MOREIRENSE-FC PORTO, 0-0
É a minha terceira crónica consecutiva a falar no VAR. Sim, eu sei, já chateia e torna-se repetitivo. Mas não há volta a dar. Isto começa a ganhar contornos insustentáveis. O VAR funciona para os outros, mas para o FC Porto é deixado no BAR esquecido em qualquer canto.
Ficou um penalti claro por assinalar a favor do FC Porto aos 65 minutos e foi-lhe anulado um golo limpo ao cair do pano nos descontos. Onde estava o BAR, desculpem, o VAR para analisar os dois lances? Não existiu. Não se deu pela presença dele, não se pronunciou, não houve feedback. Isto é uma vergonha. Será preciso algum jogador portista lesionar-se gravemente ou haver uma agressão bárbara de um adversário para que os penalties a favor do FC Porto sejam assinalados? Será preciso que os jogadores do FC Porto marquem golos só quando estiverem atrás dos defesas para que sejam validados?
Vamos no 15º penalty da época, o 2º por soco do guarda-redes contrário a um jogador do FC Porto. Os árbitros continuam a agir e a actuar como se nada fosse e o clube tem que “dar um murro na mesa” de vez porque não vão lá só com intervenções de FJ Marques e Sérgio Conceição. É preciso mobilizar todo um clube para lutar contra esta vergonha porque isto é ordinarice pura. O soco do guarda-redes do Moreirense ao Felipe não é demasiado claro para ser escamoteado?
Vamos ao jogo. O FC Porto entrou em campo com algumas baixas. Marcano e Danilo, lesionados, deram os seus lugares a Reyes e Óliver. Paulinho foi a novidade no onze, onde apareceu a jogar na ala direita. O ex-portimonense viria a mostrar bons pormenores mas apenas quando fez jogo interior, sendo determinante no apoio aos homens mais avançados.
Durante a primeira parte, os Dragões criaram quatro oportunidades de golo claras que teriam acabado com o jogo mas a finalização dos portistas está um autêntico desastre. Aboubakar, desmarcado por Paulinho, rematou à malha lateral; Brahimi, isolado após livre estudado com Alex Telles, falhou na bola na hora do remate; Paulinho, à entrada da área e após assistência de Marega, rematou por cima da barra; e Óliver, depois de uma assistência de Paulinho para Marega na direita e cruzamento do maliano, rematou contra o corpo de um adversário, em plena grande área.
Ao intervalo o nulo era um castigo pesado para a equipa portista. No entanto, os Dragões não mostraram a mesma intensidade e a mesma agressividade de outros jogos. Os jogadores parecem atravessar uma fase menos boa e a rotatividade, apesar de necessária, não estará a ser promovida da melhor forma. Como o FC Porto não está a conseguir jogar o que sabe e a finalização é desastrosa, o VAR depois faz o resto. Não podemos estar à mercê destes artistas.
Na questão da rotatividade, na leitura de jogo e no timing das substituições, Sérgio Conceição não tem estado nos seus melhores dias. Esta noite, por acaso, mexeu bem na segunda parte mas mexeu bastante tarde. Porque é que Soares, Waris e Sérgio Oliveira só entraram na parte final do jogo e não logo após o intervalo?
O médio português entrou para o lugar de Óliver aos 88 minutos e criou 3 lances de perigo com assistências para a grande área. Waris, no lugar de Aboubakar a cerca de dez minutos do fim, fez um golo que foi anulado e Soares, que entrou para o lugar de Paulinho aos 70 minutos, desperdiçou três cabeceamentos frente ao Guarda-redes contrário.
Mas a oportunidade desperdiçada da noite foi incrível. Alex Telles bateu um livre ao ângulo superior da baliza de Jonhathan, este defendeu para a barra e a bola bateu-lhe na cabeça. O esférico ficou a saltitar em cima da linha de baliza e, quando Felipe se preparava para empurrar de cabeça, um defesa contrário antecipou-se e cortou para canto. Incrível como esta bola não entrou. Felipe se tem sido mais rápido e determinado teria aberto o marcador mas são situações destas que nos levam depois a não marcar golos. Há uma gritante falta de concentração na hora da finalização.
Depois surgiu o golo anulado a Waris a que já fiz referência. Sérgio Oliveira assistiu Ricardo na grande área e o ala direito cabeceou para a entrada da pequena área onde surgiu Waris a colocar a bola dentro da baliza. Já se festejava no relvado quando o árbitro respondeu à sinalética do seu auxiliar, invalidando o golo. O fora-de-jogo é inexistente. O jogador está no máximo em linha com o defesa esquerdo contrário mas mais uma vez o VAR demarcou-se das suas responsabilidades.
Terminado o jogo, o FC Porto perdeu a oportunidade de ganhar dois pontos a um adversário directo e, em caso de vitória, aguardaria para ver o que o outro faria no seu jogo desta noite. Sendo assim, e apesar de ainda ter meio jogo de atraso em relação aos seus adversários directos, o FC Porto desperdiça uma oportunidade para ganhar pontos na luta pelo título. Além disso, esperam-se tempos e jogos difíceis nos dois meses que aí vêm. Sérgio Conceição terá que saber muito bem como gerir estas situações e deverá saber, de forma competente, como encarar o resto da época com várias frentes em disputa.
Próximo jogo é já no Sábado com a recepção ao Sp. Braga no Dragão. Um jogo complicado mas em que os três pontos são obrigatórios.
DECLARAÇÕES
“Temos de ser muito mais fortes do que o adversário para ganhar”
Razões para o empate
“Os guarda-redes, contra nós, estão a fazer exibições fabulosas. Nunca me irei agarrar à questão da pontinha de sorte, mas às vezes é necessária para ganhar estes jogos. Não faltou entrega e motivação para ir à procura do resultado. É difícil, temos de fazer dois ou três golos, porque na dúvida… Temos de ser muito mais fortes do que o adversário para poder ganhar. Tivemos a situação do Felipe poucos metros à minha frente… Penálti, claro! Com o Aves empatámos, houve um penálti claro, hoje um penálti claro, com o Benfica houve situações em que fomos muito prejudicados. O único jogo em que não houve influência do árbitro no resultado foi em Alvalade.”
O golo anulado
“Não sei se é golo ou não. Sei que, na dúvida, para nós, o VAR não tem sido muito feliz. Na dúvida, nada como ir ver as imagens e tentar ter uma opinião mais exata, assim como lance do Felipe. E depois até se podia decidir que não era penálti, mas porque não há a preocupação de ir ver os lances? Se virem as imagens vão ter de decidir, é isso?”
As quebras no jogo
“Criámos muitas ocasiões, não só para levar outro resultado mas até para ganhar por mais do que um golo de diferença. Na primeira parte não entrámos tão bem, com o Moreirense a pensar única e exclusivamente em segurar o zero na sua baliza. Logo de início houve muita quebra de ritmo, o guarda-redes adversário, em cada reposição, demorava 20 ou 30 segundos. Isso até posso compreender, que utilizem todos as armas para amealhar o pontinho, agora cabe ao árbitro ser mais interventivo e não dar um minuto de compensação no final da primeira parte. E, mais incrível ainda, havendo seis substituições, a entrada do médico por causa do guarda-redes e a expulsão, dar cinco minutos no final. Porque não oito, dez, doze?”
A ineficácia
“Na segunda parte estivemos sempre no meio-campo defensivo do Moreirense, mas infelizmente não conseguimos fazer golos. Fomos ineficazes, um pouco à imagem dos últimos jogos, em que criámos muitas situações. Noutras ocasiões ganhámos com facilidade - muitas vezes, nestes jogos, marcando o primeiro golo obtém-se uma vitória mais fácil do que aquilo que se pensa.”
A situação na Liga
“Isto é uma maratona. Nas competições internas ainda não perdemos. Temos feito um campeonato extraordinário, falta ainda muito e claramente os jogos vão ser difíceis. As equipas vão todas fazer pela vida e os três rivais estão a fazer o máximo para ganhar os jogos. Vai ser uma luta até ao fim.”
A forma física
“A equipa está bem, caso contrário não tinha feito a segunda parte que fez. Pontualmente, pode haver alguém com mais fadiga, mas fazemos essa gestão. Em termos gerais a equipa está bem e vamos fazer uma segunda volta ao nível da primeira e, se possível, melhorar.”
RESUMO DO JOGO