

Saudações
Estilhaço

E se... porque não?

Depois do tiro ao capacete em Dez-2006 e do levantamento do copo em Jun-07, estão lançadas as bases para mais uma jornada de confraternização do blog BiBó PoRtO, carago!, que se vai realizar no próximo dia 07 de Outubro, num qualquer pinhal perto de si, esperando-se apenas que um tal de S. Pedro não se lembre de pregar nenhuma partida de última hora.

Mais uma vez, os objectivos passam essencialmente por promover o convívio e boa disposição entre todos os participantes e respectivas famílias, e porque não até, reviver velhas ‘tradições populares’? Quem não se recorda do tiro ao alvo, do jogo das latas, do jogo das argolas, do jogo da malha, do jogo do saco? Pois é, muitos de nós e de vós, concerteza.

E prontos, fica aqui formulado o convite a todos os visitantes/leitores deste blog que (alguns) pretendam repetir ou (outros) participar pela primeira vez em mais uma das nossas jornadas de confraternização.

Por motivos óbvios, o local de confraternização será mantido em segredo, pelo que os participantes apenas serão informados do ‘destino’ na hora de partida que se prevê vá acontecer manhã bem cedo em local a comunicar oportunamente aos até lá inscritos.

O prazo limite para inscrições é o dia 28 de Setembro (6ª feira), pelo que caso pretendam participar, bastará para tal contactar-nos para o endereço electrónico blogdoblueboy@gmail.com com indicação dos vossos dados, contactos e número de participantes. Na volta, prestarei todas as informações consideradas estritamente úteis até ao ‘tal’ dia de partida.

Pela nossa parte, apenas podemos prometer uma coisa: “mais um fantástico dia pleno de convívio e boa disposição que nos espera!”... o resto, depende unicamente de vocês!

25 setembro, 2007

Pavilhão para quando?

Em 23 de Abril deste ano foi lançada a 1.ª pedra do novo pavilhão desportivo do FC Porto. O Dragão Caixa, situado junto ao Estádio do Dragão e nas imediações daquela estação do Metro do Porto, é um equipamento apenas direccionado para o desporto e albergará as modalidades do clube, o hóquei em patins, o andebol e o basquetebol. Com 2007 lugares sentados, o novo pavilhão do FC Porto, que deve estar construído no final de 2008, tem como arquitecto responsável Manuel Salgado, também "criador" do estádio do Dragão sendo tornado público que as obras se iniciariam em Julho deste ano (2007).


O Presidente Pinto da Costa anunciou que no seu novo mandato este projecto será o seu principal desafio. O Lucho e muitos outros sócios do Porto na tarde de 20 de Maio (dia do decisivo Porto/Aves) votaram em mais umas eleições com lista única. O nosso general, algo fragilizado pelos ataques que tem sofrido, merecia a nossa renovada confiança. Até aqui tudo bem. O pior vem agora.


As obras, segundo creio, não se iniciaram em Julho. Nem sequer em Setembro. Não passo naquela zona todos os dias, mas segundo informações recolhidas o matagal daquele terreno continua intacto. Eu e muitos outros sócios do FCPorto gostamos tanto de hóquei, basquetebol ou andebol como de futebol. Aqueles homens que jogam em Fânzeres, Matosinhos ou Santo Tirso merecem o respeito e merecem o esforço de todos e justificam que neste blog, nesta minha crónica, deixe este alerta à Direcção do FC Porto. A forma como aqueles heróis defendem aquela camisola merece este meu alerta. Sou apenas sócio do Porto, mas como eu há muita gente insatisfeita com esta situação que espero seja resolvida o quanto antes. Poderia aqui também abordar o Museu do Clube que está por construir, mas venha primeiro o pavilhão e depois falamos. E já agora, quando é que vai acontecer o jogo de homenagem ao nosso símbolo Vítor Baía? Não era para ser antes do início da época?

Primeiro troféu nas «vitrines» das Antas
Na tarde de sábado, o FCPorto iniciou oficialmente a época 2007/08 no hóquei em patins e começou logo a ganhar. Na final da Supertaça Nacional «António Livramento» o FC Porto (hexacampeão Nacional) bateu o Hóquei de Cambra (vencedor da Taça de Portugal) por 5-1. O jogo foi no pavilhão do Infante de Sagres e não teve transmissão televisiva o que mais uma vez torna claro o mau serviço público da RTP, apenas interessada quando o «SLB» é interveniente nas competições. Quanto ao jogo a vitória do Porto é incontestável com o reforço Caio a bisar e a ser a estrela do jogo. Os outros golos foram de Figueira, Ventura e Garcia num jogo em que Franklim Pais aproveitou para dar ritmo a outros jogadores. Esta foi a 25ª edição da supertaça Nacional sendo a 15ª (3ª consecutiva) ganha pelo FCPorto. As outras 10 foram para Benfica (5), Barcelos (4) e Sporting (1). Uma hegemonia clara do Porto neste como noutros desportos. Sábado inicia-se o campeonato com o FCP a receber a Juv. Viana.

Em Santo Tirso a ver o Andebol
No sábado, o Lucho tirou a tarde para ir a Santo Tirso ver ao vivo o Andebol do FCPorto nesta 2ª jornada do campeonato. Uma assistência razoável numa tarde tranquila para os Dragões. O FCPorto bateu o São Bernardo por 36-27, diferença de 9 golos consolidada na parte inicial da 2ª metade. O equilíbrio da 1ª metade (17-15) foi eliminado na 2ª parte com uma postura defensiva mais rigorosa continuando o bom jogo ofensivo já demonstrado na 1ª metade. Eduardo Filipe é o motor desta equipa mas Tiago Rocha e Pedro Solha também se destacaram. O ponta direita Jorge Ribeiro foi uma boa surpresa e o jovem Bosko também demonstrou excelentes pormenores. Mas a qualidade de Eduardo Filipe deixa qualquer um com «água na boca». No jogo grande da jornada o Sporting perdeu de forma clara com o ABC por 18-28. O FCPorto volta a jogar já amanhã nos Açores com o Sp.Horta (3ª jornada). Domingo (16h) em Santo Tirso temos a 1ª mão da 2ª eliminatória da Taça das Taças frente ao Panningen da Holanda.

Treinador da Semana: Franklim Pais
Jogador da Semana: Eduardo Filipe

(*) quanto ao treinador, penso que a conquista do 1º trofeu oficial da temporada justifica a nomeação, já quanto ao jogador escolhi o Eduardo porque demonstrou ser uma clara mais valia no jogo ofensivo da equipa azul e branca, no entanto, Tiago Rocha também mereceria a distinção...

Lisandro decisivo num domingo de muita azia lá para baixo
Na terça feira fui ao Dragão ver o FCP/Liverpool (1-1) e assisti a um jogo em que Jesualdo foi conservador em demasia e assim se perdeu uma oportunidade de ganhar ao vice-campeão Europeu. Mas fomos os únicos Portugueses a pontuar nesta jornada Europeia. Este domingo ganhamos em Paços de Ferreira (0-2) com um bis de Lisandro e aproveitamos os deslizes dos outros 2 grandes. E lá seguimos isolados na frente com 5 e 6 pontos de avanço sobre os nossos rivais, a uma semana dos derbies FCP/Boavista e SLB/SCP. Em Braga o Benfica defendeu-se (0-0) e em Alvalade o SCP empatou (2-2) com um penalty duvidoso tendo ficado um por assinalar a favor do Setúbal. Por isso, esta semana não se fala de arbitragem. O FCP estreia-se amanhã na Taça da Liga (19.15h sptv2) em Fátima. Nas camadas jovens do FCP, êxito total este fim de semana, só vitórias. Aliás, este fim de semana, ganhamos em tudo o que é desporto. Menos no futsal, que não temos, mas onde o Benfica até perdeu.

E pronto, até para a semana.

Saudações azuis e brancas,
Lucho.

23 setembro, 2007

'Paços' certos rumo ao pleno

competição: bwin LIGA 2007/08, 5ª jornada
data: 23.09.2007
local: Estádio da Mata Real, em Paços de Ferreira
assistência: 3.500 espectadores
fc porto: Nuno; Bosingwa, Bruno Alves, João Paulo, Jorge Fucile; Paulo Assunção (Sektioui, 83m), Raul Meireles (Bolatti, 63m), Lucho Gonzalez; Quaresma, Edgar (Leandro Lima, 57m) e Lisandro Lopez.
golos: Lisandro Lopez (11 min, 67 min)

5 jogos, 5 vitórias, 15 pontos, 4 vitórias onde na época passada não vencemos, invencibilidade e pleno! Que mais poderíamos pedir nesta altura da bwin LIGA? Nada, digo eu. Lisandro, tal como na semana passada, voltou a ser os «ás de trunfo» que desbloqueou mais uma vitória, ao apontar os 2 golos sem resposta por parte dos azuis-e-brancos frente aos pacenses, que mais uma vez, com um plantel de tostões, deu excelente réplica ao FC Porto.

O Prof. Jesualdo Ferreira, quando se pensava ir pela primeira vez manter o onze em duas jornadas consecutivas, voltou a mexer, deixando de fora, quanto a mim, a par de Lisandro, o jogador mais influente na frente de ataque, Tarik de seu nome, preterido em desfavor de Edgar. Uma questão de ‘nomes’, porque de facto, há prima-donas que actualmente podem fazer menos, muito menos, mas porque são o X ou o Y, a titularidade está sempre garantida, faça o que fizer, corra o que correr, traga algo de útil ao colectivo ou não traga. Uma questão de ‘nomes’

E aqui, retiro o chapéu ao trabalho de Edgar, que lançado às feras, deu trabalho, muito trabalho à defensiva dos castores, dominando o espaço aéreo, fruto da sua estatura e jogo de cabeça. Não me desiludiu, se me faço entender.

Com uns primeiros 15 minutos de muito pressing e futebol bem jogado por parte dos azuis-e-brancos, foi com alguma naturalidade que o FC Porto chegou ao 0-1, estavam decorridos 11 min de jogo, quando Bruno Alves no lado esquerdo do ataque, em esforço, consegue assitir Lisandro no interior da área que de primeira, remata um forte pontapé que não deixa qualquer hipóteses ao guarda-redes adversário.

É um facto que a partir deste momento, os tais 15 minutos de jogo, os castores, fruto de um enorme voluntarismo colectivo, conseguiu equilibrar o jogo e começou a conseguir criar alguns lances de perigo próximos da baliza à guarda de Nuno.

E o jogo foi-se arrastando nesta toada de grande equilíbrio, até que se atingiu o final da 1ª parte, com uma vantagem portista de 0-1.

Para os segundos 45 minutos, e com o jogo a manter-se num igual ritmo de grande equilíbrio, apesar de o FC Porto tentar o controle do jogo, sem de facto o conseguir, diga-se de passagem, o que só veio embelezar ainda mais esta vitória.

Já com Leandro Lima e Bolatti em campo, ocupando os lugares de Edgar e Raul Meireles, o FC Porto consegue chegar ao segundo golo, estavam decorridos 67 min de jogo, quando Lisandro desmarcado pela direita do ataque por Leandro Lima, remata à saída do guarda-redes adversário, que mais uma vez, nada podia fazer. Estava feito o 0-2.

A partir daqui, digamos que o jogo terminou em termos de luta pelo resultado, já que nem os da casa tinham forças para ir atrás do prejuízo, nem os azuis-e-brancos se esforçavam mais, procurando gerir esforços até ao apito final do jogo.

E assim acabou o jogo, com um resultado positivo de 0-2 para o FC Porto, num campo tradicionalmente difícil para qualquer adversário, e que veremos quem lá vai passar.

azul + : Lisandro Lopez (man of the match), Paulo Assunção, Lucho e Edgar

azul - : mais uma vez, Ricardo Quaresma, porque ele vale mais, muito mais do que tem mostrado nos últimos jogos e valha a verdade, já me começa a irritar a insistência em marcar tudo o que é cantos e livres, sempre inconsequentes.

arbitragem: Olegário Benquerença (Leiria), realizou uma arbitragem discreta, mas com 2 erros, um deles de bradar aos céus para os que tanto gostam de falar num tal de ‘apito’… primeiro, um fora-de-jogo tirado a Lucho ainda na 1ª parte que não lembra ao diabo (mas aqui, a culpa é maior do assistente); agora, no seguimento do lance do 2º golo do FC Porto, assistir à peitaça no ar de Peçanha contra o árbitro, e ver este com uma cara de quase “perdoe o facto de eu me ter colocado na sua frente”, diz quase tudo da qualidade dos árbitros portugueses. E depois, ainda vêm com tangas de «apitos», tenham vergonha, é o que é, carago!

22 setembro, 2007

De volta à normalidade

O último jogo não foi dos melhores que já tivemos esta época principalmente a nível de resultados, mas na Mata Real temos de voltar à realidade, ou seja, voltar a vencer. Se somos (bi)campeões, temos de prová-lo e isso faz-se com vitórias.

Na temporada passada, o jogo da Mata Real foi complicado e acabou com um empate a uma bola, mas este ano não vamos facilitar. Nesta época, já matámos muitos fantasmas da época transacta e domingo vamos enterrar outro.

Temos algumas ausências forçadas, principalmente a de Hélton para a baliza, não que Nuno seja um mau guarda-redes, mas todos sabemos que o Hélton quando quer, ultrapassa todas as expectativas. Para o lugar do João Paulo apostava no Stepanov para companheiro do Bruno Alves, porque afinal de contas, quero ver se aquele dinheirinho todo foi bem gasto ou não. É que bem pensando, este ano não gastamos assim pouco dinheiro.

Queria também aquele Quaresma que nos faz delirar, aquele Lisandro que não desiste e não perdoa, a irreverência de Tarik (embora esteja numa altura complicada devido ao ramadão). O nosso meio campo já joga de olhos fechados, tão bem que se dão entre si, Raúl Meireles, Lucho e Paulo Assunção devem ser dos trios mais simples que já vi, com eles não há invenções. Fucile num lado e Bosingwa do outro a mostrarem aquela raça e o querer a que estamos habituados.

Quanto ao Leandro Lima gostaria de pelo menos vê-lo no banco e também não me importava de ver um Farías que "teclasse" os guarda-redes adversários.

Lutem pela vitória rapazes, porque a qualidade... essa está em vós.

ps – Sr. Jesualdo, se meter o Mariano lá dentro, encoste-o a uma linha que já todos vimos que ele não é o organizador de jogo que o senhor tanto espera. Esse organizador... andamos a sonhar com um tal de Leandro Lima.

pps –
[nova actualização] [CoNtRa dOSsiEr] "o apito Bermelho" com upload de 6 novas imagens (total: 177 slides)… passem por lá para confirmar.


Escrever

Nada melhor que escrever!

A escrita lembra-nos o que fomos, o que somos e que o futuro nos pertence. A escrita permite assentar ideias e contradicções... , para poder construir um porvir melhor.

Pouca diferença existia entre um Lusitano, um Gaulês ou um Tupi antes da escrita. Tudo era oral e a memória andava aos trambolhões.

Nada melhor que poder fixar a memória!

Obrigada escrita! Obrigado escrita! A língua Portuguesa não é tão machista como o querem fazer entender.

Já imaginaram, um curto instante, que o jornal “Abola” tem arquivos? Mas será que estão abertos à pesquisa? Será que ainda existem?

Certos historiadores, e não só, preferem o termo “regime autoritário”, para designar o Salazarismo. Mas era um regime fascista . Não deixa de ser questionante a ordem de Salazar em mandar hastear as bandeiras Portuguesas aquando da morte de Hitler! E, é claro, nem é preciso citar, a maneira como Salazar tratou Sousa Mendes, sem dúvida, o maior Português de sempre.

Nada melhor que poder fixar a memória!

Saudosos tempos em que o Benfica vinha jogar a Colombes para “acalmar” as reivindicações da emigração Portuguesa. Saudosos tempos em que o Benfica vinha vender o regime em Colombes.

Nada melhor que poder fixar a memória!

Um “magriço”, em 1966, partiu a perna do melhor jogador do mundo? Isso é propaganda! Tens é que ler “A Bola”. O jornal “L’Equipe” não percebe nada de futebol.

Nada melhor que poder fixar a memória!

Para poder escrever: “Bibó Porto Carago”!

É que se trocamos os B's pelos V's, é porque temos escrita para o poder fazer! E já ninguém desconfia que “trocamos os bês pelos vês” (Rui Veloso).

PortoMaravilha

21 setembro, 2007

Let's looka étatraila

Era assim que Lauro Dérmio, aquela impagável personagem, criada no auge da sua verve humorística por Herman José, se referia no decurso da sua profissão de comentador de cinema, ao analisar as estreias semanais.

Este revivalismo tem a sua razão de ser. Foi um amigo que me chamou a atenção para um folhetim que anda a ser publicado, diariamente, num "insuspeito" jornal cá da paróquia. Sem grande dificuldade, pois os pasquins cá do sítio, ao contrário dos da velha Albion, contam-se pelos dedos, já devem ter descoberto que me refiro ao "Correio da Manhã". Como ainda estamos, cronologicamente falando, dentro dos limites temporais da "silly season", achei inicialmente que a notícia para a qual fui alertado continha as típicas características, para ser encarada com indulgência. Mas não. Nisto, o "Correio da Manhã" não brinca em serviço. Nem prima pela originalidade, mas isso é outra história. A culpa, quanto a mim, é de vários factores: Portugal estranhamente não arde, este Verão, Bush ainda não invadiu mais nenhum incauto País, nem existem ministros que cometam atentados ao pudor, numa qualquer praia algarvia. Vai daí, também não será justo exigir mais dos pobres escribas do jornal, pois não?

Como alguns de nós já se aperceberam, o acompanhamento mediático do filme de João Botelho, com argumento dessa musa da nação, a Leonor Pinhão - para quando uma plástica nessas fuças, baby? - tem sido seguido, a par e passo, pelo jornal do grupo Cofina. Diariamente - diariamente, todos os dias, diria Lauro Dérmio - lá está um espaço generoso guardado gentilmente por um jornalista pressuroso.

O título diz tudo. O olhar de Virgílio Castelo também. Um pormenor que faz toda a diferença. Os nomes das personagens: "Sofia", "Dono do Bar" e "Vice-Presidente" aparecem entre aspas. Curioso. Deve ser para o caso de pensarmos que aqueles são mesmo os nomes reais.

O acompanhamento da rodagem é de uma minúcia única, de fazer inveja às revistas especializadas, ou mesmo aos míticos "Cahiers du Cinema". O filme de João Botelho corre sérios riscos de ser o mais visto, mesmo antes de ter estreado. Convenhamos que o enredo é suficientemente apelativo para colocar a "malta do naprôn"* a salivar...

Mas a Notícia - assim mesmo, com maíuscula - é a que se segue, com o tratamento destinado a vedetas do meio ou qualquer contratação galáctica no mundo do futebol. Ora atentem:

Leram bem? Qual Tom Cruise, qual Brad Pitt, o nome ventilado pela imprensa, num exclusivo nacional, é a "star". Ele mesmo. O principal ponta de lança benfiquista, durante anos a fio a porfiar na Liga de Clubes, fazendo um trabalho de sapa na defesa intransigente do seu clube, muitas vezes ao arrepio das mais elementares regras de imparcialidade e equidade - mas isso não importa aos impolutos deste país - tem agora o reconhecimento do seu trabalho. Figurante numa super-mega-hiper produção, ele vai entrar, qual Floribella do celulóide, quiçá a caminho do estrelado, sonhando com a meca do cinema, lá longe, nos States. E, se um mero figurante, mesmo que seja Cunha Leal, é apresentado com esta pompa e circustância, é porque o filme é bom, não é?

Mas, naquele típico afã de informar, o "Correio da Manhã" não descura nada. Procurando criar um laço com o leitor, seja ele de ocasião ou não, até conseguiu criar um toque novelesco. Como quem diz, as "cenas dos próximos capítulos". Vejam as próximas...

Emocionante, não? "Sofia" desentende-se com um cliente na boate. Isto é simplesmente prodigioso, a nível cénico. Se o argumento for todo desta qualidade, a boçalidade não irá de férias, quando a "obra-prima" estrear.

Com o êxito esperado, João Botelho e a sua musa, a cronista futebolística mais parecida com o Schreck que temos cá no burgo, preparam já a sequela, com novas e bombásticas acusações contra Ele: Jorge Nuno e a sua aliança com Alves dos Reis, na falsificação de notas mais famosa da história, a sua participação no atentado falhado a Salazar e, last but not least, o célebre terramoto de 1755, que escavacou Lisboa a mando dele. A não perder, num cinema perto de si...

* "malta do naprôn": espécie derivativa do homem de neandertal, conhecida por alguns estereotipos casuísticos: gostam de ter o belo do naprôn branco, com aqueles rendilhados, em cima da televisão, passeam em família aos domingos, num qualquer centro comercial, vestidos com os seus garridos fatos de treino, a bela da peúga branca com raquetes, ostentando com orgulho as correntes de ouro ao pescoço. Os espécimes masculinos são também facilmente reconhecíveis por coçarem os tomates em público, terem vários dentes cariados, andarem com um palito na boca, ruminando sucessivamente e por falarem do seu clube de futebol como o "glorioso".

nota: Nunca entendi o fundamentalismo. Sempre abominei que alguns procurassem, através do terror, fazer prevalecer as suas idéias. Abominei as manifestações de extrema violência aquando da polémica dos cartoons, gozando com Maomé. Não percebia a razão para tanto ódio. Até que, num paralelismo não muito rebuscado, vi que eu não sou assim tão diferente deles. Também eu sou visceral nos meus sentimentos. Também eu odeio com intensidade. Também eu defendo a minha religião [o portismo] de forma fundamentalista. Mas, para grande sorte de João Botelho e Cª, Portugal é [ainda] um país de brandos costumes. Pior sorte teve um colega de profissão do cineasta, Theo Van Gogh, assassinado por um muçulmano por causa de um documentário sobre a condição de vida das mulheres no Islão. Imagino eu o que aconteceria ao marido da Leonor Pinhão se vivesse noutro local. Ao atacar assim um dos baluartes desportivos de uma nação, linchando publicamente, à imagem das milícias populares, o seu presidente...

ps - o prazo termina este fim-de-semana para a procura d’uma nova ‘bitaiteira’ para se juntar ao nosso grupo de trabalho… tu, que és menina/mulher e nos lês diariamente, que esperas para nos contactar e te candidatares a tão honroso cargo?

Passatempos 2007/08

Até ao momento, inscreveram-se 23 jogadores em disputa pelo mais que apetecido prémio final, a camisola oficial do FC Porto personalizada e autografada pelo Presidente PdC e por todos os jogadores que compõem o actual plantel.

Concluida a 4ª jornada da bwin LIGA (a 1ª jornada para efeitos do passatempo), destaque para o bom arranque do Luis Martins, com a sua equipa "tuaregs 1; tuaregs2 1", procurando logo no inicio tentar fugir à demais concorrência. Mas ainda é cedo, muito cedo para prognósticos.

A nota negativa da jornada vai para o Xeio_d_Xono, com a sua equipa "Juve Sales", que depois dos festejos pelo 2º lugar na classificação geral pelos seus 54 pts, deu um baita d'um trambolhão, caíndo na última classificação com ZERO pts, apenas porque se esqueceu de 'fechar' o plantel. É caso para dizer: "acordaaaaa, pá!".

ps1 - se pretendem semanalmente umas dicas sobre como fazer o vosso onze titular, nomeadamente: pontos, indisponiveis, lesionados, etc, etc, não podem deixar de passar na zona lateral de links do blog "Oh Pessoal da Corga" (em substituição do MiniLigas da época passada), porque encontram por lá todas as semanas, informação actualizada ao dia dos diversos plantéis da bwin LIGA, que concerteza vos poderá ser muito útil na altura de escolher os vossos onze para essa jornada.

ps2 - não se esqueçam hoje, em limite, até às 18h00, de refazerem as vossas equipas para esta 5ª jornada da bwin LIGA.

Até ao momento, estão 43 jogadores inscritos na nossa liga privada... e tu? que esperas afinal para também te juntares a nós?

Concluida a 1ª jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões, e ao contrário da 'soneca' na outra liga privada, o Xeio_d_Xono não perdoou... pulverizou a pontuação com uns fantásticos 67 pts, muito por obra e graça de Raúl (RMadrid), Fabregas (Arsenal) e Perrotta (Roma), que com os seus golos nesta jornada, e ainda acrescido do primeiro deles ter sido seleccionado 'capitão', não deu hipóteses à concorrência que se limitou a assistir sem reacção. Mas, ainda é cedo, muito cedo!

Nota de destaque também para o facto de nos 5 primeiros classificados, surgirem pessoas que me são bastante próximas: o 'maninho', um colaborador do blog (e já amigo) e por fim, um tal de Abramovich que só pedia mesmo eram uns 'jogadorzitos do Bayern para o plantel' ;-)... ahhh sorte de principiante, carago!

20 setembro, 2007

Jornalismos

Até que se calhar eram merecidas umas linhas sobre os últimos resultados (ou seriam socos?) da selecção.
Ou até sobre o caso da LPM. Já se esfumaram quase 30 dias mas o silêncio sobre o assunto continua ensurdecedor.
E porque não sobre uma entrevista no mínimo curiosa de uma juíza que esteve 11 anos no Tribunal de Instrução Criminal do Porto.
Ou mesmo até sobre o caso Mantorras, recentemente arquivado pelo Ministério Público.

Mas não, definitivamente não vamos abordar um qualquer destes assuntos.
Vamos apenas tentar demonstrar que o dever de um jornalista é divulgar a verdade, o resto é abuso.

A (des)informação, no bom estilo bombástico de 'se amanhã não chover vai estar um rico dia', foi bem 'montada' e, qual apoio aberto e inequívoco à personagem principal de toda a situação, utilizou-se a táctica do dividir para reinar.

Se fosse na perspectiva do Sr. do lado de lá do Atlântico o mauzão seria o Sr. Bin Laden. No Record é o Pinto da Costa que em letras vermelhas e gordas, tal slogan de tempos quentes pós 25 de Abril, 'quer Scolari na rua'. E fez para isso não um, não dois mas sim 3 telefonemas para o telemóvel - desligado - do Presidente da FPF.

Não careceu de confirmação de uma ou mais fontes e mereceu já o desmentido oficial de dois dos envolvidos (será que há dois sem três ?), mas fica na retina, ou melhor, na capa do tal jornal, a tentativa de encaminhamento da opinião pública pelas convicções, sejam lá o que estas forem, do respectivo autor.

Ou será que venderam mais jornais nesse dia ?

Ah, em relação ao futebol jogado dentro do campo, tudo como dantes.
A perseguição continua.

Saudações,
Estilhaço.

ps - para os Senhores que adoram fazer estatistícas e encher blogs de acusações, haveria que tomar nota que após a expulsão na semana passada de um jogador da Naval, esta semana calhou ao João Vieira Pinto. Qual será o denominador comum ?

18 setembro, 2007

Falta de coragem, é no que dá!


competição: Liga Campeões 2007/08, grupo A, 1ª jorn
data: 18.09.2007
local: Estádio do Dragão, Porto
espectadores: 41.208
fc porto: Nuno; Bosingwa, Bruno Alves, João Paulo, Jorge Fucile; Paulo Assunção, Raul Meireles (Mariano Gonzalez, 63m), Lucho Gonzalez; Sektioui (Farias, 63m), Lisandro Lopez e Quaresma
golos: Lucho (8m, g.p.), Kuyt (17m)

O final de tarde prometia uma noite em grande para todo os Portistas em geral, mas afinal, FC Porto e Liverpool empataram a uma bola nesta 1ª jornada da fase de grupos (grupo A) da Liga dos Campeões 2007/08. Perante algumas variantes que ocorreram ao longo do jogo, pode-se dizer que este foi um bom resultado para os ingleses… mas, um mau resultado, passe a expressão, para os azuis-e-brancos, porque finalizado o jogo, ficou no ar uma leve sensação de que a vitória esteve ali mesmo ao lado, mas terá faltado claramente uma maior ‘ousadia’ para o assalto final ao autocarro que esteve ali estacionado durante largos minutos até ao final do jogo.

A aposta do nosso treinador, Prof. Jesualdo Ferreira, para este jogo em relação ao de sábado passado, apenas sofreu uma alteração, com a entrada de Fucile para o lado esquerdo da defesa, em detrimento de Marek Cech, que desta vez, ficou no banco. Em tudo o resto, igual ao esperado.

Pode-se dizer que o FC Porto entrou forte no jogo, empurrando os ingleses para a sua defensiva, não permitindo qualquer assomo de atrevimento atacante por parte destes. O nosso meio-campo, estava por esta altura a controlar totalmente todos os espaços nesta área do terreno.

Estava o jogo neste ritmo, quando Lisandro fica cara-a-cara com o guarda-redes adversário, Reina, e mais não consegue do que rematar contra este, quando o mais fácil, digo eu, teria sido desviar a bola do seu alcance.

Por força deste pressing a meio-campo, cheirava-se que algo poderia surgir a qualquer momento, e eis que aos 8 min, Tarik (nos últimos tempos, quem mais poderia ter sido?) pelo lado direito do ataque portista, consegue antecipar-se já dentro da área a um defesa adversário e com um pequeno toque, desvia a bola de Reina, obrigando este a derrubá-lo. Lucho, chamado a converter a grande penalidade, não desperdiçou o remate bem para o meio da baliza e colocava o FC Porto em vantagem por 1-0. Os ventos pareciam estar a nosso favor.

O FC Porto continuava a efectuar um forte pressing a meio campo, controlando literalmente o jogo, quando passados 8 minutos, aos 17 min, na conversão de um livre descaído para o lado esquerdo da defensiva azul e branco, a meio do meio campo, Dirk Kuyt coloca a bola dentro da baliza de Nuno, que nada mais podia fazer do que tentar desviar a bola com os olhos. Estava restabelecido o empate a 1-1.

Sem razão aparente, o FC Porto acusou e de que maneira este golo sofrido e permitiu um equilibrar de forças a meio-campo, originando que o jogo caísse num ritmo lento, morno e sem grandes razões para a "saudade". O jogo foi-se arrastando até ao intervalo, sem mais oportunidades de golo.

Na reentrada para os segundos 45 minutos, o FC Porto volta a tentar entrar por cima no jogo, o que conseguiu em certa parte. Os ingleses estavam na expectativa, quando Pennant, aos 58m, recebe o 2º amarelo (quando já o deveria ter recebido isso sim, aos 26m) e consequentemente a expulsão, colocando os ingleses a jogar com 10 jogadores por mais de 30 minutos.

Esperava-se um assalto por parte dos azuis-e-brancos à defensiva adversária, mas assistiu-se a uma coisa bem cinzenta, muito mais cinzenta, passo a explicar. O Prof. Jesualdo Ferreira resolve mexer na equipa, e mais uma vez (!), com responsabilidades ou talvez não (ainda não percebi, admito!), a nossa qualidade de jogo veio por aí abaixo até um nível preocupante, agravada ainda mais pelo facto de os ingleses nesta altura, terem literalmente estacionado o ‘autocarro’ em frente à baliza defendida por Reina.

Por apenas mais duas vezes, estivemos perto de colocar o resultado a nosso favor, numa delas, tendo faltado a Quaresma um pouco mais de ‘convicção’ no remate para a baliza adversária deserta, com Hyypia a apenas 1 metro da baliza, a conseguir pontapear a bola para bem longe.

Cada vez mais o jogo se tornava mastigado, falho de ideias e sem qualquer oportunidade de golo. Por esta altura, estavam já em campo Mariano González (que se foi colocar ao meio???) e Farias (que ou arrepia caminho ou não me parece que venha a ser um dos meninos bonitos da bancada). O final do jogo chegou com a triste realidade de um empate a uma bola, quando do outro lado estavam apenas 10 jogadores e durante mais de 30 minutos. Foi uma pena, mas antes isto, que perder, obviamente!

Este empate, com a divisão de pontos para cada uma das equipas (1 ponto), deixou os franceses do Marselha na liderança do grupo A, com 3 pontos, decorrida que está a 1ª jornada, após terem vencido em casa os turcos do Besitkas por 2-0.

Por fim, e apesar da desilusão deste resultado, mormente, pelos tais ‘10 adversários durante mais de 30 minutos’, assaltaram-me algumas dúvidas que dão concerteza por esta altura, que pensar, senão vejamos:

- Leandro Lima (o único fantasista do plantel) na bancada?
- não sei se um tal de Farias já chegou, pelo menos eu ainda não o vi!
- (parece-me que) ainda bem que a maioria das contratações vieram com opção, senão…
- e por fim, alguém me consegue explicar porque raio sempre que se mexe na equipa, a qualidade de jogo piora e de que maneira?

azul + : Paulo Assunção (man of the match), Lisandro e Lucho.

azul - : Quaresma (ainda não aprendeu a jogar simples com 2/3 adversários por perto?), Farias e Mariano Gonzalez.

arbitragem: Lubos Michel (Eslováquia), não gostei, nem posso dizer que tenha desgostado. Irritou-me apenas que não tenha colocado Pennant na rua muito mais cedo ainda na 1ª parte, e na 2ª falta do jogo, tenha amarelado Bosingwa (e o Pennant aos 8m quando ceifou literalmente Quaresma, porque não foi logo ali amarelado? se tivesse sido, como mandam as regras no livro, era aos 26m de jogo que ficaríamos a jogar contra apenas 10 e não apenas aos 58m!). O melhor que se pode dizer da arbitragem é que não foi por ele que empatamos, o que já não é mau, diga-se de passagem.

A humilhação de Berardo

‘Nortada' do Miguel Sousa Tavares

Golo de Rui Costa é obra de arte, de inteligência e de simplicidade

Quem duvidou de Rui Costa, em termos até insultuosos, foi esse grande benfiquista Joe Berardo, com lugar cativo ao lado de Vieira, no camarote presidencial da Luz. Quem é esbofeteado de luva branca, jogo após jogo, é Berardo. No campo e fora dele, Rui Costa mostra todos os atributos que fazem a inveja de muita gente que acha que o dinheiro compra tudo: categoria, estilo, classe.

1 - O golo de Rui Costa à Naval é uma obra de arte de inteligência e simplicidade. É daqueles golos que podem ser repetidos dez, vinte vezes, e nunca cansam de ver. Ao vê-lo revê-lo e voltar a vê-lo, cada vez me convenço mais de uma ideia que há muito tenho: no futebol moderno, só os jogadores inteligentes a jogar podem ser bons jogadores. Aliás, basta observar todo o jogo de Rui Costa: ele pode já não correr como outrora, mas faz a bola correr por ele. Num só passe, é capaz de virar o sentido do jogo de pernas para o ar, de poupar à equipa uma progressão em passes e mais passes laterais ou recuados, de rasgar uma defesa de alto a baixo. O seu futebol é clássico, clarividente, tremendamente simples no seu objectivo final: chegar ao golo. E, agora que a sua carreira se aproxima inexoravelmente do fim, Rui Costa parece ter aprimorado as qualidades que sempre se lhe viram, como se não quisesse despedir-se sem deixar a todos a lembrança de um futebol cristalino.

Já há largos meses tinha feito aqui o seu elogio, escrevendo que, em minha opinião, ele era o melhor jogador, o jogador essencial do Benfica. Ele aceitou o desafio de risco de continuar por mais uma época, porque se sentiu à altura das exigências e, sobretudo, sem dúvida, porque jogar continua a dar-lhe prazer. Luís Filipe Vieira diz agora que Rui Costa está dar uma bofetada de luva branca nos que duvidaram dele — «entre os quais, muitos de vocês», disse ele, apontando para os jornalistas. Como sabemos, não é verdade: quem duvidou de Rui Costa, em termos até insultuosos, foi esse grande benfiquista Joe Berardo, com lugar cativo ao lado de Vieira, no camarote presidencial da Luz. Quem é esbofeteado de luva branca, jogo após jogo, é Berardo. No campo e fora dele, Rui Costa mostra todos os atributos que fazem a inveja de muita gente que acha que o dinheiro compra tudo: categoria, estilo, classe.

Agora, cavalgando a oportunidade e qual monarca iluminado, Vieira diz que vai «preparar» Rui Costa durante três anos para lhe suceder como presidente. Aos olhos do presidente do Benfica, uma coisa decorre naturalmente da outra: só um grande jogador, como Rui Costa, pode dar um grande presidente, como Vieira. A história, porém, ensina-nos outra coisa: nenhum presidente, por maior que seja, consegue fabricar grandes jogadores; mas grandes jogadores, muitas vezes, sustentam presidentes.

2 - Vi muito mau futebol, este fim-de-semana. Futebol de faltas sucessivas, interrupções constantes, equipas sem imaginação, sem vontade nem capacidade de jogar para o golo, treinadores mais preocupados em dizer mal dos árbitros do que em pôr as suas equipas a respeitar os espectadores que vão aos estádios. Por junto, para além do fabuloso golo de Rui Costa, a única coisa decente que vi foram, surpreendentemente, os primeiros vinte e os últimos vinte minutos da Naval no Estádio da Luz. No final, fiquei a saber, surpreendentemente também, que o imenso presidente Aprigío Santos, da Naval, achou porém que aquilo foi pouco, que as bolas na barra e a derrota foram culpa do treinador. E, aí vamos: quatro jornadas, três treinadores despedidos. Presidentes despedidos: zero.

Comecei por ver o Setúbal-Braga e confirmei a impressão que o Braga me havia deixado do primeiro jogo contra o FC Porto: está ali uma equipa constituída por ex-vedetas e ex-futuras vedetas, que se portam como tal. Jogadores que, em campo, são o exemplo oposto do que foi o seu treinador, Jorge Costa. Jogam como se estivessem a fazer um frete, como se, de cada vez que tocam na bola, o adversário devesse parar para os aplaudir. Em 90 minutos de jogo, o Braga só acertou com uma bola na baliza do Vitória, e essa foi de penalty, caído do céu. É demasiado pouco para quem tem ambições a ser o «quarto grande».

Depois, vi o FC Porto-Marítimo. Um Marítimo inofensivo, só sabendo defender, e um FC Porto arrastado, previsível, deprimente. Já cheguei ao ponto de não saber se Jesualdo Ferreira terá ou não razão em não pôr a jogar nenhum dos doze reforços que comprou. Não sei se é ele que não lhes dá oportunidades suficientes para se integrarem e mostrarem o que valem, ou se, de facto, são eles que não valem e o melhor é deixá-los de fora. Não sei se o Stepanov é melhor ou pior que o Pedro Emanuel ou o João Paulo, se o Bolatti é melhor ou não que o Paulo Assunção (que confrangedora forma em que ele está!), se o Mariano González é ou não melhor que o Lisandro, se o Farías seria mais útil que o Adriano ou o Lisandro. De facto, só tenho a certeza de uma coisa: o Leandro Lima é bem melhor do que o Raul Meireles — é a diferença entre alguém que tem uma ideia e um objectivo de jogo e alguém que nunca se percebe muito bem o que por ali anda a fazer.

Vi o Benfica entrar em campo, contra a Naval, com cinco aquisições desta época — e não foram seis porque, inesperadamente, Camacho deixou Cardozo no banco. Ao contrário, o FC Porto entrou sem nenhum reforço e foi preciso meio jogo inócuo para aparecer Farias. Mas a fé, ou a teimosia, de Jesualdo Ferreira crescem com estas primeiras vitórias. Enquanto vai ganhando, mais aumenta a impressão de que ele acha possível dar conta de uma época vencedora com a mesma equipa do ano passado… sem o Pepe e o Anderson. Tremo só de olhar para a constituição da equipa que vai entrar em campo, logo à noite, contra o Liverpool.

Também fui espreitando, a bocejar de tédio, o Estrela da Amadora-Sporting. Foi mais uma daquelas vitórias à Sporting, que antes de ser já o era. Antes que pudesse haver dúvidas, o adversário entregou o jogo e, daí até final, arrastaram-se ambos em campo, com o entusiasmo de amanuenses de uma qualquer repartição pública. Ó meus senhores, jogar futebol é assim uma profissão tão chata?

3 - Previsível e conservador até ao limite, Jesualdo Ferreira integra, porém, um extenso lote de treinadores que obedecem intransigentemente à conhecida máxima de que «em equipa que ganha não se mexe». Para mim, é das verdades mais idiotas do futebol, mas ao menos compreendo que tem a sua lógica. O que eu nunca tinha visto é um treinador defensor da máxima «em equipa que não ganha não se mexe». Luiz Felipe Scolari é o primeiro defensor do género. Ele é capaz de repetir sucessivamente — Arménia, Polónia e Sérvia — os mesmíssimos jogadores que já toda a gente, menos ele, viu que não estão a jogar nada. Mas, tal como aqui escrevi há tempos, a Selecção de Scolari não é, nunca foi ou será, a Selecção dos melhores em cada momento, mas sim a Selecção dos amigos de Scolari. O que nos vale é que eu nunca conheci, em tantos anos a ver futebol, alguém com tanta sorte como o nosso seleccionador nacional. Com metade dos erros que já cometeu, qualquer treinador teria sucumbido a resultados e nenhum treinador português se teria aguentado em funções.

Quanto ao resto, ao que se passou após o Portugal-Sérvia, quarta-feira passada, já lá vai demasiado tempo e demasiados e reveladores comentários para justificar também o meu. A seu tempo…

4 - Bonito de ver foi os jogadores da Selecção de râguebi a abrir alas para a saída dos All Blacks e estes a devolver o gesto. Impensável de ver num jogo de futebol.

# jornal “A BOLA” de 2007.09.18
# origem: blog "Sou Portista Com Orgulho"