FC PORTO-BOAVISTA, 2-0
O FC Porto deu mais um pequeno passo para a conquista do título que tanto persegue. Faltam 7 jornadas para o fim da prova e os Dragões mantêm dois pontos de vantagem para o segundo classificado. Jornada após jornada vamos assistir a jogos com um índice de dificuldade crescente. Não bastará aos portistas entrarem em campo e esperar que a qualidade superior dos seus jogadores resolva os jogos. É preciso que os jogadores, nesta fase decisiva, dêem tudo e se transcendam em cada bloco de 90 minutos. E porquê?
Porque factores externos aos jogos vão-se movimentar em prol do clube que manda nisto tudo. Estamos todos mais do que fartos de ver que, semana após semana, as arbitragens têm sido cada vez mais habilidosas. No entanto, o VAR, introduzido esta época, é o grande ponta-de-lança do regime. É, por vezes, muito criterioso, muito rigoroso e muito interventivo num sentido e, noutras situações, é cego, deixa andar e desliga-se no sentido literal da palavra em favor de um certo clube. É o chamado VAR (in)competentíssimo.
Vejamos, pois, este claro exemplo. Um tal de Esteves (não confundam com o Zé Estebes) esteve como VAR no jogo da primeira volta do campeonato na Vila da Aves entre o Desportivo local e o FC Porto. A terminar a partida, Danilo foi pontapeado na perna dentro da grande área adversária. O que fez o Esteves? Nada, zero, nicles… Esta noite, o mesmo Esteves, nas mesmas funções, esteve muito interventivo e muito bem.
Primeiro, corrigiu um cartão vermelho directo para cartão amarelo dado pelo árbitro de campo a um jogador do Boavista por falta sobre Sérgio Oliveira e depois detectou, competentissimamente, que o mesmo Sérgio Oliveira tocou com os dois pés na bola no momento da conversão da grande penalidade.
Mas alto lá! Incompetentissimamente, no mesmo lance, não assinalou uma infracção dos jogadores do Boavista. Quando Sérgio Oliveira partiu para a bola, alguns jogadores axadrezados já estavam dentro da grande área. Então como é, Esteves? Em que ficamos? Vai mais um copo? Vês dois toques na bola no momento do penalty e ficas cego quando os boavisteiros invadem a zona da grande área antes da bola partir?
É disto que teremos que estar à espera. É isto que teremos que encarar nas 7 jornadas que faltam: incongruências, incoerências, tendências e faltas de isenção e de vergonha. Não pensemos que as toupeiras, os lex, os vouchers e os e-mails vieram, vêm ou virão colocar alguma normalidade no futebol. Pelo contrário, vamos continuar a assistir às maiores vergonhas alguma vez vistas na história do futebol português. Estão todos enterrados até ao pescoço e vão-se encobrir e defender uns aos outros mesmo perante todas as evidências.
Por isso, o FC Porto terá que escalar uma verdadeira montanha para conseguir o objectivo. Qualquer desatenção, momento de menor inspiração ou falta de entrega serão um tónico para que o comboio do título fique seriamente comprometido. 7 jogos para 7 vitórias. Ninguém desarma, ninguém levanta o pé do acelerador. Isto vai ser duro, muito duro.
O jogo desta noite no Dragão foi um bom espectáculo para a promoção da modalidade. Os Dragões, ao contrário da semana passada, tiveram pela frente um adversário digno, que quis jogar futebol e que complicou muito a vida aos azuis-e-brancos. Sérgio Conceição escalonou uma equipa muito próxima do habitual. No entanto, colocou Maxi na lateral direita, Ricardo na ala em trocas constantes com Otávio que, muitas vezes, funcionava com o segundo avançado, no apoio a Aboubakar.
Os portistas começaram o jogo da melhor forma. Com grande intensidade desde o pontapé inicial, lograram abrir o marcador bem cedo aos 2 minutos de jogo. Num canto batido por Sérgio Oliveira, a bola foi rechaçada pela defesa contrária e sobrou para Maxi. O uruguaio endossou novamente a Sérgio Oliveira que cruzou com conta, peso e medida para a entrada fulgurante de Felipe cabecear sem hipóteses para Wagner.
Estava feito o mais difícil. O FC Porto adiantava-se no marcador e esperava-se uma avalanche azul-e-branca. Não foi isso que aconteceu. O Boavista não acusou o golo e começou a soltar-se para o ataque, procurando criar perigo junto da baliza portista. No entanto, aos 15 minutos, novamente na cobrança de novo canto na direita, Sérgio Oliveira colocou a bola na área e Felipe cabeceou para grande defesa de Wagner. Com 2-0, o FC Porto ficaria muito mais tranquilo. Mas isso não aconteceu. Os axadrezados procuraram dar uma boa resposta mas nesta etapa inicial não se verificaram verdadeiras oportunidades de perigo. Os homens do Bessa ficaram-se apenas pelas ameaças.
Na segunda metade, o jogo continuou disputado pelas duas equipas. Logo nos minutos iniciais, Óliver rendeu Otávio e o FC Porto passou a ter mais bola e mais domínio territorial. O jogo dos Dragões passou a acentuar-se mais na partida. Herrera teve uma grande oportunidade aos 47 minutos mas rematou à figura de Wagner e Aboubakar, uns minutos depois numa iniciativa individual, rematou forte contra a perna de um defesa contrário que impediu que a bola se dirigisse para a baliza. O Boavista também esteve muito perto de marcar nesta etapa complementar. Iker Casillas fez uma defesa decisiva num remate de Mateus sobre a direita.
Aos 62 minutos, os Dragões acabaram com o jogo. Num pontapé de baliza deficiente marcado por Wagner, Herrera interceptou o lance, foi para a baliza e rematou à vontade para o 2-0. Um erro crasso do guarda-redes axadrezado mas que faz parte do futebol. Aos 71 minutos, o árbitro assinalou grande penalidade a favor do FC Porto por derrube a Maxi mas depois na conversão o golo de Sérgio Oliveira foi anulado pelo que já expliquei mais acima.
Sérgio Conceição operou mais duas substituições. Aboubakar cedeu o lugar a Gonçalo Paciência e Maxi saiu para a entrada de Corona. Ricardo recuou para a defesa. Os portistas acabaram o jogo com alguma tranquilidade, embora o Boavista mantivesse uma postura de alta competição muito elevada em todo o jogo. O derby do Porto teve emoção, foi intenso, em certas fases do jogo, incerto mas no fim acabou por vencer o melhor. E esse melhor foi o FC Porto que continua na liderança.
A Liga NOS e todas as competições de clubes vão sofrer a última interrupção da época para compromissos das selecções nacionais. O FC Porto vai aproveitar para recuperar jogadores e recarregar baterias para a ponta final. Será um verdadeiro teste de fogo à equipa que Sérgio Conceição tem conduzido de forma muito competente, apesar de todas as forças externas pretenderem desviar-nos do caminho certo.
O próximo jogo dos Dragões realiza-se no dia 2 de Abril, com a deslocação ao Restelo para mais um jogo bastante complicado. Três pontos é a palavra de ordem.
DECLARAÇÕES
Sérgio Conceição: “Era preciso dar uma resposta positiva”
Resposta positiva
“Sabíamos que era um jogo importante depois de uma semana que não foi fácil. Neste clube não estamos habituados a perder e era preciso dar uma resposta positiva. Os jogadores fizeram um bom trabalho. Entrámos forte no jogo e fizemos um golo logo no início, mas o Boavista deu uma boa réplica. A primeira parte foi equilibrada, embora com maior tendência para o FC Porto. A segunda parte foi diferente, sobretudo em termos de domínio e controlo do jogo. Nesse aspeto, a entrada do Óliver foi importante para dar mais consistência e equilíbrio ao nosso meio-campo.”
O videoárbitro Bruno Esteves
“Hoje o videoárbitro esteve extremamente atento. É pena que este mesmo videoárbitro não tenha estado tão atento na Vila das Aves, onde não viu um penálti claríssimo sobre o Danilo já perto do fim do jogo. É incrível o primor do videoárbitro no jogo de hoje, mas devia ser sempre assim. É uma crítica construtiva, pois o videoárbitro devia ser sempre como foi hoje.”
A importância do meio-campo
“Sabemos que o meio-campo é uma zona importante e onde é preciso haver consistência e equilíbrio. Devíamos ter tido mais mobilidade na primeira parte, oferecer mais soluções ao homem com bola. O Boavista é uma equipa compacta e com muita força no meio-campo, daí termos mexido nessa zona. Precisávamos de equilibrar o corredor central e a entrada do Óliver foi importante para isso. Sentíamos que era importante a vitória neste jogo depois do que aconteceu na semana passada e antes de uma paragem no Campeonato.”
A paragem no Campeonato
“Vai dar para respirar um pouco mais e para recuperar jogadores que estão lesionados nesta altura. Temos que estar constantemente a melhorar e vamos aproveitar as próximas semanas para trabalhar algumas situações. O FC Porto tem sempre jogadores nas seleções, mas vamos trabalhar com os que cá ficarem.”
O abraço coletivo após o golo que não valeu de Sérgio Oliveira
“Foi um abraço de todo o grupo. Estamos muito unidos e muito convictos de que vamos fazer o máximo até à última jornada para conquistarmos o título. Por nós e pelos nossos adeptos, que são fantásticos. Tivemos mais 45 mil pessoas no Dragão esta noite e isso é de louvar. Deixo uma palavra de apreço para eles.”
Uma noite em família
“É sempre bom termos a nossa família junto de nós. Hoje juntámos a nossa família de sangue à nossa família profissional, pois na segunda-feira é Dia do Pai. Este grupo está muito unido e muito coeso.
RESUMO DO JOGO